terça-feira, 29 de junho de 2010

a propósito de alguns projectos municipais de desenvolvimento, como os de Janeiro de Cima

UMA das teorias mais recentes do Urbanismo e da Organização Territorial é a que vem exalçar as virtudes das cidades médias. Razões: as cidades grandes são insuportáveis, pelo bulício infernal, pela poluição do ar, pelas longas filas de trânsito, pelo stress contínuo, enfim por tantos excessos e tantas falhas... Logo, importará que as médias se afirmem, se tornem mais atractivas e sejam mais apoiadas pelo poder.
Mas, o certo é que também as cidades médias comportam, por vezes, vícios idênticos e outros problemas.
Sem aldeias à sua volta, que as alimentem e lhes dêem o necessário movimento (das permutas, dos serviços), as cidades médias sofrerão falhas graves de sustentabilidade e hipotecarão o seu futuro. No caso do Fundão, a actual cidade sem as suas aldeias perderia muito e tenderia a ser talvez uma grande aldeia (da Covilhã), com a desertifïcação à sua volta...
Daí que o regresso ao ambiente bucólico e pacato das velhas aldeias, ao convívio familiar, das coisas simples e naturais, ao ar puro e ao chilreio dos pássaros, seja para muitos considerado uma necessidade periódica para recarregar baterias, enfim, um bálsamo para o corpo e sobretudo para a alma.
Tempos houve que o elogio das pequenas Cortes de Aldeia fez furor. Foi sobretudo no tempo dos Filipes (reis espanhóis), com o poder político instalado em Madrid. Eram tempos de forte centralismo e de divórcio da res-pública. Depois, com o liberalismo e a industrialização, e com todas as mudanças sociais e culturais operadas, foi-se acentuando o êxodo rural. Hoje, temos o que temos. Como será no futuro?

Amor ao berço natal
Vêm estas considerações a propósito de alguns enfoques que o JF de vez em quando nos vai trazendo relativamente à vida das aldeias (num deles – coisa rara – até apareceu a “minha” Orca), mas também a propósito de alguns projectos municipais de desenvolvimento, como os de Janeiro de Cima, Barroca, Rio (Silvares), e de outras terras. Há que saudá-los a todos vivamente, porque há muito a fazer pelas nossas aldeias. Eles são sempre um estímulo aos residentes e aos naturais que andam por longe. Falo por mim. Embora nascido e criado numa aldeia, ao longo de cinquenta anos fui vivendo e trabalhando quase sempre em cidades, mais por exigências profissionais de que por opção. De um modo geral, adaptei-me. Mas nunca deixei de gostar do meu terrunho. Conforme outrora se dizia, em bom português, a terra onde se nasce é a nossa “pátria”. Hoje já não é bem assim, porque já não se nasce nas aldeias e muitas destas nem já escolas têm. Creio, no entanto, que o amor ao berço natal ainda vai persistindo e não apenas por romantismo. Apesar do afastamento, recordamos pessoas, sítios, afectos, histórias de vida... Tudo isso pesa na me- mória, como carga identitária. – «Então, porque não voltais, filhos pródigos?» – objectarão alguns.
Alguém disse um dia que o homem não é só ele, mas também as suas circunstâncias. – «Sim, muitos voltaríamos, desde que se verificasse um mínimo de condições». Porque, obviamente, ninguém quer um regresso à toa. Ninguém deseja «andar p’ra trás». Há custos, que terão de ser equacionados. Mas que há hoje novos tipos de relação com o meio, que nos podem levar a uma vida com qualidade nas nossas aldeias, a sentirmo-nos bem connosco e com os outros, penso não haver dúvidas.

Os apoios necessários
Sempre que uma mudança exija custos – e há-os sempre –, importa analisar como suportá-los ou prever a sua compensação, em ordem à consecução dos resultados esperados. Porque uma vez iniciado o processo, há uma infinidade de voltas a dar, de burocracias a cumprir, de impostos a pagar, de sacrifícios a fazer. E aí entram em acção entidades públicas, como o Estado e as Autarquias, que em nome das leis nos pedem contas mas que em nome do bem comum também deveriam prestar apoios. E tantas formas de apoio são possíveis e são necessárias a quem pretenda (re)instalar-se numa aldeia do interior deste país, como são todas as do concelho do Fundão!... Ainda há pouco tempo tivemos na Beira Baixa, mais concretamente no concelho de Vila de Rei, uma experiência mediática de tentativa de instalação e repovoamento. E sabemos como as expectativas saíram goradas, face aos apoios prometidos. Pois bem, tem a Câmara do Fundão merecido o aplauso quase unânime dos munícipes pelo trabalho entusiasta que tem desenvolvido em prol de muitas das suas freguesias, de que são mais flagrante exemplo as “do xisto” (de Janeiro de Cima e Barroca) e a “histórica” de Castelo Novo. Todavia, embora todos saibamos muito bem que o concelho é grande (são 31 freguesias), que o frio das carências é muito e a manta do orçamento é curta, alguns terão razão para inquirir: «Não será possível uma distribuição um pouco mais equitativa?»

É que há aldeias que quase nada têm recebido... A Orca, que até é a 2.ª maior freguesia do concelho em área, é uma delas [desde os anos de 70 que não voltou a acontecer ali um «investimento que possamos classificar de importância» – lembrava recentemente um orquense em carta aberta no JF (n.° de 20-9- -2006)]. E, no entanto, são bastantes as suas potencialidades, conforme lembrava o mesmo cidadão (e)leitor!...

