terça-feira, 2 de outubro de 2007

"Organizações internacionais de elite"

A “Comunidade Internacional” Heitor De Paola
Resumo: Quando ouve-se falar em “comunidade internacional”, tem-se a impressão de que é uma referência a um consenso de opinião entre os povos, quando, na realidade, fala-se de um conjunto de organizações internacionais de elite, que vêem a si próprias como a comunidade internacional.

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“Out of these troubled times, (…) a new world order can emerge: a new era –
freer from the threat of terror, stronger in the pursuit of justice, and more
secure in the quest for peace. An era in which the nations of the world,
East and West, North and South, can prosper and live in harmony”.
George H. W. Bush
11 de setembro de 199O

A NOVA ORDEM E O GOVERNO MUNDIAL
Em artigos aqui publicados, principalmente True Lies II - a face oculta do governo mundial, Governo Mundial: realidade ou mito? e A colheita II - O Eixo do Mal Latino-Americano, abordei os planos para a constituição de um Governo Mundial, baseado numa Nova Ordem, a ser liderado ostensivamente pela ONU mas realmente comandado por organizações internacionais de elite como, entre outras, o Council on Foreign Relations, a Trilateral Commission e o Bilderberg Club, por sua vez financiadas pelas grandes corporações e fundações multibilionárias.
Sempre que se fala em “comunidade internacional” tem-se a impressão de que esta se refere a um consenso entre os povos, mas se está realmente falando é do conjunto destas organizações – a comunidade para elas são elas mesmas, pouco importa os demais habitantes do planeta. Entenda-se que é totalmente irracional acreditar naquele pretenso consenso pois, para isto, deveriam ser realizadas pesquisas ou até mesmo votações em que os povos de todo o mundo participariam. Mas freqüentemente a “comunidade internacional” é contra – ou apóia – algum fato logo depois de ocorrido. Portanto, o repúdio ou apoio depende do fato em questão estar inserido ou não num planejamento prévio levado a efeito por aquelas organizações, as quais já chegaram a um consenso entre elas em função do futuro que querem implementar para o mundo! Por esta razão as respostas aos acontecimentos são sempre automáticas: aconteceu algo, lá vêm os comentários da “comunidade internacional”. Depois, só depois, busca-se um arremedo de consenso internacional através de níveis intermediários de redes de ONGs e massas de idiotas úteis que reagem como autômatos ou cães de Pavlov.
A idéia básica é de que não se pode deixar para as pessoas comuns escolherem seus destinos, muito menos organismos eleitos – como Governos e Parlamentos –, pois os mesmo são suscetíveis de influência da vontade popular, mas para uma corporação que represente a “elite internacional”. Esta idéia foi definida pelo Conde Hugo Lerchenfeld, em 1924, na revista do CFR, Foreign Affairs:
“Não poderia um grupo de homens de mérito e competentes, como são encontrados em todas as nações representando suas mais elevadas forças morais – um tipo de Areópago – se encontrarem e tomarem decisões sobre assuntos de grande importância sobre os quais não haja consenso? Não poderia ser constituído um conselho cuja alta capacidade de julgamento e imparcialidade fosse tomada como verdade e que guiaria a opinião pública em todo o mundo?”.
Esta é a essência da Nova Ordem Mundial: um corpo de elite não-eletivo que tome todas as decisões e depois guie a opinião pública para aceitá-las. A pergunta nunca feita é: e quem não se convencer, isto é, quem não concordar com o “consenso da comunidade internacional”? Para respondê-la basta vermos as experiências com este tipo de governo para saber a reposta: guilhotina, forca, fuzilamento, campos de concentração e outras que venham a ser inventadas. Mas a oposição diminui a cada dia mais. Isto porque, antes de tudo, antes da chegada ao poder, os que não concordam sofrem a ridicularização, a desmoralização e o desprezo dos gurus, dos maîtres à penser que fazem a história dos conceitos e das ideologias, comandam a mídia e determinam os modismos intelectuais pagos a peso de ouro pelas fundações interessadas. Quem se atreve a ser contra o consenso corre o risco, já hoje, de ser estimagtizado como “reacionário” (oh, horror!), truculento contra a paz e, se for da área acadêmica ou das associações profissionais, ostracismo e morte intelectual.


