terça-feira, 3 de janeiro de 2006

Biblioteca Municipal Miguel Torga - Arganil

Veiga Simões : escritor, jornalista, político, diplomata, investigador, nasceu em Arganil a 16 de Dezembro de 1888, filho de António José Simões e de D. Guilhermina Alves da Veiga Simões.

Veiga Simões desde muito cedo deu sinais da sua brilhante inteligência e de uma grande facilidade na escrita. Em 1905 está em Coimbra a frequentar o Curso de Direito. Aí toma contacto com a política nacional. Numa época de grande efervescência política, com o sistema monárquico agonizante, Veiga Simões foi desde novo uma figura de destaque na vida académica coimbrã. A sua produção literária na área da ficção e do ensaio literário, é quase toda desta sua passagem por Coimbra.

De 1906 a 1911 publica: Nitockris, Escola de Coimbra, A Nova Geração, Sombras, Elegia da Lenda. Contos, teatro, ensaio, são as áreas que desenvolve nos seus livros publicados nesta época. Nesta fase não devemos esquecer um interessante trabalho sobre a história de Arganil, publicado na revista Ilustração Portuguesa

Terminado o curso vem para Arganil como advogado, mas logo é chamado a tarefas de âmbito nacional. A política é uma actividade a que Veiga Simões não pode fugir. Em pouco tempo, os seus dotes de orador, a sua figura impecável e a facilidade na escrita, levam-no a participar activamente e aos níveis mais elevados da vida nacional, onde ocupa o lugar de Ministro dos Negócios Estrangeiros, em 1912.

Outra faceta de Veiga Simões que interessa salientar é a de jornalista. De 1913 a 1915, Veiga Simões é comentador em três jornais: O Jornal de Arganil, de que é director, O Diário de Coimbra e o República, órgão do Partido Republicano Evolucionista onde milita. Em 1915 surge o Correio de Arganil, também sob a orientação de Veiga Simões. Este jornal que veio substituir o Jornal de Arganil, teve também vida efémera, terminando a sua publicação em 1916.

Mas a área onde Veiga Simões mais de notabilizou, foi como diplomata. Com uma vertiginosa ascensão na carreira, Veiga Simões entra para o Quadro Diplomático e Consular do Ministério dos Negócios Estrangeiros, sendo nomeado cônsul de Portugal em Manaus em 1915. Em 1919, Veiga Simões é promovido e colocado em Oslo – Noruega. Dois anos mais tarde é chefe de missão e é colocado como ministro plenipotenciário em Viena de Áustria. A partir daqui Veiga Simões percorre toda a Europa como representante de Portugal, em importantes negociações de caracter político, com uma vertente muito forte na área comercial.

Este é um período extremamente interessante de Veiga Simões. Os lugares que ocupa permitem-lhe estar perto dos centros de decisão. De 1933 a 1940, é enviado extraordinário e ministro plenipotenciário em Berlim, onde acompanha o processo que conduziu à Segunda Guerra Mundial. São importantíssimos para o estudo desta época, os relatórios enviados por Veiga Simões, no desempenho das suas funções, para o Palácio das Necessidades em Lisboa.

Veiga Simões não foi um particular simpatizante da política do Estado Novo. A sua frontalidade e o seu carácter humanista, criaram-lhe várias incompatibilidades que foram minando a sua carreira diplomática. Em 1946 Veiga Simões é colocado como ministro plenipotenciários na China. A sua saúde abalada por vários problemas, impede-o de ocupar o lugar. Salazar aproveita a oportunidade para o afastar definitivamente, demitindo-o da carreira diplomática.

Com o passaporte cativo do Governo Português, Veiga Simões acaba por falecer em Paris no dia 1 de Dezembro de 1954, sendo sepultado em Arganil no dia 22 do mesmo mês. O seu funeral, com honras próprias dos filhos ilustres de Arganil, foi fortemente condicionado pela presença de inúmeros agentes da polícia militar – PIDE, que nem morto o deixaram em paz.

Veiga Simões foi um dos Arganilenses mais ilustres, senão o mais ilustre, que até hoje nasceu neste concelho. A sua obra está ainda por estudar, até porque muito do que escreveu na última fase da sua vida, em Paris, está desaparecida e nunca foi publicada. Os Relatórios enviados nas suas inúmeras missões, como diplomata, nos muitos países onde exerceu funções, são uma fonte importantíssima para o conhecimento da política internacional, no período que vai de 1915 a 1940.

Ciclo de Exposições de Autores Arganilenses. Exposição em 8 cartazes e documentação diversa sobre a vida e obra de Veiga Simões, patente na Biblioteca Municipal de Arganil.

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