Conviver e comemorar é preciso
Na história de uma aldeia há sempre pequenas histórias, efemérides, romarias, festejos mais ou menos cíclicos, que congregam e reanimam. E haverá outros, iniciativas simples que podem partir de nós ou de grupos organizados, sempre com vista à promoção do desenvolvimento ou simplesmente a proporcionar momentos de alegria, em saudável convivialidade. Lembro a realização, há anos, de encontros de famílias, de onomásticos (os Josés...), de orquenses em Lisboa (no tempo do Pe. Casimiro)... Há, todavia, uma efeméride que se aproxima e que gostaria de aqui evocar publicamente. Trata-se da ordenação sacerdotal e simultânea de três orquenses missionários, que ocorreu na Orca no dia 15 de Junho de 1957, um facto que julgo inédito em todo a Beira Baixa, porventura até em todo o país (!). Ao tempo, o facto mereceu honra e fama de grande acontecimento regional e teve festejos a condizer, na Orca, com gentes vindas de várias partes, conforme assinalava uma local do JF.

Ora os três sacerdotes, todos da Sociedade Missionária “Boa Nova”, estão todos vivos, activos e de boa saúde, e bem mereciam uma lembrança e a homenagem, já não digo da região e do concelho, mas pelo menos dos seus conterrâneos. Querendo as forças vivas da terra, a comemoração do cinquentenário poderia ser um pretexto para algo de inédito e de verdadeiramente afirmativo: Um congresso – alvitrou já um dos missionários (Pe. José Marques)... Umas jornadas – direi eu... Ou, pelo menos, um encontro alargado de amigos, de boas- -vontades.

Que dizem a isto os orquenses e organismos vivos da freguesia, como Junta, Comissão Fabriqueira da Paróquia e direcção da ARCO? Não será possível constituir e mobilizar, desde já, núcleos de apoio em várias partes — Orca (núcleo polarizador), Fundão, Castelo Branco-Covilhã-Guarda, Lisboa, França? Sei já que na Sociedade Missionária e na ARM (associação de antigos alunos da mesma Sociedade) há gente disposta a dar uma ajudinha... Aqui está uma ocasião soberana para uma aldeia mostrar a sua importância.

Joaquim Candeias Silva, Da importância das aldeias
"Jornal do Fundão" - Secção: Opinião - Edição on-line paga

domingo, 27 de junho de 2010

Hoje jogo eu

Ahora, España y Portugal vivirán el combate más mediático de su historia. Cristiano frente a Villa. Simao contra Torres. Tiago ante Xabi Alonso. Carvalho versus Iniesta. Esto es «futebol» en estado puro.

El primer duelo ibérico

sábado, 26 de junho de 2010

sobre todas las escalas de la arquitectura y el diseño

La periodista e historiadora Anatxu Zabalbeascoa escribe sobre todas las escalas de la arquitectura y el diseño en El País y en libros como The New Spanish Architecture, Las casas del siglo, Minimalismos o Vidas construidas, biografías de arquitectos.

Del Tirador a la ciudad

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Korean War in 1950

This Friday, June 25th, it will have been sixty years since the beginning of the Korean War in 1950. After decades of Japanese occupation, Korea was divided in two by Allied Forces at the end of World War II, with the south administered by the U.S. and the north by Soviet Russia. Deep divisions built over several years, leading to skirmishes and finally an invasion by North Korean troops on June 25th, 1950. The United Nations sent troops and support from 21 countries to support South Korea, primarily from the United States and Britain. The war lasted for three years, with large advances and retreats on both sides, and many casualties. Hundreds of thousands of civilians and soldiers were killed. The two Koreas are technically still at war since hostilities ended in a ceasefire, not a peace treaty in 1953. Though it is often referred to as "The Forgotten War", I hope this collection of photographs helps us to remember the events of 1950-53, those involved, and the legacy that still remains, sixty years later. (48 photos total)

The Big Picture

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Oil in the Gulf

62 days have passed since the initial explosion of BP's Deepwater Horizon drilling rig in the Gulf of Mexico, and the crude oil and natural gas continue to gush from the seafloor. Re-revised estimates now place the flow rate at up to 60,000 barrels a day - a figure just shy of a worst-case estimate of 100,000 barrels a day made by BP in an internal document recently released by a congressional panel. Louisiana's state treasurer has estimated environmental and economic damages from the Gulf of Mexico oil spill could range from $40 billion to $100 billion. Collected here are recent photographs from the Gulf of Mexico, and of those affected by the continued flow of oil and gas into the ocean. (37 photos total)

The Big Picture

quarta-feira, 23 de junho de 2010

la Noche de San Juan

De nuestras fiestas más espectaculares destacan las que tienen al fuego como protagonista y, entre ellas, las de la Noche de San Juan que, desde siempre, estuvo unida a este mágico elemento. Recorremos ocho parajes donde se celebra por todo lo alto la noche del 23 a 24 de junio.