TEORIAS DE CONSPIRAÇÃO – A “MÃO SECRETA”?

“Existem mãos secretas (governando o mundo), é claro, mas são muitas e vivem se estapeando umas às outras, às vezes até a si próprias. Ninguém tem o controle hegemônico do processo histórico mundial, embora muitos busquem obtê-lo, não raro cometendo erros catastróficos que levam seus planos a resultados opostos aos pretendidos”.
Olavo de Carvalho

O que afasta muitas pessoas da leitura de artigos e livros sobre este tema é o medo de encontrarem teorias que falam de sociedades secretas com poderes malignos que dirigem o mundo através de super-poderes mentais ou máquinas aterradoras. Algo do tipo Dr. Silvana (para os mais velhos que leram, como eu, as histórias do Capitão Marvel). Isto é, valem como ficção mas, como explanação da realidade não passariam de maluquices às quais os leitores sérios não querem dar a mínima atenção. E com toda razão! Há muitas maluquices por aí e nem sempre é fácil separar o joio do trigo. Há muita ficção apresentada com foros de verdade, como os livros de
Dan Brown. Há livros como o de Daniel Estulin que misturam verdade com sensacionalismo para efeito de marketing, elevando às alturas o caráter secreto e o poderio do Clube Bilderberg e, com isto, valoriza sua própria investigação. Ler este livro exige algum treinamento e muito conhecimento prévio para separar uma coisa da outra.
Existem várias “mãos secretas”, cada uma querendo atribuir a si mesma um poder imenso, e Santo Agostinho dizia que o diabo tem orgasmos quando alguém exacerba seus próprios poderes. Geralmente tais poderes são exacerbados também pelos supostos inimigos para posarem de “única solução” frente a eles. Existem paranóicos para todos os gostos: desde fanáticos nacionalistas, inventando invasões iminentes do território a fanáticos anti-comunistas que enxergam suas conspirações por detrás de tudo, até fanáticos comunistas e esquerdistas que vêem como centro de poder mundial os grandes banqueiros e empresas transnacionais.
O corpo de elite não eletivo que é a essência da Nova Ordem Mundial, possivelmente jamais passará de um ideal irrealizável tantas são as mãos invisíveis competindo umas com as outras. O que não quer dizer que o Governo Mundial já não esteja aí, cada vez mais forte. A conseqüência da mistura de teorias ridículas com a realidade que já está presente é fazer com que esta seja descartada junto com as primeiras, como ocorreu nos EUA quando as denúncias da maciça infiltração comunista na administração foram ridicularizadas devido a figura patética do fanático Joseph MacCarthy. Foi um presente dos deuses para os comunistas americanos e de todo o mundo, pois deu aos inimigos do anti-comunismo o que eles vinham esperando desde o início da Guerra Fria: um nome e uma cara onde colocar o velho estereótipo de fascista anti-comunista histérico.
No meio de tantas tramas secretas absurdas as pessoas que se julgam racionais por rejeitá-las, acabam tomando como verdade tudo que tem origem em algum organismo ao qual atribuem credibilidade sem nem desconfiar e acabam caindo na própria armadilha da qual fugiam, isto é, do verdadeiro e nada secreto Governo Mundial já instalado e em franca expansão:
a ONU. É claro que existem mãos invisíveis por trás da ONU, invisíveis só para aqueles que não se informam a respeito. Nenhuma é propriamente secreta: das três organizações acima referidas duas (CFR e TC) possuem páginas na Internet, publicações e livros, comandam Universidades e dominam vários governos nacionais. Além delas o Komintern (Internacional Comunista) que foi extinto só no nome e para “desaparecer” de vista por razões estratégicas e continuar atuando. E ainda o Islam, que jamais negou a intenção de conquistar todo o mundo. Aliança impossível? Peço aos leitores esperarem o próximo artigo, pois antes é preciso esclarecer quais os meios utilizados para convencer o mundo na necessidade imperiosa de um Governo Mundial salvador.
Existem sim operações e decisões tomadas em sigilo, cuja existência em si não é segredo para ninguém, só o conteúdo delas. Estas organizações precisam de financiamentos vultosos e ninguém financia nada que não seja em proveito próprio. As fundações e corporações, tal como os banqueiros e mega-empresários, mantêm seus projetos em segredo em função da concorrência. Obviamente, seus planos de investimento também são elaborados secretamente. O fato novo nas últimas décadas são as
ONGs isentas de impostos que, portanto, não precisam revelar suas fontes de financiamento. Mesmo assim é difícil, mas não impossível rastreá-las, como já foi feito aqui no Mídia Sem Máscara no tocante ao desarmamento e às redes feministas.

