Assunto: FW: Carta aberta de um estudante liceal grego (façam-na chegar ao Crato)
Date: Mon, 10 Jun 2013 23:07:47 +0100
Subject: Carta aberta de um estudante liceal grego (ff
«Nem de propósito... Tal Grécia, tal Portugal.
Carta aberta de um estudante liceal grego (Traduzida de "Echte Democratie Jetzt")»:
Aos meus professores... e aos outros:
O meu nome é K. M., sou aluno do último ano num liceu em Drapetsona, Pireu.
Decidi
escrever este texto porque quero exprimir a minha fúria, a minha
revolta pelo atrevimento e pela hipocrisia daqueles que nos governam e
daqueles jornalistas e media mainstream que os ajudam a pôr em prática
os seus planos ilegais e imorais em detrimento dos alunos, dos
estudantes e de todos jovens.
A
minha razão para escrever é a intenção dos meus professores de fazer
greve durante o período dos exames de admissão à Universidade e os
políticos e jornalistas que choram lágrimas de crocodilo sobre o meu
futuro, o qual "estaria em causa" devido à greve.*
De que falam vocês? Que espécie de futuro tenho eu devido a vocês? E quem é que verdadeiramente pôs em causa o meu futuro?
Deitemos uma vista de olhos sobre quem, já há muito tempo, constrói o futuro e toda a nossa vida:
- Quem construiu o futuro do meu avô?
-
Quem vestiu o seu futuro com as roupas velhas da administração das
Nações Unidas para a ajuda de emergência e reconstrução e o obrigou a
emigrar para a Alemanha?
- Quem governou mal e estripou este país?
- Quem obrigou a minha mãe a trabalhar do nascer ao pôr-de-sol
por 530 euros por mês? Dinheiro que, uma vez paga a comida e as contas,
nem chega para um par de sapatos, para já não falar num livro usado que
eu queria comprar numa feira de rua.
- Quem reduziu a metade o ordenado do meu pai?
-
Quem o caluniou, quem o ameaçou, quem o obrigou a regressar ao trabalho
sob a ameaça da requisição civil, quem o ameaçou de despedimento,
juntamente com todos os seus colegas dos serviços de transportes
públicos quando eles, que apenas queriam viver com dignidade, entraram
em greve?
- Quem procurou encerrar a universidade que o meu irmão frequenta para atingir alguns dos seus sonhos?
- Quem me deu fotocópias em vez de manuais escolares?
- Quem me deixa enregelar na minha sala de aula sem aquecimento?
- Quem carrega com a culpa de os alunos das escolas desmaiarem de fome?
- Quem lançou tanta gente no desemprego?
- Quem conduziu 4.000 pessoas ao suicídio?
- Quem manda de volta para casa os nossos avós sem cuidados médicos e sem medicamentos?
Foram os meus professores que fizeram tudo isto? Ou foram VOCÊS que fizeram tudo isto?
Vocês dizem que os meus professores vão destruir os meus sonhos fazendo greve.
Quem vos disse alguma vez que o meu sonho é ser mais um desempregado entre os 67% de jovens que estão no desemprego?
Quem
vos disse que o meu sonho é trabalhar sem segurança social e sem
horários regulares por 350 euros por mês, como determinam as vossas mais
recentes alterações às leis laborais?
Quem vos disse que o meu sonho é emigrar por razões económicas? Quem vos disse que o meu sonho é ser moço de recados?
Gostaria de dirigir algumas palavras aos meus professores e aos professores em toda a Grécia:
Professores,
vocês NÃO devem recuar um único passo no vosso compromisso para
connosco. Se recuarem agora na vossa luta, então sim, estarão
verdadeiramente a pôr em causa o meu futuro. Estarão a hipotecá-lo.
Qualquer
recuo vosso, qualquer vitória que o governo obtenha, roubará o meu
sorriso, os meus sonhos, a minha esperança numa vida melhor e em
combater por uma sociedade mais humana.
Aos meus pais, aos meus colegas e à sociedade em geral tenho a dizer o seguinte:
Quereis verdadeiramente que aqueles que nos ensinam vivam na miséria?
Quereis que sejamos moldados nas salas de aulas como mercadorias de produção maciça?
Quereis que eles fechem cada vez mais escolas e construam cada vez mais prisões?
Ides deixar os nossos professores sozinhos nesta luta? É para isso que nos educais, para que recusemos a nossa solidariedade?
Quereis
que os nossos professores sejam para nós um exemplo de respeito por nós
próprios, de dignidade e de militância cívica? Ou preferis que nos dêem um exemplo de escravidão consentida?
Finalmente, quereis que vivamos como escravos?
De
amanhã em diante, todos os alunos e pais deviam ocupar-se de apoiar os
professores com uma palavra de ordem: "Avançar e derrotar a tirania
fascista!"
Lutemos
juntos por uma educação de qualidade, pública e livre. Lutemos juntos
para derrubar aqueles que roubam o nosso riso e o riso dos vossos
filhos.
PS: Menciono as minhas notas do ano lectivo
2011/12, não por vaidade mas para cortar a palavra àqueles que
avançarem com o argumento ridículo de que "só quero escapar às aulas":
Comportamento do aluno: "Muito Bom". Classificação média: 20
("Excelente") [a nota mais alta nos liceus gregos].
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