terça-feira, 28 de fevereiro de 2006

"os autores do crime..."

...o acesso ao sistema informático dos jornalistas, com eventual devassa do sigilo profissional, é inferior ao crime que está em discussão. O facto de terem sido os jornalistas a descodificar os números transforma-os, para o Ministério Público, nos autores do crime... Continua

Guggenheim, Bilbao

Frank Gehry

Experience Music Project, at Seattle, Washington, 1999 to 2000. Fishdance Restaurant, at Kobe, Japan, 1986 to 1989. Gehry House, at Santa Monica, California, 1979 and 1987. Goldwyn Branch Library, at Hollywood, CA, 1982. Guggenheim Museum Bilbao, at Bilbao, Spain, 1997.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2006

"sites exibicionistas"

Aqui se mostra o outro lado da alma, explicando ou apresentando em público, modelos sem qualquer carga para dar nas vistas. Apenas e só a pessoa na sua representação, em lugares e tempos determinados.

"representation of sexuality"

A history of pornography
A thorough overview with many references.
Sexoteric Blog

Zêzere

Conhecido pelos nomes de Zacor e Ozecaro, pelos latinos, o nome Zêzere, dizem, vem da planta Zenzereiro que tem um aspecto forte e resistente e floresce só nesta região junto ao Rio. Árvore grande e copada, os Zenzereiros têm folhas muito verdes, cujas flores são brancas e exalam um aroma agradável que inunda o espaço em seu redor. O mais antigo e corpulento encontra-se junto ao Muro da Quinta pertencente à família Rendoças Granados em Pedrogão Pequeno.

Zacor e Ozecaro

Toponímica:
Conhecido pelos nomes de Zacor e Ozecaro, pelos latinos, o nome Zêzere, dizem, vem da planta Zenzereiro que tem um aspecto forte e resistente e floresce só nesta região junto ao Rio.

Árvore grande e copada, os Zenzereiros têm folhas muito verdes, cujas flores são brancas e exalam um aroma agradável que inunda o espaço em seu redor. O mais antigo e corpulento encontra-se junto ao Muro da Quinta pertencente à família Rendoças Granados em Pedrogão Pequeno.
Geografia:
Afluente da margem direita do Tejo, nasce na Serra da Estrela ao pé de Cântaro Magro, entre Manteigas e a Covilhã a cerca de 1900 m de altitude e desagua no Rio Tejo a oeste de Constância 200 Km depois.

Serve de linha divisória entre o Distrito Administrativo de Castelo Branco, e os Distritos de Coimbra, Leiria e Tomar.

A sua importância é considerável, pois trata-se de uma corrente volumosa, tendo a influencia de afluentes como o Nabão, o Meimoa, e o Cabril, de grande longitude, que circula em pleno coração do país, onde a pluviosidade se mostra elevada.

Nas suas margens, emergiram ao longo dos séculos diversos centros populacionais que desfrutam da sua preciosa contribuição, seja na pesca, na agricultura ou na industria.

Em todo o seu percurso, o Zêzere tanto apresenta frequentes desníveis com ressaltos ou rápidos e uma corrente veloz que as precipitações alimentam onde o leito é estreito com pequenos desfiladeiros e gargantas rasgadas por entre os granitos dos contra-fortes dos Montes Hermínios, como a inclinação esmorece o vale e aproveita os terrenos pré – Câmbricos para se alargar um pouco, o que lhe confere um aspecto de Rio de Planície.

Acima de tudo o Zêzere, serpenteia a paisagem e interliga povoados proporcionando rara beleza e riqueza cultural. Além disso oferece momentos de lazer e de descanso.

Prova disso são os interessantes recursos turísticos que foram surgindo, também, através da exploração hidroeléctrica, pois os grandes desníveis aliados ao volume da água, representam notável riqueza aproveitada em Barragens, o caso de Bouçã, Cabril, Castelo de Bode, entre outras.

As Albufeiras de Cabril e de Castelo de Bode são as que apresentam melhores condições para a prática de Actividades Recreativas náuticas, seja Vela, Remo, Windsurf, Mota de Água, Esqui Aquático, Pesca desportiva entre tantos outros.

O facto de haver Recursos Naturais disponíveis suscita o investimento em todas as actividades relacionadas com o Turismo e com isso começam a surgir, bons acessos, sejam terrestres sejam ao plano d’água, mais infra-estruturas hoteleiras, recreativas e de restauração.

Criando assim um conjunto de equipamentos básicos de onde retira o maior partido dos recursos naturais em causa.
Locais a Visitar:
S. Pedro de Castro e Dornes, são fantásticos Miradouros sobre o Zêzere e com Monumentos que tornam a visita indispensável.

Pombeira, Rio Fundeiro, Bairrada e Bairradinha, são aldeias à beira Rio, de uma beleza inigualável que proporciona uma paz absoluta só quebrada pela brisa do lago, ou do barulho do vento que vem das Serras em redor.

Na antiga Aldeia da Castanheira, hoje submersa pela albufeira nasceu a praia fluvial da Castanheira ou Lago Azul que se tornou o mais apetecível lugar de veraneio no Zêzere.

O Açude da Ribeira da Laranjeira, é um outro local, mas mais resguardado para mergulhar e relaxar.

Ecos do Ribatejo

domingo, 26 de fevereiro de 2006

Todos os caminhos até à Catedral

Cosme Damião o símbolo.
O sonho O Benfica.
Da Farmácia Franco até ao dia de hoje. O sonho continua.
A alma do Benfica no sonho deste Homem.
"um campo vastíssimo, com 110 metros de comprido por 90 de largo..." Era a Feiteira.
Seguiu-se Sete Rios, Laranjeiras, Benfica, Amoreiras, Campo Grande...Vida errante!
Finalmente Estádio da Luz no ano de 1954.
Hoje A Nova Catedral renasce do passado Glorioso.

"Alegria, colorido e vivacidade nas cores do equipamento, como base do entusiasmo na luta em desporto; Emblema com base na Águia, como símbolo de elevação de propósitos e objectivos, longo espírito de iniciativa e ânsia de subir o mais alto possível como apologia da união E pluribus unum."
Ideário de José da Cruz Viegas

100 anos de lenda 1904 / 2004 Carlos Perdigão e Fernando Pires

Picos de Europa

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DAVID BOMBERG 1890 - 1957, Picos de Europa, Asturias - 1935
Oil on canvas, 23 x 30 inches; 58.5 x 76 cm

Covadonga

..."‑ Velho lobo do Hermínio, aproxima‑te - disse Pelágio em tom de gracejo, como que tentando afastar as tristes idéias que lhe oprimiam o espírito. ‑ Que buscas a tais desoras? Tiveste, acaso, em sonhos saudades das barrocas das tuas serras nevadas, e creste que Covadonga era o antro de teu irmão, o javali?

‑ O caçador das montanhas ‑ replicou o lusitano, na sua linguagem pinturesca de bárbaro ‑ não estaria aqui, se a saudade dos lugares em que nasceu lhe morasse no coração. Os homens de além do mar mataram‑lhe ou cativaram‑lhe mulher e filhos quando estes, por seu mal, num dia em que ele perseguia nos cimos da serra os lobos ferozes, ousaram descer com o rebanho aos vales do Munda. Por isso te segui eu, ó godo: tu derramas o sangue dos homens de além do mar, e eu quero derramá‑lo também.

‑ A que vens, pois aqui? ‑ replicou Pelágio, a quem as palavras do celta traziam de novo ao espírito a lembrança de que também ele era, talvez, órfão de irmã querida.

‑ A dizer‑te que um desconhecido chegou ao vale. Repete não sei que nome godo, como o teu; de Hermengarda, me parece. Pede para te falar.

‑ Onde está ele? ‑ exclamou Pelágio, em cujos olhos brilhara a esperança misturada de temor. ‑ Que venha! oh, que venha breve!

E, alevantando‑se, encaminhou‑se ligeiro para a entrada da gru­ta, de onde Gutislo outra vez desaparecera. Antes, porém, que aí chegasse, um velho, cujos trajos desordenados, rotos e cobertos de lodo davam indícios de ter atravessado largo espaço das serranias, entrou na caverna e, arrojando‑se aos pés do duque de Cantábria, rompeu em soluços, sem poder proferir palavra.

Num relance Pelágio o conhecera.

‑ Aldefonso! onde está Hermengarda? Bucelário! onde está a filha do teu patrono?

O velho tentou responder; porém não pôde, e continuou a soluçar.

‑ Entendo‑te: é morta! Nunca mais te verei, minha pobre irmã! ‑ murmurou o mancebo, escondendo o rosto entre as mãos.

Ao gardingo, que durante esta cena se conservara imóvel, fugiu um gemido abafado. Depois, levou o punho cerrado à fronte, como se quisesse conter aí uma idéia dolorosa que tentava resfolegar.

Houve largo espaço de temeroso silêncio. O velho quebrou‑o por fim:

‑ Não; não é morta! Mas, porventura, ainda o seu fado é mais horrível. Jaz cativa em poder dos infiéis. Não me foi dado salvá‑la, e não quis morrer sem vos dar esta nova cruel. Agora...

Um brado de Pelágio atalhou as palavras do bucelário sufocadas pelo choro.

‑ As minhas armas e o meu cavalo! Que me dêem o meu franquisque! Velho vilíssimo, já que não soubeste deixar‑te despe­daçar junto dela, dize, ao menos, onde poderei encontrar os pagãos que cativaram Hermengarda.

Lavado em lágrimas, o ancião narrou‑lhe em breves palavras os sucessos que se haviam passado no mosteiro da Virgem Dolorosa. Ele tinha feito tudo para a resolver a tentar a fuga. "Ainda na cripta fatal ‑ concluiu Aldefonso ‑ através das grades que me embargavam os passos, por vós, pelas cinzas de vosso pai, lhe supli­quei de joelhos que me acompanhasse. Os velhos bucelários de Favila, no meio do tumulto, a teriam, talvez, posto em salvo! Sorriu, porém, das minhas esperanças e conservou‑se firme no seu propósito. Mas Deus tinha ordenado que, em vez de obter o martírio, caísse nas mãos dos agarenos. De todos os que vínhamos em sua guarda, só eu, acaso, pude escapar, misturado com os soldados da Transfretana. Assim, segui por algum tempo os árabes, que se encaminham para o lado de Segisamon. Ao anoitecer, embrenhei‑me nas montanhas. Um pastor que encontrei me serviu de guia, até que cheguei aos pés de meu senhor para lhe pedir a morte e para lhe jurar que estou inocente."

