"Enquanto o país discute se o ‘engenheiro’ Sócrates tem direito ao título, a notícia da semana veio do mesmo jornal que começou a investigar o canudo do primeiro-ministro. O Supremo Tribunal de Justiça resolveu fazer doutrina e condenou o ‘Público’ a pagar uma indemnização ao Sporting. Parece que o ‘Público’ denunciou uma dívida do clube ao fisco (de 460 mil contos) que, apesar de ser verdadeira, ofende o bom-nome da instituição. Qualquer pessoa entende sem esforço que dizer mentiras pode ofender. O Supremo alarga o debate e afirma que dizer a verdade também. Por exclusão de partes, a única coisa que não ofende é o silêncio, o que não deixa de ter a sua coerência lógica. Se o acórdão do Supremo faz escola, não será de excluir que o jornal do futuro seja composto por quarenta e quatro páginas rigorosamente em branco, onde não se relata coisa nenhuma e, como diria o dr. Cavaco, se despacha tudo em poucos minutos. E com vantagens: poupa-se em jornalistas, em editores, em colunistas, em directores. E, no limite, em leitores também. Pressinto aqui um nicho de mercado."
Jornal Expresso - Edição 1798 de 14.04.2007
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