sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

"Onde está o Ocidente?"

Resumo: Se e quando o Ocidente sucumbir, será que seu epitáfio dirá que ele tinha poder para ter aniquilado seus inimigos, mas estava tão paralisado pela confusão que acabou sendo aniquilado?

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As nações européias que estão protestando contra a condenação à morte de Saddam Hussein, como já protestaram contra os métodos de extração de segredos de terroristas capturados, deveriam nos dizer tudo que precisamos saber sobre a degeneração interna da sociedade ocidental, em que tantos confundem delicadeza com moralidade.

Estarem isolados, por duas gerações, da realidade da selva internacional, não tendo de defender sua própria sobrevivência, por viverem sob a proteção do guarda-chuva nuclear americano, permitiu a muitos europeus se tornarem muito bonzinhos e alimentarem ilusões sobre os perigos e as realidades brutais existentes.

Os próprios meios de sua salvação foram, por décadas, “demonizados” pelos movimentos e protestos antinucleares que se intitulavam “antiguerra”. Mas, há uma imensa diferença entre ser antiguerra em palavras e em sê-lo de fato.

Quantas vezes, nos milhares de anos de história, a Europa passou 60 anos sem uma grande guerra, como tem sido o caso desde a II Grande Guerra. Essa paz é devida às armas nucleares americanas, que foram a única coisa que pôde impedir que os exércitos soviéticos avançassem através da Europa até o oceano Atlântico.

Ter uma imensa força militar ao seu lado e avisar aos seus inimigos que você tem a coragem de usá-la é ser genuinamente antiguerra. A conciliação de Chamberlain nos trouxe a II Grande Guerra e o fortalecimento militar de Reagan pôs um fim à Guerra Fria.

A famosa paz romana dos tempos antigos não se constituía de negociações, cessar-fogo ou conversinha simpática. Ela foi construída pela aniquilação de Cartago pelos romanos, que serviu de alerta a qualquer um que tivesse brilhantes idéias sobre desafiar Roma.

Somente depois do Império Romano começar a perder a coesão interna, o patriotismo e o espírito de luta é que ele começou a sucumbir aos inimigos externos e, finalmente, entrou em colapso.

Essa é a situação para qual a civilização ocidental parece caminhar.

Coesão interna? Não somente a geração atual, nas sociedades ocidentais, tem uma atitude “faça o que você quiser”, como também o desafio às regras e às autoridades é glorificado, além da balcanização, que se estabeleceu através do “muticulturalismo”, ter se tornado um dogma.

Patriotismo? Ele não só é desdenhado, como também a própria base para que alguém se orgulhe de seu país é, sistematicamente, corroída por nossas instituições educacionais em todos os níveis.

Os feitos da civilização ocidental estão enterrados em histórias que retratam cada pecado humano encontrado por aqui, como se fosse peculiaridade do Ocidente.

O exemplo clássico é a escravidão, que existiu em todo o mundo por milhares de anos e que ainda é, incessantemente, retratada como se fosse uma peculiaridade o fato dos europeus escravizarem os africanos. Os piratas bárbaros levaram o dobro de escravos europeus para o norte da África do que os africanos que foram trazidos como escravos para os EUA e para as colônias americanas.

Quantas escolas e universidades estão ensinando isso, enfrentando o politicamente correto e dissipando a “culpa branca”.

Quantos têm a mais tênue consciência de que foi precisamente a civilização ocidental que, finalmente, se voltou contra a escravidão e começou a exterminá-la, mesmo quando sociedades não ocidentais não viam nada de errado nela?

Como se pode esperar que uma geração lute pela sobrevivência de uma cultura ou de uma civilização que tem sido destruída em suas próprias instituições, geração que tem sido ensinada a tolerar até a intolerância de outras culturas trazidas para seu meio, e condicionada a considerar qualquer instinto de luta por sua sobrevivência como sendo o de um “cowboy”?

As nações ocidentais que mostram algum sinal de firmeza quanto à sua autopreservação são raras exceções. Os EUA e Israel são as únicas nações ocidentais que não têm escolha a não ser confiar em suas próprias possibilidades de autodefesa – e ambas são “demonizadas”, não somente por nossos inimigos, mas também por muitas outras nações ocidentais.

A Austrália, recentemente, disse à sua população islâmica que, se eles quisessem viver sob a lei islâmica, eles deveriam deixar o país. Isso resulta em três nações ocidentais que não sucumbiram completamente às tendências corrosivas e suicidas de nosso tempo.

Se e quando sucumbirmos, será que o epitáfio da civilização ocidental dirá que tínhamos o poder de aniquilar nossos inimigos, mas estávamos tão paralisados pela confusão que acabamos sendo aniquilados?


Publicado por
Townhall.com

Tradução de Antônio Emílio Angueth de Araújo

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