quarta-feira, 23 de novembro de 2005

5 de Julho de 1942

Sábado, Julho 12, 2003
Piódão. A serra do Açor / 1
Por entre caminhos e veredas, hoje estradas, atravessando ou ladeando a Serra do Açor e de tal forma deslumbrados com a paisagem, quase nos esquecemos dos precipícios que acompanham a estrada que sai de Arganil: são 35 Km de surpresas sucessivas que terminam numa das mais antigas aldeias serranas de Portugal, o Piódão.

Um percurso inesquecível pela Serra do Açor, em estradas estreitas mas extremamente bem sinalizadas.

Descendo da Estrela para se unir à Lousã por entre o rio Alva e o rio Ceira, a Serra do Açor integra-se na cadeia montanhosa que corta Portugal transversalmente, estabelecendo o limite das serranias de altitudes elevadas que contrastam com as aplanadas orografia do Sul.

O seu ponto mais alto, o Picoto do Piódão, chega a atingir os 1400 m de altitude.

Pela EN 17, de Coimbra em direcção à Guarda, toma-se a estrada para Arganil, daí seguindo em direcção a Coja, pela estrada EN 342.
De Coja para o Piódão, dois caminhos são possíveis: sem deixar a EN 344, passando por Cerdeira; ou, logo depois da aldeia de Pisão, seguindo pela estrada que surge à direita, em direcção a Benfeita, optando-se assim por fazer o caminho pela Paisagem Protegida da Serra do Açor.

Situada na vertente Norte da Serra do Açor, a Paisagem Protegida da Serra do Açor, ocupa uma área de 346 ha e integra a Mata da Margaraça - Reserva Natural Parcial - e a Fraga da Pena - Reserva de Recreio.

Na Fraga da Pena, adensa-se a vegetação e regala-se a vista com quedas d'água e pequenas lagoas que vão surgindo à medida que se sobem os penhascos, salpicados, aqui e além por rústicos bancos e mesas.

Retoma-se a estrada alcatroada que termina logo depois de passada a aldeia de Pardieiros, iniciando-se aí o caminho de terra que atravessa a Mata da Margaraça.

Num vale perdido da Serra do Açor, a mata verde é densa, sempre húmida, relembra ainda as florestas primitivas que durante séculos cobriam as serranias do Centro.

A Mata da Margaraça constitui um raro testemunho da vegetação espontânea (e muito diversa) da paisagem serrana e uma importante reserva genética de vegetação e animais selvagens. Um testemunho quase único em Portugal de que as matas naturais têm uma vitalidade e riqueza em nada comparável às monótonas plantações de pinheiros ou de eucaliptos.

Impõe-se um passeio a pé, para encontrar quedas d'água, degraus talhados na rocha que sobem ao longo da levada da água ou as raras casas agora reconstruídas, como a Casa da Eira, rusticamente mobilada à maneira de antigamente. Sempre fresca, sempre húmida e escorregadia, sempre verde.

Passear pelo bosque e descobrir então um sem número de carvalhos e castanheiros, cerejeiras bravas e azevinhos, avelaneiras ou mesmo loureiros, e muitos outros arbustos como o medronheiro que, de tão antigo se fez árvore.
Na mata ouvem-se os cucos, as rolas e as gralhas pretas ou as corujas, e entre os tufos de martagão, descobrem-se por vezes vestígios de doninhas e raposas, de genetas ou de javalis.

0 açor, que dá nome a Serra, paira ainda nos céus, ao lado do gavião ou da águia de asa redonda, pacientemente esperando alguma cria incauta que lhes sirva de repasto.

As primeiras referências escritas a esta mata datam do séc. XIII, quando era propriedade dos bispos de Coimbra, mantendo-se assim até ao séc. XIX. Com o regime liberal, a Mata da Margaraça, já então designada por Quinta da Margaraça, passa primeiro para a posse do Estado, para logo de seguida ser vendida a particulares em hasta pública. Manteve-se desde sempre conservada, intocável, até que muito recentemente (1979) o seu último proprietário privado iniciou o corte dos majestosos castanheiros e carvalhos.

A relação antiga, quotidiana, que as populações de Pardieiros, Monte Frio e Relva Velha mantinham com a mata, foi-se tornando apenas sentimental: abandonaram-se as azenhas e os fornos que enquadravam as tradicionais actividades humanas e desprezaram-se as quelhadas ou a courela de castanheiros antigamente explorados em regime de talhadio. Mas foi esta relação sentimental que salvou a mata da destruição total, quando as gentes de Pardieiros, sacrificando um valor tão básico para estas povoações isoladas, abriram valas na estrada, e impediram a passagem das camionetas e o desbaste da floresta
Em Janeiro de 1983 a Quinta da Margaraça e adquirida pelo Estado e, por via do Dec.-Lei n.º 25/89, são oficialmente definidas medidas cautelares para esta Área de Paisagem Protegida da Serra do Açor. Cautelares mas não preventivas: não foram suficientes para prevenir o incêndio que, ateado nos pinhais da região, alastrou à mata e destruiu a orla do arvoredo, em cerca de dpis terços da sua superfície.

Retoma-se então o caminho para o Piódão. Para trás ficou a mata verde e fresca, e eis que surge destacada, a mancha alva e cuidada de Monte Frio. Segue a estrada pelo alto amparada a um lado pela parede de xisto para logo no outro se perder na vertigem do precipício. Só depois do cruzamento de Porto da Balsa começa então o desfiladeiro da descida ao vale onde se esconde o Piódão. A imagem branca de Monte Frio ainda fresca na memória, e de repente substituída por essa escura incrustação de xisto arrancado da serra e desnudado no casario, onde se destaca a Igreja pintada de branco.


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Sexta-feira, Julho 11, 2003
Documentos de um povo / 1
A Comissão de Melhoramentos de Ceiroquinho , colectividade regionalista de grandes tradições na freguesia de Fajão , fundada em 1942 , realizou no passado Domingo , na Casa do Concelho de Pampilhosa da Serra , o seu tradicional almoço de confraternização , seguido da Assembleia Geral para prestação de contas .

Na mesa de honra , presidiu o Sr. Aurélio dos Santos , Presidente da assembleia geral , ladeado pelos Srs. Maico dos Santos , já restabelecido de recente doença ; Américo Pereira , também fundador da comissão ; Arlindo de Almeida Esteves , D. Isaura Fernandes e António Manuel Fernandes da Liga Pró-Melhoramentos da Freguesia de Fajão ; Aníbal Ramos e Manuel Ramos , que vieram do Porto com as famílias; Arménio Ramos , Abel Martinho , Américo Alves , Dr. António de Jesus Fernandes , Arménio Pereira , António da Costa Dias , este da colectividade de Porto Vacas ; Carlos Manuel Ramos Espírito Santo da delegação da Liga de Melhoramentos de Janeiro de Baixo e António Lopes Machado em representação da Imprensa Regional .

O almoço confeccionado e servido por voluntários da localidade , geralmente profissionais no ramo , decorreu com razoável número de presenças e um significativo sentido de convívio e solidariedade.

O primeiro orador foi o jovem Rolando Vicente Nunes , presidente da direcção , que começou por justificar o local da realização do almoço , com um cozido à portuguesa à boa maneira regional .

Surgiram dificuldades com as cozinheiras devido a situações de saúde , mas tudo se resolveu da melhor maneira graças à boa vontade de vários que se prontificaram a colaborar , para os quais pediu uma salva de palmas , de bom grado concedida .

Disse que tudo isto dá muito trabalho mas que assim liga mais os naturais e oriundos à terra , dizendo desejar mais jovens na direcção .

A todos agradeceu a boa vontade em dar a colaboração desejada .

O Dr. António de Jesus Fernandes disse que aquele era um dia de grande alegria para os ceiroquinhenses , ao comemorarem os 58 anos da sua colectividade , e disse que acabara de publicar um novo livro , agora de contos , sobre a região serrana da freguesia de Fajão , que dedicava a todos aqueles « que na serra trabalharam , viveram , amaram e sonharam por uma boa sorte , nem sempre conseguida » .

O Sr. Silvério Nunes agradeceu a todos que ali vieram conviver naquele encontro de ceiroquinhenses , sublinhando que é raro encontrar uma aldeia com tantos jovens que se prontificam para colaborar nestes encontros , o que para todos constitui um orgulho .

Só um grande sentido de solidariedade tornou possível a organização e realização daquele almoço – concluiu .

O Sr. Aníbal Ramos , que veio do Porto , referiu-se com agrado aos jovens do Ceiroquinho e disse que « a nossa terra dá bons frutos » . Recordou o amor que todos têm ao seu Ceiroquinho e disse ter pena que os seus filhos não estivessem também .

