sábado, 3 de março de 2007

Acossados

Conta a lenda que Diogo Lopes Pacheco, assassino de Inês de Castro escapou ao ódio de D. Pedro, escapando-se para Espanha. De regresso a Portugal, era no Piódão que se escondia.Também João Brandão, misto de herói e assassino, atacava na noite escura e guardava-se durante a luz do dia na casa do pároco do Piódão.


Diogo Lopes Pacheco (1304 - 1383) foi um fidalgo da Corte de D. Afonso IV que, como conselheiro deste monarca, teria participado na condenação de Inês de Castro. Após o assassínio desta, ocorrido em 1355, o seu nome e os de Pêro Coelho e de Álvaro Gonçalves foram apontados como sendo os dos executores dessa cruel sentença de morte. E, em 1357, com a subida de D. Pedro I ao trono de Portugal, temendo a vingança do novo Rei, esses três fidalgos procuraram refúgio em Castela. Todavia, o Rei de Castela negociou a extradição dos presumíveis assassinos de Inês de Castro.

Decorria o ano de 1360, quando Pedro I de Castela e Pedro I de Portugal fizeram um acordo para a troca de certos nobres castelhanos, refugiados em Portugal, por alguns nobres portugueses foragidos em Castela. Pêro Coelho e Álvaro Gonçalves vieram a ser supliciados em Santarém, enquanto Diogo Lopes Pacheco conseguia fugir para Avinhão e escapar, assim, à cruel sorte dos outros dois. Em contrapartida, Pedro I de Castela recebeu e mandou matar os fidalgos castelhanos Pedro Nunes de Gusmão, Mem Rodrigues Tenório, Fernão Gudiel Toledo, e Fernão Sanches Caldeira.

Durante o reinado de D. Fernando (1367-1383), Diogo Lopes Pacheco voltou para Portugal, vindo a desempenhar funções diplomáticas, nomeadamente nas negociações do Tratado de Alcoutim (1371). Mas, em desacordo com o casamento do monarca português com D. Leonor Teles, e temendo a perseguição desta, voltou de novo a exilar-se. Ao serviço de Henrique II de Castela, aconselhou este monarca a cercar Lisboa, crendo qe os seus defensores «cerrados como ovelhas em curral» seriam forçados a render-se por falta de mantimentos. Isso não aconteceu mas a luta veio a terminar mercê da mediação do cardeal Guido de Bolonha, que o Papa enviara à Península Ibérica para negociar a paz entre Portugal e Castela.

A 19 de Março de 1373 foi assinado em Santarém um tratado de paz, vantajoso para Castela. O Rei de Portugal obrigava-se a anular todas as disposições que acordara com o duque de Lencastre.

Perdoado e reintegrado na posse dos seus bens, por D. Fernando, apesar de ter pegado em armas contra a pátria, Diogo Lopes Pacheco beneficiou assim do clausulado do referido tratado de Santarém e ficou em Portugal, sabendo-se que ainda vivia, em Lisboa, no ano de 1383.
glosk

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