sábado, 25 de julho de 2009

Memória minerográfica sobre o distrito metalífero entre os rios Alva e Zezere.

É todo o seu terreno áspero, e estéril em grande parte por ser monstruoso e de serrania altíssima, e penhascosa; é cortado por alguns vales, e por muitas quebradas e barrocas, por onde correm os rios Alva, Ceira e Zezere, e as ribeiras e torrentes que vão alimentar, e desembocar nos ditos rios: divide-se a massa montanhosa em dois jugos, ou ramos principais, que saem do centro da serrania da Estrela, e em outras pequenas transversais. O primeiro jugo principal corre entre o Alva, e o Ceira, e acaba no termo da Vila de Góes. O segundo, que é o mais alto, sai da Estrela no sítio chamado Portela das Pedras Lavradas, e vai tomar o nome de serra de Açor, de cujo pendor, ou encosta setentrional nasce o rio Ceira; depois abaixo do rio da Cebola lança para a esquerda um ramo, que dirigindo-se entre a ribeira de Unhais, e o Zezere, forma no termo da Pampilhosa o monte chamado Cabeça da Urra, e mais abaixo outro que chamam Cabeça do Machio; vem por fim acabar por cima da ponte do Cabril, onde desemboca a ribeira de Unhais no rio Zezere. O jugo principal porém continua o seu caminho entre a ribeira de Unhais e o Zezere, tomando em diversos lugares do seu curso nomes diferentes.
As rochas ordinárias de todas estas montanhas, dentro do distrito que descrevo, são de xisto argiloso primitivo de Werner, ordinariamente cor de cinza, com quartzo branco comum em camadinhas, e minhos, e muitas vezes com pirites sulfúreas disseminadas. O quartzo branco é às vezes ocráceo, corta a estratificação das rochas, formando betas e vieiros de diversas prossanca e grossura, em que depois falaremos. Poucas vezes alterna a rocha xistosa com a horneblendica, que pousa sobre, ou esta coberta pelo xisto argiloso. O granito aparece em alguns sítios da serra de Açor, e nos montes que lhe servem de fralda, e que ficam por cima da Vila d'Avô. Encontram-se também algumas formações aluviais de saibro e cascalho, que formam os leitos, e acompanham as margens dos rios e ribeiros.

Sem Ordem: "Memória minerográfica"

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