Información topográfica, geológica y geofísica

La Península Ibérica y sus alrededores se encuentran en una zona de alto riesgo sísmico. Aunque la Península forma parte de la gran placa tectónica euroasiática, está situada en la Microplaca Ibérica, con unas dinámicas diferenciadas propias. Esta microplaca, formada hace unos 600 millones de años, incluye toda la Península Ibérica y se extiende hasta las Baleares, Córcega, Cerdeña y un sector de los Alpes Occidentales.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Aqui "nasceu" uma família

"Em poucos meses, a família da casa da Eira era vista com respeito e com alguma admiração pelo seu trabalho, pelo trato afável, pela sua alegria de viver, pela sua caridade em dar aos pobres que lhe batiam à porta, e eram muitos. A povoação estava sempre ciosa a bisbilhotar o trabalho e o viver da gente da Eira que chegou de outra terra que não conheciam nem tinham ouvido falar."

domingo, 20 de junho de 2010

Um Saramago "populista e extremista"

È morto José Saramago
L'onnipotenza (presunta) del narratore

di Claudio Toscani

"Quello di cui la morte non potrà mai essere accusata è di aver dimenticato a tempo indeterminato nel mondo qualche vecchio, solo per invecchiare sempre di più, senza alcun merito o altro motivo visibile".
Sia pure scomparso alla rispettabile età di 87 anni, di José Saramago non si potrà dire che il destino l'abbia tenuto in vita a tutti i costi, vedi la frase succitata, tolta dal romanzo Tutti i nomi, uscito in quel 1998 che lo vide provocatorio Nobel della letteratura.
"Saramago", cognome aggiunto all'anagrafico José Sousa, era nato nel 1922 ad Azinhaga in Portogallo, da una famiglia di contadini e braccianti. Trasferitosi a Lisbona nel 1924, qui aveva compiuto i suoi studi fino al diploma di tecnico meccanico. Non particolarmente complessa né movimentata, la sua vita veniva registrando vari lavori, tra cui l'editoria; un matrimonio nel 1944; un primo romanzo nel 1947 (Terra di peccato, che disconoscerà in sede di bibliografia ufficiale); l'iscrizione al Partito comunista nel 1969 e una militanza politica clandestina sino al 1974, quando la cosiddetta "rivoluzione dei garofani" (contro la dittatura di Caetano), ristabilisce le libertà democratiche.
Cinquantacinque anni compiva Saramago al suo vero primo romanzo, Manuale di pittura e di calligrafia (1977), ma nel resto della sua vita recupererà il tempo andato imponendosi in decine e decine di opere che coerentemente convergono attorno a pochi cespiti conduttori: la Storia maiuscola in filigrana a quella del popolo; una struttura autoritaria totalmente sottomessa all'autore, più che alla voce narrante, non solo onnisciente ma anche onnipresente; una tecnica dialogica in tutto debitrice all'oralità; un intento inventivo che non si cura di celare con la fantasia l'impronta ideologica d'eterno marxista; un tono da inevitabile apocalisse il cui perturbante presagio intende celebrare il fallimento di un Creatore e della sua creazione. E, infine, una strategica modalità, tematica ed espressiva a un tempo, impegnata a rendere quel che lui stesso ha definito la "profondità della superficie": qualcosa che allude sia a quel poco che conosciamo del tanto che rivendichiamo alla ragione, ma anche quel tanto che strappiamo alla realtà di quel poco che la ragione ci permette.
Chiamando a raccolta non molti ma primari maestri (da Kafka a Borges, da Eça de Queiros a Pessoa, da Antonio Vieira a Machado), Saramago diede da subito l'elenco degli artefici della sua formazione, collocandoli senza soluzione di continuità lungo un'onda di piena al cui estuario poneva la novecentesca inquietudine della letteratura, della storia, dell'arte, della politica e della religione, oltre che di se stesso.
E per quel che riguardava la religione, uncinata com'è stata sempre la sua mente da una destabilizzante banalizzazione del sacro e da un materialismo libertario che quanto più avanzava negli anni tanto più si radicalizzava, Saramago non si fece mai mancare il sostegno di uno sconfortante semplicismo teologico: se Dio è all'origine di tutto, Lui è la causa di ogni effetto e l'effetto di ogni causa.
Un populista estremistico come lui, che si era fatto carico del perché del male nel mondo, avrebbe dovuto anzitutto investire del problema tutte le storte strutture umane, da storico-politiche a socio-economiche, invece di saltare al per altro aborrito piano metafisico e incolpare, fin troppo comodamente e a parte ogni altra considerazione, un Dio in cui non aveva mai creduto, per via della Sua onnipotenza, della Sua onniscienza, della Sua onniveggenza. Prerogative, per così dire, che ben avrebbero potuto nascondere un mistero, oltre che la divina infinità delle risposte per l'umana totalità delle domande. Ma non per lui.
Giunto tardi al romanzo, si era rifatto, come s'è detto, con una serie di narrazioni. Dal 1980 in poi, nella bibliografia dell'opera di Saramago, si transita da Memoriale del Convento a L'anno della morte di Ricardo Reis (1984), che torna alla storia del Portogallo nel 1936; da La zattera di pietra (1986), avventura ecologica e demoniaca che immagina la deriva della Spagna dell'oceano tra magico quotidiano, metafora politica e nuove soluzioni atlantiche, a Storia dell'assedio di Lisbona (1989), libro in cui un revisore editoriale, inserendo una particella negativa (un "non") in un saggio storico, dà a Saramago il destro per giocare a falsificare l'evento, più per gioco che per convinta ideologia.
È il 1991 quando, inaugurando ciò che la critica ha chiamato il suo secondo tempo, lo scrittore pubblica Vangelo secondo Gesù, sfida alla memorie del cristianesimo di cui non si sa cosa salvare se, tra l'altro, Cristo è figlio di un Padre che imperturbato lo manda al sacrificio; che sembra intendersela con Satana più che con gli uomini; che sovrintende l'universo con potestà senza misericordia. E Cristo non sa nulla di Sé se non a un passo dalla croce; e Maria Gli è stata madre occasionale; e Lazzaro è lasciato nella tomba per non destinarlo a morte suppletiva.
Irriverenza a parte, la sterilità logica, prima che teologica, di tali assunti narrativi, non produce la perseguita decostruzione ontologica, ma si ritorce in una faziosità dialettica di tale evidenza da vietargli ogni credibile scopo.
Il secondo tempo di Saramago si diversifica poi con Cecità (1995), affresco apocalittico che denuncia la notte dell'etica in cui siamo sprofondati. Poi in campo esistenziale, sia con Tutti i nomi (1997), altra apocalisse dal pessimismo assoluto sospesa su una indifferenziata comunità di morti e di vivi, sia con Il racconto dell'isola sconosciuta (1998), parabola sull'uguaglianza dell'uomo tra gli uomini. In campo intellettuale, prima con La caverna (2000), che tra Kafka, Huxley e Orwell, dispiega un allarme meno disperato del solito e addirittura aperto alla speranza; poi, con L'uomo duplicato (2003), dove colui che si scopre identico a una comparsa televisiva finisce per smarrirsi in un garbuglio fattuale, psichico e spirituale.
Avvicinandosi alla fine, Saramago ci ha lasciato un "testamentario" Saggio sulla lucidità (del 2004), critica al funzionamento, se non alla funzionalità, delle odierne democrazie, contro le quali l'autore auspica una schiacciante maggioranza di "schede bianche", la più invisa espressione di volontà politica per un potere che solo così dovrebbe deflagrare. Poi, un "giocoso" Don Giovanni o il dissoluto assolto (del 2005), ossia il ritratto di un onore sociale offeso, giacché al grande amatore non riesce, nel testo, ciò per cui è da sempre famoso.
Fertile, comunque, la discesa creativa degli anni appena precedenti la scomparsa: dall'itinerante carovana di Il viaggio dell'elefante (2009), pittoresco, umoristico e "peripatetico", all'inaccettabile Caino (2010), romanzo-saggio sull'ingiustizia di Dio, parodiante antilettura biblica, per non dire di altri titoli che andrebbero segnalati, a onor del vero, ma quasi sempre per polemica o pretesto.
Saramago è stato dunque un uomo e un intellettuale di nessuna ammissione metafisica, fino all'ultimo inchiodato in una sua pervicace fiducia nel materialismo storico, alias marxismo. Lucidamente autocollocatosi dalla parte della zizzania nell'evangelico campo di grano, si dichiarava insonne al solo pensiero delle crociate, o dell'inquisizione, dimenticando il ricordo dei gulag, delle "purghe", dei genocidi, dei samizdat culturali e religiosi.