Américo Alves , um homem frontal e directo , fez um brilhante discurso , começando por dizer que esteve a olhar para aquelas paredes da Casa concelhia e que ela tem praticamente a idade da Comissão de Melhoramentos de Ceiroquinho , terra que deu grandes regionalistas .

O que aqui foi dito , os homens que por aqui passaram e aquilo que nas nossas terras foi feito , davam uma longa história – sublinhou .

Enalteceu o trabalho dos regionalistas e a luta pelas nossas aldeias serranas , pobres e desertificadas .

Ainda não temos uma estrada condigna que nos tire do nosso isolamento .

Temos governantes que se preocupam com o que se passa noutros países mas não se preocupam com as carências com que se vive nas nossas aldeias – sublinhou .

Só somos lembrados quando há eleições , mas nessas alturas deviam ir a pé para verem o que nos falta – sublinhou .

O Sr. Américo Pereira foi um dos fundadores da Comissão e recordou velhos tempos e velhos companheiros , alguns já desaparecidos e de que pouco se fala , como Artur Fernandes de Campos , Manuel Nunes Ramos ( fazia a cobrança e nunca queria comissão ) , António Alexandre , Eduardo dos Santos , entre outros , como António Nunes de Almeida e Eduardo Custódio .

Os tempos eram difíceis e para esses homens teve uma palavra de apreço e de saudade .

A D. Isaura Fernandes começou por se dirigir especialmente ao Sr. Maico dos Santos , manifestando a sua satisfação por já o ver ali após grave doença .

Aludiu depois e com simpatia aos jovens do Ceiroquinho , que estão a colaborar no movimento regionalista , designadamente ao presidente da direcção , filho do Silvério , que bem segue os exemplos do pai .

Duma maneira geral , os ceiroquinhenses ( aliás , os fajaenses ) são assim .

Desejou ao jovem Alfredo Brás , de Covanca , que vai partir para Timor em missão de paz e é um dos dirigentes da sua colectividade regionalista , boa sorte e felicidades .

E terminou por dizer que esta juventude tem bons professores . O Sr. Arlindo de Almeida Esteves , da Liga da Freguesia de Fajão , saudou especialmente Maico dos Santos , um obreiro do Regionalismo , há pouco tempo saído do Hospital de Santa Maria , tal como sua esposa , D. Lurdes , que é pena não poder ainda estar ali .

Recordou velhos regionalistas da freguesia , como Manuel dos Santos Graça e Manuel Alves e protestou contra os governos que têm ignorado as nossas carências nas aldeias serranas.

O Ceiroquinho é um exemplo , pois a Liga de Fajão chegou ao fim do mandato sem conseguir uma lista de novos corpos gerentes – acrescentou . E por fim , disse que a 9 de Abril – uma data histórica – a Liga de Fajão terá ali o seu almoço , onde espera ver os fajaenses em geral.

Maico dos Santos , por todos saudado com amizade , disse que tem vivido ao longo da sua vida , que já vai longa , grande entusiasmo pelo movimento regionalista serrano e duma maneira especial no que se refere a Ceiroquinho .

É para si uma grande satisfação poder estar ali e a todos agradeceu penhorado o interesse com que se interessaram pelo seu estado de saúde, bem como de sua mulher – disse . Pediu a Deus para que no próximo ano ali possamos estar de novo e recordou os tempos da fundação da Comissão , em que participou com Manuel Alves , André e António Alexandre , António e José Nunes , José Francisco , entre outros .

Ceiroquinho foi sempre uma terra de grande entusiasmo pelo movimento regionalista – sublinhou . Em nome das representações da Mata , Cavaleiros e Casal de S. José , apresentou saudações a todos os presentes .

Disse ainda que é sócio de 37 colectividades , que lê sempre com muito agrado as crónicas do nosso redactor António Lopes Machado em A Comarca de Arganil , e que o Dr. António de Jesus Fernandes apresentava ali o seu novo livro de contos - « Contos de Serra Verde » - que os serranos da região deviam adquirir pelo interesse que ele revela .

Encerrou , finalmente , o presidente da mesa de honra , Sr. Aurélio dos Santos , que começou por recordar que há 58 anos atrás se formou a Comissão de Melhoramentos de Ceiroquinho e que poucos são os que hoje têm a sorte de se encontrar ali . « Eles são um testemunho vivo e autêntico do muito que fizeram e por isso os devemos homenagear com o nosso carinho e gratidão e formulando votos para que continuem vivos » - sublinhou . « O tempo corre veloz , os factos e os acontecimentos , a transformação das sociedades e das pessoas é tão rápida que quase não nos dá tempo para pensar , para reflectir e até para meditar e sonhar » - acrescentou .

Aludiu aos tempos difíceis da vida de há 50/60 anos , acrescentando que foi para si agradável viver ali aquele dia com todos os seus conterrâneos presentes , « num lugar que também é nosso e dos nossos associados » .

Elogiou aquele almoço confeccionado por conterrâneos ( homens ou mulheres do Ceiroquinho ou dali oriundos ) e a todos manifestou o seu apreço .

A todos agradeceu a sua presença , sem esquecer os representantes das colectividades amigas e a direcção daquela Casa concelhia que lhes concedeu facilidades , bem como a presença do representante da Imprensa Regional de Arganil .

Agradeceu ainda o Diploma de Honra que a casa concedeu à Comissão de Melhoramentos de Ceiroquinho .

Seguiu-se a assembleia geral da Comissão para apresentação de contas .

Notícia transcrita de A Comarca de Arganil AGRADECIMENTOS À Casa Concelhia pela a disponibilidade de ceder as instalações para o nosso almoço .

Às 116 pessoas que compareceram ao nosso almoço e que contribuíram para uma grande jornada regionalista e de confraternização de todos ceiroquinhenses em que deixaram nos cofres da Direcção um lucro de 130.000$00 (cento e trinta mil escudos ) .

Às representações de outras Terras conterrâneas , entre as quais Fajão , Mata , Cavaleiros , Casal de S. José , Ribeiro , Porto Vacas , Janeiro de Baixo e de Cima e outras.

A todos os ceiroquinhenses que nos ajudaram , a que nos fosse possível servir um grande almoço digno dos presentes. Em especial : Às Senhoras D. Miquelina Martinho e D. Silvéria Santos que se prontificaram em substituir as cozinheiras que por motivo de força maior não puderam estar presentes .

Aos Senhores Abel Ramos e José Almeida Santos pela oferta de vários produtos para o enriquecimento do nosso almoço . À Imprensa Regional pela cobertura que fez ao nosso almoço e Assembleia Geral .

Novos Corpos Gerentes para o ano 2000

Assembleia Geral

António de Jesus Fernandes

Silvério Nunes

Maria do Rosário Nunes Ramos

Direcção

Rolando Vicente Nunes

Rui Miguel Martins dos Santos

Silvia Maria Nunes Ramos

António Jorge Amareleja Fernandes

Fernando Vicente Nunes

Gracinda Alexandre Carvalho Alves

Ana Paula de Almeida Campos

Concelho Fiscal

Maico dos Santos

Américo Alves

José Almeida Santos

Lisboa,28-02-2000.


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Quinta-feira, Julho 10, 2003
O Contrato de Justino
...ser moderno é a única coisa que não podemos evitar.(...) O sistema fica desfocado quando não foca o professor. (...) muitos professores portugueses conseguem actos de verdadeiro heroísmo.(...) Sou defensor da escola pública. O grande progresso educativo da Europa deu-se quando erradicou o analfabetismo através da escola pública...(...)

(Carlos Fiolhais, Catedrático da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra)

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Os trabalhos de uma comunidade
1942 - 1992 / HISTORIA da Comissão de Melhoramentos de Ceiroquinho

(Documento integral)

Devido ao grande surto de emigração dos Ceiroquinhenses principalmente para Lisboa e outras cidades e estrangeiro , estes fundaram em Lisboa , em 5 de Julho de 1942 , uma Comissão de Melhoramento para unir os Ceiroquinhenses e promover alguns melhoramentos na sua aldeia .

A sua obra desde 1942 até hoje é digna de realce .

As principais obras são:

1943- Levantamento das estrumeiras e pavimento das ruas .

1950- Conclusão de uma estrada de ligação a Fajão que permitiu o acesso do primeiro automóvel em 4 Fevereiro.

1952- Construção de um chafariz público .

1952- Instalação do telefone público .

1953- Construção da estrada da lomba das porcas .

1956- Estrada da lomba da missa .

1959- Rectificação e alargamento da estrada da lomba da missa para nela circularem autocarros .

1968- Construção dum jardim público e fonte .

1972- Electrificação da povoação .

1975- Construção dum largo no centro da povoação .

1982- Construção de uma piscina para adultos e para crianças e um lavadouro público .

1983- Caminho de acesso à piscina .

1986- Abertura de um estrada de ligação à povoação de Boiças .

1987- Revestimento da piscina em azulejos .

