Com a chegada dos "caloiros" às universidades, chega também o hábito das praxes. E o verbo "praxar" conjuga-se só na primeira pessoa do singular ou do plural conforme os casos.
A praxe impõe-se assim como tema de actualidade jornalística. E é quase impossível não opinar pela escrita mais uma vez sobre este assunto.
A praxe deve ser das únicas inovações portuguesas que não foram importadas do estrangeiro. Todos sabemos como os portugueses, para parecerem modernos, criticam tudo o que é nacional, mesmo sendo bom, e importam de outros países modas e hábitos que nada têm a ver com as nossas tradições. Tal atitude resume-se na conhecida expressão de Fernando Pessoa, "o provincianismo português".
A praxe que era apenas uma tradição de Coimbra, com a multiplicação das universidades, acompanhou a massificação do Ensino Superior. A maioria das vezes, apenas no sentido mais negativo.
Afinal, qual é o objectivo da praxe ? Em termos gerais, a integração dos novos estudantes no meio universitário. Mas a sua aplicação recorre a formas que se questionam se são as mais válidas e úteis para a integração dos novos alunos. Algumas dessas formas não têm graça nenhuma resvalando para actos de mera estupidez. E casos já houve de violência que foram levados aos tribunais.
No acto da praxe, é o lado do domínio sobre o outro que prevalece. É o poder exercido sem qualquer contestação. É o posso, quero e mando, de forma absoluta. A escritora Luísa Costa Gomes, num artigo da Grande Reportagem, resume de forma lapidar : "O que não se discute na praxe é quem é que manda, e saber quem é que manda em quem e como".
Aplicada assim a praxe, verifica-se um desrespeito pela pessoa humana e pelos seus direitos fundamentais. O "praxado" ou a "praxada" não pode recusar as ordens de quem " praxa" sob pena de ser objecto de represálias. E não se argumente com a existência de um Código da Praxe. O que importa aqui são os actos e não o que teoricamente está escrito para defesa dos "praxantes" em caso de queixa dos "praxados".
Para uma verdadeira integração dos novos estudantes, a praxe não tem nenhum interesse mesmo nas suas formas mais benignas. E não passa de um mero divertimento que de lúdico nada tem. Antes revela aberração e formas de mau gosto no acolhimento dos "caloiros". E que por vezes chega a ser um trauma.
Há formas bem civilizadas de integrar os novos estudantes. E nem é necessário puxar muito pela imaginação. Actos culturais, festas, sessões de boas-vindas, encontros de esclarecimento, constituição de equipas de ajuda na resolução de eventuais problemas são meios muito mais humanos para a integração no novo meio universitário.
Os "caloiros" habituados ao Ensino Secundário e a viver no meio das suas famílias, ao entrarem na Universidade, sentem-se desenraizados e estranhos no novo ambiente. Daí que lhes seja proporcionado um acolhimento de forte calor humano na etapa que iniciam.
Ora não é com actos de negação da sua pessoa que tal acolhimento os enriqueça humanamente. E os integre na Comunidade Universitária. O primeiro dever de uma comunidade é acolher os seus novos membros com respeito pela sua personalidade. A praxe não realiza este objectivo. E só dá uma imagem pobre da Universidade.
A praxe impõe-se assim como tema de actualidade jornalística. E é quase impossível não opinar pela escrita mais uma vez sobre este assunto.
A praxe deve ser das únicas inovações portuguesas que não foram importadas do estrangeiro. Todos sabemos como os portugueses, para parecerem modernos, criticam tudo o que é nacional, mesmo sendo bom, e importam de outros países modas e hábitos que nada têm a ver com as nossas tradições. Tal atitude resume-se na conhecida expressão de Fernando Pessoa, "o provincianismo português".
A praxe que era apenas uma tradição de Coimbra, com a multiplicação das universidades, acompanhou a massificação do Ensino Superior. A maioria das vezes, apenas no sentido mais negativo.
Afinal, qual é o objectivo da praxe ? Em termos gerais, a integração dos novos estudantes no meio universitário. Mas a sua aplicação recorre a formas que se questionam se são as mais válidas e úteis para a integração dos novos alunos. Algumas dessas formas não têm graça nenhuma resvalando para actos de mera estupidez. E casos já houve de violência que foram levados aos tribunais.
No acto da praxe, é o lado do domínio sobre o outro que prevalece. É o poder exercido sem qualquer contestação. É o posso, quero e mando, de forma absoluta. A escritora Luísa Costa Gomes, num artigo da Grande Reportagem, resume de forma lapidar : "O que não se discute na praxe é quem é que manda, e saber quem é que manda em quem e como".
Aplicada assim a praxe, verifica-se um desrespeito pela pessoa humana e pelos seus direitos fundamentais. O "praxado" ou a "praxada" não pode recusar as ordens de quem " praxa" sob pena de ser objecto de represálias. E não se argumente com a existência de um Código da Praxe. O que importa aqui são os actos e não o que teoricamente está escrito para defesa dos "praxantes" em caso de queixa dos "praxados".
Para uma verdadeira integração dos novos estudantes, a praxe não tem nenhum interesse mesmo nas suas formas mais benignas. E não passa de um mero divertimento que de lúdico nada tem. Antes revela aberração e formas de mau gosto no acolhimento dos "caloiros". E que por vezes chega a ser um trauma.
Há formas bem civilizadas de integrar os novos estudantes. E nem é necessário puxar muito pela imaginação. Actos culturais, festas, sessões de boas-vindas, encontros de esclarecimento, constituição de equipas de ajuda na resolução de eventuais problemas são meios muito mais humanos para a integração no novo meio universitário.
Os "caloiros" habituados ao Ensino Secundário e a viver no meio das suas famílias, ao entrarem na Universidade, sentem-se desenraizados e estranhos no novo ambiente. Daí que lhes seja proporcionado um acolhimento de forte calor humano na etapa que iniciam.
Ora não é com actos de negação da sua pessoa que tal acolhimento os enriqueça humanamente. E os integre na Comunidade Universitária. O primeiro dever de uma comunidade é acolher os seus novos membros com respeito pela sua personalidade. A praxe não realiza este objectivo. E só dá uma imagem pobre da Universidade.
José Geraldes, Urbi et Orbi
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