‑ De pé, cavaleiros! Aos infiéis, em nome de Cristo! ‑ gritou o duque de Cantábria, com uma voz que retumbou nas profundezas da caverna."...
Eurico, o Presbítero, Alexandre Herculano
Fonte: HERCULANO, Alexandre. Eurico, o presbítero. 7ed. São Paulo : Ática, 1988 .
Biblioteca Virtual do Estudante de Língua Portuguesa
Texto-base digitalizado por: Paula Regina Cícero Yort

sábado, 25 de fevereiro de 2006

Desafios Matemáticos

Posted by Picasa
Coisas práticas e imediatas que todos podem ver.
A palavra a quem a trabalha na sua dinâmica, inovação e território, vai continuar a dar a volta ao mundo, nos cadernos Sem Ordem.

o acto

... o acto das damas da Idade Média quando abriam um livro de Virgílio ao acaso e punham o dedo numa passagem que logo a seguir, após ser interpretada, se transformava em guia e luz de quem a tinha apontado. /...
pp 41, Um Tradutor Em Paris, Atxaga Bernardo

da Praça da Canção

"Sempre que o poeta tenta dividir-se, separar em si o homem do poeta, suicida-se como artista inevitavelmente."
Ievtuchenko, autobiografia Prematura

a Razão

Manuel:
Nós somos vida das gentes E morte de nossas vidas.
Auto do Purgatório, Gil Vicente

Sensibilidade linguística

Não exagere!
Entrei numa loja e...Apaixonei-me.!Não diga que se apaixonou. Diga que se encaprichou...Inesperada sensibilidade linguística!
pp 52, Contos Apátridas

as palavras

... «não te olho, não te vejo, onde está a taça de champanhe que vim buscar?»
pp41,42 Contos Apátridas

A Nova Arquitectura portuguesa

..." Os corpos animais, atómicos, não possuem essa possibilidade de subtrair o seu circuito imaginário à fulguração. O trovão da natureza mata os fulminados e despe-os."...
pp 81 Vida Secreta, Pascal Quignard

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2006

A nossa Escola

A nossa escola
É pequenina mas nós gostamos muito dela...
A nossa escola é muito bonita. Do lado de fora tem um largo muito grande que nos permite correr e brincar muito. Temos um campo de futebol, só é pena estar todo estragado.
Uma sala de aula muito grande, com um coberto antes da porta da escola, que nos permite resguardar da chuva, duas casas de banho, aquecimento central e um computador com Internet a funcionar! Uma impressora e uma ligação fixa - telefone. Já estamos a "levar" com
O Choque Tecnológico!

Por eles corro eu

Eu sou a Fábia Margarida. Ando no 3.º ano.

Eu sou o David Afonso. Ando no 3.º ano.

Eu sou o Daniel dos Santos. Ando no 3.º ano.

Eu sou o Sérgio Garcia. Ando no 3.º ano.

Eu sou o Ricardo Fernandes. Ando no 2.º ano.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2006

A fábula da rata...

Estava uma rata preparando-se para comer uma mosca, quando um mocho que
observava a cena disse:
- Rata, não comas já a mosca! Espera que a abelha a coma, depois tu comes a
abelha.
Ficarás melhor alimentada.
Então a abelha comeu a mosca. A rata preparou-se, então, para comer a abelha,
mas o mocho interrompeu-a novamente:
- Rata, não comas a abelha, ela vai ficar presa na teia da aranha e a aranha
vai comê-la, então tu comes a aranha e ficarás melhor alimentada.
A rata de novo esperou.
A abelha levantou voo, caiu na teia da aranha, veio a aranha e comeu-a.
A rata preparou-se para saltar sobre a aranha, mas de novo o mocho interveio:
- Rata, não sejas precipitada! Há-de vir o pássaro que comerá a aranha, que
comeu a abelha, que comeu a mosca.
Comerás o pássaro e ficarás melhor alimentada.
A rata, reconhecendo os bons conselhos do mocho, aguardou.
Logo após, chegou o pássaro que comeu a aranha.
Entretanto, começou a chover, e a rata, ao atirar-se sobre o pássaro para o comer, escorregou e caiu numa poça de água.
Moral da história:
Quanto mais duram os preliminares, mais molhada fica a rata.

O espelho de Alice e o "xadrez da blogosfera"

"Agora, olhe bem para mim. Sou uma pessoa que falou com o Rei, eu pessoalmente. Pode ser que você jamais veja outro assim. E para lhe mostrar que não sou nenhum orgulhoso, pode apertar minha mão! - E aqui rasgou a boca num sorriso que ia de uma orelha a outra, inclinando-se para a frente (pouco faltando para uma possível queda do muro e estendendo a mão para Alice. Ela segurou-a, olhando para ele um tanto apreensiva. "Se sorrir mais um pouco" - pensou - "os dois cantos da boca vão se encontrar atrás. E aí não sei o que pode acontecer com sua cabeça. É capaz de cair."
Alice no País das Maravilhas, Lewis Carrol, 1980.

Ciberlixo 2

(...) Há blogs de dois tipos.
O primeiro, e mais importante, é o web log tradicional.
Trata-se de um registo (log) de actividades na qual voçê conta sobre sites e informações que encontrou.(...) Exibe uma lista de links interessantes.
(...) A ideia é aproveitar o trabalho de pesquisa que alguém já fez na web.
...O segundo tipo de blog não tem importância nenhuma... Na verdade, um monte de ciberlixo.(...)

John C. Dvorak, Exame Informática, Julho 2003

Ciberlixo

Para quando uma entidade reguladora do ciberlixo que começa a inundar os registos?

O Juiz de Fajão, na Relação do Porto

Um dia mataram um homem na serra da Rocha, e o Juiz de Fajão, que andava Por ali à caça, viu quem o matou.
Mas como esse homem andava de mal com certo indivíduo, puseram as culpas a esse com quem ele andava de mal.

No tribunal, as testemunhas juraram que tinha sido esse fulano o assassino..
O Juiz de Fajão tinha visto, mas não podia ser ao mesmo tempo testemunha e juiz. Tinha de julgar conforme a prova testemunhal, mas também não queria condenar um inocente e deixar em liberdade o assasssino.

Então lavrou a seguinte sentença:


Julgo que bem julgo,
posto que bem mal julgado está!
Vi que não vi, morra que não morra!
Dêem o nó na corda que não corra.
E, lida a sentença, aconselhou o réu a recorrer para a Relação.
Foi o processo para a Relação do Porto, e de lá devolveram-no alegando que não entendiam os dizeres daquela sentença, especialmente aquele «chés-bés, Maria põe palha». Que era melhor lá ir.
Depois entrou, mas ninguém lhe deu cadeira para se sentar. Então ele não se desmanchou; pegou no capote, dobrou-o muito bem dobrado e sentou-se em cima dele.
Perguntaram-lhe então o que queria dizer a sentença, e ele explicou:

«Julgo bem julgo,» porque julguei conforme a prova testemunhal.» «Posto que bem mal julgado está», porque eu vi que o réu está inocente». «Vi, que não vi», porque vi quem matou mas não posso ser Juiz e testemunha». «Morra que não morra, dêem o nó na corda que não corra», porque ele não deve morrer visto que está inocente».

E pergunta o presidente da Relação:

- Então o que é isto que aqui está: «chés-bés, Maria põe palha»?
- Pois os senhores não sabem o que é chés-bés? Até um rapazito sabe o que isso é. Olhe, quando eu entrei estava ali um à porta; se o mandarem chamar, ele diz o que isso é.
Foram chamar o rapazito, e perguntaram-lhe o que quer dizer «chés-bés». Ele respondeu logo: Quer dizer etc., etc.
O Juiz da Relação não se deu por vencido, e perguntou ao Juiz de Fajão:


- Então e isto que aqui está: «Maria põe palha»?

- Sabe, Sr. Dr. Juiz, é que nós lá em Fajão temos falta de azeite para nos alumiarmos, e então deitamos palhas na fogueira para podermos escrever.
Quando a chama vai a apagar-se tem de se dizer: Maria, põe palha! O Juiz da Relação disse então:
- Pois se lá não têm azeite, mande cá uma almotolia que eu dou-lhe o azeite. « Então o senhor Juiz não leva o capote?»
- O Juiz de Fajão nunca levou cadeira donde se assentou.


* A almotolia do azeite
Como o Juiz da Relação do Porto disse ao Juiz de Fajão que mandasse lá uma almotolia, que ele lha enchia de azeite para se alumiar, o Juiz de Fajão, que não era trouxa nenhum, mandou fazer uma almotolia grande, capaz de encher o chedeiro dum carro de bois.
Chamou os latoeiros da terra e dos arredores, e quando a almotolia estava pronta, puseram-na em cima dum carro de bois e lá vão com ela para o Porto.

Chegados ali, bateram à porta do Juiz da Relação, dizendo que iam buscar a almotolia de azeite que estava prometida desde o dia tantos de tal.
A criada, que veio à porta, ficou arrelampada , e foi lá dentro dizer ao patrão: Estão ali uns homens, mandados do Sr. Juiz de Fajão, dizendo que vêm buscar a almotolia de azeite que lhe tinha prometido no dia tantos de tal; mas é uma almotolia que enche o carro!

Ora o Juiz da Relação não tinha dito qual o tamanho da almotolia, e para não dar parte de fraco teve de mandar pedir azeite emprestado para encher a almotolia do Juiz de Fajão.

Contos de Fajão

E agora José ?


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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2006

O manuscrito e a lenda

Apesar de existirem provas documentais de que até ao século XV foi conhecida por Dornas, um velho manuscrito existente na Biblioteca Nacional de Lisboa explica que a etimologia da povoação proveio da lenda que vou contar.

Há muitos séculos atrás, as terras desta região pertenciam à Rainha Santa Isabel, mulher de el-rei D. Dinis. Era feitor da Rainha, na região, um cavaleiro chamado Guilherme de Paiva, ao qual atribuíam proezas milagrosas.

Conta-se deste homem que, certa vez, passou a pé enxuto o rio Zêzere, caminhando de uma margem para a outra sobre a sua capa, que lançara sobre as águas.

Um dia, andava Guilherme de Paiva atrás de um veado na banda de além do Zêzere, onde só havia brenhas e matos espessos, quando ouviu uns gemidos muito dolorosos. Tentou saber de que sítio provinham e, apesar de perder algumas horas nesta busca, nada conseguiu achar, pois os gemidos pareciam provir dos mais diversos locais. No dia seguinte voltou ali e de novo os gemidos se espalharam à sua volta, vindo agora de um tufo espesso de mato, depois de um rochedo, numa ciranda sem fim. Guilherme de Paiva sofria espantado, partilhando a dor daquele alguém que parecia fazer parte do universo. Ao terceiro dia tudo se repetiu como antes.

Tomou, pois, a decisão de partir para Coimbra onde estava a sua senhora, a fim de lhe relatar aqueles estranhos factos. Assim que chegou à cidade dirigiu-se imediatamente à pousada real e solicitou a sua visita a D. Isabel.