1988- Alcatroamento da estrada da lomba da missa pela Câmara Municipal .

1994- A casa de Cultura e Recreio foi posta ao serviço da aldeia depois de uma grande reparação da escola primária .

1997- Foi inaugurado um parque de merendas à volta da Casa de Convívio com : Coreto , Churrasqueira , Casas de banho e Arrecadação .

A Comissão de Melhoramentos de Ceiroquinho foi fundada em 9 de Julho de 1941, mas só foi oficializada em 5 de Julho de 1942.

Foi portanto em 1942 que começou a sua actividade. Nos seus 50 anos de existência, a Comissão de Melhoramentos de Ceiroquinho esteve sempre em intensa actividade, como provam os livros de actas da assembleia geral, os de autos de posse e os diversos livros de actas e escrituração das direcções.

Todos os anos as direcções fizeram, como mandam os estatutos, a sua assembleia geral ordinária para apresentar aos sócios o relatório e contas da sua actividade, prova evidente do grande interesse para resolver os problemas mais candentes da povoação de Ceiroquinho.

No decorrer dos já 50 anos de existência nem tudo foram rosas e os ceiroquinhenses tiveram de vencer muitos escolhos, muitas dificuldades, muitos atropelos, muitas invejas, muitas desilusões... Quais foram as causas que levaram os ceiroquinhenses residentes em Lisboa a fundarem a sua Comissão de Melhoramentos?

Em tudo em que os homens tomam decisões, para levar à prática os seus ideais na resolução de problemas concretos, há sempre a considerar causas remotas e causas próximas.

Há sempre um motivo, uma ideia, força comum que estimula as pessoas. Assim, a constituição da Comissão de Melhoramentos de Ceiroquinho, na nossa óptica, também teve as suas causas remotas e causas próximas.

São essas causas remotas e próximas, como a intensa actividade desenvolvida durante a sua existência, que vamos tentar desenvolver, assim como o empenho no progresso de Ceiroquinho e região serrana e a sua lealdade, nunca posta em dúvida no meio regionalista, em tudo o que Ihe foi pedido pelas autarquias locais e organismos particulares.

O Regionalismo é uma prática bela quando os homens sabem ser homens, trabalhar com franqueza, lealdade e transparência. Vamos pois narrar, embora de forma sucinta, esta longa caminhada de meio século de intensa actividade da Comissão de Melhoramentos de Ceiroquinho.

As causas que levaram os ceiroquinhenses residentes em Lisboa à fundação da sua Comissão de Melhoramentos de Ceiroquinho foram muitas e variadas, umas remotas outras próximas. Causas remotas - Já em 1923, para não recuarmos mais longe no tempo, os ceiroquinhenses residentes em Ceiroquinho, Lisboa e Estados Unidos, em perfeita união e espírito de sacrifício, construíram uma nova capela no cimo da povoação, em substituição da existente no fundo da mesma, bastante pequena e construida há mais de trezen- tos anos pelos nossos antepassados.

Era então mordomo de Santo António José Francisco e foi ele o grande impulsionador deste melhoramento digno de realce.

Decorreram a]guns anos e em 1930 uma comissão composta por Américo Fernandes, José Francisco, António Nunes, Manuel Fernandes de Campos, António Francisco e Adelino Alves con- seguiu levar a efeito a construção de uma estrada carreteira entre a rua da Ribeira e Fonte das Salgueiras, tendo a Câmara Municipal de Pampi- lhosa da Serra dado um subsídio de mil escudos para o pagamento das expropriações dos terrenos por onde passava a dita estrada feita somente pelos habitantes de Ceiroquinho.

Em 1937 os ceiroquinhenses decidiram construir uma escola em Ceiroquinho, com residência para os professores, a qual estava pronta a ser inaugurada em 1938.

Para este importante melhoramento todos os ceiroquinhenses espalhados pelo mundo cerraram fileiras, numa união e num querer impressionantes que desorientou descrentes e convenceu incrédulos.

O movimento foi tão forte que não houve dificuldades e critícas (e foram tantas!) que não se vencessem.A escola, com residência para a professora, foi depois doada pela povoação de Ceiroquinho à Camara Municipal de Pampilhosa da Serra e considerada nesse tempo a segunda melhor do concelho.

Foi um grande triunfo para os ceiroquinhenses a construção da sua escola. Nela aprenderam a ler e escrever muitas gerações e, por isso, os ceiroquinhenses têm por ela uma estima, um carinho e um amor mnito grande.

Naquela casa todos têm a sua pedra, pedra sagrada, simbolo da fé da tenacidade e união dos ceiro- quinhenses.

A escola custou algumas dezenas de contos e o Estado apenas deu 4 contos para a compra do mobiliário e a Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra 1.000$00. O resto foi produto de subscrição entre os ceiroquinhenses e dias de trabalho ofere-cidos graciosamente pelos habitantes de Ceiroquinho, enquanto o terreno onde foi construída foi oferecido por Américo Fernandes.

Faziam parte da Comissão José Francisco, Joaquim Francisco e Manuel Pereira dos Santos.

Em 1939 foram construídas duas pontes na ribeira, o caminho para a fonte, fonte velha e ainda uma rua que circunda a povoacão pelo lado nascente. Para custear estes importantes melhoramentos, que orçaram em algumas dezenas de contos, foi vendida uma cinta de cepas para carvão nos limites de Ceiroquinho, por seis mil escudos e o resto foi produto de subscrição e de muitos dias de trabalho oferecidos graciosamente pelos ceiroquinhenses.

Todos estes melhoramentos, grandes e importantes sem dúvida para a época, constituem na nossa opinião as causas remotas da nossa Comissão.

Causas actuais - Devido a uma chama entusiástica que fez autênticos milagres nessa década dos anos trinta, em que os recursos eram escassos e a vida difícil, foi de facto uma era de ouro para o progresso de Ceiroquinho, porque grandes horizontes se abrirarn, principalmente para a geração mais jovem.

Os ceiroquinhenses, desejosos de prosseguirem na senda do progresso, acharam por bem organizar uma Comissão. Foi em Lisboa onde a ideia se concretizou devido à grande colónia ceiroquinhense aqui residente.

Entusiasmados por amigos de outras terras que já tinham a sua Comissão organizada e oficializada, os ceiroquinhenses resolverarn também fundar a sua colectividade devidamente organizada, que veio a orientar os destinos de Ceiroquinho e substituir as Comissões que se improvisavam sempre que se iniciava qualquer melhoramento e se dissolviam após a sua conclusão. Por isso, o aparecimento da Comissão de Melhoramentos de Ceiroquinho não foi mais que a concretização da obra construtiva que se vinha realizando no decorrer de cerca de vinte anos.

Como apareceu, afinal, a Comissão de Melhoramentos de Ceiroquinho?

Alguns fundadores que contactamos são unânimes em afirmar que não houve individuali-dades a destacar no processo da fundação da colectividade. A ideia partiu dum imperativo que animava a alma dos ceiroquinhenses, bastava que alguém agitasse a idela.

Foi o incansável regionalista Manuel Alves que deu o grito de chamada, convocando os ceiroquinhenses para uma reunião que teve lugar numa sala da Leitaria Alegrete, em Lisboa, onde compareceram muitos ceiroquinhenses e onde esteve presente o grande jornalista Luis Ferreira (Ti Luis), que foi mais tarde sócio da nossa colectividade.

Esta reunião foi preparatória a fim de saber a opinião dos ceiroquinhenses. A ideia foi bem aceite e foi marcada nova reunião para o dia 9 de Julho de 1941, na rua Capelo, onde se fundou a Comissão para agrupar todos os ceiroquinhenses.

Em 5 de Junho de 1942 a Comissão de Melhoramentos era oficializada, sendo a sua primeira gerência assim constituida: Assembleia Geral - André Alexandre, presidente; e Maico dos Santos e Eduardo dos Santos, secretários. Direcção - Manuel Alves, presidente; Manuel Nunes Ramos, vice-presidente; Manuel dos Santos Graça e Américo Pereira, secretários; António Alexandre, tesoureiro; e Anibal Vicente dos Santos e Manuel de Almeida, vogais. Conselho Fiscal - António Pereira, presidente; José Nunes de Almeida, se-cretário; e António Pereira dos Santos e Manuel Antunes, vogais.

A Comissão estava organizada com todos os seus orgãos eleitos nesse dia, 5 de Junho de 1942.

Uma grande esperança reinava em todos os ceiroquinhenses porque iam iniciar uma difícil caminhada. Reportamo-nos agora ao ano de 1942. em que a Comissão iniciou a sua actividade. Nessa época de Guerra Mundial as coisas não eram faceis em Portugal, mas o grande amor dos ceiroquinhenses pela sua aldeia e a grande união existente na colónia em Lisboa suplantavam todas as dificuldades encontradas.

