"Considerando
obsoleto o seu pensamento explícito, Sá Carneiro fica assim reduzido
apenas a um actor político, que combateu o PCP no PREC, combateu Eanes e
o Conselho da Revolução, combateu Soares e o PS, foi criador e
primeiro-ministro da AD, reduzindo-se os seus actos a uma espécie de
gramática da acção, sem o léxico e a semântica das suas ideias
políticas. Ora, se há coisa em que Sá Carneiro não queria que existisse
nenhuma dúvida, era que actuava baseado em princípios políticos, ideais e
tradições, pelo que não pode ser reduzido, como foi por Passos Coelho, a
um lutador contra o défice e a dívida, ele que nunca admitiria que
Portugal pudesse ser um “protectorado”, ou que o poder do Parlamento e
da soberania popular dos portugueses fosse “automaticamente” deslocado
para a burocracia europeia. Tirar-lhe esta identidade é matá-lo pela
segunda vez".
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