terça-feira, 30 de setembro de 2008

de JC à Panasqueira, "caminho aéreo"


Torre do "caminho aéreo" junto da Escombreira da Barroca Grande.
Roldanas e Escombreira.
Torre, Roldanas e Cabos.
Ponte do "caminho aéreo" perto da Aldeia.

de JC à Panasqueira, "caminho aéreo"

Estruturas do "caminho aéreo" da Barroca Grande ao Rio (transporte do minério nos baldes para a Lavaria)



segunda-feira, 29 de setembro de 2008

de JC à Panasqueira, Escombreiras

Escombreira e torre do "caminho aéreo".
Escombreira, lado sul.
Escombreira, na Galeria da Salgueira, Barroca Grande. Ao fundo Escombreira do Rio.
Escombreira na Lavaria, Barroca Grande.

de JC à Panasqueira, Escombreiras

Escombreiras. Barroca Grande



Escombreira, na Fonte do Masso, Barroca Grande


de JC à Panasqueira, Escombreiras




Escombreira e lamas da Lavaria, Barroca Grande.

de JC à Panasqueira, casas

Casas do bairro Mineiro

de JC à Panasqueira, pessoas

Sorria. Chegou à Barroca Grande.
Escombreira. Barroca Grande.
Entrada na Terra do Volfrâmio
Quase por baixo da sombra da ponte do "caminho aéreo"
Ao fundo na curva para a direita Carlos Gama na "Terra do Volfrâmio"
A subida já dentro da Barroca Grande
Zona plana no caminho da Aldeia para a Barroca Grande antes da ponte e Escombreira da Fonte do Masso.

domingo, 28 de setembro de 2008

de JC à Panasqueira

Da estrada para a Aldeia de S. Francisco de Assis, Escombreira Barroca Grande
Escombreira Rio, Cabeço do Pião
Medronheiro
Dornelas do Zêzere. Inicio do percurso sempre a subir pela Rua das Escolas, Rua da Eira, Bairro Mineiro, Maxial até atingir o cume e começar a descer para a Aldeia.

de JC à Panasqueira

Casas no Alqueidão
Açude perto do Alqueidão
Luís Gama da empresa GPS, o pai António Gama da Silva, observam o Açude. Na frente Manuela Gama da Casa de Janeiro e Cândida Monteiro do Jornal RECONQUISTA Castelo Branco
O rio Zêzere no Penedo Barroco

de JC à Panasqueira, primeiras fotos

Casa de Xisto na Quinta do Canal
Forno
Parque de merendas junto ao rio Zêzere

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

de JC à Panasqueira

Casa de Janeiro & Carlos Gama de JC ao Ceiroquinho Organizações 2008-2009

No Centro de Portugal entre a Universidade de Coimbra, Santa Bárbara e JC.
Existem lugares espantosos, pequenas aldeias, casas de xisto, miradouros naturais, sítios lendários, relíquias até, a grandeza de um povo...Importa ressalvar as populações, as paisagens, o legado histórico. São locais de rara beleza.


27 de Setembro

de JC à Panasqueira


Barreira dos Carris - Aguilhão - Póvoa - Quinta do Canal - Quinta da Peneda - Quinta do Carregal - Milheiral - Vale de Pereiro - Alqueidão - Dornelas do Zêzere - Maxial - Aldeia S Francisco Assis - Fonte do Maço - Barroca Grande - Cristo Operário - Minas da Panasqueira

JC - Panasqueira (a caminho, quase) V

Como lá chegar
Cristal de quartzo com uma inclusão de calcopirite Partindo da cidade do Fundão deve seguir na direcção de Silvares. Depois de passar Silvares a cerca de 2 Km existe uma tabuleta com a indicação de Minas da Panasqueira. A estrada segue, por uma encosta que desce até ao Rio Zêzere. Vai encontrar um primeiro aglomerado de casas, antigas instalações mineiras e uma escombreira. Está a passar pela povoação designa de Rio, onde se encontram as antigas lavarias onde era tratado o minério.
A estrada tem algumas curvas perigosas, até se atravessar a ponte no rio Zêzere. Pare um pouco junto à ponte e desfrute da paisagem. Uma mistura de paisagem natural, o rio e as encostas, e uma paisagem humanizada em que se sobressaem as escombreiras, que provocam algum impacto visual.
Siga a estrada, que segue agora na margem esquerda de uma ribeira afluente do Zêzere. Vai passar pela aldeia de S. Francisco de Assis, até chegar à aldeia da Barroca Grande. É aqui que se localizam os escritórios da Beralt Tin and Wolfram Portugal, a empresa que explora as minas.
Vai certamente querer parar a meio caminho e tirar fotografias à paisagem e a certa altura, às surpreendentes escombreiras que se observam na paisagem.