Neste primeiro ano, apesar dos seus escassos recursos financeiros, a Comissão contribniu com 927$00 para a reparação da escola e da estrada da Lomba da Missa. Recebeu um subsidio de 800$00 dos ceiroquinhenses residentes nos Estados Unidos e 3.940$00 da Junta de Freguesia de Fajão.

Com estes donativos pôde a Comissão iniciar já alguns melhoramentos de maior importância para Ceiroquinho.

Apareceu o ano de 1943 e a Comissão manda arranjar algumas ruas da povoação, onde gastou 232$00, e mandou construir a Ponte dos Palheiros, que custou 818$68. Os ceiroquinhenses comemoraram o primeiro aniversàrio da sua Comissão no dia 8 de Agosto com justificada alegria.

O tempo corria e o ano de 1944 aí estava.

A Comissão não dispunha de verbas para fazer obras de grande vulto. A receita era a quotização dos sócios e as pessoas viviam com alguma dificuldade. Este ano a Comissão criou uma Comissão de Beneficência, que distribuiu durante alguns anos vários donativos aos ceiroquinhenses mais carecidos.

Eram os pobres a dar aos mais pobres, num gesto de solidariedade e humanidade que é digna de registo.

No final deste ano de 1944 a Comissão apresentava um saldo de 3.092$20.

A gerência de 1945 teve uma acção bastante activa e digna de realce. Fez uma exposição à nossa autarquia dos melhoramentos mais urgentes que Ceiroquinho carecia.

Em 31 de Julho reuniu em sessão extraordindria e deliberou oficiar à Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra para incluir nos melhoramentos rurais a Estrada da Lomba das Porcas e os arruamentos.

Melhoramentos que eram tidos como prioritários nesse tempo. Trabalho muito meritório, sem dúvida, mas que foi infrutífero, pois os me-lhoramentos citados foram praticamente suportados pelos cofres da Comissão, como teremos oportunidade de apresentar.

A Câmara deu um donativo de 1.000$00 e a Junta de Freguesia de Fajão, 11.636$00. Foi neste ano que a Comissão se lançou na sua maior obra - a estrada da Lomba das Porcas - que ligava Ceiroquinho à estrada Rolão-Fajão.

Este empreendimento canalizou quase toda a verba que a Comissão conseguiu obter até 1953, data da sua inauguração. No entanto, nesse periodo de oito anos a Comissão mandou executar variadissimos melhoramentos, mantendo-se sempre em grande actividade.

No final do ano de 1945 o balancete apresentava um saldo positivo de 14.930$75.

A caminhada inicinda em 1942 ia continuar com redobradas energias e grande esforço pelos ceiroquinhenses: Apareceu o ano de 1946 e a primeira iniciativa da gerência deste ano foi pedir aos serviços de urbanização de Coimbra para que incluissem no ano corrente o chafariz para comparticipação, visto já se encontrar o projecto naquele organismo há alguns anos.

O dito chafariz no centro da povoação só viria a ser comparticipado em 1948, após persistentes diligências junto daquele organismo público.

Mas a vontade dos ceiroquinhenses não tem limites e a sua paciência jamais tem fim.

Calejados pela dureza da Serra, o desânimo ??? coisa que não entra nos seus hábitos de intrépidos lutadores. Neste ano foi reparado o caminho para o Açor das Boiças (lugar vizinho e muito amigo de Ceiroquinho), onde se gastaram 250$00.

Em melhoramentos em Ceiroquinho gastou 4.041$75 e no final do ano a Comissão tinha um saldo de 9.814$45.

No ano de 1947 os trabalhos da estrada da Lomba des Porcas seguiam em bom ritmo, gastando-se mais 8.020$00.

Estamos em 1947 e só quem viveu os problemas serranos desta época, onde quase nada havia de progresso, e também as grandes dificuldades em angariar fundos, poderá avaliar o esforço que todas as colectividades tinham de desenvolver para fazer qualquer melhoramento, mesmo pequeno que fosse, quanto mais uma estrada com alguns quilómetros.

Tenhamos presente que a quotização da Comissão (única fonte de receita) não ia além de 3 mil escudos anuais.

No final deste ano a Comissão tinha um saldo de 4.448$45.

O ano de 1948 foi de grande esperança para os ceiroquinhenses, pois foram iniciados os trabalLos de captação de água (1.º fase), subsidiados pelo Estudo no montante de 15.670$50. Este melhoramento, há tantos anos esperado, ia ser uma realidade e foi inaugurado em 1953.

A Comissão e os ceiroquinhenses seguiram com muito interesse durante a longa espera de cinco anos este útil melhoramento para Ceiroquinho. Neste ano apenas se gastaram 360$00 com a estrada da Lomba des Porcas. No final do ano as contas apresentavam um saldo de 7.410$90.

Um ano finda, logo outro começa e a Comissão vai procurando melhorar as condições de vida da nossa aldeia. Os trabalhos da estrada da Lomba das Porcas neste ano de 1949 seguem em bom ritmo, gastando-se nela 6.582$00. Nos arruamentos gastou também 2.110$50 e recebeu um subsídio de 2.500$00 da Junta de Freguesia.

É de salientar o esforço dos ceiroquinhenses em construir a sua estrada e ao mesmo tempo os arruamentos, sendo Ceiroquinho das primeiras terras do concelho de Pampilhosa da Serra a levantar as estrumeiras nas ruas da povoação.

O hábito de colocar matos nas ruas, para fazer estrume, era uma prática bastante arreigada na mentalidade das gentes serranas e que era foco de muitas doenças.

Os ceiroquinhenses compreenderam a situação e todos colaboraram nessa ideia colectiva de fazerem da sua aldeia uma aldeia lavada, limpa e progressiva.

Hoje orgulha-se de ter as ruas mais limpas do concelho e quem tiver dúvidas que faça uma visita a Ceiroquinho para ver e apreciar.

No final deste ano, a Comissão apresentava um saldo de 7.097$10.

E a grande caminhada vai prosseguir na década seguinte, com muita coragem e determinação. Eis que chega 1950, ano memorável para a história de Ceiroquinho.

No dia 4 de Fevereiro chegou pela primeira vez um automóvel a Ceiroquinho, conduzido pelo nosso conterrâneo Manuel dos Santos Graça, sendo seu proprietario o sócio be-nemérito António Ferreira Marques.

Era um carro Ford.

Nessa tarde festões de alegria se ergueram na nossa idílica aldeia! A cara- vana, composta por três automóveis transportando elementos da direcção e outros ceiroquinhenses residentes em Lisboa, levaram a Ceiroquinho a mensagem bela dum sonho que ha muitos anos bailava na mente dos ceiroquinhenses e que, desde esse dia, se convertia em realidade.

É dificil, muito dificil, descrever esses dois dias vividos em Ceiroquinho no meio de contagiante alegria.

A Comissão de Beneficência distribuiu um pequeno donativo às pessoas mais carenciadas, e às crianças da escola objectos escolares.

Era festa, era entusiasmo, era emoção em todos os corações.

Pela tarde de um domingo de sol soava a hora da partida e a caravana subia a estrada bastante inclinada da Lomba da Missa, indo os automóveis enfeitados com flores de acácias.

Eram as flores da saudade, da esperança, da alegria dum futuro promissor para a aldeia de Ceiroquinho . Lenços brancos acenavam ao longe e nas nossas almas ficou para sempre a beleza cândida, a realidade fresca que a Ceiroquinho já podiam ir carros motorizados, embora com dificuldade, devido ao esforço gigantesco da Comissão e de todos os ceiroquinhenses.

Neste ano a Comissão também esteve representada na Exposição Regionalista, realizada na vila de Arganil, com algumas fotografias e a nossa bandeira.

Exposição bastante interessante já pelo seu significado e pela força regionalista que se estava a desenvolver por toda a Beira-Serra.

Neste ano, a pedido do nosso conterrâneo José Ramos foi criada uma delegação da Comissão na cidade do Porto, onde reside uma numerosa colónia de ceiro-quinhenses.

Essa feliz ideia foi aceite com agrado e tem sido motivo de muito orgulho da nossa colectividade, tendo a delegação começado com uma dúzia de sócios e tendo hoje 60.

Existe por conseguinte um perfeito entendimento regionalista de grande amizade entre a colónia ceiroquinhense residente no Porto e Lisboa.

Também em França foi nomeado um delegado, o nosso conterrâneo Fernando Alves Barata, que tem sido sempre um prestimoso amigo da nossa Comissão.

A Comissão local tem papel de informadora e orientadora dos trabalhos a realizar e em execução.

Desta forma, todos os ceiroquinhenses estão agrupados numa conjugação de esforcos e só assim se compreende a obra já realizada por uma comunidade pobre, mas trabalhadora e ordeira.

