A broa cozia-se de oito em oito ou de quinze em quinze dias. A cozedura era feita nos fornos individuais ou, no caso dos que os não possuíam, nos fornos comunitários.
Fazia-se o crescente no dia anterior, misturado no malgão as sobras da última cozedura com alguma farinha e água morna.
Para a amassadura utilizava-se uma gamela de madeira - o crescente era então misturado com farinha de milho, água morna, sal e alguma farinha triga ou centeia, para a broa não ficar tão arroliçada.
Feita a massadura, a broa ficava a fintar à fogueira, enquanto se aquecia o forno.
Depois de quente, o forno era limpo com o rodo e o vassoiro; as broas eram tendidas no malgão e uma a uma colocadas com a pá no forno.
Com a massa que sobrava na gamela fazia-se uma bola de crescente que se guardava no malgão até à próxima cozedura.
As broas, uma vez cozidas, eram guardadas numa loja fresca e arejada.
Havia quem fizesse a broa só com milho, de modo a fundir (render) para quinze dias - é que quanto mais pesada no estômago, menos se levava à boca...
Em certos casos, esta "poupança forçada" constituía o único modo de enganar a fome, pois em muitas aldeias metade das famílias não tinham sequer milho que lhes chegasse para o ano inteiro.
Eram os mais pobres entre os pobres; os que não tinham sequer uma côdea para acompanhar o caldo das couves. A estes bem se podia aplicar o ditado: "Poupa que comer, não guardes que fazer."
O mel era um dos poucos "luxos" alimentares ao alcance de quase todos. Bastava fazer alguns cortiços e adquirir conhecimentos práticos elementares sobre as técnicas da apicultura.
O equipamento utilizado era também rudimentar e de fácil fabrico caseiro.
Dr. Paulo Ramalho, Tempos Difíceis - Tradição e Mudança na Serra do Açor
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