A IMPLEMENTAÇÃO
A implementação deste plano já está em pleno andamento e para os leitores se darem conta disto, aqui vão alguns dos principais itens e seu estágio de desenvolvimento atual:
- Formação de uma Força Internacional de Paz permanente sob o comando da ONU e aumento do poder da ONU – em fase adiantada de implementação. Transformar a Assembléia Geral da ONU ampliada num Parlamento Mundial com poderes de legislar acima dos legislativos nacionais. Ampliação do Conselho de Segurança e dos Membros Permanentes (Brasil candidato) com eliminação do poder de veto. A crença enraizada de que a ONU é uma organização empenhada pela paz mundial é no mínimo irracional. Criada uma burocracia, qual é a sua tendência senão expandir-se indefinidamente? E qual o meio da ONU se expandir senão se mostrando cada vez mais necessária fomentando guerras chamadas “limitadas”? É o velho lema das burocracias: “criar dificuldades para vender facilidades”. O conceito de guerra limitada foi desenvolvido na primeira ação “pacifista” da ONU, a Guerra da Coréia (1950-53). Os EUA não usaram todo o poderio que tinham, muito superior ao de todos os países comunistas juntos, porque não estavam lá para ganhar, mas apenas para “conter os comunistas” que, por sua vez, sabiam que não podiam ganhar já quando iniciaram as hostilidades. Entre os interesses dos dois lados foi decisivo o de dar credibilidade à ONU como pacificadora. MacArthur percebeu isto, protestou e foi despedido por Truman em 1951. Foi recebido com honras pela população que, enraivecida, enchera a Casa Branca com 125.000 telegramas de protesto. A tão decantada “paz” será um estado crônico de guerras localizadas. Sem dúvida vai morrer muito mais gente nesta paz do que nas
guerras convencionais, lutadas para vencer. Mas a elite da comunidade internacional sabe que “A Paz”, pela qual financiam tantos movimentos e passeatas, não passa de uma quimera inatingível – salvo nos cemitérios – quimera que a elite usa para iludir a população mundial.
- Uma Corte Criminal Internacional para proteção dos “direitos humanos” e mais tarde impor seus julgamentos superiores aos das Cortes Nacionais. Tais “direitos” são sempre enfatizados para bandidos, terroristas, assassinos; o alvo, os Estados Unidos da América. As exigências de fechamento da base americana de Guantánamo,
enquanto se fazem de desentendidos do genocídio castrista do outro lado da cerca, é uma ilustração suficiente – primeira fase pronta, Corte formada: Tribunal Penal Internacional já em atividade.
- Um sistema global de impostos e taxas para sustentar a nova burocracia e o futuro Exército mundial sob a ostensiva razão de “diminuir as desigualdades entre países”, redistribuição obrigatória da riqueza e da renda para combater as desigualdades, perdão unilateral das dívidas externas – já propostas e em discussão, o Brasil atual é um dos paladinos desta causa “social”.
- Uma abordagem global para
a doença mais politizada de toda a história da humanidade: a AIDS – completada - Controle global da saúde determinando, via OMS, o que podemos ou não comer; ampliar o pânico do fumo, gorduras e o que mais interesse – já em pleno andamento. Sucesso total quanto ao fumo; parcial quanto às gorduras. Itens importantes da agendo são a liberação das drogas e da eutanásia.
- Radical feminização do poder segundo a “perspectiva de gênero” inventada pelas feministas radicais americanas – em plena fase de implementação; nos meios “bem pensantes” entre nós, a palavra sexo foi praticamente abolida e substituída por gênero (Abordei brevemente este ponto no
meu artigo Desarmamento infantil e androginia – e voltarei a ele num próximo artigo sobre o tema). Liberação dos casamentos homossexuais e da possibilidade de adoção de crianças por casais homossexuais, e descriminação do aborto em qualquer época (sobre este último tema recomendo o artigo de Gerson Faria Mate! Em nome da qualidade de vida) – em fase de implementação; mais uma vez o Brasil na vanguarda.
- Educação pública internacionalizada e ações afirmativas internacionais – praticamente em todo o mundo a UNESCO já é quem dá as cartas na educação, com exceção de alguns colégios particulares religiosos que ainda resistem nos USA. Para as bases desta Nova Educação para a Paz a e Cidadania Universal