Esta, mal o viu, e depois das saudações devidas, disse-lhe:
-Vindes por via dos gemidos, Guilherme?
-…!
-Não precisais espantar-vos! Três noites a fio sonhei com eles e sei do que se trata.
-O que é então, Senhora? Procurei por todo o lado e nada vi!...
- Bem sei. Deus contou-me tudo nos sonhos. Agora vais voltar ao local e procurar onde te vou dizer: aí acharás uma imagem santa de Nossa Senhora, com o Filho morto em seus braços.
-Assim farei, minha senhora Dona Isabel! Mas, e depois, que faço eu dessa imagem?
-Guardá-la-ás contigo até me veres chegar junto a ti!

Despediu-se Guilherme de Paiva da Rainha Santa, levando na memória a localização exacta da moita onde a imagem de Nossa Senhora o aguardava gemendo, e partiu de Coimbra.

Já de volta a terras do Zêzere, o cavaleiro dirigiu-se à serra de Vermelha, como lhe dissera D. Isabel, e foi milagrosamente direito a determinada moita onde achou enrodilhada em urzes a imagem da Virgem pranteando a morte de seu Filho.

Durante algum tempo manteve-a consigo, na sua própria casa. Os gemidos haviam cessado e assim Guilherme de Paiva tinha a Santa Imagem na sua câmara, com um archote aceso de cada lado.

Um dia, a Rainha Santa foi, finalmente, às suas terras do Zêzere resolver o caso da imagem. Assim, junto a uma velha torre pentagonal que já aí existia, mandou erigir uma ermida para a Virgem achada nas moitas. E nessa torre - que provavelmente foi construída pelos Templários -, ordenou que se instalassem os sinos da ermida.

Em breve o povo começou a construir casas em redor da capela e da torre e, diz a lenda, a Rainha Santa deu a essa vila nascente o nome de Vila das Dores, nome que com o tempo se teria corrompido até dar Dornes.

É isto o que conta a lenda transcrita no velho manuscrito.

A capela com a sua torre sineira ainda hoje existem, e a imagem achada há muitos séculos atrás é venerada sob a designação de Nossa Senhora do Pranto.


Frazão, Fernanda. "Lendas Portuguesas", vol. IV, pp 75-79. Ed. Multilar. Lisboa, 1988

GIGANTE !



terça-feira, 21 de fevereiro de 2006

Uma visita a Dornes

Dornes: a redenção, o verde, a albufeira e o rio como esperança... Blog: um poema deserto. Esta é a madrugada que eu esperava (sophia)

Quanto à origem desta aldeia, não faltam lendas de que alguns autores têm feito eco. Sabemos que já nos primeiros anos do séc. XII havia uma povoação chamada " Dornas" e que mais tarde se tornou sede de uma das comendas da Ordem de Cristo.
Conta a tradição mais antiga que, sendo esta terra dote da Rainha Santa Isabel, na altura em que a corte se instalou em Coimbra, nela habitava o feitor Guilherme de Paiva, de quem o pai grande temente a Deus , em criança o educou com todos os bons costumes e "santos exercícios". Sendo este ainda jovem, e não o podendo obrigar a jejuar e para que forçosamente o fizesse, obrigava-o a passar o dia num barco no meio do Zêzere.
Habitavam junto da ermida de S. Guilherme, a qual era contígua à estrada de Dornes e ribeira do mesmo nome. Sucedeu que durante alguns dias, na outra banda do rio ( na freguesia de Sernache), se ouvia gemidos "muy dolorosos", que se fizeram ouvir durante alguns dias a fio. Guilherme de Paiva foi a Coimbra dar conta do sucedido à Rainha Santa desta novidade. Esta que "por revelação divina já sabia", disse-lhe que procurasse o lugar dos gemidos e que ali acharia uma imagem da Virgem Maria com outra do Santíssimo Filho Morto em seus braços. Tal facto confirmou-se e a Rainha mandou construir sobre um penhasco e junto a uma torre antiga que aí também se encontrava, uma pequena igreja onde a admirável imagem foi colocada , a quem deram a invocação de "Nossa Senhora das Dores", e a qual ainda hoje, pode ser apreciada por todos quantos a visitem, sob o nome de "Nossa Senhora do Pranto" como é mais conhecida.

Segundo a narração , é esta Igreja que tem influenciado o desenvolvimento e até assegurado o que por ali se faz. O misticismo que envolve a Senhora do Pranto chegou a ser motivo de disputas entre Dornes e Sernache. Segundo os habitantes do outro lado do Rio (Sernache), a santa pertencia-lhes, porque fora ali que ela aparecera. Posição não compartilhada pelos deste lado (Dornes), que contrapunham com o facto de ser ali a sua Igreja. A verdade é que durante muito tempo a santa era repartida, estava uns tempos em Sernache e outros em Dornes, situação que viria a terminar, segundo a lenda, quando pela vontade própria da Santa quando desapareceu de dentro de uma dorna que era transportada por uma junta de bois, indo aparecer na capela que deu lugar à Igreja.

E ainda hoje essa crença faz correr a Dornes alguns milhares de pessoas durante o ano, para cumprirem as suas promessas e venerarem a Santa.

São várias as romarias que ali se fazem em honra da Senhora do Pranto. Mas a maior, aquela que para os cristãos envolve mais significado, é a festa do Espírito Santo.

Alguns meses antes, toda a população do concelho começa a trabalhar à volta do seu círio para levarem à festa nos carros maravilhosamente engalanados as fogaças, as bandeiras alusivas e também o maior número de pessoas.

O colorido multicolor dos trajes civis e das irmandades, os acordes das bandas, a procissão em volta da Igreja e dos cruzeiros da via-sacra, que se estendem até ao lagar de S. Guilherme.

Diz-se que aquela Igreja é uma das sete construídas no cume de outros tantos cabeços com a finalidade de recolher no seu silêncio os reis e suas cortes.
(terravista, documento)


Força BENFICA!



segunda-feira, 20 de fevereiro de 2006

Lobo Antunes

Lobo Antunes...alguns não vão compreender...
Aqui está um autor que convém ser lido muito atentamente.
I - Excerto de uma entrevista de António Lobo Antunes à revista Visão, onde, às tantas, se evoca a guerra do Ultramar, em Angola.
«[...] Visão: Ainda sonha com a guerra?
Lobo Antunes: (...) Apesar de tudo, penso que guardávamos uma parte sã que nos permitia continuar a funcionar. Os que não conseguiam são aqueles que, agora, aparecem nas consultas. Ao mesmo tempo havia coisas extraordinárias. Quando o Benfica jogava, púnhamos os altifalantes virados para a mata e, assim, não havia ataques.
V: Parava a guerra?
L.A.: Parava a guerra. Até o MPLA era do Benfica. Era uma sensação ainda mais estranha porque não faz sentido estarmos zangados com pessoas que são do mesmo clube que nós. O Benfica foi, de facto, o melhor protector da guerra. E nada disto acontecia com os jogos do Porto e do Sporting, coisa que aborrecia o capitão e alguns alferes mais bem nascidos. Eu até percebo que se dispare contra um sócio do Porto, mas agora contra um do Benfica?
V: Não vou pôr isso na entrevista.
LA: Pode pôr. Pode pôr. Faz algum sentido dar um tiro num sócio do Benfica?»

O Carnaval

1 - A origem do Carnaval
O CARNAVAL
São várias as versões sobre a origem da palavra CARNAVAL. No dialeto milanês CARNEVALE quer dizer: "o tempo em que se tira o uso da carne", pois o CARNAVAL é propriamente a noite anterior à quarta-feira de cinzas.
OS CARNAVAIS FAMOSOS
Os realizados em Veneza, Nice, o de Florença, Nápoles, Alemanha, Rio de Janeiro, Olinda e principalmente o de Salvador.
O SIGNIFICADO DO CARNAVAL
É A MAIOR MANIFESTAÇÃO DE CULTURA POPULAR DO BRASIL, ao lado do futebol. Misto de folguedo, festa e espetáculo teatral, que envolve arte e folclore. Na sua origem, o CARNAVAL surge como uma festa de rua. Porém, na maioria das grandes capitais, acabou alizados antes da QUARESMA.
NA ITÁLIA
Os italianos então adotaram a palavra CARNEVALE "abstenção da carne", sugerindo que se poderia fazer CARNAVAL, ou o que passasse pelas suas cabeças, antes da QUARESMA, numa espécie de abuso da carne, do carnal.
2 - O entrudo
EM PORTUGAL
A festa chegou a Portugal nos séculos XV e XVI recebendo o nome de ENTRUDO, isto é, introdução à QUARESMA, através de uma brincadeira agressiva e pesada.
O ENTRUDO
O evento tinha uma característica essencialmente gastronômica e era marcado por um divertimento, entremeado com alguma violência. Fazia-se esferas de cera bem finas com o interior cheio de água-de-cheiro e depois atirava-se nas pessoas. Os mais ousados, no entanto, começaram a injetar no interior das "laranjinhas" ou "limões-de-cheiro" substâncias mau cheirosas e impróprias e a festa foi perdendo sua alegria. Foi exatamente esse ENTRUDO violento que aportou no Brasil.
A GUERRA DO ENTRUDO
Na segunda metade do século XIX, o jornal Diário da Bahia e a Igreja Católica criticavam e pediam providências às autoridades policiais contra o ENTRUDO. Quando aproximava-se o domingo anterior à QUARESMA, todo mundo ENTRUDAVA. Apareciam pelas ruas em forma de bandos os "CARETAS" envoltos em cobertas, esteiras de catolé, folhas de árvores e abadá - uma espécie de camisa de manga curta que os negros usavam sendo bastante folgada atingindo a curva dos joelhos. O pano de saco de farinha de trigo era o preferido para a confecção do abadá. No ENTRUDO molhava-se quantos andassem pelas ruas, invadia-se casas para jogar água em alguém, não importava que fosse gente doente ou idosa.
3 - Do Entrudo ao Carnaval
EM 1853
O ENTRUDO passou a ser reprimido, mas apesar das ordens policiais, as "laranjinhas" e gamelas com água continuavam existindo, principalmente no bairro da Sé. Foi exatamente neste período que o CARNAVAL começou a se originar de forma diferente, dividindo em duas classes: o CARNAVAL DE SALÃO e o CARNAVAL DE RUA. CARNAVAL DE SALÃO tinha a participação de brancos e de mulatos de classe média. E o CARNAVAL DE RUA contava com os negros e os mulatos pobres.
EM 1860
O Teatro São João, que ficava na Praça Castro Alves, realiza na NOITE DE SÁBADO um arrojado baile de mascarados de CARNAVAL, iniciando com músicas baseadas em trechos da ópera italiana "LA TRAVIATA", seguida por valsas, polcas e quadrilhas. O evento contava com a participação das pessoas de bom nível social, que trocavam os bailes realizados em suas casas, pelo do Teatro São João.
O PERIGO
Na época havia o "perigo" do homem formado e do negociante serem vistos mascarados e em razão disso, as casas de fantasias e cabeleireiros como os famosos "PINELLI" e "BALALAIA" mantinham especialistas em disfarces, com maquiagem e máscaras.
O CARNAVAL NOS BAIRROS
Como os bailes carnavalescos não estavam ao alcance de todos, nem de acordo com a moral de muitos, era necessário estimular a sua ida para a rua. Várias comissões passaram a ser nomeadas pelo chefe de polícia e a comissão central juntamente com diversas outras comissões paroquianas, que distribuíam máscaras, facilitavam a aquisição de outros adereços, bem como a providência de banda de música para quem quisesse brincar o CARNAVAL. Os comerciantes logo aderiram à idéia de olho no melhor faturamento, e começaram a adotar o CARNAVAL em substituição ao ENTRUDO.
EM 1870
Os mascarados avulsos, estimulados pela polícia e os bailes públicos começaram a ganhar terreno, embora as manifestações do ENTRUDO ainda se mantivessem vivas. O ambiente para a realização do CARNAVAL passou a ficar melhor com o surgimento do BANDO ANUNCIADOR, que saía às ruas convidando todos para os festejos.
ORGANIZAÇÃO E COMPETIÇÃO
Nos clubes e teatros, foram surgindo competições entre os grupos e famílias que ostentavam roupas e jóias para mostrar quais associações e entidades eram mais elegantes e grã-finas. O pioneiro Teatro São João passou a organizar seus bailes com UM ANO DE ANTECEDÊNCIA.
EM 1878

