quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Largo conselheiro Neves e Sousa

O Conselheiro António das Neves Oliveira e Sousa, que nasceu em 1844 e cujo o nome foi escolhido para designar oficialmente um dos sítios mais aprazíveis e mais populares de Arganil - o Largo da Fonte de Amandos -, era natural de Coja, tendo sido magistrado de prestígio, social e político, circunstância que o forçou a interromper a carreira profissional, em consequência de ter sido nomeado (por duas vezes) governador civil do distrito de Coimbra e ainda reitor da Universidade. Encontramo-nos, por conseguinte, na Fonte de Amandos, apreciado logradouro público arganilense, sobretudo na estação calmosa, pela acolhedora sombra que proporcionam as suas árvores, quase seculares.

Aqui podemos ver, em frente e à nossa esquerda, o célebre "Coreto da Música", construído em 1912, a cuja história já nos referimos. Ademais do interesse prático da função a que se destina, nas suas linhas simples e elegantes, constitui uma bela peça arquitectónica que ajuda a dar carácter a este local da vila.

No meio do recinto podemos ver o busto de uma das personalidades mais ricas e mais amigas de Arganil: o dr. Alberto da Veiga Simões, que foi advogado, político de nomeada, comentador político, escritor, professor liceal, ministro, diplomata de carreira e historiador de méritos reconhecidos. O busto é um trabalho de um afamado escultor português - Aureliano Lima -, que passou uma parte da sua vida em Arganil. No pedestal do monumento figura um pensamento de Miguel Torga acerca de Veiga Simões que nos diz, de forma realmente lapidar, as condições tormentosas em que este viveu parte da existência, vítima do ódio político:
"Um dos mais ilustres filhos de Arganil que os esbirros dum déspota perseguiram até à cova".

Se bem que já fique fora do "Centro Histórico", atendendo a que estamos próximo, não deixaremos de fazer uma breve referência ao Teatro Alves Coelho cujo edifício, inaugurado em 1954, encerra alguns motivos de interesse: o projecto é do arquitecto Mário de Oliveira; a fachada ostenta um interessante friso em relevo, alusivo à Dança, à Música e ao Teatro, da autoria de Aureliano Lima; e o interior está enriquecido com pinturas de Guilherme Filipe - que era natural do Fajão - e com estas palavras de Miguel Torga, que sintetizam de forma muito bela as condições em que o imóvel nasceu:

"Erguido por teimosos e cabeçudos beirões, da mesma maneira e com o mesmo espírito com que antigamente se construíram as catedrais: cada um trazendo a sua pedra". A Fonte de Amandos está nesta altura (2001) a ser objecto de profunda alteração.
Roteiro Cultural do Centro Histórico de Arganil

1 comentário:

Vítor Ramalho disse...

Gosto muito de visitar Arganil.