(©L'Osservatore Romano - 20 giugno 2010)

sábado, 19 de junho de 2010

José Saramago - In Memóriam

Su visión heterodoxa del mesías cristiano levantó una polémica que arreció cuando el gobierno de su país se negó a presentar el libro al Premio Literario Europeo. Herido con aquel gesto, Saramago se instaló en Lanzarote con Pilar del Río, su segunda esposa y nueva traductora. La misma polémica de tintes religiosos se reprodujo en 2009 al hilo de la publicación de una novela considerada hiriente por la jerarquía católica lusa, Caín. Meses antes, el escritor se había visto envuelto en otro rifirrafe. Esta vez en Italia: su editorial de siempre, propiedad de Silvio Berlusconi, se negó a publicar El cuaderno, un libro basado en el blog del escritor, que no ahorraba en él críticas al primer ministro italiano.

José Saramago - In Memóriam

Creador de uno de los universos literarios más personales y sólidos del siglo XX, José Saramago supo aunar su vocación de escritor con su faceta de hombre comprometido que nunca cesó de denunciar las injusticias que veía a su alrededor o de pronunciarse sobre los conflictos políticos de su tiempo.

José Saramago - In Memóriam

El escritor luso plasmó en su obra un pensamiento muy crítico con el ser humano, las injusticias y la fatalidad de la muerte.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Existirá a Maddie?

Recebi este e-mail. Estarei a ficar LOUCO ou o MUNDO?

EU NÃO QUERO ACREDITAR NISTO!

MADDIE NUNCA ESTEVE EM PORTUGAL! PROVAVELMENTE NEM NUNCA EXISTIU!

Num relatório recente, elaborado por uma equipa de Investigadores Privados Europeus, concluiu-se não haver fundamento para o prosseguimento das buscas tendentes à localização de Madeleine McCann.

Tal relatório assenta em diversos depoimentos de clientes do Ocean Club, em Lagos (Portugal), no momento do alegado desaparecimento de Maddie e de muitos habitantes da Aldeia da Luz, os quais referem unanimemente nunca ter visto a família com três crianças, mas apenas com duas.

