quarta-feira, 12 de março de 2008

Comunicado da Fenprof


FENPROF APRESENTOU AO M.E. EXIGÊNCIAS IMEDIATAS
_______________________________________________________
_______________________________________________________

O ME revelou, em reunião com a FENPROF (11/03/2008), alguma disponibilidade para, em conjunto com as organizações sindicais, encontrar respostas concretas para alguns dos problemas que, conjunturalmente, afectam a Educação e têm levado a uma grande contestação por parte dos professores e educadores.

Na reunião, a FENPROF reafirmou serem condições mínimas para o desbloqueamento da actual situação de crise:

a) a suspensão, este ano, do processo de avaliação do desempenho, sem que daí decorra prejuízo para os docentes;

b) a não aplicação, este ano, de qualquer procedimento decorrente do novo diploma de gestão escolar;

c) a negociação de regras para a organização pedagógica do próximo ano lectivo, designadamente sobre horários de trabalho, que contribuam para a melhoria das condições de trabalho dos professores;

d) o respeito pelas decisões dos tribunais, designadamente as já transitadas em julgado, incluindo a extensão dos seus efeitos nos termos legalmente consagrados.

Estas condições foram aprovadas pelos professores no final da Marcha da Indignação que, no passado sábado, dia 8 de Março, mobilizou para Lisboa 100.000 professores e educadores.

O Ministério da Educação manifestou disponibilidade para abordar estas matérias num quadro de flexibilização de posições sem, no entanto, ter já dado garantias concretas quanto à resolução, no imediato, destes problemas, razão por que ficou agendada nova reunião para sexta-feira, dia 14, pelas 15.00 horas, em que se aguardam novos desenvolvimentos desta posição de aparente abertura.

A FENPROF pretende, no imediato, garantir a criação de condições para que os professores, neste final de ano, não sejam vítimas de uma ainda maior instabilidade e de focos de perturbação acrescida que coloquem em causa a qualidade do seu desempenho profissional num momento em que se exige o máximo envolvimento no trabalho com os seus alunos, a FENPROF tudo fará para que o ME passe dos sinais revelados às medidas concretas. Nesse sentido, a FENPROF:

1. reunirá extraordinariamente o seu Secretariado Nacional, amanhã, 12 de Março, a partir das 11.00 horas;

2. apresentará ao ME, na reunião prevista para 6ª feira, um conjunto de propostas que permitam avançar no desbloqueamento da actual situação;

3. exigirá do ME a assunção de compromissos claros sobre estas matérias que viabilizem soluções necessárias à resolução dos problemas mais prementes.

A FENPROF reafirma que uma eventual resposta positiva às condições colocadas não resolve os graves problemas da Educação. Tal deverá passar pela renegociação do ECD, pela reabertura do processo de aprovação de um novo modelo de gestão, pela tomada de medidas que permitam resolver o grave problema de precariedade e desemprego que afecta um tão elevado número de docentes, bem como por um conjunto de outras medidas, designadamente no âmbito da Educação Especial, da concretização do conceito de escola a tempo inteiro, entre muitas outras questões.

A FENPROF considera que quaisquer soluções que sejam encontradas neste momento constituirão importantes contributos para o desbloqueamento dos problemas mais imediatos, mas estarão muito longe de poderem considerar-se soluções definitivas, as quais apenas poderão ser encontradas com a continuação e o aprofundamento da luta dos professores, pois só dessa forma será possível levar o Governo a alterar as suas políticas educativas que tanto lesam o interesse da Escola Pública e desvalorizam o exercício da profissão e os profissionais docentes.

Por fim, a FENPROF reafirma a necessidade de manter em curso o calendário de acções aprovado na Marcha da Indignação, pelo que a Semana de Luto e a aprovação de "tomadas de posição" das escolas prosseguirá, mantendo-se, também, os protestos aprovados para as segundas-feiras do 3º período lectivo, bem como as restantes acções previstas.

Pelo sétimo ano consecutivo, foram divulgadas, pela comunicação social, listas ordenadas de escolas, baseadas nas classificações dos alunos nos exames nacionais.

Defendendo uma avaliação séria do sistema educativo e das escolas, a FENPROF reafirma que os rankings nunca poderão cumprir este objectivo, porque são elaborados a partir de um único indicador, sem ter em conta o contexto em que as escolas se inserem, os recursos de que dispõem, os processos que desenvolvem e os resultados que obtêm nas várias vertentes do seu trabalho.

Não é possível avaliar uma escola tendo apenas em conta os resultados dos alunos em exames, não é legítimo comparar escolas cujas realidades educativas são diferentes, não se consegue a melhoria das "piores" escolas expondo publicamente o seu alegado insucesso.

A facilidade com que as escolas são catalogadas de "boas" e "más", "melhores" e "piores", em função da posição relativa que ocupam no ranking não representa apenas uma atitude irresponsável e desrespeitadora do trabalho das escolas e dos professores. É, também, objectivamente, uma forma de promover o ensino privado e de favorecer o mercado na educação, criando a ilusão de que, em igualdade de circunstâncias, as escolas privadas trabalham mais e obtêm melhores resultados do que as públicas.

Numa democracia, as escolas de referência não podem ser as escolas privadas destinadas a uma minoria do universo dos alunos. Não estando em causa a existência do ensino privado, que está constitucionalmente enquadrado, a concretização do direito à educação passa pela construção de uma escola pública de qualidade - uma escola que garanta equidade e onde a diversidade (de género, de cultura, de meio socio-económico, de anseios e capacidades) não é constrangimento, mas um importante factor de enriquecimento.

Face ao crescente descrédito dos rankings como forma de avaliação do trabalho das escolas e ao reconhecimento, cada vez mais generalizado, de que a desejada melhoria das respostas e resultados educativos não passa pela sua elaboração, a FENPROF reitera a sua exigência de que, tal como noutros países, se abandone definitivamente esta lógica perversa de comparação descontextualizada de escolas e se opte por uma rigorosa avaliação do seu trabalho, em todas as suas componentes, criando as condições para a superação das dificuldades e para a potenciação do bom trabalho que é, já hoje, realizado por muitas escolas. Pese embora o seu lugar no ranking...

Secretariado Nacional
11.03.2008

___________________________________________________
----------------------------------------------------------------------------
Na reunião de hoje, o Secretariado Nacional decidiu convocar uma Conferência de Imprensa para as 18.00 HORAS.
Pedimos aos colegas que se mantenham atentos a todas as informações.

SN 12.03.2008

Sem comentários: