Antigamente ia daqui muita gente à Espanha à ceifa do trigo e do centeio. E para verem se ele já estava maduro, se era tempo de irem lá, foram para o Penedo Portelo.
Mas ainda não se via dali a Espanha.
Então lembrou o Pascoal: «Tragam cortiços, vamos fazer aqui uma torre de cortiços, uns em cima dos outros, até se ver o trigo na Espanha».
Assim fizeram.
Toda a gente levou cortiços para o Penedo Portelo, e quando a torre já estava muito alta, diz lá de cima o Pascoal:
« Eh! gente! Já quase se vê! Com mais um cortiço já se vê! Dêem cá mais um!»
Respondem cá de baixo:
«Já cá não há mais!»
E vai o homem lá de cima:
«Tirem o do fundo e dêem-mo cá».
Tiraram o cortiço do fundo, e nisto a torre tombou para a encosta fronteira, com o Pascoal lá em cima.
E foi marrar numa casa da povoação das Gralhas, deitando-lhe uma esquina abaixo.
E ainda lá está.
Nota:
A uma pessoa da Ponte de Fajão ouvi este conto com uma variante no final:
« O homem que estava no cimo da torre dos cortiços veio bater com a cabeça no rio Ceira, onde chamam a Gola Grande, e por isso é que lá está aquele grande poço que o homem fez com a cabeça.
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