Tal facto tem sido escondido da opinião pública, sendo apenas conhecido das empresas de Comunicação que asseguram a boa imagem pública da família McCann.

O estudo, que sairá a público nos próximos dias, antecipava até a dúvida sobre a própria existencia da pequena Maggie.

Com efeito, tendo ficado demonstrado nos processo de investigação que Gerry não é o seu pai biológico, existem fortes indícios de que as amostras de ADN não sejam de qualquer criança, mas apenas de sua mãe.

Tal situação explica, segundo os investigadores, a correspondência do sangue encontrado no veículo automóvel alugado 21 dias depois do forjado "desaparecimento", com o da pretensa "mãe" de Maggie.

Por outro lado, e segundo revela o relatório, não há qualquer indício de que o casal tenha entrado em Portugal com três crianças, nem foi até agora descoberto qualquer registo de nascimento de alguma criança com o nome de Madeleine McCann, filha do casal.

Esta convicção dos investigadores assenta ainda em informações prestadas por amigos pessoais de Clarence Mitchel, porta-voz do casal McCann, e de alguns dos seus colaboradores directos.

Segundo estes, "Maggie" - figura imaginária - seria um instrumento para a criação de um fundo de solidariedade internacional, projecto há muito desenhado pelos McCann.

Obtido esse fundo, e resguardado o mesmo em sistema bancário seguro, os McCann contratariam gabinetes de comunicação e advogados dos paises envolvidos na operação com o fim de os protegerem de uma eventual retaliação por parte dos beneméritos do referido fundo.

Mas o relatório vai mais longe: o esquema da operação compreenderia um fundo visível e um fundo privado da família McCann, sendo que o montante que este geriria -e que corresponderia à maioria das dádivas -. seria apenas conhecido do casal.

Desta forma, o valor dos montantes doados levado ao conhecimento público seria substancialmente inferior ao efectivamente recebido.

Estes factos, aliás, são do conhecimento dos Governos dos países visitados pelos McCann no seu "road-show" para obtenção de fundos. Daí que o casal nunca tenha sido oficialmente recebido.

Note-se que, apesar de, em termos de opinião pública, ter sido referido que o Santo Padre Bento XVI teria recebido o casal em audiência privada, tal audiência nunca ocorreu, havendo apenas uma fotografia, sabiamente captada, na Praça de São Pedro, em Roma, na qual figura o casal McCann saudando o Papa quando este circulava a pé junto do público que semanalmente enche a referida Praça quando das audiências publicas.

As autoridades policiais estão a analisar com a máxima descrição este relatório, procurando encontrar conexões entre os doadores dos fundos com redes internacionais ligadas ao tráfico de armas e de estupefacientes e bem assim, a investidores imobiliários de Marrocos e do Sul de Espanha.

A ser verdade, este mundo enlouqueceu de vez!!!

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Potosí

La ciudad de la plata, la tercera más alta del mundo, recuerda al viajero, a golpe de hoja de coca, lo que fue, y lo que sigue siendo: un lugar mágico a la sombra de la legendaria montaña de Sumaq Orcko. Potosí, otrora la urbe más rica de América, ofrece al visitante paisajes inquietantes y le traslada a una era insaciable, la colonial.