ver meu True Lies II. Objetivo principal: erradicar completamente as tradições da civilização ocidental judaico-cristã, substituindo estas religiões pela religião da Nova Era (oportunamente este tema será aborado).
- Registro internacional de armas e restrição ao porte – os eleitores brasileiros deram uma surra; mas ganhamos apenas uma batalha, a guerra continua e será cada vez mais árdua, pois o interesse em colocar todas as armas do mundo sob controle da ONU é avassalador. A lição foi de que no voto podem não levar, isto só reforçará a investida a favor de um grupo não-eletivo. Apesar do resultado do referendo o Estatuto do Desarmamento, que deveria ter sido extinto após a manifestação do eleitorado, está sendo usado para ampliar as limitações.
- Pânico ecológico crescente, visando aterrorizar a população com o fim do mundo para submetê-la totalmente aos burocratas, ativistas e políticos alarmistas sob o manto da ONU, fazendo com que a população mundial abra cada vez mais mão de seus direitos cedendo-os aos burocratas globais que passariam a controlar cada casa, cada meio de transporte, fábrica, negócios, agricultura e todas as decisões dos consumidores. O objetivo mais tenebroso é acabar, para os cidadãos comuns, com os resultados do progresso capitalista fazendo a humanidade retornar a um estado anterior de escassez, resultado inevitável da aplicação do
Protocolo de Kyoto (ver An economic suicide pact for Europe and the US). Os resultados têm sido fantásticos!
- Last but not least,
destruição da linguagem tradicional em todos os idiomas substituindo-as pela Novilíngua (apud Orwell), a já instalada linguagem do politicamente correto.
Todas estas ações são dadas como oriundas da misteriosa “comunidade internacional” e realizadas através de “fazedores de opinião”: pop stars, personagens destacadas tipo Al Gore, cineastas, teatrólogos, atores de TV, teatro e cinema, principalmente nos países, como o Brasil, em que são dependentes de verbas federais e das ONGs globais: “
uma gente que desde os tempos de Stalin só pensa em tomar o poder em nome da igualdade e da justiça social, mas sempre de olho na grana fácil, nos cargos públicos e nas mordomias sem fim”, como bem assinala Ipojuca Pontes, profundo conhecedor do ramo. A peregrinação dos artistas a Brasília para exigir a modificação da lei dos esportes – que tomava uma fatia dos seus ganhos fáceis – é exemplo gritante e entristecedor. “Farinha pouca, meu pirão primeiro”!
Os pontos acima não admitem discussão; são impostos como aceitos “por todos” consensualmente. Como disse o
eco agit prop Al Gore perante o Congresso americano sobre seu filmeco cheio de verdades convenientes para a “comunidade internacional”: “Não há mais lugar para nenhum debate sério sobre os pontos básicos do consenso sobre aquecimento global”, ao que Rush Limbaugh observou que, “quando os liberais declaram que acabou o debate, pode apostar que não acabou, eles querem apenas sufocá-lo”.
NOTA DO AUTOR: O artigo de hoje deveria ser o anunciado sobre a North American Union. No entanto, quanto mais o escrevia, mais me convencia que sem situar a NAU no contexto global e histórico, ficaria incompreensível. Por isto segui-se-á um outro sobre a comunidade internacional antes dele.
Nota Editoria MSM: Sobre o tema recomenda-se a leitura dos artigos
As complexidades da política norte-americana II, As complexidades da política norte-americana e também os artigos das Editorias Ambientalismo, Desarmamento e ONU.

O autor é escritor e comentarista político, membro da International Psychoanalytical Association e ex-Clinical Consultant, Boyer House Foundation, Berkeley, Califórnia, Membro do Board of Directors da Drug Watch International, e Diretor Cultural do Farol da Democracia Representativa (www.faroldademocracia.org) . Possui trabalhos nas áreas de psicanálise e comentários políticos publicados no Brasil e exterior. E é ex-militante da organização comunista clandestina, Ação Popular (AP).

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