segunda-feira, 24 de setembro de 2007

O espectáculo da "entrega dos portáteis "...

Reproduzo aqui este texto que acho bem elucidativo da mentira, da vergonha e da miséria intelectual em que este governo se movimenta e para a qual teima em mergulhar os portugueses.



"O País assistiu, há dias, a mais um «show» do governo socrático. Todos os membros do governo participaram na «distribuição» dos computadores pelos formandos das Novas Oportunidades. As capitais dos distritos deste país ficaram em festa!!! Qual campanha da Farinha Amparo ou da pasta dentífrica Couto. Um show on maior que o último Potter e só mesmo comparado às patéticas aventuras do Noddy. 360 portáteis entregues com os altos patrocínios da PT. Claro, de quem havia de ser? Imagine-se os custos de toda a propaganda para, antes das férias, se fazer a entrega dos computadores... Mas deixemos o show off de um Ministro da Sáude a distribuir computadores e a esquecer os encerramentos dos SAP's. Vamos ao engodo, aliás duplo engodo.
O primeiro engodo. A TMN e, nos próximos meses serão as outras operadoras, lucram a bem lucrar com o «negócio». Um formando «adquire» o famigerado portátil pela quantia de 150€. Mas, e há sempre um mas, lá estão as letras pequenas do contrato que dizem tudo.Fidelização à rede PT - light - que só permite uma velocidade até 384 Kbps, ou seja pior que uma tartaruga grávida; limite de tráfego, 1Gb, atenção às conversas on-line, lá se vai o limite. Pensavam que isto era tudo de borla? Mas, há mais. A fidelização à PT, de pelo menos um ano, obriga, para além de outros custos, a uma mensalidade de 15€. Ou seja os tais 150€ mais os 12 mensalidades a 15€ dá o valor de 330€. Tudo quanto o formando vai pagar à PT e às outras operadoras. Mas, se para os formandos das Novas Oportunidades o caso nem pode parecer muito dispendioso, veja-se agora o caso dos alunos do básico e do secundário. Custo inicial do portátil, os mesmos 150€. Só que agora, as mensalidades sobem para 17€ 50 cêntimos sendo que a fidelização «aumenta» para 3 (três anos), mantendo-se a mesma banda light. Ou seja o tão anunciado portátil ficará pelos 800€, o preço de compra de um portátil sem IVA. Curiosidade das curiosidades, o custo para professor é o mesmo do aluno do básico ou do secundário. Dá para perceber? Que o governo esteja empenhado em levar a tecnologia às escolas, é de louvar. Mas, já não o é, quando não se realiza um concurso público, omitindo por completo as empresas nacionais na área da tecnologia e as universidades. Os governantes decidiram que era melhor «negociar» com a Microsoft que, por exemplo, realizar um concurso público aberto às empresas e universidades nacionais e, porque não, também aberto às empresas estrangeiras. Assim sendo, o Estado vai adquirir 240 mil licenças do Microsoft Windows Vista Home Basic e do Microsoft Office Home 2007 e Microsoft Office Student 2007. Duzentos e quarenta mil! É um número considerável. Agora imaginem que o Estado paga as cópias ao preço exorbitante do mercado. Se uma cópia do Microsoft Windows Vista Home Basic custar à volta de €200, dá um valor na ordem dos €48 000 000. Agora vamos ao Microsoft Office; se uma cópia custar, mais ou menos, €180, as 240 mil cópias custam algo como 43 200 000€. Se juntarmos tudo, dá uns assustadores €91 200 000. Tudo isto dos nosso bolsos. Fantástico! Mas ainda há mais. Temos a e.professores, para a qual vão ser adquiridos 150 milcomputadores. Como é óbvio, os professores vão ter que utilizar o mesmo software dos alunos. Se assim for, são mais 150 mil cópias do Windows Vista e do Microsoft Office 2007. Façam as contas. Temos vários projectos portugueses ligados a software; alguns desenvolvem sistemas operativos, como é o caso do projecto Caixa Mágica. Temos a Universidade de Évora, que está por detrás do Alinex. Estes dois projectos, entre outros projectos nacionais, são sólidos, estáveis, seguros e, acima de tudo, gratuitos! Gratuitos, senhores do governo. Sabiam? Quer dizer à borla!! Não têm que pagar uma exorbitância em licenças. Se apostassem na tecnologia nacional, bem que podiam agarrar o dinheiro que ia sobrar, para apoiar a investigação científica. Não acha senhor ministro Gago? Mas para quê poupar dinheiro e ficar melhor servido… Isso são coisas de países de terceiro mundo. Nós, em Portugal, gostamos de ter um programa chamado Novas Oportunidades, mas não as gostamos de dar. Fica só o nome, porque é show off. Portugal não tem necessidade de dinamizar a economia nacional; a nossa economia é a mais sólida da Europa, não precisamos de investimento nacional. Não precisamos de apoiar os nossos investigadores. A parceria com a Microsoft não é à toa. Não se esqueçam que Portugal detêm a presidência europeia e que a Microsoft tem tido bastantes problemas com a UE. Não é preciso ser um geek nem um nerd, nem sequer um wanna be para perceber quem ganha com todo este «esquema» das oportunidades. Segundo engodo. O governo vem dizer que o projecto Novas Oportunidades é um desafio de qualificação. Qualificação? O insucesso de certas políticas é condição de sucesso de outras... Nada se cria, nada se perde... O incentivo «Novas Oportunidades» não é mais do que uma forma de retirar pessoas ao mercado de trabalho, reduzindo o número de desempregados efectivos, permitindo ao Governo apresentar gráficos com descida da linha do desemprego, o que não significa directamente que o número de empregos subiu, ou mesmo o PIB. Que qualificação? Um processo «baseado» num, e passo a citar informação sobre Novas Oportunidades, «Desenvolvimento de um sistema baseado num Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências (RVCC) é um processo através do qual são reconhecidas as aprendizagens que os adultos desenvolvem ao longo da vida, nos vários contextos em que se inserem, desde que sejam passíveis de gerar conhecimentos e competências. Através deste procedimento, os interessados podem aceder a um certificado, emitido com base no que aprenderam pela experiência de vida, fora dos sistemas formais de educação e formação. Pretende-se, desta forma, aumentar o nível de qualificação e de empregabilidade dos adultos activos, incentivar a formação ao longo da vida e promover o seu estatuto social». Ou seja, um sistema de ensino dentro de outro sistema de ensino, com claro prejuízo da qualidade. Obter um certificado do 9.º ano ou do 12.º ano com base no «percurso de vida» é no mínimo comparável à quarta classe de adultos, de há uns anos atrás. Qualificar o quê e quem? Vamos, seguramente, passar de um país de baixa escolarização, para um país de péssima qualificação. Quem ganha com tudo isto? A propaganda governamental, que vai apresentar na UE valores fictícios da escolaridade dos portugueses; as empresas «amigas» que «facilitam» a tecnologia; os números do desemprego que baixam «artificialmente» para glória do «estado da nação». Continuaremos a ser um país de mão-de-obra pouco ou nada qualificada, que servirá apenas interesses de empresários habituados à exploração da força humana e pouco ou nada interessados em massa cinzenta crítica, inventiva e participativa. Os licenciados e os realmente qualificados, para esses o desemprego ou a fuga para outras paragens será a solução. Não interessam às empresas e muito menos são considerados nas «Oportunidades».
O Milagre dos Portáteis
Imagem do Antero

