O fumo que, na ausência de chaminés, se escoava lentamente através das lajes do telhado, ficava nos dias de vento a pairar desconfortavelmente no interior.
Nestes pequenos espaços sobreaquecidos, completamente negros devido à fuligem e escassamente iluminados por uma única janelinha estreita e uma candeia (acesa dia e noite, durante o Inverno) acovelavam-se famílias quase sempre muito numerosas.
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Casa rural da Comissão de moradores do Casal de S. João (Desenho de Gomes Paiva)
Se agora os poucos objectos e peças de mobiliário destas cozinhas, uma vez recuperados e expostos à luz do dia, revelam comovente simplicidade e sóbria beleza, para os seus utilizadores eles não passavam de formas vagas, sombras indistintas. A harmonia de que nos apercebemos estava então subterrada numa espessa camada de miséria e pobreza.
No centro da cozinha havia uma pedra lisa, grande e grossa - a lareira, sobre a qual se fazia o fogo. À volta, num plano mais alto, um estrado de madeira em semicírculo servia de banco para toda a família. Por cima das cabeças ficava o caniço, onde eram secas as castanhas e curados os enchidos.
Todas as cozinhas tinham um caldeirão, que era uma corrente de elos de ferro, presa ao caniço. O caldeirão ficava a prumo sobre a lareira e na extremidade inferior tinha um gancho com que regulava, através de subida e descida dos elos da corrente, a distância dos tachos e caçarolas em relação ao fogo.
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