Neste ano o grupo de CARNAVAL DE RUA, "OS CAVALEIROS DA NOITE", aparecia pela primeira vez num salão em grande forma, no Teatro São João, causando um verdadeiro "ti, ti, ti", e a aparição acabou se transformando num costume.
EM 1880
Esse ano chegou com mais bailes na cidade. Salvador tinha aproximadamente 120 mil habitantes, a população mais densa do Brasil, e concentrava bons recursos financeiros e grande poder político. Havia, portanto, dinheiro, poder e fartura, e todo esse esplendor passou então a ser retratado nos salões e bailes de CARNAVAL. Vale lembrar que as roupas, adereços, enfeites, chapéus, bebidas, jóias, sapatos e meias usadas nas festas eram importadas das melhores casas de PARIS e LONDRES.
O CAMPO GRANDE - A PASSARELA OFICIAL
Ao mesmo tempo, palanques e bandas de música proliferavam por toda a cidade. Surgiam também vários clubes uniformizados, como os "ZÉ PEREIRA", "OS COMILÕES" e "OS ENGENHEIROS", fantasiados com "CABEÇORRAS" e outras máscaras. Como as comemorações cresciam, convencionou-se que o Campo Grande, ainda um terreno baldio, seria o lugar para os MASCARADOS se reunirem nos dias de CARNAVAL e, de lá, saírem em bandos.
EM 1882
Foi neste ano que o COMÉRCIO iniciou o costume de fechar as portas na TERÇA-FEIRA DE CARNAVAL, a partir das 13 horas. O CARNAVAL DE MÁSCARAS e o DESFILE DOS CLUBES, ficavam então, mais animados depois das 14 horas.
4 - O 1º Carnaval
DO ENTRUDO AO CARNAVAL
Cinco anos antes da Proclamação da República a Cidade do Salvador, habitada por cerca de 170 mil pessoas, organizou o seu primeiro grande CARNAVAL DE RUA. Era uma festa com grande influência européia, como quase tudo o que existia no Brasil naquela época, com muito luxo, requinte e comentários elogiosos. Fortemente influenciado pelo requintado CARNAVAL DE VENEZA, na Itália, e mesclando a presença de tipos do popular CARNAVAL DE NICE, na França, o CARNAVAL DE SALVADOR deu o primeiro passo rumo à popularização com a participação de muita gente nas ruas.
COMO ERA A CIDADE - 1884
Esse ano é considerado como o 1º ANO DO CARNAVAL, do modo como ele é comemorado hoje. O CARNAVAL de 1884 pegou Salvador num período de crescimento rápido, provocado pelo progresso da agricultura em outras regiões e pelas exigências de um melhor ordenamento do espaço urbano. Respirava-se progresso por todo canto e os comerciantes já utilizavam a PUBLICIDADE nos jornais durante a festa. Tanto as pessoas que se fantasiavam, como as que esperavam o cortejo, vestiam-se a rigor, algumas em ternos de linho, polainas e chapéus.
SURGE O CLUBE CARNAVALESCO CRUZ VERMELHA
Fundado em 1º de março de 1833, o CLUBE CRUZ VERMELHA só veio a participar do CARNAVAL em 1884. O clube organizou um cortejo com rapazes e moças ricamente trajados e a novidade foi apresença de um CARRO ALEGÓRICO, com o tema "CRÍTICA AO JOGO DE LOTERIA", ricamente decorado com peças importadas da EUROPA. O cortejo saiu de uma das ruas do Comércio, subiu a Montanha, passou em frente à Barroquinha, rua Direita do Palácio (rua Chile), Direita da Misericórdia, Direita do Colégio e retornou rumo ao Politeama de Baixo (Instituto Feminino). A iniciativa foi um verdadeiro SUCESSO e ganhou milhares de aplausos e pétalas de flores dos populares que se encontravam nas ruas. O CRUZ VERMELHA mudou basicamente o CARNAVAL.
SURGE O CLUBE CARNAVALESCO FANTOCHES DA EUTERPE
Fundado em 9 de março de 1884, por um grupo de jovens da antiga Sociedade Euterpe esse clube carnavalesco foi apelidado de "FANTOCHES". O grupo era encabeçado por quatro figuras da alta sociedade: Antônio Carlos Magalhães Costa (bisavô de ACM), João Vaz Agostinho, Francisco Saraiva e Luís Tarqüínio. (seu primeiro presidente)
EM 1885 - A DISPUTA MAIOR
Começou, então na imprensa a grande disputa entre os FANTOCHES e o CRUZ VERMELHA. O DIÁRIO DE NOTÍCIAS, o jornal mais influente da época publicou, a pedido do CRUZ VERMELHA, um anúncio de UM QUARTO DE PÁGINA descrevendo a sua passeata. O FANTOCHES reagiu publicando no mesmo jornal o seu programa de festas em TRÊS COLUNAS. No CARNAVAL ambos foram às ruas com temas maravilhosos e indumentárias vindas da Europa. O carro-chefe do CRUZ VERMELHA apresentava "A FAMA" e o Fantoches "A EUROPA". Desfilaram também o "SACA ROLHAS", "OS CAVALHEIROS DE MALTA", o "CLUBE DOS CACETES", o "GRUPO DOS NENÊS", o "CAVALHEIROS DE VENEZA", o "CAVALHEIROS DE CUPIDO", o "COMPANHEIROS DO SILÊNCIO", o "CLUBE DAS PETAS", o "CLUBE DAS FITAS", o "CLUBE DA POBREZA", o "CRÍTICOS CARNAVALESCOS", o "DIÁRIO DAS PETAS", e a "COMISSÃO DO PILAR".
POVO É QUEM JULGAVA
Na época, não havia uma comissão julgadora para estabelecer quem vencia os desfiles e o julgamento era determinado pela imprensa, que media a aprovação da população através dos APLAUSOS. O CRUZ VERMELHA, mais popular sempre vencia, pois o FANTOCHES, mais ligado à aristocracia, tinha uma torcida bem menor. Todas as outras entidades representavam a classe média.
EM 1886
Os negociantes resolvem não mais abrir o comércio na TERÇA-FEIRA DE CARNAVAL. Os presidentes dos grandes clubes reuniram-se na ASSOCIAÇÃO COMERCIAL com o objetivo de estudar um ITINERÁRIO ÚNICO para todos os préstitos.
5 - O grande carnaval da abolição
EM 1888 - O ANO DA ABOLIÇÃO
O CARNAVAL desse ano foi um dos maiores e mais famosos da história. O CRUZ VERMELHA e o FANTOCHES, irmanados pela vontade de fazer algo definitivo, deram em conjunto um grandioso BAILE NO POLITEAMA. Chegou, enfim, o dia do grande domingo de CARNAVAL. E havia muita gente pelas ruas e nas janelas, e o que mais imperava na cidade, era a ansiedade. O primeiro préstito a surgir foi o CRUZ VERMELHA com tanta coordenação, esplendor e luxo, que a multidão vibrava atirando flores sobre os carros. O segundo a desfilar foi o préstito do FANTOCHES, com a sua magnífica decoração dos carros alegóricos, graça, luxo e gosto artístico, que justificava o delírio de todos. Resultado: FANTOCHES e CRUZ VERMELHA desfilando sobre chuvas de rosas. O CARNAVAL já era uma verdadeira atração, uma realidade conseguida com muita luta e anos de esperança e já se podia, enfim, afirmar que o vencera definitivamente o ENTRUDO.
EM 1894
CARNAVAL era eminentemente da elite dos clubes CRUZ VERMELHA, FANTOCHES e outros, que desfilavam pelas ruas e freqüentavam os bailes dos Teatros São João e Politeama. A população pobre continuava a fazer apenas algumas manifestações.
EM 1895 - SURGE O PRIMEIRO AFOXÉ
Os negros nagôs organizaram o primeiro AFOXÉ, o "EMBAIXADA AFRICANA", que desfilou com roupas e objetos de adorno importados da ÁFRICA.
EM 1896
Surge o segundo AFOXÉ, o "PÂNDEGOS DA ÁFRICA", organizado também por negros. Os grupos representavam casas de culto de herança africana e saíam às ruas cantando e recitando seqüências de músicas e letras. Os AFOXÉS exibiam-se na BAIXA DOS SAPATEIROS, TABOÃO, BARROQUINHA e PELOURINHO. Enquanto os GRANDES CLUBES desfilavam em ÁREAS MAIS NOBRES.
6 - O Carnaval do início do século
EM 1900 - SURGE O CLUBE CARNAVALESCO INOCENTES EM PROGRESSO

