terça-feira, 25 de abril de 2006

Greves

"Até a Revolução de 1964, que ampliou o significado da doutrina de Segurança Nacional para impor maior controle à região portuária santista (que teve seu prefeito cassado e substituído por interventores nas duas décadas seguintes) e ao parque industrial de Cubatão, Santos tinha grande participação nos movimentos políticos nacionais e internacionais. Amordaçada e amendrontada pelo regime militar, a cidade nem de longe pareceria nos anos seguintes com a que fervilhava com a movimentação sindical pré-1964.

São das vésperas da Revolução estas notícias, que dão uma idéia do que acontecia então na "terra de Brás Cubas". A primeira é do Correio da Manhã, do Rio de Janeiro, em 27 de janeiro de 1964:

SANTOS (Sucursal) - A baixada santista, em 1963, sofreu em média 3,4 greves por mês, contando-se entre elas 2 gerais, de solidariedade. Até juízes de futebol paralisaram suas atividades, alegando baixa taxa de pagamento e falta de garantias. Os dias mais agitados, porém, vividos nesta região paulista registraram-se em junho e agosto, quando se sucederam os movimentos grevistas dos "bagrinhos" e enfermeiros, respectivamente. Nas duas ocasiões, a cidade se transformou em praça de guerra, com a presença de tropas federais - primeiro, para garantir a execução da sentença que mandava sindicalizar 275 matriculados na estiva e, depois, para assegurar a ordem, principalmente na faixa portuária, refinaria e oleoduto.

A outra notícia é do Diário da Noite, da capital paulista, em 30 de agosto de 1963:

Santos, 29 (de Athaide Alves Franco e Antônio Rodrigues, enviados especiais) - Foi decretada greve geral em Santos. A decisão foi tomada às 22,20 horas pelo Fórum Sindical de Debates. O movimento eclodirá a partir da meia-noite de domingo, devendo paralisar todas as atividades da baixada santista. No momento em que redigíamos esta nota os membros do FSD deixavam o Sindicato dos Operários Portuários para um encontro com o Prefeito de Santos e diretores de estabelecimentos hospitalares.

Contudo informações chegadas ao conhecimento dos membros do Fórum Sindical de Debates davam conta de que a Santa Casa continua no seu firme propósito: não atenderá aos grevistas. Há poucos minutos o diretor do Departamento Nacional do Trabalho e o ministro do Trabalho, respectivamente Lúcio Gusmão e Amaury Silva, telefonaram para Santos a fim de se colocar a par da situação.

Documentos de posse dos grevistas dão conta de que no período compreendido entre outubro último e agosto corrente os hospitais elevaram suas taxas em 95 por cento. Inúmeras listas estão sendo corridas na cidade organizando fundos para auxílio dos grevistas.
A decisão do Fórum Sindical de Debates foi tomada por unanimidade, estando presentes à reunião representantes de 40 entidades sindicais. O movimento poderá ser antecipado para qualquer momento no caso de se registrarem arbitrariedades contra os grevistas."
novomilenio.inf.br - Santos - Histórias e Lendas

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