Conta-se que o primeiro homem que viveu em Vale Derradeiro residia numa casa humilde. Certo dia deslocou-se a uma feira da região e, abeirando-se de uma tenda, começou por observar a mercadoria e naturalmente perguntar preços. O tendeiro, por sua vez, vendo a forma de vestir do nosso homem, que apenas ostentava uma samarra como objecto de vestuário mais valioso, pergunta-lhe:
- O que é que o «samarrica» quer se não tem dinheiro para comprar?!…
Recebeu o tendeiro como resposta:
-Fique o senhor sabendo que o «samarrica» é do Vale Derradeiro e se estivesse na minha terra comprava tenda e tendeiro!
Acontece que naqueles tempos abundavam os salteadores e para azar do nosso personagem dois encontravam-se ali a ouvir a conversa e provavelmente tê-lo-ão seguido até casa. Uma vez lá, sob ameaça à família do «samarrica», filhas e mulher, obrigou-o a entregar algumas moedas em ouro que o mesmo tinha escondidas no «açafate».
Já tinham os malfeitores saido de casa e o «samarrica», na intenção de acalmar os seus, diz: - Calma mulher que ainda nos resta o do cepo!
Os larápios, que haviam desconfiado haver mais ouro naquela casa, ficaram à escuta junto a uma janela e assim acabaram de "depenar" o nosso «samarrica».
Honra a todos os que foram ou tenham de ser «samarricas».
Sem comentários:
Enviar um comentário