É fundado por dissidentes do CRUZ VERMELHA o clube carnavalesco "OS INOCENTES EM PROGRESSO". O nome do clube foi inspirado em um bando de meninos que passava no local cantando e tocando em latas.
EM 1905
Neste momento verificava-se na cidade uma divisão espacial muito séria. Um AFOXÉ rompeu este tácito compromisso e subiu a Barroquinha e a Ladeira de São Bento, gerando protestos, em que se lastimou a QUEBRA deste pacto, não escrito, da DIVISÃO ESPACIAL DE CLASSES E DE RITMOS no CARNAVAL.
EM 1937
Primeiro ano de realização da "MICARETA" em Feira de Santana. A ornamentação de Salvador não se perdia completamente, era carregada pelos responsáveis do tríduo momesco para o interior.
7 - Surge um novo Afoxé
No ano do IV CENTENÁRIO DA FUNDAÇÃO DA CIDADE DO SALVADOR, foi fundado pelos estivadores do Porto de Salvador o afoxé "FILHOS DE GANDHY", como forma de homenagear o grande líder pacifista indiano assassinado em 1948, o Mahatma Ghandy.
8 - O Trio Elétrico
EM 1950 - SURGE A DUPLA ELÉTRICA
Após observarem o desfile da famosa "VASSOURINHA", entidade carnavalesca de Pernambuco que tocava frevo na Rua Chile, e empolgados com a receptividade do bloco junto ao público, a DUPLA ELÉTRICA resolveu restaurar um velho Ford 1929, guardado numa garagem, e, no CARNAVAL do mesmo ano, saiu às ruas tocando seus "PAUS LÉTRICOS" em cima do carro, com o som ampliado por alto-falantes. A apresentação aconteceu às CINCO HORAS DA TARDE DO DOMINGO DE CARNAVAL, arrastando uma multidão pelas ruas do centro da cidade.
EM 1951 - SURGE O TRIO ELÉTRICO
O nome "TRIO ELÉTRICO" surge somente nesse ano, quando, pela primeira vez, apresentou-se no CARNAVAL um conjunto de TRÊS INSTRUMENTISTAS. A dupla havia convidado o amigo e músico TEMÍSTOCLES ARAGÃO para integrar o TRIO que neste ano, saiu para tocar nas ruas de Salvador numa "PICK UP CHRYSLER", modelo Fargo, maior que a "FOBICA" do ano anterior, em cujas laterais se liam em duas placas: "O TRIO ELÉTRICO".
OS INSTRUMENTISTAS
OSMAR tocava a famosa "GUITARRA BAIANA", de som agudo. DODÔ era responsável pelo "VIOLÃO-PAU-ELÉTRICO", de som grave. E ARAGÃO tocava o "TRIOLIM", como era conhecido o violão tenor, de som médio. E assim estava formado o trio musical mais famoso do CARNAVAL DE SALVADOR.
EM 1953
O poder público municipal resolve abolir a tradição, ameaçando o comércio do acarajé porque, tomando uma atitude não bem esclarecida, resolveu proibir qualquer tipo de fritura na via pública, invocando preceitos higiênicos. A partir daí o baiano não podia mais comer acarajé cheiroso e quentinho nos dias de CARNAVAL.
EM 1958 - A "FAXINA DO GARCIA"

Antes o que existia era uma festa local, chamada de a "FAXINA DO GARCIA". Neste ano os moradores conseguiram então do prefeito o asfaltamento de toda a área e passaram a realizar a "MUDANÇA", que mais tarde, com a política, veio denominar-se de "MUDANÇA DO GARCIA", saindo às ruas com críticas ao prefeito, governador e outras autoridades.
9 - O Rei Momo
EM 1961
É colocada em prática a idéia do desfile do REI MOMO de rua. O primeiro REI MOMO foi o motorista de táxi e funcionário público FERREIRINHA.
EM 1962

Neste ano surge o primeiro grande BLOCO DE CARNAVAL, denominado "OS INTERNACIONAIS", composto apenas por homens. Nesta época, a todo instante "pipocava" um trio elétrico novo, mas os blocos iam para as ruas acompanhados somente de BATERIAS OU GRUPOS DE PERCUSSÃO. Surgiram também as famosas "CORDAS" e as "MORTALHAS" para brincar o CARNAVAL.
EM 1965
O "LANÇA PERFUME" surge no Carnaval do Rio de Janeiro em 1906 e em 1927, é lançado numa embalagem metálica. No ano seguinte, o uso do lança perfume passou a ter outros objetivos. Em 1965 seu uso é proibido através de decreto presidencial, que definiu a medida tachando o lança perfume de "IMORAL E RECONHECIDAMENTE PERIGOSO À SAÚDE".
A DÉCADA DE 70
Os anos 70 fizeram com que o apogeu do CARNAVAL DE SALVADOR fosse a PRAÇA CASTRO ALVES, onde todas as pessoas se encontravam e se permitiam fazer TUDO. Foi a época da liberação cultural, social e sexual.
10 - A evolução do Trio Elétrico
Até os anos 70, os TRIOS ELÉTRICOS eram mais veículos alegóricos, ornamentados quase que exclusivamente com BOCAS SEDAN de alto-falantes. Os amplificadores eram todos com válvulas e, em cima do TRIO, ficavam apenas músicos com a guitarra baiana, o baixo e a guitarra, não existindo ainda a figura do vocalista. Ainda nos anos 70, os "NOVOS BÁRBAROS" ousaram e colocaram algumas caixas de som no TRIO, além de equipamentos transistorizados. BABY CONSUELO surge cantando pela primeira vez com um microfone ligado ao cabo de uma guitarra.
EM 1970
A música carnavalesca "COLOMBINA" é reconhecida oficialmente como o Hino do CARNAVAL DE SALVADOR.
Colombina
de Armando Sá e Miguel Brito
Colombina eu te amei
Mas você não quis
Eu fui para você
Um pierrô feliz

Os confetes dourados
Que alguém de atirou
Não fui eu quem jogou
Não fui eu quem jogou.
EM 1972
A Bahiatursa passa a administrar em parceria com a Prefeitura o CARNAVAL DE SALVADOR.

EM 1974

Como se não bastasse tanta mudança, uma mais radical ocorreu no CARNAVAL DE 74, com o surgimento do bloco afro "ILÊ AIYÊ". A entidade que deu início ao processo de reafricanização da festa, contribuiu para a aparição do afoxé "BADAUÊ" e o renascimento do afoxé "FILHOS DE GANDHY". Era o começo do crescimento cultural do Carnaval de Salvador; que passou a enfatizar os conflitos e a protestar contra o preconceito de cor.
EM 1975
Desfilam neste ano no "CIRCUITO CENTRO" 59 blocos, 19 cordões, 9 escolas de samba, 5 afoxés e 3 clubes alegóricos. A primeira tentativa de realizar um concurso para a escolha do Rei Momo não obteve sucesso. Surge a W.R. Produções "O TRIO ELÉTRICO DODÔ E OSMAR" comemora o JUBILEU DE PRATA e retorna definitivamente à cena carnavalesca após um período de 14 anos afastado. O trio volta com uma nova formação incluindo o músico ARMANDINHO, filho de OSMAR, e muda o nome para "TRIO ELÉTRICO DE ARMANDINHO, DODÔ E OSMAR".
EM 1976
Ano em que deixou de ser usada a "MÁSCARA", introduzida no CARNAVAL DE SALVADOR desde 1834, uma forte influência francesa. Adereço indispensável para complementar as fantasias carnavalescas, a "MÁSCARA", também serviu para esconder dos olhares conhecidos e indiscretos a vergonha de um rosto eufórico. "Você me conhece" ??? Surge o trio elétrico "NOVOS BAIANOS", introduzindo junto com o "TRIO DE ARMANDINHO", o "SWING BAIANO".
EM 1977
O APACHES DO TORORÓ, bloco de índio surgido em 1969, já em processo de decadência, é literalmente invadido, em pleno desfile, por um pelotão de policiais, culminando na prisão de centenas de componentes. Neste ano desfilaram pela última vez as ESCOLAS DE SAMBA que participavam do CARNAVAL DE SALVADOR.
EM 1978
Apesar dos blocos de trio terem surgidos no início dos anos 70, é neste ano com o bloco "CAMALEÃO", que inicia-se a superação do amadorismo vigente entre os primeiros blocos de trio, representando, assim, um marco na emergência destes novos atores do CARNAVAL DE SALVADOR.
EM 1979
Dá-se o encontro entre o AFOXÉ e o TRIO ELÉTRICO, a partir da música, "ASSIM PINTOU MOÇAMBIQUE", de MORAES MOREIRA e ANTÔNIO RISÉRIO. Todo esse processo do "AFOXÉ ELETRIZADO" desembocou na música baiana atual.
11- O Carnaval Moderno
NA DÉCADA DE 80
# No início dos anos 80, a transformação do CARNAVAL DE SALVADOR se intensificou mais ainda e coube ao pessoal do bloco "TRAZ OS MONTES", introduzir algumas inovações, tais como: MONTAGEM DE UM TRIO ELÉTRICO COM EQUIPAMENTOS TRANSISTORIZADOS.
# INSTALAÇÃO DE AR CONDICIONADO PARA REFRIGERAR E MANTER OS EQUIPAMENTOS NUMA TEMPERATURA SUPORTÁVEL.
# RETIRADA POR COMPLETO DAS BOCAS SEDAN DE ALTO-FALANTES.
# INSTALAÇÃO DE CAIXAS DE SOM DE FORMA RETANGULAR.
# ELIMINAÇÃO DA TRADICIONAL PERCUSSÃO, QUE FICAVA NAS PARTES LATERAIS DO TRIO.
# INSERÇÃO DE UMA BANDA COM BATERIA, CANTOR E OUTROS MÚSICOS EM CIMA DO CAMINHÃO.