No final deste memorável ano de 1950 a Comissão apresentava um saldo de 7.297$40, que iria ser aplicado em melhoramentos para o bem-estar e desenvolvimento de Ceiroquinho.

Estamos no ano de 1951 e a situação financeira da Comissão não era muito desafogada para se lançar em grandes empreendimentos, como era o desejo de todos os ceiroquinhenses. No entanto, estes são como as formigas, persistentes e trabalhadores, nunca baixando os bracos com desânimo em frente das dificuldades.

Estamos todos no mesmo barco, temos de seguir o mesmo rumo - Ordem, Progresso e Trabalho, trilogia da nossa bandeira. A Comissão contribuiu neste ano com 1.320$00 para ajuda da instalação do telefone em Fajão, sendo 320$00 produto de subscrição entre os ceiroquinhenses, que apesar dos seus fracos recursos nunca deixaram de contribuir para os melhoramentos úteis à sua freguesia.

Além deste subsídio, ainda contribuiu com 1.000$00 para a compra das insígnias para a capela de Santo António.

A estrada da Lomba des Porcas continuava a progredir, embora, como ??? é óbvio, lentamente, porque as receitas eram sempre diminutes para o custo des obras.

No final deste ano a Comissão apresentava um saldo positivo de 8.565$75. Chegou o ano de 1952 e Ceiroquinho rejubila de alegria, vestindo-se das melhores galas para receber os seus filhos ausentes.

Porquê este momento de contentamento? Era a inauguração do telefone público, um melhoramento de grande importância para os ceiroquinhenses. Uma caravana composta por um au- tocarro e vários au- tomóveis partiu de Lis- boa, juntando-se à colónia ceiroquinhense residente no Porto.

Momentos inesquecíveis foram vi- vidos nesse já longínquo dia 15 de Junho, não só pelo melhoramento inau- gurado, mas também pela visita à nossa terra natal, e ainda, por ser a pri- meira excursão à nossa terra.

No entanto, o autocarro tinha de ficar na serra, pois o ramal para Ceiroquinho era muito estreito e não permitia que ele circulasse. Foi sem dúvida a maior concentração de ceiroquinhenses na nossa terra.

A instalação do telefone custou à Comissão a quantia de 3.511$00 e ficou a pagar aos CTT uma taxa anual de 976$00, a qual foi abolida em 1955, ficando a Comissão isenta desse encargo.

Ceiroquinho ficou assim, desde este ano de 1952, ligado ao mundo dos fios telefónicos.

Tratou-se de uma grande regalia e as gerações podem até hoje dispor dela como coisa indispensável neste final do século. Na estrada da Lomba des Porcas a Comissão gastou mais 13.002$40 e no final deste ano apresentava um saldo de 3.010$75, visto ter gasto bastante dinheiro com a estrada e telefone. Chafariz de Ceiroquinho, inaugurado em 1952 Mas se o ano de 1952 foi um ano grande para Ceiroquinho, o ano de 1953 não o foi menos.

Os ceiroquinhenses, à volta da sua Comissão, continuavam imparáveis na sua determinação em grandes realizações de melhoramentos.

E muito mais longe teriam diso se não tivessem que desviar tantas pedras do seu caminho para não tropeçarem, lançadas por aqueles que têm o mal de inveja.

Mas mais e melhor era, e é, o lema dos ceiroquinhenses.

Novamente uma excursão composta por um autocarro e vários automóveis partia de Lisboa com destino a Ceiroquinho.

Todos os componentes levavem a alma a transbordar de alegria e de orgulho.

Na manhã quente de 12 de Junho sobem ao ar mil canções, todes feitas de amor e sacrifício pela nossa terra. Foram oito anos de lutas e canseiras para concluir o melhoramento que iam inaugurar e, por isso, Ceiroquinho vestiu-se das melhores galas para receber os seus filhos dilectos.

Em primeiro lugar foi inaugurada a estrada da Lomba das Porcas, que tinha sido inicinda em 1945 e custou à Comissão de Melhoramentos mais de sessenta mil escudos. Esta estrada ligava Ceiroquinho à estrada Rolão-Fajão, e à sede do nosso concelho.

A inauguração do chafariz no centro da povoação foi feita pelo presidente da Junta de Freguesia de Fajão, tendo a obra sido feita pelo Estado e custado cerca de sessenta contos. Água pura e fresca saía abundante do novo chafariz, estando finalmente realizado o sonho de tantos anos de espera, que pareciam séculos, por este útil meihoramento.

Por tudo isto os ceiroquinhenses não podiam esconder o seu grande conten-tamento e foram horas felizes que jamais poderão ser esquecidas por aqueles que tiveram a felicidade de as viver intensamente.

A Comissão de Melhoramentos continua sem desfalecimentos na sua intrépida caminhada e reuniu em Ceiroquinho para saber opiniões dos ceiroquinhenses sobre a construcão de uma nova estrada onde pudessem transitar autocarros, visto que nas estradas que tinha, devido à sua reduzida largura e muita inclinação, só podiam transitar carros ligeiros.

Assim, foi sugerido vender um lote de cepas para custear a futura estrada, a qual devia sair do Campo da Bola, ideia que foi bem aceite e cuja concretização veio a verificar-se em 1956.

Em 31 de Janeiro a Comissão organizou a sua primeira festa na sede associativa, que teve um lucro de 1.400$00, e o primeiro piquenique em 12/7, obtendo um lucro de 2.182$80. Contribuiu ainda com um subsdio de 1.000$00 para o Hospital de Pampilhosa da Serra e com a estrada da Lomba das Porcas gastou ainda 1.380$00.

Em 19 de Outubro a direcção convocou todas as colectividades da freguesia de Fajão para uma reunião conjunta, a fim de tratar o problema dos logradouros públicos da freguesia, que estavem a ser marcados pelos Serviços Florestais para procederem à arborização, que mais tarde feita sem protecção, deu como todos sabem os piores resultados.

No final deste ano de grande progresso e trabalho para a nossa terra a Comissão tinha nos cofres um saldo positivo de 10.812$75, que iria aplicar em futuros melhoramentos que estavam na preocupação dos ceiroquinhenses.

No ano de 1954 a Comissão, devido às despesas do ano anterior, não podia realizar obras de grande vulto, mas mesmo assim ainda mandou construir uma casa de banho na escola de Ceiroquinho, que custou 1.624$00, e fazer bancos de pedra à fonte, que custaram 322$90. Como nos anos anteriores também organizou um piquenique, que deu um lucro de 3.357$00, e uma festa na sede, que também deu uma receita de 2.911$50.

Eram estas pequenas receitas e a quotização, que não ia além de sete mil escudos, os rendimentos da Comissão, embora no final deste ano já tivesse em caixa 19.655$95.

A direcção de 1955, como as anteriores, procurou por todos os meios angariar fundos, tendo no final do ano um saldo de 32.932$65. Realizou um piquenique em 17 de Julho, que Ihe rendeu um lucro de 5.026$60, e uma festa em 10 de Novembro, que obteve uma receita de 1.858$20.

A estrada da Lomba da Missa continuava em bom ritmo, perante a alagria de todos os ceiroquinhenses.

Chegou finalmente o ano de 1956, ano memorável para a historia de Ceiroquinho e sua Comissão de Melhoramentos: em 30 de Junho entraram triunfalmente em Ceiroquinho dois autocarros com a excursão vinda de Lisboa.

A estrada, com cerca de 5 quilómetros, foi assim inaugurada e nela se gastaram quase 70 contos.

Os ceiroquinhenses rejubilavam de alegria e contentamento, pois a Comissão de Melhoramentos, com o querer e vontade de todos os ceiroquinhenses, conseguira levantar nesse inesquecivel 30 de Junho de 1956 o maior padrão de glória para a história do regionalismo ceiroquinhense.

Ceiroquinho tinha agora uma boa estrada por onde podiam circular autocarros e camionetas de grande tonelagem.

Era uma estrada de "Macadame", mas onde existiam nesse tempo estradas alcatroadas no concelho de Pampilhosa da Serra? Foi um dia grande para Ceiroquinho. A caravana, composta por dois autocarros e vários automóveis, partiu de Lisboa no meio da maior alegria e entusiasmo e para os ceiroquinhenses ausentes, nesse dia, o caminho era só um - rumo à terra natal.

Ceiroquinho soube receber com entusiasmo, emoção e regozijo todos os seus conterrâneos e amigos. Havia lágrimas de alegria em todos os rostos e o repicar festivo dos sinos da capela, o verde dos campos, o xisto moreno dos montes, a alegria espontânea e sem limites dos ceiroquinhenses davam ao visitante a certeza de que naquele cantinho serrano havia uma grande união, uma hospitalidade que enchia as almas e prendia os corações.

Festa grande, imensamente grande, que perdurará para sempre na história de Ceiroquinho e nas nossas almas enamoradas pelo cantinho onde nascemos como marco altaneiro.