O que observar

Escombreiras As escombreiras neste caso não são a melhor hipótese para o coleccionador. Pode solicitar com alguma antecedência uma visita às minas. Normalmente estas aceitam visitas de grupos desde que se justifique a vontade e o interesse na visita e haja disponibilidade por parte da empresa (Tlf: +351 275 659100; Fax: +351 275 659119). Pode igualmente solicitar para ver que minerais há para vender. Existe uma pequena sala em que os mineiros vendem alguns minerais.
Se puder organizar uma visita garantimos que se trata de uma experiência inesquecível, mesmo para quem já desceu a outras minas.
Filões quartzosos sub-horizontais A mina explora um conjunto de filões quartzosos sub-horizontais com mineralização em Volframite, Cassiterite e Calcopirite. Estes minerais são tratados para fazer concentrados de tungsténio, estanho e cobre respectivamente.
Muitas vezes existem cavidades nos filões, que na gíria local são designados por “rotos” onde os cristais cresceram em espaço aberto. É nestas cavidades que os cristais se desenvolveram em formas perfeitas. Podem ser encontrados belos exemplares de quartzo, volframite, calcite, siderite, apatite, entre outros.

Um pouco de História
A história da mina da Panasqueira remonta aos finais do século XIX.
A partir de 1910 as Minas da Panasqueira foram exploradas pela empresa Wolfram Mining & Smelting Co. Ltd. Esta exploração durou até 1928, data em que foi criada Beralt Tin & Wolfram Limited que explorou as minas até 1973 em que com a incorporação de capitais nacionais passou a designar-se por Beralt Tin & Wolfram Portugal, S.A.
Pode-se considerar que o apogeu das minas foi durante a segunda guerra mundial, em que a procura do Volfrâmio era grande devido à sua utilidade como endurecedor de ligas metálicas para a construção de armas. Dai para cá a sua importância tem vindo a diminuir, porém, mais recentemente com a crise do urânio empobrecido, que estava a substituir o volfrâmio as minas ganharam novo alento.
Mas a utilidade do volfrâmio não se resume à indústria de armamento. Uma das suas utilizações mais nobres é na indústria eléctrica. Os filamentos das lâmpadas que nos iluminam são de volfrâmio.
A história da exploração de estanho nesta região é bastante mais antiga. Conhecido desde pelo menos a idade do Bronze este elemento químico que é extraído da Cassiterite é utilizada em conjugação com o cobre para formar o bronze, que é uma liga de cobre e estanho. A Península Ibérica a par da Cornualha, no Sul de Inglaterra eram os principais fornecedores deste elemento na antiguidade.
A Panasqueira a par de Neves-Corvo são actualmente as duas principais produtoras de concentrados de Cassiterite em Portugal.

Os métodos de exploração
A mineralização encontra-se em filões de quartzo sub-horizontais. Estes encontram-se encaixados nos xistos do Grupo das Beiras. Trata-se de um “enxame” de filões que se apresentam na periferia de um granito não aflorante (isto é, que não se pode observar à superfície).

A exploração actualmente é feita através do método de câmaras e pilares.
Um pilar da Mina da Panasqueira.(retirado de Kelly & Rye 1987)Primeiro é traçada uma rampa de acesso ao nível ou sub-nível que vai ser explorado. Depois são efectuados travessas num quadriculado de 11 por 11 metros. Cada travessa tem 5 metros de largura por 2 de altura. Nesta primeira fase ficam pilares de 11 por 11 metros. Depois caso os teores do minério sejam adequados, cada pilar destes é cortado por uma nova travessa de 5 por 2. Restando no final pilares de 3 por 3 metros.
O minério é carregado por pás carregadoras até poços de descarga que servem também de silos. Estes poços têm a sua saída num piso de rolagem, onde vagonetas levam o minério até a um poço que através de um elevador leva o minério para o piso onde existe uma câmara de fragmentação. Desta câmara o minério segue por uma rampa até à superfície, onde é tratado na lavaria (local onde os minérios são concentrados).
http://cebola.net/

JC - Panasqueira (a caminho, quase) IV

Minas da Panasqueira, demografia e modo de vida (Anselmo



Pampilhosa700

Demografia e modos de vida

“Emigrou tudo e então foram buscar os caboverdianos. Os de cá foram ver de vida. Eu tenho cinco no Canadá. Trabalhavam aqui, também, mas como isto não dava, abalaram”.