Todas estas inovações foram inspiradas e aperfeiçoadas no trabalho desenvolvido pelos "NOVOS BÁRBAROS" nos anos 70.
EM 1981
O BLOCO EVA, surgido em 1980 e considerado uma das entidades mais irreverentes e inovadoras do CARNAVAL DE SALVADOR, decide radicalizar ainda mais do que o "TRAZ OS MONTES" e contrata profissionais da área de engenharia para assinarem o cálculo estrutural do NOVO TRIO e de todo o sistema de sonorização que importou dos Estados Unidos, como uma nova mesa de som, além de vários periféricos necessários para o perfeito funcionamento do trio e da banda. Com todas estas iniciativas, o EVA fez com que todos os outros blocos fossem obrigados a investir também em seus trios. O público e a crítica passaram a notar claramente a diferença gritante entre os equipamentos usados pelo EVA e pelas demais entidades e a exigência dos cantores e das bandas também aumenta. O trio elétrico "TRAZ OS MONTES", mais potente do que no ano anterior, em lugar dos 3 MIL WATTS que garantiram o título de "campeão" em 80, foi às ruas com 15 MIL WATTS, dando condições à "BANDA SCORPIUS" de mostrar seu potencial. O "TRAZ OS MONTES" promove um desfile no Farol da Barra para o lançamento do novo "TRIO ELÉTRICO SHOW". O governador assina o Decreto n.º 27.811/81, que determina a suspensão do expediente nas repartições públicas estaduais, além da SEGUNDA E TERÇA-FEIRA, também na SEXTA-FEIRA DA SEMANA ANTERIOR.
EM 1982
Houve tanta gente nas ruas de Salvador que os tradicionais freqüentadores da Praça Castro Alves (intelectuais, profissionais liberais e travestis) ficaram irritadíssimos com a invasão do tradicional reduto liberal. Início do desaparecimento da mortalha como indumentária carnavalesca com a opção do short, bermuda ou macacão, que inclusive dominou os blocos mais avançados.
EM 1983
O CARNAVAL era tratado por áreas ou departamentos isolados, carecendo de integração, quer seja no âmbito de cada órgão, ou no relacionamento entre os mesmos. A partir deste ano, surgiram de 30 a 40 novos ritmos, segundo a W.R. Produções.
EM 1984
Através do Decreto n.º 6985/84, o prefeito cria o GRUPO EXECUTIVO DO CARNAVAL - GEC, com a finalidade de adotar medidas necessárias à realização dos festejos carnavalescos. O CARNAVAL começa a ser pensado como um produto de mercado e é o início da profissionalização e comercialização da festa. Criação de novos espaços físicos para o CARNAVAL, tendo como primeira opção o espaço do FAROL DA BARRA. São instaladas no CAMPO GRANDE as primeiras estruturas metálicas para camarotes e arquibancadas. Ano dos "CEM ANOS DE FOLIA" e para melhor fixação e definição do evento em nível de massas, optou-se pela feitura de uma marca que traduzisse o espírito histórico e comemorativo da festa. Utilizando uma mistura de tipologias, típica dos panfletos da época, a marca tem como elemento básico a figura do CORINGA, personagem que engloba diversos caracteres típicos do CARNAVAL DE SALVADOR e resume em si a história e o espírito da festa.
EM 1985
A Prefeitura de Salvador estabelece decreto fixando normas para o FLUXO DAS ENTIDADES CARNAVALESCAS.
EM 1987
O REI MOMO FERREIRINHA adoece e a comissão responsável pelo evento resolve colocar o seu filho como substituto para desfilar, sendo que o mesmo só desfilou nos anos 88 e 89.
EM 1988
Pela primeira vez, um BLOCO AFRO de grande porte, o OLODUM, desfila na BARRA. É fundada a ASSOCIAÇÃO DE BLOCOS DE TRIO - A.B.T.
12 - A folia de hoje
NA DÉCADA DE 90
A característica da década de 90 é marcada pela preocupação nas contratações das bandas, a questão da segurança, do conforto interno, da indumentária e do "DESIGN" dos trios. Inúmeros profissionais da área de engenharia e arquitetura passam a criar projetos para os TRIOS ELÉTRICOS.
EM 1990
O prefeito de Salvador sanciona a Lei de 4.274/90, que cria o CONSELHO MUNICIPAL DO CARNAVAL, entidade representativa dos seguimentos carnavalescos, órgãos públicos e da sociedade. A RÁDIO EXCELSIOR deixa de realizar o DESFILE DO REI MOMO, e a patente é adquirida pelo HOTEL DA BAHIA e pela FEDERAÇÃO DOS CLUBES CARNAVALESCOS. Surgem os chamados BLOCOS ALTERNATIVOS assumem-se como OPÇÃO de diversão aos dias do tradicional desfile de blocos nos principais circuitos, de DOMINGO A TERÇA-FEIRA.
EM 1991
No dia 02.01 é instalado na Câmara Municipal o CONSELHO MUNICIPAL DO CARNAVAL - COMCAR. Em 07.01 o COMCAR realiza a sua primeira reunião ordinária na sede da Fundação Gregório de Mattos, da Prefeitura de Salvador. É sancionada a Lei n.º 4.322/91, PROIBINDO a realização de shows de bandas e trios elétricos na área do Farol da Barra e nas ruas adjacentes ANTES DO PERÍODO OFICIAL DO CARNAVAL. A Prefeitura de Salvador não faz a decoração de rua, sob o pretexto de falta de recursos, e o Governo do Estado assume as despesas da festa.
EM 1992
Diante da demanda, a COORDENAÇÃO DO CARNAVAL decide incorporar o BAIRRO DE ONDINA como novo espaço destinado ao CARNAVAL. Mais um ano sem a participação da Prefeitura na decoração do CARNAVAL, novamente assumida pelo Governo do Estado. A Câmara Municipal de Salvador promulga e publica a Lei n.º 4.538/92 - regulamentando os Artigos 260 e 261 da Lei Orgânica do Município - que diz respeito a ORGANIZAÇÃO DO CARNAVAL - e revoga as disposições em contrário, especialmente a Lei n.º 4.274/90.
EM 1993
O CARNAVAL é impulsionado por uma onda que marcou a sua história e o posicionou em um novo patamar de diferenciação dos festejos carnavalescos de todo o país. Foi potencializado pela explosão nacional da "AXÉ MUSIC" pelos êxitos dos empresários ligados aos BLOCOS DE TRIOS, que alcançaram novos níveis de profissionalização e montaram verdadeiras "MÁQUINAS DE FAZER SUCESSO". A Câmara Municipal de Olinda adota a Lei de Reserva de Mercado do Frevo e proíbe a execução e qualquer acorde musical que lembrasse de longe o "AXÉ MUSIC". Ressurge o "ABADÁ" como nova indumentária carnavalesca.
EM 1994
O CARNAVAL passa a ser trabalhado o ano inteiro. O desfile oficial foi regulamentado a partir de debates entre os diversos segmentos e órgãos envolvidos com a festa. Todos os serviços passam a ser contratados mediante LICITAÇÃO PÚBLICA, (algumas de abrangência nacional). É estabelecido o CONCURSO PÚBLICO para seleção das atrações, por currículo e por apresentação. O espaço físico Barra/Ondina, recebe um tratamento diferenciado com a montagem de infra-estrutura necessária ao funcionamento e à consolidação da área.
EM 1996
O CARNAVAL DE SALVADOR ganhou o mundo através da "INTERNET", possibilitando às populações de 135 países o acesso às informações básicas da folia momesca. · Nasce o CARNAVAL DO CENTRO HISTÓRICO / PELOURINHO e ruas adjacentes, a partir da necessidade e da preocupação em preservar a história e a cultura dos CARNAVAIS DE ANTIGAMENTE.
Pesquisa - Marlene Martins - poetisa
Indiana University

domingo, 19 de fevereiro de 2006

Angeline Jolie

E aqui está, meus senhores...o plano sem superfície.

http://www.carnivalarabia.com/imageview.aspx?ID=10229

Não há taça nenhuma!


TESTE

90% dos homens não localizam.
8% conseguem ver depois de analisar a foto durante 72 horas seguidas.
2% só conseguem ver com auxílio de alguma mulher.
99% das mulheres conseguem ver a taça logo que abrem a foto.
Cientistas já tentaram dar explicações, mas eles também não vêem a taça para poder estudar.

Tempos complicados

"Não é novidade mas continua a ser bizarro que todos os canais televisivos transmitam em directo uma cerimónia religiosa, respeitável por certo, mas cuja ocupação do espaço televisivo é excessiva em relação ao seu interesse público. Interesse público que tem como notícia, mas injustificável em horas e horas de directo simultâneo."
"NÃO SEJAS DIABÓLICO JPP". Uma cerimónia religiosa, respeitável como a de hoje merece a nossa reflexão e o ABRUPTO, acaba de o manifestar com toda a "preocupação"...

Camba

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Cultura e tradições

"Desde sempre que os Cambenses gostam de dar o seu “pézinho de dança” e cantar as quadras tradicionais em divertidas desgarradas. É fácil ouvir os mais velhos recordar, os bailaricos que se faziam á luz da vela ou do gasómetro, ao som de uma simples “gaita de beiços”.

O Harmónio, a Concertina, o Acordeon, os Ferrinhos e a Guitarra, são instrumentos que se ouviam e alguns deles ainda se ouvem, nos bailes e festas em Camba.

Danças como o “Vira” de 4 ou de 6 ou “Vira Roubado”, são danças que só os mais velhos sabem dançar, o “Fado Mandado ou de Roda” continua a ser o ponto mais alto do arraial, onde todos participam, até para demonstrar os dotes vocais e musicais dos Cambenses.

A música, sempre esteve ligada ao intimo desta aldeia. São exemplos de um passado recente, a “gaita de beiços” do Zé da Silva, e o “Conjunto Pais e Filhos”, que agrupava mais de 10 elementos, cantando e tocando os mais variados instrumentos, sob comando do saudoso Manuel Gonçalves.

O “Conjunto Pais e Filhos”, tinha a sua principal actuação na “Volta ás Adegas” que se realizava durante as festas em Camba. Este evento, constava de uma volta pela aldeia com visita a todas as adegas, onde só se parava de tocar á porta de cada adega, quando alguem de casa aparecia para matar a sede aos músicos e acompanhantes, não podendo faltar uma lasca de presunto ou chouriço e broa.

No inicio dos anos 80 este agrupamento passou a chamar-se “Os Gasómetros” em homenagem a todos os que trabalharam nos túneis e nas Minas da Panasqueira. Deste, realssa-se a concertina do Ti Luis da Barragem e a sua bela voz, e a guitarra e voz do falecido José Gonçalves e outros, que animavam as tardes e noites na nossa aldeia.

Em simultâneo, a malta mais nova iniciava-se na música, formando em Lisboa um conjunto chamado”Aykdoy”, utilizando já outro tipo de aparelhagem e música mais moderna. Actualmente o conjunto foi remodelado chamando-se “Eclipse Musical”, tendo já várias actuações na região e por todo o país.

Uma tradição que se perdeu em Camba, devido ao abandono das terras, foram as “Debulhas”do milho, que representava uma ocasião de reunião entre todas as pessoas da aldeia para se entreajudarem naquela tarefa, servido de tempo de convívio e troca de ideias.

Po altura do dia de Todos os Santos, realizam-se os “Magustos” á moda de Camba. As castanhas são assadas na rua principal da aldeia, no chão, com caruma de pinho e mechidas com o bardoiro do forno, tudo bem regado com bom vinho.

A “Matança do Porco”, continua ainda a ser uma actividade de cooperação entre os Cambenses. Todos ajudam todos, nesta tarefa de Inverno, onde o dito animal é morto pelo sangrador mais experiente, em cima de um banco e depois chamuscado com carquejas ou, mais modernamente, com maçarico. Após a raspagem com lages e a lavagem, o bicho é pendurado na trave da loja, com a ajuda de um “cambão”ou “chambaril”. O desmanchador, ao fim da tarde vem então partir a carne para as diversas utilizações e as mulheres lavam as tripas para o enchido, assim como, é nesta altura que surgem os primeiros petiscos, como os torresmos, o sangue na frigideira, febras na brasa e outras iguarias tipicas.

