domingo, 27 de setembro de 2009

A inércia dos Sindicatos

Colegas,

Neste pequeno texto quero expressar a minha indignação face à inércia dos sindicatos ao defenderem os direitos dos professores do 1º ciclo.

Os sindicatos fazem comunicações generalistas e esquecem-se de "pormenores" que distinguem e MUUUUUIIITO os professores.
Os professores não estão a ser tratados da mesma forma, e não estou a falar da divisão da carreira!!!
Os professores do 1º ciclo têm horários e obrigações diferentes dos outros. Não precisam de completar horários com projectos do Agrupamento, pois o seu horário já é completo.(25h lectivas + 45mX2 de apoio ao estudo)

Ora pensem comigo:

  1. Com o novo estatuto têm de trabalhar até aos 65 anos, 5 horas por dia, todos os dias, pois não têm direito a dia de folga, nem a redução do horário lectivo (por idade, por tempo de serviço, como nos outros ciclos);
  2. São directores de turma e não têm direito a ter tempo para dedicar a essa tarefa. A qualquer hora e momento os EE contactam com o professor para esclarecer situações;
  3. Supervisionam as AEC, fazem reuniões com os professores das AEC e não é considerado conselho de turma, (pois há o Conselho de Docentes);
  4. Tudo o que o aluno aprende em termos académicos é da sua responsabilidade e não do Conselho de turma, por isso quando há insucesso o "culpado" é só um (o professor, este professor!), não há outros que venham corroborar a evidência; se o aluno é mal comportado, preguiçoso, ... é só uma voz a levantar-se, não há a "força" de 10 ou 15...
  5. SOZINHO, diariamente, o professor do 1º ciclo, pensa, planifica, organiza, decide, ... e reflecte (ou melhor devia reflectir,mas não há tempo)
  6. o tempo que devíamos ter para trabalho individual é preciso (???!!!!) para reuniões:

  • com os professores das AEC;
  • conselho de docentes (em alguns agrupamentos faz-se uma por mês de 2 horas, noutros fazem-se três de 3 ou 4 horas cada uma!!!);
  • planificação e para preparação (em grupos de anos de escolaridade) de fichas diagnósticas, formativas, sumativas, de recuperação, e respectivos critérios, matrizes ...;
  • participar em vários conselhos criados pelos agrupamentos (ACND, AEC, PES, projectos de autonomia da escola, projectos de avaliação da escola, projectos de ..., projectos de ...)
  • solicitar, à psicóloga, o acompanhamento de alguns alunos e reunir com ela;
  • vigiar as faltas dos alunos e elaborar as fichas de recuperação (que não servem de nada, a não ser para justificar as faltas dos alunos - uma obrigação dos pais!!!);
  • organizar o PCT;
  • fazer o atendimento aos EE (que, no 1º ciclo, alguns EE solicitam amiúde - quando estão atentos ou são responsáveis, claro!)
  • preencher documentos para pedir o "Magalhães" de cada aluno;
  • preencher documentos de matrícula e pedido de subsídio de cada aluno( mesmo que a secretaria da escola fique ao lado da sala do professor);
  • participar em "mil e um" projectos propostos pelos vários departamentos do agrupamento, ...
  • preencher inquéritos para avaliar cada actividade (realizada por iniciativa própria ou por convite) e fazer o tratamento estatístico;( no mínimo 15 por ano)
  • Vigiar almoços e mapas de almoços, leite e mapas de leite...
  • Preencher mapas e mapas e grelhas e grelhas e sumários e planificações...
  • Fazer requisição de materiais, de livros, de equipamentos...
  • Escrever, ler, responder e elaborar ofícios para a administração da escola.
  • Arquitectar, construir, pesquisar, pensar, elaborar, planificar, registar, analisar, concluir : actividades, estratégias, cartazes, livros, jornais, desdobráveis, panfletos, poesias, concursos, ...sobre TODAS AS ÀREAS CURRICULARES( Não damos só uma nem duas nem três)...
  • Interacções com outros professores, alunos, enc. de Ed, Junta de Freguesia, Centro de Saúde, empresas, padre, técnicos de toda a gama...
  • Fazer relatórios para psicólogos, terapeutas da fala, médico de família, psiquiatras..Sem nunca ou raras vezes termos o diagnóstico do problema ou resposa sequer.
  • Responder a Inquéritos e escalas enviados pelos psicólogos, terapeutas da fala, médico de família, psiquiatras...Sem nunca ou raras vezes termos o diagnóstico do problema ou resposa sequer.
  • E tantas mas tantas toneladas de carga que caem no professor do 1º Ciclo!

Todos sabemos as horas que demoramos diariamante a: preparar aulas e corrigir trabalhos, a pensar em estratégias e a reflectir sobre a prática diária (é verdade, ao fim do dia é necessário reflectir para perspectivar, corrigir ou melhorar situações propiciadoras de aprendizagem).
Ninguém ouse pensar que é fácil ensinar a ler e a escrever um menino do 1º ano. ( Preferia ensinar na universidade onde os meninos já sabem ler) Está muito enganado quem pensa que é fácil. E que os professores do 1º ciclo são preguiçosos, pois o que eles ensinam é o mais fácil.

O professor do 1º ciclo é um MESTRE da Pedagogia e da Psicologia. Foi sempre professor, aprendeu para ser professor (não foi para professor!!!)

Durante muitos anos um dos únicos cursos em que era OBRIGATÓRIO ter a vertente pedagógica (teoria e prática), era o do 1º ciclo. Havia muitas pessoas que estavam a trabalhar em escolas, eram profissionais no ensino, mas não estavam habilitadas para leccionar e, por isso, não eram professores. Só depois de começarem a leccionar é que pediram o estágio.


Concluindo:

Com este estatuto, o professor do 1º ciclo não terá os mesmos direitos que os outros professores.

Este estado de coisas tem de mudar. Colegas, unamo-nos por uma causa nossa. Não se trata de estarmos contra os outros, só queremos que nos tratem de igual modo, tal como prevê a Constituição da República. Perdemos o direito a ter reduzido o ñº de anos de trabalho em relação a outros porque trabalhamos mais horas lectivas (dão trabalho antes e depois, isto é, as horas de estabelecimento não se reflectem em outros trabalhos inerentes, está feito, está feito. O trabalho lectivo implica preparar, corrigir, pensar, ...)




Se começarmos a dizer as razões, hão-de pensar em nós.




ESTÁ NA HORA DE AGIRMOS. OS SINDICATOS NÃO PODEM CONTINUAR A IGNORAR-NOS.


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