terça-feira, 15 de junho de 2010

O parto da Moleira

O Fartura, moleiro de profissão nos Moinhos da Coruja, era pessoa de reles nomeada.
Chamavam-lhe assim por ironia cáustica, visto que de suas portas adentro sempre reinou a miséria, perpetuada por herança paterna. Ele próprio era a imagem da fome: meão de corpo e seco de carnes, de olhos avinagrados sumidos nas órbitas, cobriam-lhe o toutiço umas farripas de pêlos eriçados, ressumando carências. Tinha um génio assomadiço, que explodia por vezes em fúrias selváticas, ímpetos que ele acalmava sovando desalmadamente a mulher e os filhos. De igual trato padeciam os burricos, que diariamente alombavam os taleigos da farinha, encosta acima, a caminho da Terra-Chã. Duma vez, na ladeira das Rodelas, a um jerico famélico que se aninhou no trilho com peso da carga, e não pôde mais erguer-se, por falta de forças, ali mesmo lhe espetou uma navalha no pescoço, e escoiçou o sangue. A selvajaria deu brado e até meteu Justiça...
O demónio! Este Fartura.
Entretanto, no convívio com estranhos, ou comparsas de taberna, era cortês e de boas falas. Naquela manhã em que me bateu à porta vinha manso como um cordeiro:
«Senhor doutor, venho aqui para vossa «incelência» ter o incómodo de ir ver a minha mulher que está para dar à luz. Deu-lhe uma «coisa»: começou, com sua licença, a escoicinhar com os pés e as mãos, a revirar os olhos, e a escumar da boca... E ficou-se a roncar... Sem dar acordo de si...»
Já sei. Eclâmpsia.
Vamos lá.
E acompanhei o moleiro até aos Moinhos da Coruja, que ficam a montante da Ponte Nova na margem direita do Alva.
Pelo caminho o Fartura foi desfiando o seu rosário de desgraças: - «Duas ovelhas mortas com baceira; um suíno - com sua licença! - enterrado com malina; as «recolhenças» perdidas; e agora, a minha mulher...
É assim a vida dum pobre!
Só desandanças, senhor doutor! Só desandanças!...
Não me alembra dum Samiguel tão escasso...»
A residência era por cima dos moinhos. Por baixo, tamborilavam as mós e rugia o açude. Encontrei a moleira em coma profundo, estendida sobre uma cama, que ocupava por completo o cacifo de dormir.
Uma saleta contígua, que também servia de cozinha, era o único campo de manobra ao meu dispor. Enquanto os ferros fervem na lareira ao lado, observo a parturiente e ausculto o feto.
Este, manifesta sinais de sofrimento intenso. Para o salvar era preciso agir depressa. Duas mulheres que ali aparecem, por caridade, servem-me de ajudantes.
Com a rapidez possível, aplico o fórceps e extraio um cachopo em síncope, que consigo reanimar. Eu próprio o lavo, preparo, e deito ao pé da mãe, que continua em coma.
Regresso a casa com meia batalha ganha, mas preocupado. Nessa noite, pouco dormi, a pensar na moleira...
De manhã, volto aos moinhos, e encontro-a no mesmo estado. E o pequenito, a quem eu já queria bem, abandonado a um canto, embrulhado nuns trapos, quase morto.
Apercebo-me do que lhe iria acontecer e tomo uma resolução: meto-o debaixo do sobretudo e levo-o para minha casa, de presente a minha mulher, que o acolhe com alvoroço e simpatia.
Estávamos casados havia pouco tempo, e ainda não tínhamos filhos. Se a moleira morresse, seria aquele o primeiro, adoptivo. Deitámo-lo no nosso quarto. E entregue aos desvelos da minha mulher, o Farturita começou a agarrar-se à vida.
De noite, quando nos acordava a choramingar, eu dizia: - Quem sabe! Pode estar aqui um santo, um sábio, ou... um ladrão!... Seja o que for, tem o direito de viver. E viveu!
As minhas visitas aos Moinhos da Coruja prolongaram-se por uma semana, para tratar da moleira, injectar-lhe soro, tentar salvá-la. No sétimo dia, quando eu acabava de lhe injectar uma dose de soro, a mulher entreabre um olho, depois o outro, fita-me, e numa voz que parece vir do outro mundo, pergunta:
- «Quem é?»
- Sou o médico.
- «Ai!...»
E começa a palpar-se no ventre, que encontra diminuído, vazio...Conto-lhe o que aconteceu...
A moleira continua a palpar, agora na cama, dum lado, do outro, como quem procura alguma coisa, e a soluçar exclama:
- «E o meu filho! Morreu?»
- Não. Está em minha casa.
- «Ai!... Sim! Sim! No cemitério...»
- Não. Amanhã trago-lho.
No dia seguinte, levo o petiz à moleira. Esta, agarra-o, beija-o, mete-lhe a teta na boca, e aperta-o contra o coração, num íntimo abraço de duas vidas que acabavam de vencer a morte!
O Fartura, aproxima-se de chapéu na mão, e declara solenemente:
- «Senhor doutor, nem de rastos como as cobras posso pagar o que lhe devo! E sobre todos os favores, ainda quero pedir-lhe mais um: - Há-de ser o padrinho do cachopo.»
Fui efectivamente o padrinho e a minha mulher a madrinha. Contra a minha vontade, puseram-lhe o nome de Vasco.
Deveria ser Moisés!...
E assim saldou o Fartura a conta dos meus serviços...

Vasco de Campos - Serra, caminhos de um médico

domingo, 13 de junho de 2010

de JC ao Ceiroquinho - 2010 Edition

Cumpriu-se (ontem) mais uma edição de JC ao Ceiroquinho. Este ano o PR começou em Ceiroquinho (Largo da Fonte) e terminou em JC (sítio da Lavandeira).
O início do PR ficou marcado por um forte nevoeiro na Cumeada de Ceiroco, Covo e cruzamento para Fajão. Nesta parte da etapa o frio não deu tréguas aos 16 participantes. Chegados à Casa do Guarda Florestal, faltava um elemento que por tradição anda com "grande tranquilidade", mas desta vez foi necessário usar as nossas comunicações via satélite para saber do seu paradeiro. Dois elementos resolveram voltar atrás alguns metros, quando surge do nevoeiro (qual D. Sebastião) o caminheiro, para gáudio da turba!
Um elemento da Organização CG, chegou a comunicar com o nosso Heli, mas perante as condições climatéricas tornava-se perigoso levantar voo.
A partir desta altura a velocidade aumentou consideravelmente até porque a visibilidade era agora a perder de vista. Chegados à imponente Barragem de Sta Luzia e transposto o paredão, nova paragem para tomar uma café ou uma Sagres!
Do Casal da Lapa até JC por caminho florestal, a JC-Ceiroquinho 2010 Edition terminava com a bonita descida das Voltas em direcção ao rio Zêzere, por ponte pedonal para atingir a margem esquerda. A Organização (Manuela Margalha da Casa de Janeiro/Restaurante Fiado & Carlos Gama das Organizações Ceiroquinho (Clube Percursos) preparam já a 4.ª Edição, com data prevista para o segundo fim-de-semana de Junho de 2011.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

"Circus Christi"

La Fiscalía cree que el cierre de ‘Circus Christi' no fue censura. La muestra presentaba a un Jesucristo gay y a una Virgen prostituta

quinta-feira, 10 de junho de 2010

terça-feira, 8 de junho de 2010

Cuántas veces has pasado a mi lado, Dios mío, y no te he acogido!