A estrada inaugurada foi orientada pela Junta de Freguesia, que vendeu por iniciativa dos ceiroquinhenses um lote de cepas por 57 mil escudos, e a Comissão contribuiu com um donativo de 20 mil escudos.

Foi ainda inaugurada na escola uma biblioteca, que custou à Comissão 2.838$50, sendo os livros oferecidos pelo Estado e por particulares.

Também foram feitos mais alguns arruamentos, onde a Comissão gastou 10.030$00.

Neste ano a Comissão ainda deu um donativo de 1.000$00 à Liga Pró-Melhoramentos da Freguesia de Fajão, que se destinava à homenagem prestada ao grande regionalista e amigo de Ceiroquinho José Castanheira Nunes, editor de A Comarca de Arganil.

No Largo des Cordovises e num aqueduto da estrada gastou 2.253$50 e no Caminho do Açor 214$00.

Foi de facto um ano histórico o de 1956 e no seu final a Comissão apresentava ainda um saldo de 7.109$55.

Uma força, um querer, uma fé um futuro, uma esperança, estão na base de toda esta movimentação, que irá continuar sem desfalecimento.

Devido aos melhoramentos inaugurados no ano anterior, a Comissão não podia, como ??? óbvio, lançar-se em grandes empreendimentos por falta de verba.

No , entanto, cumpriu mais uma vez a nobre missão para que foi criada.

Gastou 6.582$20 na conservação dos melhoramentos anteriormente inaugu- rados. Mandou construir um valado no cimo da povoação para as águas das chuvas não prejudicarem as ruas e as casas, onde gastou 263$00. Nos arruementos da povoação gastou mais 2.607$90.

A Comissão também realizou uma excursão a Ceiroquinho no dia 16 de Junho, por altura da festa de Santo António.

Este ano a Comissão não ia inaugurar qualquer melhoramento, mas sim prestar homenagem a quatro ceiroquinhenses a quem Ceiroquinho muito deve pela sua dedicação e disponibilidade em muitos anos nas direcções da Comissão: Manuel Alves, António Alexandre, Eduardo Alves Custódio e Américo Vicente dos Santos.

Esta homenagem, simples mas sincera, não foi mais que um preito de gratidão aos grandes regionalistas que abnegadamente trabalharam para o progresso de Ceiroquinho.

Aproveitando a concentração dos ceiroquinhenses no dia da festa de Santo António, a professora D. Regina Augusta Pereira Baptista quis brindar Ceiroquinho com a inauguração de um novo alpendre na escola local.

Os ceiroquinhenses, agradecidos, jamais poderão esquecer esta meritória iniciativa da sua ilustre professora, útil melhoramento que custou alguns milhares de escudos e foi o produto de um sorteio e subsídio da Junta de Freguesia.

No final deste ano a Comissão ainda apresentava um saldo de 9.892$75. O ano de 1958 apareceu um pouco nublado para os ceiroquinhenses, pois a terra natal foi penalizada injustamente pelos CTT, com a distribuição do correio da parte da tarde em vez de ser da parte da manhã, como já vinha de há mnitos anos.

Como era natural os ceiroquinhenses reagiram e a Comissão interferiu junto dos CTT para repor o horário da distribuicão como era anteriormente, dado que o novo causava algum prejuízo para Ceiroquinho.

Este caso só foi sanado passados alguns anos, quando os CTT verificaram a razão que nos assistia e repuseram a distribuição como antigamente.

Foi pena os CTT deixarem-se guiar por informações incorrectas, mas a verdade mais tarde ou mais cedo vem sempre ao de cima.

Os ceiroquinhenses foram sempre corajosos, persistentes e transparentes na sua maneira de estar na sociedade e no Regionalismo.

Outras situações semelhantes teremos ainda de revelar, infelizmente, na história da nossa Comissão. O Regionalismo devia ser uma doutrina aberta, franca, sem atropelos, sem invejas, sem egoismos, mas por vezes as coisas não se passam como seria desejável e normal, pois há pessoas que não gostam que as aldeias progridam e não olham a meios para atingirem os seus fins.

São toupeiras que trabalham no escuro para travarem o esforço daqueles que, com amor e entusiasmo, querem que as suas aldeias tenham um minimo de condições de vida.

Este ano a Comissão despendeu em melhoramentos a quantia de 10.285$20 e iniciou a construção de uma torre de 12 metros de altura na capela de Santo António, a qual iria ser inaugurada no ano seguinte. Este ano não se organizou a excursão a Ceiroquinho, mas foi a Comissão local que organizou uma a Lisboa, no dia 27 de Julho, para assistir ao piquenique realizado na capital.

Deste modo se reafirmaram mais uma vez os laços de amizade da familia ceiroquinhense residente em Lisboa e na nossa aldeia.

A Comissão organizou o almoço comemorativo do 16.º aniversário, no dia 26 de Outubro, que foi muito participado. No final deste ano havia um saldo de 12.138$65. Continuar sem desfalecimento era o lema dos ceiroquinhenses. A Comissão organizou uma festa no dia 18 de Janeiro, onde obteve uma receita de 2.836$80, e um piquenique a 27 de Julho, onde conseguiu um saldo de 4.747$10.

Cada ano que passava era um novo incentivo, era uma nova meta a atingir pela direcção eleita. A Comissão, ano após ano, ia conquistando prestígio, estando sempre presente em reuniões, conferências, manifestações, homenagens e festas regionalistas.

Assim ganhou um lugar de relevo no meio regionalista, mercê da vontade, unido e simplicidade dos ceiroquinhenses. Neste ano de 1959 a Comissão despendeu 23.005$90 na construção da torre da capela, 3.289$60 na compra de um sino para a mesma, 1.222$00 em diversos arruamentos e 759$50 na reparação da estrada da Lomba da Missa.

Organizou-se novamente uma excursão para inaugurar a torre da capela e assistir à festa de Santo António. Assim, mais uma vez Ceiroquinho festejava o acontecimento com ale- gria, dando a torre beleza e imponência ao povoado.

A Comissão organizou uma festa no dia 24 de Janeiro, onde obteve um saldo de 4.746$40, e um piquenique no dia 17 de Julho, onde con- seguiu um lucro de 2.013$80.

No final do ano a Comissão tinha em caixa 8.833$95. Torre e relógio inaugurados em 1959 A Comissão, ao iniciar a sua actividade em 1960, dispunha de um saldo pequeno.

Por isso, procurou angariar dinheiro para se lançar a novos empreendimentos e organizou uma festa em 12 de Novembro, onde obteve uma receita de 4.453$30, tendo ainda comemorado o 18.º aniversário com um almoço, pelo que no final tinha já um saldo de 17.399$45.

Ao iniciar a sua actividade em 1961, a Comissão congregou todos os seus esforços para que Ceiroquinho fosse incluido no plano de electrificação do concelho.

Os primeiros passes foram animadores e a Comissão tinha boas promessas, mas foi sonho de pouca duração.

Embora a direcção deste ano, assim como a seguinte, se prontificassem a pagar a parte do projecto sem compromisso para a autarquia e para o Estado, Ceiroquinho não foi incluido no plano sem uma razão justificável.

Esta atitude chocou muitos os ceiroquinhenses, homens duma sinceridade e uma vontade muito profunda, que manifestaram o seu grande descontentamento perante as autarquias e na imprensa local.

Assim, para conseguirem a electrificação de Ceiroquinho tiveram de esperar 12 anos, até1972.

Mais uma vez, os ceiroquinhenses, possuidores de uma persistência sem limites, não se deixaram vencer.

Os homens passam e as instituições ficam a dizer o que fizeram e o que não fizeram e também o que não deixaram fazer.

A Verdade nua e crua aparece sempre ao de cima. Os ceiroquinhenses perderam uma batalha mas não perderam a guerra do progresso de dotar a sua aldeia com a luz eléctrica.

A Comissão continuou sem desfalecimento, organizou uma excursão em 6 de Agosto a Ceiroquinho e fez o primeiro piquenique em plena serra, ao Campo da Bola, que deu um saldo de 13.000$00 e foi uma festa linda, onde a mocidade da freguesia deu largas à sua alegria.

Fez ainda uma festa no dia 21 de Outubro, onde conseguiu uma receita de 8.669$10, e um desafio de futebol entre Ceiroquinho e Mata, dando uma receita de 460$00.

Em melhoramentos, a Comissão este ano gastou na compra de um relógio para a torre 8.303$00, em arruamentos 1.008$70 e na reparação da estrada da Lomba da Missa 1.862$50.

No final tinha um saldo de 34.990$95. O 19.º aniversário foi em 10 de Dezembro, tendo o nosso conterrâneo padre Aurélio de Campos celebrado uma missa pelos sóclos falecidos.