Daniel REIS et al (1979, p. 22)Por: Anselmo Gonçalves A actividade mineira que, desde os finais do século XIX, se desenvolveu nesta região, provocou profundas alterações no modo de vida das populações que por aqui residiam e residem.
Alterações essas que foram visíveis ao longo dos anos, com todas as implicações sociais, económicas e culturais que, bem ou mal, alteraram a identidade de várias gerações. Por assim dizer a mina proletarizou o meio envolvente marcadamente rural. Até ao início da exploração do volfrâmio estas comunidades dependiam essencialmente da agricultura de subsistência, da pastorícia e, de uma forma incipiente, moldava-se já um comércio de produtos hortícolas e de origem animal, associado ao comércio do carvão, que eram bastante rentáveis.
No entanto, a maioria dos habitantes nestas freguesias (quadro 1), como noutras próximas, tinham uma vida difícil, e nunca imaginariam que as gerações futuras iriam sofrer o embate da industrialização.

A mina era uma aventura aliciante, fosse trabalhando no “Kilo”, na mina ou mesmo na “Pilha”, o camponês tinha agora a oportunidade de transformar o sonho de sempre em realidade: ser dono de uma casinha e de alguns terrenos, o que no seu pensamento, lhe permitiria enfrentar o futuro com mais tranquilidade, mas casos houve de fortunas completamente dizimadas em horas . Sobre esta situação Jaime DIAS (1969, p. 4) refere que “Dos felizes acasos da sorte na exploração, bastas vezes repetidos, resultava o desvario, a desvergonha e o ridículo. Na ânsia de parecerem o que nunca foram, de gozarem prazeres só dados a pessoas de outros haveres ou formação, desbaratavam o dinheiro como se de coisa inútil se tratasse. (…) No uso pessoal, se não havia acendalhas para activar o fogo na lareira ou acender o cigarro, queimava-se uma nota das peludas, de quilo (de conto) que enchiam a carteira. Analfabetos exibiam, cómica e caricaturalmente, no bolsinho do casaco, lapiseiras e canetas de tinta permanente. (…) As obras literárias para as estantes da mobília do escritório eram encomendadas em relação à largura do vão: um metro ou metro e meio de livros”…
Despertos os interesses económicos das comunidades, a alucinação pela mina provocam no seu início uma euforia sem limites. A mão-de-obra destas freguesias, habituada à dureza do trabalho agrícola, foi facilmente adaptada às técnicas da exploração mineira e rapidamente transformados em operários.
A evolução sócio – demográfica das freguesias confinantes com o Couto Mineiro da Panasqueira (Dornelas-do-Zêzere, Unhais – o – Velho, S. Jorge da Beira, Aldeia de S. Francisco de Assis e Barroca do Zêzere), (figura 2, e quadro 1) tem a ver com a actividade mineira, por um lado (1895 – 1960), e com a emigração (período pós 1960), para os países da Europa Ocidental – França e Alemanha, e para a América do Norte, essencialmente para o Canadá, por outro.
A verdade é que a exploração mineira constituiu uma oportunidade de trabalho, porém limitada pela dureza e riscos físicos envolvidos, que em determinadas situações revoltavam os trabalhadores rurais.
A dinâmica demográfica nestas freguesias (figura e quadro 1), teve a ver com o notável movimento pendular entre as aldeias e as Minas, e fez mesmo crescer a população destas. Este movimento local foi associado a vinda de homens de outros locais do país, que veio fornecer mão-de-obra para o trabalho mineiro, mas também acrescentar outras profissões necessárias nesta região, como por exemplo: alfaiates, sapateiros e pessoal técnico inglês e português. Este movimento obrigou a empresa a desenvolver uma forte aposta na abertura de estradas entre a Portela de Unhais (concelho de Pampilhosa da Serra) e a Barroca Grande, além de construção de pontes como foi o caso da construída sobre o rio Zêzere, inaugurada em 26 de Outubro de 1930, a primeira feita em betão armado em Portugal, e que ainda hoje é utilizada.