Não comentarei a campanha de propaganda que o governo lançou a propósito da distribuição de portáteis. Limitar-me-ei a fazer contas, desperto por uma postagem do
Fliscorno a este propósito e, porque à falta de melhor entendimento, sigo a sabedoria de que " quando a esmola é grande o pobre desconfia".A origem da campanha está relacionada com contrapartidas assumidas no licenciamento das comunicações móveis de terceira geração por parte da Portugal Telecom, Vodafone e Sonaecom. Deste contrato, é muito pouco claro, "quem dá o quê" pelo que, o mais certo é que ninguém dê nada. O governo vende o engodo e as operadoras angariam clientes. A questão está em saber o que os clientes têm a ganhar. Façamos contas. Corrijam-me naquilo que estiver errado.Tomemos o exemplo dum aluno inscrito no 10º ano de escolaridade inserido na opção banda light TMN (22,5€ de mensalidade – 5€ oferta do governo = 17,5€ mensais) Computador 150€ + 36 meses X 17,5€ mensais = 780€, ao fim dos três anos de obrigatoriedade de manutenção do contrato. Velocidade de 384 Kb/s e 1GB de tráfego.Tráfego adicional 0,025€/MB = 25,6€/GB Note-se que esta velocidade é de caracol e que 1GB de tráfego (nacional e internacional) não dá para ninguém navegar descansado e ainda mais se se for jovem. Sendo assim, não será de espantar que a generalidade dos utilizadores tenha de pagar em média 1GB de tráfego adicional mensal ou seja, no conjunto, 36 meses x 25,6€=921,6€. Teremos, neste caso, um preço total de 921,6+780=1701,6€Façamos agora contas sem a caridade do governo e da TMN.A FNAC tem à venda um dos computadores da campanha (Portátil Fujitsu Siemens AMILO Pro V3515 Edition) por 499€ (o tal valorizado em 800€) que também pode ser pago em suaves prestações mensais.Tomemos os preços da SAPO ADSL (sem ter em atenção os preços em campanha até Dezembro). Na modalidade mais simples, 18,49€ de mensalidade:Velocidade 256Kb/s (inferior à da campanha), tráfego nacional 5GB e internacional 1GB (bastante superior ao da campanha). Tráfego adicional nacional 0,10€/100MB e internacional 1,5€/100MB (preços substancialmente inferiores aos da campanha)Neste caso o custo total será: 499€ + 36 meses X 18,49€ = 1164,64€ .Mais caro portanto 384,64€ mas apenas o equivalente a 15 GB de tráfego adicional em preços TMN. Se fizermos as contas para o SAPO , 2Mb/s de velocidade, tráfego nacional ilimitado, internacional 10GB, 18,49€ mensais teremos a diferença compensada com uns meros 24GB de tráfego adicional a preços TMN.

Para os menos informados, note-se que a modalidade mais popular da SAPO é a de 8MB/35,58€ com tráfego nacional ilimitado e 30GB de internacional para quem adere à factura electrónica e ao débito directo. Em resumo, existem grandes probabilidades do barato sair caro se os aderentes não tiverem uma vigilância permanente sobre a quantidade de tráfego efectuada. 1GB não é nada! Vão existir surpresas de facturação, talvez não as tenham os que façam um uso tão limitado como o dos senhores que negociaram o acordo. Sabe lá o Sócrates o que é 1GB!
NOTA: o serviço SAPO-ADSL é dos mais caros, é desavergonhadamente caro. Outras operadoras oferecem soluções bem mais baratas que incluem o telefone e outros serviços."

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