As actividades desportivas têm já raizes no seio dos Cambenses, principalmente na comunidade radicada em Lisboa. Assim, foi fundado em 1975, o Grupo Desportivo de Camba, que reuniu os jovens ligados a Camba e muitos associados, que formaram uma equipa de futebol que participou em diversas competições, de que se destaca um segundo lugar e uma vitória no torneio da Casa do Concelho de Pampilhosa da Serra em futebol de 11, e uma participação no Campeonato Distrital de Lisboa da 1ª Divisão de futebol de 5, onde defrontou equipas de destaque como o Sporting, Belenenses e outras.

Para além da actividade desportiva o Grupo Desportivo de Camba, construiu o Ringue Polidesportivo em Camba, angariando os fundos necessários junto dos associados e amigos.

Em 1988 ,o Grupo Desportivo cessou a sua actividade, sendo então substituido por uma Secção Desportiva, Recreativa e Cultural, na Comissão de Melhoramentos, continuando assim a actividade desportiva com a participação em diversos torneios em Lisboa e em Camba, organizando ainda provas desportivas durante as festas de Agosto.

Durante o ano realizam-se diversas actividades recreativas, nomeadamente; Festa de Fim de Ano, Almoço de Aniversário, Festa de Carnaval, Excursão e Almoço pela Páscoa, Excursões e Passeios, Festa e Almoço de Convívio em Camba, Matança do Porco e Magusto, etc.

Em Camba, a Casa de Convívio e sede da Comissão de Melhoramentos, está equipada com uma mesa de snooker, uma de ténis de mesa e matraquilhos, para além de diversos jogos de mesa, tão do agrado dos mais idosos e não só.


Presentemente, o desporto é uma actividade que se realiza todos os domingos, com treinos em Vale de Milhaços-Corroios e jogos de futebol no nosso Ringue Polidesportivo em Camba. Durante os meses de Verão e fins de semana festivos, efectuamos jogos no Pavilhão Municipal de Pampilhosa da Serra.

O Ringue Polidesportivo, sofreu recentemente alguns melhoramentos. Foi colocada uma vedação e foi reparado e pintado o pavimento. Está prevista a construção de balneários e algumas bancadas, assim como um Parque Infantil.

Tem sido tradição á alguns anos, a realização de um Pic-Nic na Barragem do Alto Ceira, organizado pelo auto-denominado Grupo de Amigos da Barragem, que reune a juventude de Camba e não só, num dia de confraternização, onde disfrutando das excelentes condições naturais do local, se passa um dia de Agosto, em sã confraternização. A Feijoada á moda da Camba, as Febras e a Entremeada na Brasa, são as ementas mais cumuns. Durante a tarde, joga-se ao Fito para auxiliar a digestão."

Comissão Associativa de Melhoramentos de CAMBA

sábado, 18 de fevereiro de 2006

how rich are you?

You are in the top 10.34% richest people in the world.
There are 5,379,477,360 people poorer than you.
How do you feel about that? A bit richer we hope. Please consider donating just a small amount to help some of the poorest people in the world. Many of their lives could be improved dramatically or even saved if you donate just one hour's salary (approx €13.62)

Relatório

State of the Blogosphere, August 2005, Part 1: Blog Growth
Posted by
Dave Sifry on August 02, 2005. Tags:
Well, it is that time again! It has been almost 6 months since the last State of the Blogosphere, and so the team at Technorati...

La Zisa

La Zisa, caratteristico edificio arabo - normanno di Palermo

Alex Ross Art

Carozo y Narigota

Carozo y Narizota vuelven a la carga, vigorizados y fuertemente motivados luego de un par de meses en los que debieron mantener un bajo perfil para así evadir a los asesinos a sueldo contratados por agentes del neoimperialismo, que no les dieron tregua tras la publicación de su última investigación.

O passado de Arganil 5

O passado de Arganil / Conclusão.
Assim parece, de facto. Realmente, em 25 de Dezembro de 1114, isto é, oito anos antes da data do diploma em questão, dá o mesmo bispo D. Gonçalo uma carta de povoação a Arganil. Se a vila lhe pertencia nesta data, como tal carta parece demonstrar, para que era necessária a doação de 1122? O que pode concluir-se é que seria mais do que duvidosa a sua posse pela mitra de Coimbra, e, para a legalizar, houvesse necessidade de documento autêntico. Inexistente este, forjou-se a interpolação, metida a picareta na doação de Coja. (...) Quer lhe pertencesse quer não, a verdade é que D. Gonçalo, outorgou a Arganil, em 1114, uma carta que tem extraordinário valor para conhecermos a situação económica e social dos seus habitantes, neste começo do séc. XII. Resumindo o conteúdo deste documento, escreve Alexandre Herculano: «Dividia-se a população em jugadeiros e cavaleiros-vilãos. Especificavam-se... os direitos de caça, a parada ou colheita, e o serviço de caminheiros, não esquecendo declarar que os cavaleiros-vilãos ficavam isentos de jugada. Determinava-se a natureza que adquiriam os prédios passando da mão dos peões para a dos cavaleiros-vilãos, bem como as condições necessárias para qualquer ser incluído nessa categoria. Em todo o foral, porém, não há uma única circunstância que revele a existência, em Arganil, de magistraturas próprias, e sem uma como adição feita nesse diploma depois de expedido, ele não passaria de um simples contrato civil.» Esta adição, redigida em nome dos colonos, é a seguinte: - «Além de tudo, acrescentámos um sexteiro a cada boi para que nos não pusessem ninguém por alcaide senão a nosso contento». A existência de um alcaide em Arganil - continua Alexandre Herculano - manifesta-nos que a povoação era um lugar forte, um castelo, e que os colonos dependiam do casteleiro, o qual, por isso, reunia, em si, cargo militar e magistratura civil. Mas até onde se estendia esta? Eis o que não é possível dizer. Todavia, é provável que as suas funções civis se limitassem às de exactor. O direito de intervir na sua eleição, que os moradores compram por um aumento de encargos, dá porém a Arganil um carácter de concelho rudimentar». (...) Assim se explica que o verdadeiro foral de Arganil, datado de 1175, seja outorgado por D. Pedro Ubertiz, nos últimos anos do reinado de D. Afonso Henriques, falecido 1185. Dizemos «verdadeiro foral de Arganil», visto ser este que D. Dinis confirma e serve de norma a D. Manuel I, quando o «Venturoso», em 1514, dá novo foral a Arganil, encabeçadopor estas palavras: - «Foral da vila de Arganil, do bispado de Coimbra, dado por Pero Ubertiz, confirmado por El-Rei D. Dinis per as rendas de Arganil...». Comparando este foral com a carta de povoação do bispo D. Gonçalo, verifica-se o seguinte: - mantêm-se as características rurais do concelho, agora mais acentuadas, devido às referências aos seus lavradores, caçadores e pastores. Não se fala em jugada nem no alcaide. Dão-se garantias especiais à herdade dos cavaleiros. Mencionam-se as penalidades a que ficam sujeitos os que praticam determinados crimes. Na formulação destes, sobressaem alguns casos curiosos: - Assim: O que encontrasse alguém a roubá-lo, não pagava multa pelos ferimentos que lhe causasse. À terceira vez, o ladrão eraaçoutado, tosquiado e expulso «para além do Alva», ou seja para fora do concelho, o que, aliás, já acontecia anteriormente, segundo dispõe a carta de D. Gonçalo. O que quisesse provar o seu direito com «bordão e escudo» pagava um bragal. tratava-se - nota o dr. Cabral Moncada - da velha prática do duelo judiciário, de influência germânica, garantem vários investigadores. Segundo este costume, com o qual a Igreja só conseguiu acabar no séc. XIV, os vizinhos dirimiam entre si os seus direitos pelas armas (no nosso concelho serviam-se do bordão e do escudo, como vimos), dando às suas contestações de direitos pessoais e familiares o carácter de verdadeiras formas de uma justiça privada. Era uma justiça bárbara, na verdade, mas reveladora de coragem e da honra de quem não temia recorrer a ela, na formulação das penas, aparece-nos agora, em Arganil, o conselho dos homens bons, ouvido sempre que têm de ser aplicadas algumas destas, as mais graves.
Do historiador António G. Mattoso, Excertos de "Ligeiras notas para a história do concelho de Arganil". Conferência integrada nos trabalhos do I Congresso Regionalista da Comarca de Arganil. 1960 - Arganil

Radicalismo islâmico

..."Qualquer religião, se quer ser dócil à vontade de Deus, não tolera em si mesma qualquer atitude de radicalismo. A genuína religião, seja cristã, judaica, muçulmana ou outra, não se expressa em radicalismos estéreis. Muito pelo contrário, todas elas transportam em si um apelo à verdade, mas sempre no reconhecimento das diferenças e numa atitude de diálogo com outras formas religiosas."...
Prioresa Maria Celina, «Todas as religiões estão sujeitas ao radicalismo», EXPRESSO 18 Fev 06

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2006

Grande declive

"A inclusão da foto do Mullah Omar... não pretende, de forma alguma, ofender os milhares de seguidores que José Pacheco Pereira tem espalhados pelo mundo. Trata-se apenas de um elemento puramente gráfico, sem qualquer tipo de conotação política ou religiosa. Apesar de a nossa Constituição assegurar a liberdade de opinião, há símbolos, por tudo aquilo que representam para a modernidade, além da Virgem Maria e de Jesus Cristo, que merecem o nosso maior respeito. Esta nota impõe-se dado o actual contexto mundial de fractura cultural entre o Ocidente e o mundo árabe. Jamais foi minha intenção provocar um conflito cultural, que rapidamente poderia evoluir para um cenário de terrorismo à escala mundial, com os milhares de seguidores de José Pacheco Pereira."
Grande Loja do Queijo Limiano

Se conduzir...

Mel Ramos, Erotic Art Album, Pinup Girls
....dizia: "Ah" ou "Mmm..."Curiosamente com um sorriso apertado...

Freguesia de Arganil

No Arquivo Real não existe nenhum foral antigo, encontrando-se, porém, no Livro Preto da Catedral de Coimbra a fls. 225 e verso, datado de 25 de Setembro de 1114, concedido pelo Bispo de Coimbra, D. Gonçalo, dado que até esta data a vila pertencia à mitra de Coimbra por doação de D. Teresa (mãe de D. Afonso Henriques).

No final do século XII era a vila e seu termo pertença de uns fidalgos de apelido Uzbertes, tendo continuado na posse de um seu descendente: Afonso Pires de Arganil. Este fidalgo passou a maior parte da sua vida no estrangeiro ao serviço de D. Pedro, filho de D. Sancho I, tendo sido ele que se deslocou a Coimbra, por ordem do seu senhor, para entregar as Relíquias dos Cinco Mártires de Marrocos, em Santa Cruz.