Quadro 1 – Evolução da População nas Freguesias confinantes com a Mina da Panasqueira

Quadro 1 – Evolução da População nas Freguesias confinantes com a Mina da Panasqueira
ConcelhoFreguesias1890191119301940195019601970198119912001
Pamp. SerraDor. Zêzere9268609081121127413041045800780677
Unh o Velho639765929120511961298965930828632
CovilhãS.Jorge da Beira66412711297325334223306172015721063694
S. Francisco Assis[1]*379566128918382508198518861396692
FundãoBarroca Zêzere9779741247153416951391855911751634
Silvares1269149016872453260423321105124112781104


[1] ) Não consta do Censos de 1890 como freguesia, nessa data, estava com o nome de Bodelhão e anexada à freguesia da Barroca do Zêzere. Em 1895, o Bodelhão é desanexado da Barroca e passa para a jurisdição do Ourondo, até 19.07.1901, nesse dia separou-se do Ourondo tornando-se Freguesia civil, tendo-se realizado a primeira eleição para a Junta de Freguesia em 25.08.1901.

Como podemos observar no quadro 2 e gráfico 2, este movimento de pessoas está perfeitamente ligado ao período áureo das minas da Panasqueira, 1934 - 1944 . Mesmo depois de as minas terem reaberto em 1946 nunca mais se manteve a mesma dinâmica, pois a partir dessa data, passaram estas minas a estar dependentes do preço do volfrâmio, no mercado internacional.
Passemos então a uma análise mais pormenorizada de como se processou esta dinâmica:
- Entre 1890 e 1911 – O trabalho nas minas iniciou-se em 1895 e era menosprezado, a exploração era feita em pequenos filões à superfície e portanto a produção era baixa, não havia necessidade de grande quantidade de mão-de-obra, dai recorrer-se exclusivamente a mão de obra local, agricultores e portanto homens adaptados a trabalho duro.
- Entre 1911 e 1928, deu-se a viragem em termos de produção. Em 1911, as Minas da Panasqueira passam para um novo dono a Wolfram Mining ande Smelting Company Limited, que implementa novos métodos de exploração alicerçados em grande quantidade de trabalhadores, visto que em 1912 tinha já ao serviço 201 funcionários que extraíram 280 toneladas de volfrâmio. Neste período, que engloba a primeira Guerra Mundial (1914-1918), trabalhavam nas Minas da Panasqueira, cerca de 800 homens , que eram responsáveis pela extracção de aproximadamente 360 toneladas ano. Após 1920 a actividade extractiva quase paralisou, até finais da década de 20.
- Em 1928 reinicia-se a actividade e em 1934 inicia-se a “corrida”, (observar quadro 1 em anexo) na procura do volfrâmio, indício claro dos preparativos para o segundo conflito mundial, que leva a um natural aumento da produção, mas, para que tal desiderato se cumpra houve a necessidade de recorrer a elevada mão-de-obra que já não existia nesta região. Começa então a afluir a estas minas, elevado número de homens para o trabalho na mina. Nessa perspectiva João Mateus DUARTE (1988, p. 200), afirma que: “os homens da região são já insuficientes para as necessidades da mina. De todo o país chegam mais homens que a mina absorve. Subjacentes à mina, as comunidades genuinamente mineiras vão crescendo. Para a empresa concessionária, a rendibilidade da exploração passa por estes aglomerados populacionais, denominados Coutos Mineiros. A proletarização é aqui mais evidente e alargar-se-ia às comunidades rurais. Há homens de muitos lados e só aqui estão para ganharem um melhor salário, temporariamente fixados porque a mina lhes criou condições para isso, condições que os anos vieram a demonstrar serem deficientes, face à dureza das condições de trabalho”.
Nesta fase a oferta de mão-de-obra era tal, que J. Avelãs NUNES (2000, p. 227) menciona que existia uma reserva permanente que não deixava de actuar sobre os já precários salários praticados, criando situações de injustiça que vieram a despoletar situações preocupantes ao nível da segurança pública. Eram comuns as rixas e desordens entre trabalhadores de vários pontos do país, muitos deles de conduta pouco exemplar, o que contribuiu para aumentar os fenómenos de criminalidade e violência (roubos, rixas, utilização de armas de fogo, prostituição).
Essa mão-de-obra que chega de outras partes do território Nacional, faz com que determinadas freguesias vissem a sua população aumentar em vinte anos, mais de quatrocentos por cento, caso da aldeia de S. Francisco de Assis, mais de duzentos por cento S. Jorge da Beira, e mais de cem por cento as restantes freguesias: Silvares, Dornelas do Zêzere e Barroca do Zêzere, respectivamente (observar o quadro e gráfico 3).
Após 1960 embora a mina fosse dando emprego a quem o procurasse , a verdade é que desde então a mina deixou de atrair, implicitamente porque já estava associado o mal da mina, “Silicose” , a quem para lá fosse trabalhar. Esta doença profissional semeou a morte nas comunidades mineiras das freguesias aqui representadas , e ainda sobre o efeito desta doença, Daniel REIS e Fernando PAULOURO (1979, p. 11) traduzem de uma forma violenta as consequências da silicose na população mineira, ao ponto de afirmar que “alguns já nem sangue têm: foram-no cuspindo pela boca, arrombados de todo…” Essa doença bem cedo levou homens e jovens na flor da idade, deixando viúvas e órfãos . As consequências foram trágicas e lentamente, foi-se tornando um pesadelo e um temor o que deixou um rasto de ódio à mina. As condições de trabalho, a silicose e o próprio futuro eram razões mais do que válidas para manter esse ódio e procurar de todas as formas fugir à mina, o que aconteceu com a perspectiva da emigração. Cláudio dos REIS (1971, p. 36) exprime de forma singela esta situação, afirmando, que: “nos últimos tempos a actividade destas minas vem sendo seriamente afectada pela falta de mão de obra, principalmente nos trabalhos subterrâneos,…”
Actualmente, as freguesias analisadas apresentam dinâmicas demográficas idênticas às restantes freguesias rurais do concelho do Fundão, Covilhã e Pampilhosa da Serra, com a predominância dos estratos etários acima dos 60 anos de idade. De facto olhando para os quadros com a evolução demográfica, cruzando com o conhecimento profundo deste território, podemos concluir que as minas, desde há muito tempo, deixaram de exercer uma influência capital na evolução demográfica da região, como foi entre 1930 e 1960.