A caminhada dos ceiroquinhenses continuava cada vez mais forte e portentosa . Podemos afirmar que a História de Ceiroquinho, no que se refere a melho-ramentos, foi da iniciativa da sua Comissão de Melhoramentos. Nada há em me-lhoramentos realizados desde 1942 onde a Comissão não tenha actuado, quer monetariamente quer como orientadora e impulsionadora. Neste ano de 1962 a direcção, quase com os mesmos elementos do ano anterior, continuou a lutar com renovados esforços para consequir a electrificação de Ceiroquinho.

Novas promessas, novos enganos e alguma frustração. Mas, que esperar quando os ventos secos sopram de um deserto de princípios sãos? Que esperar quando não há vontade de cooperação? Os ceiroquinhenses sentirão para todo o sempre esta grande injustiça da sua aldeia não ter sido electrificada no dia em que foram Fajão e Ponte de Fajão. Não foi, porquê ? Porque os homens que presidiam nesse tempo às nossas autarquias não quiseram. Esta é a grande verdade.

Este ano não se iniciou qualquer melhoramento, mas no movimento associativo a Comissão organizou um passeio-convivio ao Portinho da Arrábida em 22 de Julho, que deu um saldo de 10.361$40, e uma festa em 3 de Novembro, que deu uma receita de 5.837$20. O saldo no final de 1962 era já apreciável, pois somava 58.282$00.

Era preciso continuar com mais empenho, mais força, mesmo com ventos contrários. O tempo e os anos passam e os homens de boa vontade e alma sã premiarão o valor e a razão onde estiverem.

No ano de 1963 poucas iniciativas se concretizaram. Assim, completaram-se alguns arruamentos, onde se gastaram 1.400$00, e na reparação da estrada da Lomba da Missa gastaram-se 1.975$00. A exemplo dos anos anteriores a Comissão organizou um piquenique, onde obteve um lucro de 4.202$00, e numa festa em 14 de Dezembro fez uma receita de 4.051$20.

No final deste ano de 1963 o dinheiro em caixa era de 70.406$50. Era preciso aplicar bem este dinheiro, pois tudo era obtido com muitos sacrifícios, muita dedicação e muito entusiasmo dos ceiroquinhenses.

Era aquele gesto lindo dos pobres a darem aos mais pobres. Eram as necessidades mais prementes da nossa aldeia sempre presente nos nossos corações a dizerem que ainda havia muita coisa para fazer, pois numa terra nunca haverá obra totalmente acabada, mas sim sempre coisas para fazer.

Em 1964 a Comissão continuou a fazer alguns melhoramentos. Nos arruamentos gastou mais 5.857$70, na estrada da Lomba da Missa 500$00 e na estrada da Lomba des Porcas 1.1170$00. Este ano organizou o primeiro passeio fluvial no rio Tejo, onde conseguiu uma receita de 3.088$50, e uma festa, que rendeu 5.440$00.

No final deste ano a Comissão dispunha de um saldo de 77.949$10, o que era bastante animador. Mas, parar não é norma dos ceiroquinhenses, pois avançar mesmo devagar, com os pés firmes, com coragem, é o lema que se impõe aos mesmos.

Os anos passam mas o entusiasmo, a fé , a vontade dos ceiroquinhenses vai sempre aumentando com massa a levedar em alguidar. A obra que se propuseram realizar continua a levantar-se com amor, carinho e muitos sacrifícios.

Neste ano de 1965 foi construido um troço de estrada entre o Cabeço do Seixo e o Campo da Bola, que custou 40 contos.

Para fazer face a este melhoramento fez-se uma subscrição entre os ceiroquinhenses, que rendeu 23.200$00, e mais uma vez os ceiroquinhenses foram beneméritos porque estava em causa um melhoramento útil à sua terra. Este ano a Comissão organizou uma excursão a Ceiroquinho, que deu um lucro de 1.189$00, um piquenique, que deu uma receita de 3.077$20, e uma festa em 4 de Dezembro, que deu um saldo de 8.102$00. Foi mais um ano de grande actividade da Comissão com a construção do troço de estrada, agora com melhor traçado e fácil circulação, tendo a Junta de Freguesia dado um subsídio à Comissão para aplicar em melhoramentos na nossa terra. No final deste ano de 1965 a Comissão tinha em caixa um saldo de 92.777$20, o que traduz bem o empenhamento dos ceiroquinhenses à volta da sua Comissão de Melhoramentos.

Um ano finda, logo outro começa e os ceiroquinhenses continuam unidos à volta da sua Comissão, sem desfalecimentos nessa já longa caminhada inicinda em 1942.

Este ano de 1966 a Comissão comemorou o 24.º aniversário com um almoço, organizou um piquenique em 12 de Junho, que deu uma receita de 12.310$00, e uma festa em 3 de Dezembro, que também deu um lucro de 13.120$00.

Quanto a melhoramentos, gastou na reparação da estrada da Lomba da Missa 360$00, na rectificação da estrada junto da casa do sr. Abel Joaquim gastou 927$20 e para o projecto da electrificação deu mais 4.852$70. Este ultimo melhoramento, como já dissemos anteriormente, só viria a ser inaugurado em 1972, mas saber esperar é uma virtude e ela está bem demonstrada na coragem, no trabalho, na vivência da gente ceiroquinhense.

No final deste ano a Comissão apresentava um saldo de 116.167$10, o que era um resultado animador para uma colectividade cuja quotização não ia além de uma dúzia de contos por ano.

O desejo de todas as direcções era fazer sempre mais em benefício dos habitantes ali residentes, mas quase sempre os recursos financeiros não permitiam grandes realizações, e por isso, tinham de ser adiados para dias melhores.

Subsídios das autarquias e do Estado não apareciam. As autarquias diziam-nos que não tinham verbas, sendo natural que assim fosse, e o Estado esquecia-se sistemáticamente dos povos da Serra, os enteados deste velho Portugal.

Estavam muito longe, no interior das serranias, e não ouviam ou não queriam ouvir, a nossa voz. Neste ano de 1967 a Comissão gastou nos arruamentos mais 36.285$00, no alargamento de uma volta da estrada de Lomba da Missa 14.000$00 e na reparação da escola 2.800$00.

Para conseguir algum dinheiro organizou um piquenique em 13 de Julho, onde conseguiu um lucro de 5.256$00, e uma festa em 2 de Dezembro, que deu uma receita de 9.212$90.

No final deste ano a Comissão tinha em caixa 83.712$70, para aplicar em melhoramentos na nossa aldeia no ano seguinte. Assim iam continuar os ceiroquinhenses à volta da sua Comissão na difcil caminhada que iniciaram em 1942.

O ano de 1968 foi de muita actividade da nossa Comissão de Melhoramentos, tendo assim ajustado e concluido um lindo jardim à fonte dos nossos antepassados, pela importância de 39.000$00 .

Este jardim ??? o primeiro do concelho em beleza e, com grande orgulho dos ceiroquinhenses, ele é também a sua sala de visitas.

Quem visita Ceiroquinho não deixará de admirar este pitoresco recanto no abraço das águas das duas ribeiras e beber a água cristalina da bica sempre corrente a sair da rocha .

Não é fácil encontrar em toda a serra, embora haja muitos nascentes, água tão fresca e tão pura. É de facto um lugar aprazível onde apetece estar no Verão e deleitar-se com o cheiro das flores, com a frescura do local e com o encanto da paisagem que nos rodeia. É um melhoramento de bom gosto que a Comissão teve a ideia de realizar Jardim inaugurado em 1968 para oferecer a todos os ceiroquinhenses e a quem nos visita um local de encan-tamento.

Além deste melhoramento a Comissão gastou mais 2.000$00 na reparação da estrada da Lomba da Missa e 2.500$00 na compra de uma horta no local onde foi feito o jardim. Quanto a receitas mais significativas, organizou uma excursão a Ceiroquinho, onde obteve um lucro de 8.717$50, e uma festa em 7 de Dezembro, onde conseguiu um saldo de 16.512$50. Apesar dos melhoramentos inaugurados, a Comissão chegou ao final do ano com um saldo de 76.268$50. Também este ano foi homenageado o regionalista José Francisco, com a colocação de uma lápide na sua casa.

Os ceiroquinhenses sabem ser gratos àqueles que com sacrifício e amor trabalham desinteressadamente em benefício da sua aldeia, e José Francisco foi um desses ceiroquinhenses que enquanto viveu esteve sempre na linha da frente a colaborar em todas as iniciativas, até muito antes da Comissão de Melhoramentos ser oficializada. No ano de 1969 pouco há a registar no capitulo de melhoramentos.

