segunda-feira, 9 de janeiro de 2006

Braz Lourenço

O padre Jesuíta Braz Lourenço, que com Maracajaguaçu, foi um dos Fundadores da Serra, nasceu no ano de 1525, em Melo, diocese de Coimbra, importante e destacada cidade de Portugal.
Ingressou na Companhia de Jesus, (Ordem dos Jesuítas) com 24 anos de idade, em 9 de maio de 1549.
Braz Lourenço, chegou de Portugal na Terceira Expedição Missionária dos Jesuítas.
Veio na Armada do 2º Governador Geral do Brasil, Dom Duarte da Costa. A Armada possuía um total de 260 pessoas e era composta de quatro navios, sendo uma Nau e três Caravelas.
A Expedição Missionária dos Jesuítas era dirigida pelo padre Luiz Da Grã e contava com mais dois padres: Braz Lourenço e Ambrósio Pires.
Juntos estavam mais quatro Irmãos, isto é, religiosos que estavam se preparando para serem ordenados padres. Os Irmãos eram: Antônio Blázques, João Gonçalves, Gregório Serrão e José de Anchieta. Anchieta, o Apóstolo do Brasil, era ainda Irmão pois só ordenou-se padre em 1565.
Durante a viagem de Lisboa para o Brasil, Braz Lourenço chegou a ouvir em confissão, o Governador Geral, Duarte da Costa. Também ouviu em confissão o filho do Governador Geral, Álvaro da Costa.
Álvaro, que também era Comandante e Mestre de navio, seria homenageado posteriormente por Braz Lourenço que deu o nome de Álvaro à Montanha existente na Serra.
Esta é portanto a verdadeira origem do nome do Mestre Álvaro, com base em documentos históricos.
A viagem de Braz Lourenço e outros detalhes, encontram-se relatados pelo próprio Braz Lourenço em carta, “Aos padres e Irmãos de Coimbra”, datada de 30 de julho de 1553.
Os quatro navios da Armada de Duarte da Costa saíram de Lisboa, capital de Portugal, a 8 de maio de 1553, chegando à Bahia a 13 de julho do mesmo ano.
Da Bahia, Braz Lourenço vem para o Espírito Santo em dezembro de 1553, na “Oitava do Natal”, como Superior da Capitania, em substituição ao padre Afonso Braz que aqui estava desde 1551.
Segundo o historiador Serafim Leite, na Capitania do Espírito Santo, Braz Lourenço se tornou:
“O mais notável no campo da sua atividade, na renovação dos costumes dos moradores e na catequese dos Índios.”
Braz Lourenço durante a sua administração como Provincial, ou seja, Superior Religioso na Capitania, de 1553 a 1564, continuou a obra de construção do Colégio dos Jesuítas e Igreja de São Tiago, onde hoje está localizado o Palácio Anchieta, sede do Governo do Estado, em Vitória.
Foi Braz Lourenço o construtor da primeira residência dos Jesuítas na Vila de Vitória, pois o padre Afonso Braz deixara apenas “um pequeno Seminário coberto de palhas.”
Em 1561, num ataque dos Piratas Franceses à Ilha de Vitória, Braz Lourenço, mostrando muita coragem, se coloca à frente de todos e, empunhando a Bandeira de São Tiago, anima a resistência, retirando-se o inimigo com várias perdas.
O ato heróico de Braz Lourenço é relatado pelos historiadores: Mário Aristides Freire; Braz Rubim; José Marcelino Pereira de Vasconcellos e Serafim Leite.
O escritor Jayme Santos Neves no livro “A Outra História da Companhia de Jesus”, na página 170, após informar que Braz Lourenço chegou ao Espírito Santo em 1553, relata o ato heróico de Braz Lourenço contra os Franceses, informando a data errada de 1552. Em 1552, Braz Lourenço ainda não havia chegado ao Brasil.
A historiadora Maria Stella de Novaes relata que, no fim do ano de 1561, duas Naus Francesas vieram atacar a Capitania:
“Acolheram então os colonizadores, Índios Flecheiros e os escravos, sendo que precedidos pelo padre Braz Lourenço, que levava o estandarte de São Tiago, enfrentaram o inimigo, defendendo heroicamente a Vila. Feriu-se terrível combate em que os Franceses, vencidos, fugiram, com vultuosas perdas."

O historiador Basílio Carvalho Daemon observa que o ataque dos Franceses teria ocorrido em Vila Velha, fato que os demais historiadores não confirmam.
Maria Stella de Novaes na página 35 do livro “História do Espírito Santo” relata que:
“O certo é que o Estandarte de São Tiago era de Vitória, onde estava a Igreja consagrada ao mesmo santo. E Vila Velha tinha forte para repelir os inimigos.”
Braz Lourenço foi Missionário e Administrador. Nos livros, em muitas ocasiões, consta: Lourenço vírgula Braz. Tal registro tem gerado confusão em alguns poucos historiadores, que chegam a afirmarem que Braz Lourenço é um, e Lourenço Braz é outro.
O nome é colocado Lourenço vírgula Braz, pelo fato de se priorizar o segundo nome, no lugar do pré - nome ( primeiro nome ).
Segundo Serafim Leite, a maioria das Aldeias da Capitania do Espírito Santo foram organizadas pelo padre Braz Lourenço.
É ainda Serafim Leite que relata:
“Os Jesuítas fundaram as duas primeiras Aldeias no Espírito Santo, que foram em 1556, a Aldeia de Nossa Senhora de Conceição da Serra e a Aldeia Velha, de Santa Cruz.”

