terça-feira, 8 de abril de 2008

Lá vamos nós!

Em entrevista ao jornal ‘Angolense’, José Eduardo Agualusa afirmou que "Agostinho Neto foi um poeta medíocre".

Não foi o primeiro a dizê-lo, mas a polémica está ao rubro em Luanda. O problema é que a obra de Neto é uma questão de regime – a ideia é que ele é 'inatacável' do ponto de vista literário porque é 'inatacável' do ponto de vista político. Não sou eu a dizê-lo; é um estimável professor de Direito Público em Luanda, que este fim-de-semana escreveu um artigo sobre a questão, no oficial ‘Jornal de Angola’.
Não foi o primeiro a dizê-lo, mas a polémica está ao rubro em Luanda. O problema é que a obra de Neto é uma questão de regime – a ideia é que ele é 'inatacável' do ponto de vista literário porque é 'inatacável' do ponto de vista político. Não sou eu a dizê-lo; é um estimável professor de Direito Público em Luanda, que este fim-de-semana escreveu um artigo sobre a questão, no oficial ‘Jornal de Angola’.

Para o jurista do regime estão 'reunidos todos os requisitos do ultraje à moral pública (ofendeu a moral cultural ou intelectual dos angolanos), previsto e punido no Artigo 420.º do Código Penal. É preciso moralizar [...].' Esta ideia não é peregrina mas é bom retê--la: um reparo literário a Neto é uma ofensa à Pátria, porque 'quem o ataca, ataca a Independência de Angola'. Ou seja, pode dar direito à detenção de José Eduardo Agualusa. Leiam e aprendam. E calem.
Francisco José Viegas

Opinião Blog

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