«Señor, ¿cuándo te vimos hambriento o sediento
o forastero o desnudo
o enfermo o en la cárcel,
y no te asistimos?.
Y él entonces les responderá:
En verdad os digo
que cuanto dejasteis de hacer con uno de estos más pequeños,
también conmigo dejasteis de hacerlo.
E irán éstos al castigo eterno,
y los justos a la vida eterna.»
(Mat 25,44-46)

¡Cuántas veces me han dicho con una mirada, o explícitamente: "Llévame contigo"!
Me lo dice la perrita de la vecina, cada vez que me encuentra en el rellano de la escalera, al dirigirse hacia mi puerta y tocarla con su patita.
Me lo dice la alumna que ya no soporta seguir encerrada en el aula y me ve aparecer sonriendo.
Me lo dijo a la puerta de una iglesia y me estremezco al recordarlo un joven sin techo ni hogar, recién llegado de algún país africano.

Porque tuve hambre, y no me disteis de comer...
Siempre llevo prisa cuando vuelvo de visitar a Albert. Las calles peatonales, abarrotadas al venir, están ahora semidesiertas.
Un individuo con el pelo sucio y revuelto extiende la mano.
No llevo nada... (suelto) , musito sin detenerme.
¡Me faltan sólo 1.80 € para el bocadillo, y llevo horas! , oigo a mis espaldas.




Yolanda
Todos los días, hacia las once, suena un timbre estruendoso, se abren de golpe las puertas de las aulas, y los pasillos se inundan de niños y niñas. Gritan, corren y devoran generosos bocatas.
Yolanda estaba sola y pensativa.
No tienes muy buen aspecto. ¿Ya has comido algo hoy?
No.
Pues deberías desayunar. ¿Tienes dinero?
No... ¿me puedes prestar un euro?
Ten, dos euros.
Cinco minutos más tarde volvió, sonriente. Terminó lo que quedaba del bocadillo con un par de mordiscos y se sentó a mi lado.
¿Por qué no le dices a tu madre que te prepare algo para media mañana?
No...
Bueno, pues coge tú misma algo de la nevera.
No... ¿sabes qué pasa?
Y me contó que su madre tenía un problema con el alcohol, y que la nevera estaba vacía, y que había pasado unos días en un centro de acogida para menores... y que no quería volver allí.
A veces, hacia las once, mientras juegan por el patio, tomo prestada la guitarra del Departamento de Música y me escondo en una de las aulas vacías, o en el almacén de papel de Conserjería, para tocar un par de canciones. Siempre son las mismas, las que conozco desde hace años. Las he cantado centenares de veces, pero todavía necesito las partituras. Siempre las mismas... amarillentas por el paso del tiempo. Escogí "Mediterráneo", de Juan Manuel Serrat:
"A fuerza de desventuras, tu alma es profunda y oscura..."
Y entonces se coló Yolanda. Se sentó sin pedir permiso, sin decir nada. Esperó a que acabara la canción y dijo:
Me gustaría tener un padre como tú.
¡...!
Una florecita puede hacer añicos una roca, ¿verdad?
Una flor nacida en un basurero, quizá...
¿Y dónde está tu padre?
En la cárcel.

¡Cuántas veces has pasado a mi lado, Dios mío, y no te he acogido!

Que no me conforme con dar limosna.
Que sepa darme a quien me necesita.
Que vea tu rostro en los pobres.

XTEC

segunda-feira, 7 de junho de 2010

O Rei Crimson

King Crimson
Starless And Bible Black
In The Wake Of Poseidon
Sleepless
Este último é de ouvir e chorar por mais...Devo eu, sobrevivente desta terra, celebrar?
O meu lamento, a minha existência, alhures...

domingo, 6 de junho de 2010

Madain Saleh

Madain Saleh, also known as al-Hijr, is one of the best known archaeological sites in Saudi Arabia, located near Ula (previously known as Dedan), some 400 kilometers north of Madina. Madain Saleh was once inhabited by the Nabataeans some 2000 years ago, Petra (located in Jordan) being the capital of the Nabataean kingdom.

sábado, 5 de junho de 2010

Uma corrida moderna

Y ya se sabe: la casta exige mando; y la nobleza, calidad. Y no es fácil encontrar toreros modernos que estén a la altura de estas circunstancias.

Derroche de fijeza, casta y nobleza

"termitières"

La situación del Chad hace que las mujeres destrocen sus manos buscando hojas de 'savonnier' y asalten hormigueros.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Golpe mecânico

Esta es una historia curiosa si no fuera por la profunda tristeza que provoca. Tampoco es reciente. Trata de un árbol, un único árbol, el más solitario y aislado del planeta. También el más gafe. No había otro en 400 kilómetros a la redonda. Sobrevivía en el desierto del Teneré, en Níger, y era una acacia.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Deslumbrados com a paisagem

