quinta-feira, 25 de setembro de 2008

JC - Panasqueira (a caminho, quase) V

Como lá chegar
Cristal de quartzo com uma inclusão de calcopirite Partindo da cidade do Fundão deve seguir na direcção de Silvares. Depois de passar Silvares a cerca de 2 Km existe uma tabuleta com a indicação de Minas da Panasqueira. A estrada segue, por uma encosta que desce até ao Rio Zêzere. Vai encontrar um primeiro aglomerado de casas, antigas instalações mineiras e uma escombreira. Está a passar pela povoação designa de Rio, onde se encontram as antigas lavarias onde era tratado o minério.
A estrada tem algumas curvas perigosas, até se atravessar a ponte no rio Zêzere. Pare um pouco junto à ponte e desfrute da paisagem. Uma mistura de paisagem natural, o rio e as encostas, e uma paisagem humanizada em que se sobressaem as escombreiras, que provocam algum impacto visual.
Siga a estrada, que segue agora na margem esquerda de uma ribeira afluente do Zêzere. Vai passar pela aldeia de S. Francisco de Assis, até chegar à aldeia da Barroca Grande. É aqui que se localizam os escritórios da Beralt Tin and Wolfram Portugal, a empresa que explora as minas.
Vai certamente querer parar a meio caminho e tirar fotografias à paisagem e a certa altura, às surpreendentes escombreiras que se observam na paisagem.

O que observar

Escombreiras As escombreiras neste caso não são a melhor hipótese para o coleccionador. Pode solicitar com alguma antecedência uma visita às minas. Normalmente estas aceitam visitas de grupos desde que se justifique a vontade e o interesse na visita e haja disponibilidade por parte da empresa (Tlf: +351 275 659100; Fax: +351 275 659119). Pode igualmente solicitar para ver que minerais há para vender. Existe uma pequena sala em que os mineiros vendem alguns minerais.
Se puder organizar uma visita garantimos que se trata de uma experiência inesquecível, mesmo para quem já desceu a outras minas.
Filões quartzosos sub-horizontais A mina explora um conjunto de filões quartzosos sub-horizontais com mineralização em Volframite, Cassiterite e Calcopirite. Estes minerais são tratados para fazer concentrados de tungsténio, estanho e cobre respectivamente.
Muitas vezes existem cavidades nos filões, que na gíria local são designados por “rotos” onde os cristais cresceram em espaço aberto. É nestas cavidades que os cristais se desenvolveram em formas perfeitas. Podem ser encontrados belos exemplares de quartzo, volframite, calcite, siderite, apatite, entre outros.

Um pouco de História
A história da mina da Panasqueira remonta aos finais do século XIX.
A partir de 1910 as Minas da Panasqueira foram exploradas pela empresa Wolfram Mining & Smelting Co. Ltd. Esta exploração durou até 1928, data em que foi criada Beralt Tin & Wolfram Limited que explorou as minas até 1973 em que com a incorporação de capitais nacionais passou a designar-se por Beralt Tin & Wolfram Portugal, S.A.
Pode-se considerar que o apogeu das minas foi durante a segunda guerra mundial, em que a procura do Volfrâmio era grande devido à sua utilidade como endurecedor de ligas metálicas para a construção de armas. Dai para cá a sua importância tem vindo a diminuir, porém, mais recentemente com a crise do urânio empobrecido, que estava a substituir o volfrâmio as minas ganharam novo alento.
Mas a utilidade do volfrâmio não se resume à indústria de armamento. Uma das suas utilizações mais nobres é na indústria eléctrica. Os filamentos das lâmpadas que nos iluminam são de volfrâmio.
A história da exploração de estanho nesta região é bastante mais antiga. Conhecido desde pelo menos a idade do Bronze este elemento químico que é extraído da Cassiterite é utilizada em conjugação com o cobre para formar o bronze, que é uma liga de cobre e estanho. A Península Ibérica a par da Cornualha, no Sul de Inglaterra eram os principais fornecedores deste elemento na antiguidade.
A Panasqueira a par de Neves-Corvo são actualmente as duas principais produtoras de concentrados de Cassiterite em Portugal.

Os métodos de exploração
A mineralização encontra-se em filões de quartzo sub-horizontais. Estes encontram-se encaixados nos xistos do Grupo das Beiras. Trata-se de um “enxame” de filões que se apresentam na periferia de um granito não aflorante (isto é, que não se pode observar à superfície).

A exploração actualmente é feita através do método de câmaras e pilares.
Um pilar da Mina da Panasqueira.(retirado de Kelly & Rye 1987)Primeiro é traçada uma rampa de acesso ao nível ou sub-nível que vai ser explorado. Depois são efectuados travessas num quadriculado de 11 por 11 metros. Cada travessa tem 5 metros de largura por 2 de altura. Nesta primeira fase ficam pilares de 11 por 11 metros. Depois caso os teores do minério sejam adequados, cada pilar destes é cortado por uma nova travessa de 5 por 2. Restando no final pilares de 3 por 3 metros.
O minério é carregado por pás carregadoras até poços de descarga que servem também de silos. Estes poços têm a sua saída num piso de rolagem, onde vagonetas levam o minério até a um poço que através de um elevador leva o minério para o piso onde existe uma câmara de fragmentação. Desta câmara o minério segue por uma rampa até à superfície, onde é tratado na lavaria (local onde os minérios são concentrados).
http://cebola.net/

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