..."Olhem, nem é preciso ir muito longe: o António Castanheira teve um companheiro morto nos braços, mais de quatro horas, no cimo dum buraco escuro com cinquenta e cinco metros de altura. Nem um anunciozinho pequenino... Pois foi no dia 21 de Dezembro, lembro-me bem. Ano?
Deixem ver... 1954".
"O ti' Manel Duarte Vaz e o António Castanheira foram mandados entivar uma chaminé abandonada. Chaminé, sim. É um furo que a gente abre de baixo para cima, um metro e oitenta de comprido por um e vinte de largura. Altura, a que é precisa. Aquela era a D4 poente, tinha sessenta metros, sem saída para a superfície.. Um buraco daqueles, escuro como o diabo, é coisa de respeito. Eram ambos entivadores de 1ª. Eu explico: entivador é o que segura o terreno. Com tábuas e escoras põe um tecto de pedras soltas tão seguro como um salão. Ofício ruim, digo e repito. E quando se trata de chaminés então o caso é sério. Um pequeno descuido e aí vem um homem a esmigalhar-se cá no fundo. Vida dum raio...".
o Romance de António Castanheira, escrito em 1963 por António Paulouro.
Deixem ver... 1954".
"O ti' Manel Duarte Vaz e o António Castanheira foram mandados entivar uma chaminé abandonada. Chaminé, sim. É um furo que a gente abre de baixo para cima, um metro e oitenta de comprido por um e vinte de largura. Altura, a que é precisa. Aquela era a D4 poente, tinha sessenta metros, sem saída para a superfície.. Um buraco daqueles, escuro como o diabo, é coisa de respeito. Eram ambos entivadores de 1ª. Eu explico: entivador é o que segura o terreno. Com tábuas e escoras põe um tecto de pedras soltas tão seguro como um salão. Ofício ruim, digo e repito. E quando se trata de chaminés então o caso é sério. Um pequeno descuido e aí vem um homem a esmigalhar-se cá no fundo. Vida dum raio...".
Sem comentários:
Enviar um comentário