quinta-feira, 16 de março de 2006

Linha ideológica

Saramago 3
(...) Saramago foi contundente ao expor a sua posição sobre as religiões : "elas nunca serviram para aproximar os seres humanos uns dos outros. Pelo contrário, as religiões são responsáveis por mortandades aterradoras. Tudo, sempre, em nome de Deus", afirmou.
Saramago também foi contundente na sua análise sobre a literatura: ela não vai provocar grandes transformações no mundo. "A literatura não serve para isto, ela não muda o mundo. É o mundo que muda a literatura, é o mundo que muda tudo", disse.
O escritor explicou que não tem a pretensão de mudar as pessoas com seus livros. "O importante é que o livro possa produzir um choque, que resulta do fato do autor estar a lhe dizer: está certo, você leitor está certo e o desse livro também está certo. Tudo isso é problema da sua própria cegueira."(...)

Saramago 2
«Ensaio sobre a Lucidez»
“É um romance, profundamente político. Não no sentido de contar uma história em que políticos fazem isso ou aquilo. É político na sua essência”, disse. O livro discute uma questão fundamental: a democracia, “vai despertar uma grande polêmica e isso é o que eu quero que o livro faça”, resumiu Saramago.
“A palavra democracia não descreve corretamente a realidade atual.O verdadeiro nome é plutocracia, que significa governo dos ricos”.
Para o escritor, a democracia está em evidência na atualidade, mas aparece nas discussões políticas como uma palavra, um conceito por vezes mal empregado. Saramago questiona: “como é que nós podemos continuar a falar de democracia em uma situação como a que vivemos, hoje, em todo o mundo?” E ele mesmo corrige: “a palavra democracia não descreve corretamente a realidade atual.O verdadeiro nome é plutocracia, que significa governo dos ricos”.
Saramago defende que, para se ter uma democracia de fato, é necessário que ela permeie um tripé: a democracia política, a democracia econômica e a democracia cultural.
Ele reconhece que os cidadãos têm o poder de decidir quem vai governar sua nação, mas alerta que, do ponto de vista econômico, o verdadeiro poder está nas mãos das grandes empresas e das multinacionais. “O voto pode tirar um do poder e pôr outro no lugar, mas não pode impedir que a Petrobrás, a Coca Cola, a Mitsubishi ou a General Motors – as grandes corporações - sejam realmente aqueles que governam o mundo”, disse. E reforçou: “nós não somos chamados para eleger o conselho de administração de uma multinacional, e o poder está nelas, a um ponto tal que os governos transformaram-se nos comissários políticos do poder final”.

Saramago 1
São Paulo - O que é preciso para adivinhar o futuro? Quem dá a receita é o escritor português José Saramago. “Qualquer um de nós pode ser profeta, desde que cumpra uma condição: profetizar o pior, porque o pior acontecerá”, disse ele esta semana em São Paulo.
Saramago lançou, nesta capital, o que considera ser sua biografia autorizada, “José Saramago: O Amor Possível”, escrita pelo jornalista espanhol Juan Arias. A obra aborda temas pessoais, como a infância e a família do escritor, e apresentam suas idéias sobre política, religiões, literatura.
O livro sai no Brasil cinco anos após seu lançamento na Europa e foi escrito a partir de entrevista que Arias fez com o autor, anos antes de Saramago receber o Prêmio Nobel de Literatura em 98. Os dois estiveram na Livraria Cultura para lançar a obra e debater com o público o tema “A Literatura e o Engajamento Político.(...)


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