Bibliografia

BARROQUEIRO, Mário Luís Gaspar (2005) – O Declínio de Centros Mineiros Tradicionais no Contexto de uma Geografia Industrial em Mudança. As Minas de Aljustrel e da Panasqueira. Dissertação de Mestrado em Geografia Humana e Planeamento Regional e Local apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

CARNEIRO, Fernando Soares (1961) – “A silicose e as minas”. Estudos Notas e Trabalhos do Serv. Fom. Mineiro. Vol XV, fasc. 1-2.

DIAS, J. L. (1969) – “Volfrâmio e Estanho na Vida e Costumes da Beira Baixa”. Separata da Revista Etnografia, 23, Museu de Etnografia e História.

DUARTE, João Mateus (1988) - “Implicações Históricas no Meio Comunitário Periférico ao Couto Mineiro da Panasqueira”. Actas das II Jornadas da Beira Interior, Jornal do Fundão, vol. 2º, pp. 199 - 203.

MATOS, J. X. (2001) – “Património mineiro português: estado actual da herança cultural de um país mineiro”. Actas do Congresso Internacional Sobre Património Geológico e Mineiro, IGM, Lisboa.

MÓNICA, Maria Filomena e BARRETO, António (coord) (2000) – DICIONÁRIO DA HISTÓRIA DE PORTUGAL, Livraria Figueirinhas, vol. 9, p. 601 – 604.

NAMORA, Fernando (2003) – MINAS DE SAN FRANCISCO. PUBLICAÇÕES EUROPA-AMÉRICA, Mem Martins.

NUNES, João Paulo Avelãs (2000) – “Volfrâmio português e ouro do Terceiro Reich durante a Segunda Guerra Mundial (1938 – 1947)”, Vértice, II Série, n.º 94, Março / Abril, p.42 – 59.

NUNES, João Paulo Avelãs (2000) – “ Portugal, Espanha, o volfrâmio e os beligerantes durante e após a Segunda Guerra Mundial”, População e Sociedade, n.º 6, p. 211 – 241.

