"Num mundo onde a tragédia do Iraque é normalmente discutida apenas por meio do sensacionalismo da mídia e por slogans políticos, é especialmente gratificante ver um testemunho adulto, inteligente e criterioso sobre a vida no Iraque, de alguém que lá viveu por nove meses, tanto nos primeiros dias da ocupação em 2003, quanto em 2004, e que percebeu os equívocos fundamentais que, mais tarde, iriam dificultar a iniciativa de criar um governo iraquiano viável.
John Agresto, um acadêmico americano e ex-diretor de faculdade, que voluntariamente se ofereceu para ajudar a criar um sistema de ensino superior mais eficiente no Iraque, aprendeu muito sobre a sociedade iraquiana em geral e sobre as tentativas americanas de criar, lá, uma sociedade melhor.
Ele publicou recentemente um livro intitulado “Mugged by Reality” (Assaltado pela Realidade) que tem como subtítulo: “A liberação do Iraque e o Fracasso das Boas Intenções”.
O que é agradavelmente diferente no livro é que ele não toma nem a posição da administração Bush, nem a posição dos Democratas no Congresso e nem a posição de quem quer que seja.
Agresto não objetiva provar alguma teoria ou vender alguma concepção favorita, mas transmitir o que ele viu com seus próprios olhos e discerniu com sua própria experiência com os iraquianos e também com os americanos no Iraque.
Ele não alega infalibilidade, mas, de fato, admite ter sido forçado a mudar seus conceitos pelo que viu.
Inicialmente um apoiador da invasão, ele agora diz que não a teria apoiado se tivesse sabido, de antemão, como a ocupação seria mal gerenciada e os resultados por ela alcançados. Mas ele também reconhece que nós não podemos fazer o tempo voltar para trás e simplesmente abandonar o país, pois isso resultaria em conseqüências ainda piores, não somente no Iraque, mas em outros lugares - não somente para outros, mas para nós próprios.
O pior dos erros, para Agresto, foi o fracasso em estabelecer a lei e a ordem logo depois da vitória militar, antes de responsabilizar-se pelo grandioso projeto de tentar criar uma democracia no Iraque. Desse erro fundamental, muitas outras tragédias se seguiram. Na ausência da lei e da ordem, houve uma violência generalizada, saques, estupros – em resumo, a guerra de todos contra todos sobre a qual Hobbes nos alertou, séculos atrás.
Quanto à democracia, Agresto entende que o direito ao voto não é garantia de liberdade, tolerância e respeito ao direito dos outros. Sem esses pré-requisitos, a democracia pode significar tirania em casa e terrorismo no estrangeiro."
Assaltado pela realidade – Parte I Thomas Sowell
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