Seguiu-se-lhe seu filho Pedro Afonso de Arganil e Samora e mais tarde a neta, D. Marinha Afonso, casada com o poeta e guerreiro Fernão Rodrigues Redondo.

Por falta de descendentes, D. Afonso IV, por permuta, conseguiu integrar Arganil na posse do seu reino e, dividindo-o, reservou para si a parte que abrangia Pombeiro da Beira e, em 1354, incluiu o remanescente no dote que D. Maria, filha natural de D. Pedro I, levou ao casar-se com Fernando de Aragão. Como também este casal não teve descendência foi Arganil reincorporada na coroa, que colocou, quase de seguida, sob a alçada de D. Beatriz, filha do rei D. Fernando e de Leonor de Teles.

Em 1355 o rei D. Afonso IV entregou a Martim Lourenço da Cunha, por permuta, a parte que havia conservado para si, dando, deste modo, origem ao senhorio de Pombeiro da Beira.

Depois da morte da rainha de Castela, D. João I doou o senhorio Arganil a Martim Vasques da Cunha, seu partidário, ligado aos de Pombeiro da Beira e de Tábua, tendo posteriormente, apesar de ter ataiçoado o Mestre de Aviz, conseguido autorização para trocar o senhorio de Arganil com o Cabido de Coimbra pelas terras de Belmonte e S. Romão.

Arganil passou desta forma, em 1394, para a posse dos Bispos de Coimbra, que passaram a ostentar o título de Condes de Arganil, tendo já nessa altura o de Senhores de Coja, Avô e Lourosa. A partir desta data Arganil manteve-se sob o domínio dos seus novos senhores até 27 de Setembro de 1829, quando nomearam para alcaide José António de Figueiredo.

D. Manuel I, aquando da reforma dos forais, concedeu, a 8 de Junho de 1514, «nova carta» a Arganil. Tal documento, ainda que sem folha de rosto, encontra-se ainda hoje, na Câmara Municipal e foi através dele que se regeu a vida da população local durante largo período de tempo.

Em 1550 foram reformulados os estatutos de uma colegiada, pertencente ao padroado real, e que provavelmente teria sido fundada nos finais do século XIV. Tal colegiada foi extinta em Dezembro de 1848, por falecimento do último dos quatro beneficiados que a formavam: o Rev. José António do Soito.

Em 1647 o rei aprova os estatutos de uma Misericórdia, na sequência da confraria de Nossa Senhora da Conceição. A última sobrevivente do primeiro provedor, Pedro da Fonseca, foi D. Maria Isabel de Melo Freire de Bulhões, Condessa das Canas, que ao falecer, em 1879, doou todos os seus bens de que era possuidora nesta zona, para que com o produto da sua venda, fosse fundado um hospital, no seu solar de Arganil. Assim nasce o Hospital Condessa das Canas da Misericórdia de Arganil.Este porém não foi o primeiro estabelecimento de assistência a existir em Arganil, dado que nas casas de hospedaria, outrora anexas à Capela da Senhora da Agonia, funcionou entre 1856 e 1890 um incipiente hospital, por iniciativa do Dr. Luís Caetano Lobo, à data reitor da paróquia de Arganil.

As invasões francesas, em 1809, deixaram a sua marca em Arganil. As tropas de Wellington estiveram aquarteladas na Capela da Misericórdia e dela fizeram local de guarida e de depósito de munições, tendo pilhado, destruído e devastado tudo o que puderam. As pratas das igrejas foram o seu principal alvo.

Na primeira metade do século XIX, com o conflito entre liberais e absolutistas, destaca-se a figura do P.e Manuel Vasconcelos da Costa Delgado, «homem inteligente e culto, liberal por actos e convicção», a quem Arganil muito deve do desenvolvimento que posteriormente veio a beneficiar.

Outra figura de destaque da mesma época é o Dr. Luís Caetano Lobo, que lutou pela instauração de uma escola feminina e por um curso de alfabetização nocturno para adultos e menores, tendo ele mesmo ensinado a ler e escrever, utilizando o método de Castilho. Foi também, juntamente com a Junta da Paróquia, em 1857, quem pressionou junto da Câmara no sentido desta vir a iluminar, durante a noite, com azeite, as principais ruas da vila. Nesta altura Arganil possuia certamente um elevado grau de cultura, pois só assim se compreende que já em 1810 existissem professores régios de primeiras letras e ainda de retórica, filosofia, geometria, grego e latim.

Breve Resenha Histórica do Concelho de Arganil

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006

Antepassados

"Vem do fundo das idades, de tão longe que mal ousamos descortiná-la na névoa da distância, a lembrança dos avós de nossos avós, aqui estabelecidos. As investigações de do dr. Castro Nunes não nos deixam hoje dúvidas a esse respeito. (vidé João de Castro Nunes - Novos elementos para o estudo da arte castreja em Portugal, Guimarães, 1958, pág.6 e segs. O castro da Lomba do Canho, vizinho da anta dos Moinhos de Vento, apesar de ainda incompletamente explorado, revelou-se tão rico de testemunhos, que já não nos é possível negar a existência desses nossos remotíssimos antepassados, possivelmente pertencentes à raça vigorosa dos construtores dos dólmens, genealogicamente relacionados com os Lusitanos, seus não menos vigorosos descendentes."

António G. Mattoso, Excerto de "Ligeiras notas para a história do concelho de Arganil".

Contra factos...

Merecem!

Zazuze!

Esta candidatura é para gozar de modo intenso, preparar, revigorar, enrijecer toda uma vida...

Frase feminina do dia

"Tenho pneu sim... mas qual é o avião que não tem ?"


http://www.voltairenet.org/IMG/jpg/es-botero390.jpg

O passado de Arganil

Um pouco de História / 3
(...) Embora não faltem documentos referentes a Arganil e outras localidades do seu actual concelho, parece-nos que só após a tomada de Seia, Viseu, Lamego e Coimbra, a nossa região se libertou definitivamente do jugo infiel. É natural, mesmo, que nem luta tivesse havido. Metida entre Seia, Viseu e Coimbra, que haviam sido tomadas pelos cristãos, e defendida dos muçulmanos da Beira Baixa pela barreira da Estrela, a sua defesa, confiada, por certo, a pequena guarnição militar, dado o facto da maioria dos seus habitantes serem moçárabes, como já vimos, não tinha a mínima possibilidade de se manter. De resto, a penetração cristã para montante de Mondego e seus afluentes, já vinha enfraquecendo, havia alguns anos, a resistência infiel, e preparando o caminho para continuar neste sentido.
É o que demonstra a acção do mosteiro do Lorvão, fundado no último quartel do século IX, pouco depois da tomada de Coimbra, em 878, por D. Afonso III de Leão. Dotado de enorme actividade, inicia, desde logo, uma valiosa obra de repovoamento que, só em volta da nossa região, se estende de Ceira, Serpins e Vilarinho, a Penacova e outras localidades vizinhas, passando a Gondelim, na foz do Alva, onde chega a viver o conde Diogo Fernandes, primeiro governador de Coimbra, após a conquistada cidade, em 878, e também senhor de Alquinícia, Louredo, Oliveira e outros lugares, até Miranda do Corvo. De Gondelim, a população cristã chega a Mucela e Sarzedo, Santa Comba Dão, Midões, Travanca, etc.
(...) uma vez novamente reconquistada Coimbra, em 1064, prossegue com intensidade crescente, sob a direcção do seu governador, o conde Sisnando. O território que administra abrange a zona que se estende até ao Douro, incluindo Lamego e Viseu, e confina, para Leste, com o distrito civil e militar de Seia, englobando, portanto, a nossa região, incluindo Arganil, onde a darmos crédito a Frei Nicolau de Santa Maria, já existiria o convento de S. Pedro de Arganil, segundo documento por este citado, datado de 1080, altura em que teria passado para Folques. (vidé Frei Nicolau de Santa Maria - Chronica da Ordem dos Conegos Regrantes do Patriarcha Santo Agostinho, Parte II, Lisboa, 1668, pág. 158 e segs.)


(...) Que se passava, por esta altura, na nossa região? Em 1111, nova investida dos Sarracenos leva-os à conquista de Santarém, Lisboa e Sintra. «Para lhes obstar a conquista de Coimbra - diz o historiador padre Gonzaga de Azevedo - dera o conde D. Henrique, no mesmo ano, foral a Soure; nesse, ou nalgum dos imediatos. Miranda da Beira, pelo lado de Leste, e Santa Eulália, a Poente, sobre o Mondego, receberam presídios e foram repovoadas. Este sistema defensivo, constituído por três fortes castelos, que cobriam e desafogavam a cidade (de Coimbra) dos primeiros assaltos, era completado por outros redutos, levantados na direcção Nordeste-Sudoeste, e apoiados nos contrafortes da Serra da Estrela - Coja, Arganil e Seia - formando todos como que uma nova fronteira contra os inimigos do Sul. (...) Os muçulmanos tomaram Miranda da Beira e Santa Eulália, destruiram Soure, cujos habitantes haviam fugido, e, no ano seguinte, investiram contra Coimbra, onde chegarama a entrar, mas da qual não conseguiram apoderar-se. «Soure - continua Gonzaga de Azevedo - ficou por sete anos ao abandono. Coja e Arganil foram doadas, com as terras dependentes, em 1121, a Fernão Perez de Trava, e, no ano seguinte, à Sé de Coimbra e seu bispo D. Gonçalo, recebendo aquele o forte de Santa Eulália, sobre o Mondego, e, em 1122, o castelo de Soure». Também lhe foi doada Seia, neste mesmo ano.

E quanto a Arganil? - Em relação a Arganil, creio que não podemos aceitar as conclusões de Gonzaga de Azevedo. Por um lado, contrariamente ao que assevera, na carta de escambo de que já falámos, trata-se apenas de Coja. Arganil não aparece ali mencionada. Não menciona, igualmente, tal doação o «Livro das Calendas da Sé de Coimbra», que só se refere a Coja. (vidé Livro das Kalendas, ed. Pierre David e Torquato de Sousa Soares, Vol. I, Coimbra, 1947, pág. 205). É certo que esta doação à Sé de Coimbra aparece juntamente com a doação de Coja, no documento de 1122. Mas trata-se - esclarece o dr. Rui de Azevedo - de uma «interpolação» certamente feita - diz este ilustre investigador - com «propósitos fraudulentos».

(vidé In Documentos Medieviais Portugueses, cit. pág. 78 e segs.)
António G. Mattoso, "Ligeiras notas para a história do concelho de Arganil".
I Congresso Regionalista da Comarca de Arganil.