NUNES, João Paulo Avelãs (2005) – O Estado Novo e o volfrâmio (1933-1947). Projecto de Sociedade e opções Geoestratégicas em Contextos de Recessão e de Guerra Económica. Dissertação de Doutoramento em História, Especialidade em História Contemporânea, apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.

REIS, Daniel; NEVES, Fernando Paulouro (1979) - A GUERRA DA MINA E OS MINEIROS DA PANASQUEIRA, A Regra Do Jogo Edições, Lisboa.

RIBEIRO, Aquilino (1961) – VOLFRÂMIO. 2ª Edição, Livraria Bertrand, Lisboa.


JC - Panasqueira (a caminho, quase) III

12 Fev 98 Terras da Beira
Semanário

















Sonhos perdidos nas
minas da Panasqueira

A beleza natural da Barragem de Santa Luzia, associado ao sossego da paisagem rural, eram os atractivos utilizados para a promoção de um centro turístico para as Minas da Panasqueira. Com a concretização deste projecto, da responsabilidade de um grupo luso-belga, podia nascer uma nova luz ao fundo do túnel daquela região que estava mergulhada numa crise socioeconómica. Jorge Patrão, actual presidente da RTSE e na altura vereador da Câmara da Covilhã, empenhou-se na divulgação daquele centro turístico que, por enquanto, está longe de vir a ser uma realidade.

Um ano depois da crise nas Minas da Panasqueira, em 1994, uma nova esperança surge para a região. Os jornais noticiavam que estava projectado um centro turístico para rentabilizar as condições naturais de uma vertente da Serra da Estrela ainda por explorar. O anúncio era feito por Jorge Patrão, o actual presidente da RTSE e, na altura, vereador na Câmara da Covilhã. Convicto do sucesso do projecto da responsabilidade de um grupo luso-belga, o autarca não teve mesmo pejo em dizer que este empreendimento ía ser uma «pedrada no charco na realidade socioeconómica que se vive na região».

A ideia deste projecto turístico teria surgido de um empresário português radicado na Bélgica e natural do couto mineiro. Como na altura noticiava o «Público», pretendia-se, assim, rentabilizar as condições naturais de uma vertente da Serra da Estrela, assim como a área envolvente da barragem de Santa Luzia. O grupo pretendia igualmente aproveitar alguns imóveis da Beralt para instalar as infra-estruturas e disponibilizar apartamentos para arrendamento ou venda a famílias que desejem passar férias em Portugal. Na região poderia ainda vir a ser construído um museu das minas. Para o arranque do projecto, foram iniciados contactos com a Beraltin.

Contactado pelo TB, Correia de Sá, administrador da empresa mineira, confirmou que chegaram mesmo a ser vendidas «uma grande parte das casas da Panasqueira, a preços relativamente baixos. As cerca de cinquenta casas não chegaram a atingir a soma de dois mil contos». Algumas chegaram mesmo a ser adquiridas por belgas. Desta forma a Beraltin pretendia colaborar, «na medida do possível, com o desenvolvimento turístico da região».

Os cartazes que na altura foram colocados em vários locais da freguesia, pelo grupo luso-belga, anunciando a venda de uma variedade de casas, era oferecida a «possibilidade de desportos náuticos: barcos de recreio, motonáutica, vela, ski, surf». Como se não bastasse para convencer, era referido que o empreendimento, que «ficaria a 12 quilómetros do rio» e «a 18 quilómetros da Barragem de Santa Luzia.», tinha «todo o esplendor e sossego da paisagem rural». No fundo, este era «o local ideal para as férias merecidas!».

Grupo luso-belga admite não haver «nada de concreto»

Desconhecendo tudo o que se estava a passar, o então presidente da Junta de Freguesia de S. Jorge da Beira, José Alves Pacheco, deslocou-se à Câmara da Covilhã para obter informações detalhadas sobre o complexo turístico divulgado por Jorge Patrão mas pouco mais ficou a saber. O vereador ter-lhe-á mesmo dito que «não estava autorizado a falar desse empreendimento, uma vez que estava no maior sigilo», salientou o autarca no decorrer de uma reunião da Assembleia Municipal da Covilhã, realizada em finais de 1994.

