Não é, pois, de estranhar, que um estudante graúdo, interrogado sobre o significado da data, tenha respondido sem titubear que se tratou da implantação da República. Espantoso seria, por exemplo, que este e todos os outros soubessem que no dia 25 de Abril de 1974 se deu um golpe de Estado e no dia 1 de Maio se iniciou um processo revolucionário. Que o primeiro teve como causa próxima uma mera questão de precedências e um consequente movimento corporativo dos militares, e o segundo se originou na confluência de todas as forças político-ideológicas que já estavam ou apareceram no terreno. Que houve dois 25 de Abril, um aqui, neste pequeno rectângulo europeu, e outro, avassalador, em todos os territórios onde se hasteava a bandeira portuguesa. Que rapidamente tudo o que realmente relevava passou para a jurisdição de forças externas. Que o mundo se dividiu entre o insólito comovedor de que é paradigma o cravo no cano da G-3, o folclore que a esquerda replicava pelos países onde estas coisas ainda eram possíveis, como os da América Latina, e uma preocupação irritadiça com o despropósito histórico do PREC, num país da Europa ocidental e da NATO. Que o único objectivo estratégico - a descolonização - pertencia ao Partido Comunista teleguiado por Moscovo e foi também o único alcançado e tornado irreversível. A unicidade sindical, a reforma agrária, a economia estatizada, a sociedade sem classes, tudo isso foi passageiro, como um acne juvenil.
E AFINAL O 25 DE ABRIL...
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