terça-feira, 11 de novembro de 2008

A idade da razão




EDITORIAl
Manuel Alegre
Confesso que me chocou profundamente a inflexibilidade da Ministra e o modo como se referiu à manifestação, por ela considerada como forma de intimidação ou chantagem, numa linguagem imprópria de um titular da pasta da educação e incompatível com uma cultura democrática.

DOSSIÊ
EDUCAÇÃO, DO BÁSICO AO SUPERIOR
Jorge Martins, Nuno David, Paulo Peixoto, Teresa Portugal
Ao longo deste ano a educação tem sido um alvo permanente da opinião pública. Existe na sociedade portuguesa uma “Questão Educativa”? As profundas mudanças introduzidas pelo governo têm levado à amálgama das reacções vindas dos mais diversos sectores sociais. Está criado um contexto que mistura a indignação dos que lutam por uma educação democrática e emancipatória com a demagogia dos que pressentem que é chegada a hora de afastar a intervenção educativa estatal e substitui-la pelas promessas do mercado.

Ensino básico e secundário

Educação especial em Portugal

Carlos Afonso
A Educação Especial, em Portugal, atravessa um processo de mudança. A dúvida instala-se em saber se, desta vez, a mudança vem no sentido do aprofundamento e consolidação das boas práticas existentes ou representa, pelo contrário, um retrocesso face a esse mesmo percurso.

O municipalismo educativo: entre o estado e o mercado?
Jorge Martins
Estarão as autarquias interessadas na municipalização da “escola mínima para a maioria” e na privatização da “escola máxima para a minoria”? Ou, pelo contrário, estarão elas empenhadas em combater eficazmente a possível dualização dos seus subsistemas educativos locais, assumindo com lucidez o novo quadro descentralizador?

Para uma crítica da avaliocracia
Almerindo Afonso
Nada permite concluir, aliás, que não seja possível e desejável construir uma escola, simultaneamente, com qualidade científica, pedagógica e democrática. Sendo a avaliação e a consequente responsabilização um direito e um dever, aquelas têm que ser implementados levando em conta a dignificação dos processos e das pessoas. É também por essa razão que a dominante avaliocracia (inscrevendo-se em ardilosas lógicas de eficiência e controlo social) é contaminadora, impositiva, unidireccional e despolitizada.

Por uma avaliação séria e a sério do desempenho dos docentes
Paulo Guinote
Ao contrário do que a propaganda oficial do ME quer fazer crer sobre quem discorda do seu modelo de avaliação, a esmagadora maioria dos docentes não o contesta por ter receio de ser avaliado com base no mérito profissional. Como a de muitos outros, a minha recusa baseia-se no facto deste modelo de avaliação dos docentes ser, em vários aspectos, um mau modelo, tanto em termos de concepção geral como de capacidade de implementação prática.

Entre Cila e Caribdis (ou de Maquiavel a Kafka)
Ana Maria Vilhena
É conhecido que o novo sistema de avaliação já conduziu a pedidos de demissão ou de reforma antecipada de membros da Comissão Nacional criada para esse fim (...) Portanto, quem critica e ofende os docentes que, em desespero de causa, preferem abandonar a profissão a que dedicaram o melhor do seu esforço, deveria lembrar-se de que, ao recusarem submeter-se ao governo de Maquiavel, estão a mergulhar no universo kafkiano da Caixa Geral de Aposentações, conservando a esperança de não virem um dia a encontrar-se, como o “velho professor das aulas de Latim” de Cesário Verde, a pedir esmola nas esquinas desta pátria ocidental.

Da "gestão democrática" das escolas à pós-democracia gerencial?
Licínio Lima
A gestão democrática das escolas revelou-se, em Portugal, muita gestão para pouca democracia e para pouca, ou praticamente nula, autonomia das escolas. Nos ensinos básico e secundário, a autonomia foi apresentada como a “Terra Prometida”, embora eternamente adiada, transformando-se numa categoria retórica já sem capital de mobilização dos actores escolares.

A escola e a democracia. Das palavras aos actos: paradoxos. Que perspectivas?
Ana Benavente
O segundo paradoxo é de ordem social: as elites, que têm voz e poder, não estão interessadas nos “outros”; consideram, por ignorância, que a escola que viveram continua o único modelo válido para todos. Ora, basta analisar as imensas mudanças sociais que ocorreram e o facto de termos hoje na escola todos, crianças e jovens, na sua plena diversidade, para se perceber que a escola se deve adequar aos novos tempos.

Duas perguntas a professores da escola pública
Rosário Gama
A sofisticação dos modelos de avaliação não significa que estes tenham que ser complexos e intricados. No caso do modelo instituído pelo Decreto Regulamentar 2/2008, eu diria que o modelo, para além de complexo, é tortuoso, e que apenas parece servir para cotar lucros políticos, deixando de fora o efectivo impacto da actividade docente que deveria ser o âmago da avaliação.

Site da revista: http://www.opiniaosocialista.org/

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