Prosseguindo a sua intervenção, José Alves Pacheco acrescentou que só depois de se dirigir à empresa Beraltin foi finalmente informado do que se estava a passar. Mas as dúvidas persistiram e ainda hoje continua céptico quanto à concretização deste aldeamento turístico.

O TB já conseguiu saber junto da administração da empresa responsável pelo projecto, que «nunca houve qualquer intenção de pôr de lado o presidente da Junta de Freguesia de S. Jorge da Beira». Esse contacto não veio a verificar-se porque, argumenta um dos responsáveis do grupo luso-belga, «as coisas não correram como esperávamos» e, para além disso, «ainda não havia, tal como hoje, nada de concreto quanto ao projecto turístico».

Este viria a ser, aliás, o motivo que levou a empresa «a recusar o pedido de Jorge Patrão para marcar uma conferência de imprensa para divulgar o projecto». Curiosamente, o então vereador da Câmara da Covilhã e actualmente presidente da Região de Turismo da Serra da Estrela, assim não entendeu e decidiu ele anunciar aos quatro ventos a boa nova e, segundo noticiou na altura o Notícias da Covilhã, a assumir mesmo que «o projecto estava com grandes avanços, faltando apenas a assinatura das escrituras».

O que é certo é que, passados quase quatro anos, tudo ainda não passou de meras intenções. Um dos administradores já confirmou ao TB que «neste momento» não vão avançar porque «ainda não conseguiram os apoios necessários para o projecto desejado». Não se poderá, no entanto, falar de desistência. Tanto que, salientou, continuam a promover o projecto «lá fora» e a ser «desenvolvidos alguns contactos para poder avançar».

Em declarações ao TB, Jorge Patrão rejeita que se tenha envolvido em demasia neste «projecto», argumentando que «é preciso não esquecer que se estava a viver uma altura muito difícil naquela região e era preciso dar alguma motivação para o futuro». E como o grupo luso-belga tinha intenção de «promover a venda e a recuperação das casas da aldeia», o recém eleito presidente da RTSE considerou que era necessário «acarinhar aqueles que mostravam vontade em remar contra a maré e promover algum tipo de investimento numa zona que estava totalmente carenciada». Jorge Patrão entendeu também que não devia manter em segredo tudo isto e achou por bem divulgar o projecto que hoje não passa ainda de um «sonho» de alguns.

Diferente sorte para as minas

Diferente futuro parece terem as minas da Panasqueira. Cem anos depois do início da sua laboração, apresentam hoje uma situação, considerada pelo administrador da empresa, Correia de Sá, de «normal». A crise em que esteve envolvida entre 1993 e 1995 parece estar ultrapassada. Emprega actualmente cerca de 250 trabalhadores e todos os meses são extraídos 170 toneladas de concentrado de volfrâmio.

A boa situação da empresa levou já a administração a fazer investimentos, nomeadamente a construção de uma nova lavaria, abertura do terceiro nível de extracção e a construção de um novo poço, garantindo mais dez anos de vida da mina.

Desconhece-se quem terá descoberto as minas da Panasqueira, sabendo-se que há registos de exploração mineira naquela zona durante a ocupação romana. Mas o registo da mina teria sido feita apenas a 15 de Abril de 1886, na Câmara Municipal da Covilhã, por Manuel dos Santos e Boaventura Borrel, que seriam mesmo reconhecidos como tendo sido os descobridores do volfrâmio da Panasqueira. Em 1894, o próprio rei D. Carlos I de Bragança concendia o alvará.

Dezasseis anos depois, a mina viria a ser arrendada a uma empresa inglesa, a Wolfram Mining and Smelting Company, que mais tarde se viria a fundir na Baralt Tin Limited.

Os anos de crise começaram a partir de 1928 e, desde então, as lutas foram-se sucedendo. Até que, em Janeiro de 1993, a empresa paralisa, alegadamente por haver dificuldades no escoamento do produto. Mas, passados dois anos, a exploração volta a estar em expansão. Adiado está a concretização do sonho de um dia surgir ali muito próximo um centro turístico. A continuar assim será mais a juntar-se ao que uma empresa norte-americana projectou, há alguns anos atrás, para a albufeira da Barragem de Santa Luzia. Por agora, aldeamentos, estalagem, restaurantes, campos de ténis, clube náutico, marina... tudo não passou de um «sonho americano».

Gustavo Brás