Em 1564, Braz Lourenço foi substituído como Provincial, pelo padre Manoel de Paiva.
Segue então para Porto Seguro onde é nomeado Superior do Colégio dos Jesuítas.
Em 1572, o padre Inácio de Tolosa leva Braz Lourenço para o Rio de Janeiro onde o fundador da Serra é nomeado vice-reitor do Colégio dos Jesuítas.
José de Anchieta, que em 1565 ordenara-se padre na Bahia, tinha sido nomeado Reitor, mas como Anchieta encontrava-se em missão evangelizadora na Região de São Paulo, acabou não assumindo a Reitoria do Colégio do Rio de Janeiro.
Assim, Braz Lourenço, que estava como vice-reitor, acaba assumindo a Reitoria, permanecendo no cargo de 1573 a 1576.
Em 1582, Braz Lourenço retorna ao Espírito Santo como Superior da Ordem e Reitor do Colégio dos Jesuítas de Vitória. Assume os cargos pela segunda vez.
Após várias atividades destacadas no processo de evangelização, acaba indo se recolher já idoso, na residência dos Jesuítas em Reritiba, atual cidade de Anchieta, onde falece a 15 de julho de 1605, com 80 anos de idade.
A data do falecimento é registrada pelo historiador Serafim Leite, no livro “A História da Companhia de Jesus no Brasil.”
O escritor Jayme Santos Neves, na página 151 do livro “A Outra História da Companhia de Jesus”, editado em Vitória em 1984, diz que Braz Lourenço faleceu com:
“86 anos de idade, sendo 60 anos de Brasil e 64 de Companhia de Jesus.”

Tendo nascido em 1525, ao morrer a 15 de julho de 1605, Braz Lourenço tinha 80 anos e não 86.
As datas de nascimento e falecimento constam de documentos e cartas vistas e analisadas pelo historiador e padre Jesuíta, Serafim Leite.
Braz Lourenço faleceu com 80 anos de idade, com 52 anos de Brasil e 56 anos de Companhia de Jesus.
Segundo os padres da Igreja Matriz da Cidade de Anchieta, alguns Jesuítas foram realmente sepultados numa área de terra próxima a Igreja. Informam contudo que a citada área de terra hoje é um pátio cimentado e não existem mais os registros oficiais, para a identificação certa e real dos túmulos.
Os registros históricos contudo confirmam estar o padre Braz Lourenço, fundador da Serra, sepultado em Reritiba, atual Anchieta.
Em 1597, a Igreja de Reritiba ainda não estava com a sua construção concluída. Tanto é que Anchieta, tendo morrido nesse ano, teve seu corpo transferido para Vitória, para ser enterrado na Igreja de São Tiago. Os ossos do Santo Jesuíta permaneceram na Igreja de São Tiago até 1609, quando foram levados para a Bahia, às escondidas da população de Vitória, ficando com alguns Jesuítas da Vila, alguns ossos, entre os quais a tíbia direita.
Em 1604, a Igreja de Reritiba já estava definitivamente construída, pois nela foi enterrado o padre Diogo Fernandes. Braz Lourenço, falecido em 1605, depois do falecimento de Anchieta e Diogo Fernandes, também ali foi enterrado.
A influência dos Jesuítas no povoamento das regiões do Espírito Santo foram extintas com a expulsão dos padres do Brasil, decretada oficialmente pela influência do Marquês de Pombal, ( Sebastião José de Carvalho e Mello ) pela Lei de 3 de setembro de 1759.
Em 22 de janeiro de 1760, segundo Serafim Leite um total de 17 padres, ( segundo o escritor Elmo Elton o número de padres seriam 16 ), que atuavam no Espírito Santo tiveram que sair, embarcando no Navio Libúrnia, que foi para o Rio de Janeiro e de lá para o exílio.
Os Jesuítas foram expulsos de Portugal e Colônias. Todos os seus bens foram confiscados. Um dos padres expulsos do Espírito Santo em 1760 foi o padre escritor Manuel da Fonseca.
No livro do saudoso escritor capixaba Elmo Elton, intitulado “Velhos Templos de Vitória & Outros Temas Capixabas”, consta o seguinte nas páginas 10 e 11, no capítulo referente a Igreja de São Tiago:
“Afonso Brás encantara-se com o Espírito Santo( ... )mas o Jesuíta se demorou pouco na Capitania, isto é, apenas dois anos, visto que, em dezembro de 1553, era substituído pelo padre Lourenço Brás ( ... ) Lourenço Brás, em carta de 1554, informava que a Igreja de São Tiago já estava bem maior, acrescentando que a mesma será tan grande como la del nuestro Colégio de Coimbra o mas, y enchesse toda. Em princípio de 1559 ocorreu um incêndio na Casa dos Meninos de Jesus, possivelmente atingindo parte da Igreja, que lhe ficava anexa, registrando Brás Lourenço, em 1562, que a Igreja é pobre a qual nem ornamentos, nem retábulos, nem galetas tem, como dije mal providas de vinho e farinha para as missas. Dito padre se demorou em Vitória até 1564, sendo que o templo, reconstruído e ampliado, tinha, em 1573, mais cem palmos de comprido, fora a capela, e quarenta e cinco de largo, passando a ser de pedra e cal."

história da serra, José Borges SantAnna

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