5 de Julho de 1942

"Por entre caminhos e veredas, hoje estradas, atravessando ou ladeando a Serra do Açor e de tal forma deslumbrados com a paisagem, quase nos esquecemos dos precipícios que acompanham a estrada que sai de Arganil: são 35 Km de surpresas sucessivas que terminam numa das mais antigas aldeias serranas de Portugal, o Piódão. Um percurso inesquecível pela Serra do Açor, em estradas estreitas mas extremamente bem sinalizadas. Descendo da Estrela para se unir à Lousã por entre o rio Alva e o rio Ceira, a Serra do Açor integra-se na cadeia montanhosa que corta Portugal transversalmente, estabelecendo o limite das serranias de altitudes elevadas que contrastam com as aplanadas orografia do Sul. O seu ponto mais alto, o Picoto do Piódão, chega a atingir os 1400 m de altitude. Pela EN 17, de Coimbra em direcção à Guarda, toma-se a estrada para Arganil, daí seguindo em direcção a Coja, pela estrada EN 342. De Coja para o Piódão, dois caminhos são possíveis: sem deixar a EN 344, passando por Cerdeira; ou, logo depois da aldeia de Pisão, seguindo pela estrada que surge à direita, em direcção a Benfeita, optando-se assim por fazer o caminho pela Paisagem Protegida da Serra do Açor. Situada na vertente Norte da Serra do Açor, a Paisagem Protegida da Serra do Açor, ocupa uma área de 346 ha e integra a Mata da Margaraça - Reserva Natural Parcial - e a Fraga da Pena - Reserva de Recreio. Na Fraga da Pena, adensa-se a vegetação e regala-se a vista com quedas d'água e pequenas lagoas que vão surgindo à medida que se sobem os penhascos, salpicados, aqui e além por rústicos bancos e mesas. Retoma-se a estrada alcatroada que termina logo depois de passada a aldeia de Pardieiros, iniciando-se aí o caminho de terra que atravessa a Mata da Margaraça. Num vale perdido da Serra do Açor, a mata verde é densa, sempre húmida, relembra ainda as florestas primitivas que durante séculos cobriam as serranias do Centro. A Mata da Margaraça constitui um raro testemunho da vegetação espontânea (e muito diversa) da paisagem serrana e uma importante reserva genética de vegetação e animais selvagens. Um testemunho quase único em Portugal de que as matas naturais têm uma vitalidade e riqueza em nada comparável às monótonas plantações de pinheiros ou de eucaliptos. Impõe-se um passeio a pé, para encontrar quedas d'água, degraus talhados na rocha que sobem ao longo da levada da água ou as raras casas agora reconstruídas, como a Casa da Eira, rusticamente mobilada à maneira de antigamente. Sempre fresca, sempre húmida e escorregadia, sempre verde. Passear pelo bosque e descobrir então um sem número de carvalhos e castanheiros, cerejeiras bravas e azevinhos, avelaneiras ou mesmo loureiros, e muitos outros arbustos como o medronheiro que, de tão antigo se fez árvore. Na mata ouvem-se os cucos, as rolas e as gralhas pretas ou as corujas, e entre os tufos de martagão, descobrem-se por vezes vestígios de doninhas e raposas, de genetas ou de javalis. 0 açor, que dá nome a Serra, paira ainda nos céus, ao lado do gavião ou da águia de asa redonda, pacientemente esperando alguma cria incauta que lhes sirva de repasto. As primeiras referências escritas a esta mata datam do séc. XIII, quando era propriedade dos bispos de Coimbra, mantendo-se assim até ao séc. XIX. Com o regime liberal, a Mata da Margaraça, já então designada por Quinta da Margaraça, passa primeiro para a posse do Estado, para logo de seguida ser vendida a particulares em hasta pública. Manteve-se desde sempre conservada, intocável, até que muito recentemente (1979) o seu último proprietário privado iniciou o corte dos majestosos castanheiros e carvalhos. A relação antiga, quotidiana, que as populações de Pardieiros, Monte Frio e Relva Velha mantinham com a mata, foi-se tornando apenas sentimental: abandonaram-se as azenhas e os fornos que enquadravam as tradicionais actividades humanas e desprezaram-se as quelhadas ou a courela de castanheiros antigamente explorados em regime de talhadio. Mas foi esta relação sentimental que salvou a mata da destruição total, quando as gentes de Pardieiros, sacrificando um valor tão básico para estas povoações isoladas, abriram valas na estrada, e impediram a passagem das camionetas e o desbaste da florestaEm Janeiro de 1983 a Quinta da Margaraça e adquirida pelo Estado e, por via do Dec.-Lei n.º 25/89, são oficialmente definidas medidas cautelares para esta Área de Paisagem Protegida da Serra do Açor. Cautelares mas não preventivas: não foram suficientes para prevenir o incêndio que, ateado nos pinhais da região, alastrou à mata e destruiu a orla do arvoredo, em cerca de dpis terços da sua superfície. Retoma-se então o caminho para o Piódão. Para trás ficou a mata verde e fresca, e eis que surge destacada, a mancha alva e cuidada de Monte Frio. Segue a estrada pelo alto amparada a um lado pela parede de xisto para logo no outro se perder na vertigem do precipício. Só depois do cruzamento de Porto da Balsa começa então o desfiladeiro da descida ao vale onde se esconde o Piódão. A imagem branca de Monte Frio ainda fresca na memória, e de repente substituída por essa escura incrustação de xisto arrancado da serra e desnudado no casario, onde se destaca a Igreja pintada de branco."

Documentos Sem Ordem