terça-feira, 27 de dezembro de 2005

A história de Arganil

Os mais antigos testemunhos de ocupação na zona podem observar-se na aldeia da Nogueira, que alberga um monumento megalítico e na necrópole datada da mesma época, sita na Lomba do Canho.

O cabeço contíguo alojou outrora um povoado lusitano que posteriormente "cedeu" lugar a bem armadas guarnições romanas. Estabelecido o acampamento no castro, lugar estratégico e inexpugnável, o exército manteve-se ali estacionado cerca de cem anos, possivelmente na charneira dos séculos I, antes e depois de Cristo.

Posteriormente, numa data que não podemos precisar, as populações castrejas, uma vez que o local onde se encontravam instaladas deixou de responder às suas necessidades, desceram e fixaram-se na planície.

Durante toda a ocupação goda e árabe a zona gozou de relativa acalmia, que algumas correrias ou depradações vinham momentaneamente interromper. A confirmá-lo, os quase nulos vestígios que desta época se encontram no concelho», segundo Regina Anacleto.

Foi concedido foral a Arganil em 1114, no início do século XII, por concessão do Bispo de Coimbra. Em 1394 passou novamente para a posse dos Bispos de Coimbra.

D. Manuel I, em 8 de Junho de 1514 concedeu novo foral ou «nova carta» à vila de Arganil, o qual ainda hoje se encontra guardado na Câmara Municipal, muito embora sem folha de rosto.

O mesmo D. Manuel I ofereceu ao concelho de Arganil, em 1499, uma curiosa colecção de pesos em bronze, com a forma de tronco de cone, que na totalidade atingem duas arrobas (30 quilos).

Em 1809 a vila ficou marcada pelas invasões francesas, tendo as tropas de Wellington estado aquarteladas na Capela da Missericórdia, a qual lhes serviu de abrigo e depósito de munições.

Em Fevereiro e Março de 1811, os franceses de Massena deixaram um rasto de morte e pilhagem no concelho de Arganil, a ponto deste ser considerado um dos que em Portugal mais sofreu com as invasões que «o sanguinário corso (Napoleão) fez vomitar na Península Hispânica».

De uma lista oficial, publicada depois da «expulsão destes salteadores», vê-se que só na vila de Arganil e seu termo, roubaram nos dois meses referidos: 5.769$240 réis em dinheiro; 9.874$000 réis em diferentes objectos de ouro e prata; 18.633$800 réis em roupas de seda, lã e linho; 13.944$000 réis de vasos de prata, navetas, turíbulos, castiçais, cruzes e alfaias da Igreja (Matriz) de Arganil; 1.030$000 réis de pratas e alfaias de outras igrejas; 2.400$000 réis de pratas da Igreja de Secarias; estragaram 30.607 alqueires (cada alqueire eram 15 litros) de trigo, centeio, cevada, feijão e milho; roubaram 3.523 almudes (cada almude eram 40 litros) de vinho, vinagre, azeite e aguardente, 584 arrobas (cada arroba eram 15 quilos) de carne de porco e banha, 314 cabeças de gado grosso, 10.642 cabeças de gado miúdo, 11 bestas, 191 porcos, 2.254 galinhas, 612 colmeias e 53 alqueires de mel; destruíram e cortaram 3.302 oliveiras, 422 castanheiros, 1.478 carros de pinheiros; incendiaram um templo e 13 casas particulares; mataram 3 eclesiásticos, 23 seculares e 7 mulheres e ultrajaram e aprisionaram 96 mulheres.

Nas décadas de 30, 40 e 50 deste século, nasce o movimento Regionalista, principalmente na capital, liderado por aqueles que daqui haviam partido em busca de melhores condições de vida. Trata-se de um movimento espontâneo com vista a angariar fundos para efectuar obras e melhoramentos nas aldeias que os viram nascer e que o Governo não executava. Foram estradas, abastecimentos de água, etc. que este movimento financiou, na maior parte dos casos, na totalidade. Todo este movimento (Comissões, Uniões, Ligas, etc. de Melhoramentos) cresceu em redor da Casa da Comarca de Arganil, ainda hoje em fervorosa actividade.

cm-arganil.pt/pcultural/culturacmarganil

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