"O texto de O Amante de Ninguém estruturou-se a partir de monólogos das personagens masculinas do Sonho de um Homem Ridículo e da Voz Subterrânea, a que se foram juntando alguns dos diálogos das Noites Brancas. Aquilo que agora aqui está é uma abordagem cénica ao jovem Dostoievski, às suas deambulações - realistas mas também oníricas - pelo labirinto da cidade, aos seus exaltados encontros e recuos, à irremediável solidão das suas personagens. Não se trata aqui de explorar o drama destes homens e mulheres dilacerados perante a incomensurável grandeza da vida, mas apenas indicá-lo, esboçar, apontar. É um espectáculo que tenta recuperar o gesto de quem folheia um livro mais do que aquele de quem nele se perde, noite fora, absorto. Aquilo que aqui se pede ao espectador é o olhar de quem passeia pela cidade velha, usufruindo do tempo dos encontros e da visão das fachadas das casas, da passagem da luz sobre os prédios."
O AMANTE DE NINGUÉM de Manuel Wiborg (a partir de Dostoievski) - publicado pelas Edições Cotovia, no volume Três Peças Breves.
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