A Comissão limitou-se a angariar algum dinheiro com outras iniciativas, o que também ??? de louvar, porque mostra sempre a sua intensa actividade. Organizou uma excursão a Ceiroquinho, onde obteve uma receita de 4.995$00, e uma festa regionalista, onde conseguiu um saldo de 14.218$20. As receitas da Comissão eram, e ainda são, da quotização dos sócios, das festas e excursões-convívios que a Comissão organiza, porque subsídios do Governo ou autarquias continuem a não aparecer, infelizmente, para as aldeias serranas.

Este ano, temos a registar a nomeação na cidade da Beira, em Moçambique, onde existia uma colónia de ceiroquinhenses, de uma delegação da colectividade. Esta delegação teve uma acção muito meritória até ao momento em que aquela colónia se tornou independente, e os elementos foram Anselmo Vicente dos Santos, Américo Alves e Américo Vicente dos Santos.

No final deste ano a Comissão apresentava um saldo de 105.002$40, receita bastante apreciável para o tempo. E na mente dos dirigentes da Comissão e de todos os ceiroquinhenses continuava a mesma luta, o mesmo propósito de dotar a nossa aldeia com o minimo de comodidades indispensáveis à vida neste século.

Estamos no ano de 1970 e a Comissão continuou, como era seu desejo, a financiar na medida des suas possibilidades alguns melhoramentos. O seu grande sonho e desejo continuava na ordem dos anos que começavam, alimentando a grande esperança nunca perdida, e perdidos estão os homens quando a esperança não os acampanha em todos os momentos da vida. O sonho dos ceiroquinhenses continuava a ser a electrificação da sua aldeia. Este ano a Comissão financiou com mais 2.965$90 o projecto de electrificação P. T., que Ihe fora pedido pelos serviços governamentais.

A direcção da Comissão mantinha-se coesa, quase sempre com os mesmos elementos, para a grande arrancada que se previa para muito breve, mas que ainda iria demorar mais dois anos. Este ano despendeu mais 11.500$00 com a estrada da Lomba da Missa e com uma grade de ferro para o jardim 6.546$00. Quase todos os anos a Comissão tem de gastar verbas na reparação das estradas devido ao declive das nosses serras, às trovoadas e enxurradas, que no inverno fustigam as nossas aldeias e fazem sempre estragos consideráveis.

Este ano, a Comissão organizou uma festa em 7 de Novembro, onde conseguiu uma receita de 16.713$50. E o esfor‡o da Comissão continua em grande evidência. No final deste ano de 1970 a Comissão tinha em caixa 109.653$90. O ano de 1971 chega e a Comissão continua na sua obra meritória a interessar-se, como não podia deixar de ser, pelas coisas da nossa terra.

Comprou uma mesa e cadeiras para a residência da professora que leccionava na escola de Ceiroquinho e um mapa para a escola, onde gastou 250$00. Gastou ainda com a conservação da estrada da Lomba da Missa mais 1.300$00. Quanto a receitas mais significativas, continuam a ser as festas e piqueniques que a Comissão organiza. Este ano, um piquenique em 4 de Julho conseguiu uma receita de 7.577$20 e numa festa regionalista obteve um saldo de 13.522$50. No final deste ano a Comissão tinha um saldo de 135.027$20. O ano de 1972 chegou finalmente e foi inesquecfvel para a Historia de Ceiroquinho, pois no dia 17 de Junho foi inaugurada a luz eléctrica em Ceiroquinho, a terceira aldeia da freguesia de Fajão a ter este privilégio.

Melhoramento impor-tante sem dúvida e pelo qual os ceiroquinhenses esperaram 12 anos como temos vindo a relatar.

Foi uma longa espera, onde a paciência e a esperança nunca se afastaram dos ceiroquinhenses. A festa da inauguração foi grandiosa e a Comissão empenhou-se para que tudo corresse bem.

Organizou uma excursão de dois autocarros e vários automóveis, e em Ceiroquinho ofereceu um almoço regional onde estiveram presentes os srs. Governador Civil de Coimbra, presidente da Câmara de Pampilhosa da Serra, presidente da Junta de Freguesia de Fajão e representantea de muitas colectividadea congéneres.

Ceiroquinho, nesse dia 17 de Junho, vestiu-se des melhores galas: dísticos com saudações, bandeiras, festões de alegria viam-se pelas ruas. Na alma dos ceiroqui-nhenses reinava a maior alegria e contentamento.

Os ceiroquinhenses espalhados pelas 5 partes do mundo - Lisboa, Porto, França, Africa, Estados Unidos, etc. - tinham nesse belo dia um só destino - Ceiroquinho.

A nossa aldeia a todos saudava e dava guarida com aquela fidalguia e amizade que caracterizava a nossa gente.

Um grande amigo de Ceiroquinho que já não pertence ao número dos vivos abraçava-nos e dizia - . Até a Tia Maria de Jesus de Almeida, há alguns anos imobilizada numa cama em Lisboa, assistiu à inauguração, pois os seu fílhos alugaram uma ambulância e levaram a sua mãe à nossa aldeia para participar da alegria dos seus conterrâneos e ver a luz eléctrica na sua terra, gesto maravilhoso que prova o que são capazes os ceiroquihhenses.

A tia Maria de Jesus já partiu para o Céu, como tantos outros, mulheres e homens da nossa terra, mas levaram na alma, estamos certos, a doce consolação de assistirem a tão grandiosa festa de fraternidade e concentração da família ceiroquinhense.

O sonho de doze anos estava realizado, trabalhos e canseiras foram ultrapas-sados.

Como sempre, algumas batalhas foram perdidas, mas não perdemos a guerra nem a serenidade no bom sentido, como é óbvio.

O dossier sobre a luz eléctrica que se encontra nos livros da nossa Comissão daria um enorme livro se fossemos a narrar todos os acontecimentos.

Alguns nos dificultaram o caminho e estarão hoje arrependidos certamente, porque os homens passam, as instituições ficam e as obras espelham sempre aquilo que os homens de boa vontade e espírito aberto deixaram aos vindouros.

O tempo será sempre o grande justiceiro e a verdade mais tarde ou mais cedo virá ao de cima.

Os ceiroquinhenses só desejam o bem, o progresso, a ordem, a harmonia e a entre-ajuda da nossa Serra.

São estes os nossos principios, é com estas armas que continuamos a lutar. A despesa com a festa da inauguração da luz eléctrica foi de 29.739$90. A Comissão, neste ano, mandou fazer um tanque para água no jardim, que custou 939$50, e na conservação da estrada da Lomba da Missa gastou mais 1.300$00. Também organizou ainda uma festa regionalista no dia 17 de Fevereiro, que deu uma receita de 18.066$50. No final deste ano a Comissão tinha em caixa um saldo de 124.704$00.

A Comissão vai continuar com a mesma coragem e redobrado esforço.

A luz eléctrica foi um marco importante e mostra bem a união, a vontade e cooperação de todos os ceiroquinhenses à volta da sua Comissão de Melhoramentos.

Os ceiroquinhenses encontram-se firmes e unidos à volta da sua Comissão, não vão dormir à sombra das realizações e melhoramentos concretizados, pois numa aldeia há sempre algo que realizar.

A obra nunca estará acabada, porque atrás de um melhoramento outras exigências, outras modificações, novas iniciativas se impõem.

A Comissão neste ano de 1973 comprou algumas oliveiras à Eira, por 5.000$00, com o fim de alargar o largo e a estrada. Na reparação da torre da capela gastou 2.500$00 e na conservação da estrada da Lomba da Missa gastou mais 1.300$00, dando ainda um subsídio de 1.000$00 à Casa do Concelho de Pampilhosa da Serra. Para angariar alguns fundos a Comissão organizou um piquenique em 3 de Junho, onde conseguiu um saldo de 15.066$00, e uma festa regionalista em 24 de Novembro, onde conseguiu um lucro de 20.500$00. No final do ano a Comissão tinha um saldo em caixa de 157.299$60, o maior desde que a Comissão foi fundada.

No ano de 1974, apesar de haver um saldo apreciável, a Comissão não concretizou qualquer melhoramento. O seu pensamento era obter mais dinheiro para concretizar um largo condigno no centro da povoação e, neste sentido, organizou uma excursão-piquenique, onde conseguiu uma receita de 17.020$00, e uma festa regionalista em 7 de Dezembro, onde obteve um saldo de 18.652$50.

Era com estas receitas que a Comissão podia pensar em concretizar alguns melhoramentos, pois a quotização não ia além dos doze contos anuais, e no final do ano já tinha em caixa 193.119$70, que iria aplicar no Largo à Eira.

Eis que chegou o ano de 1975. Mais um ano de grandes realizacâes, pois foi finalmente construído o largo à Eira e o seu empedramento em paralelepípedos, bem como a rua até ao Largo das Cordovises à entrada da povoação.

Largo da Eira, construído pela Comissao de Melhoramentos de Ceiroquinho no ano de 1975 Este melhoramento custou à colectividade a importância de 255.516$00 e a Junta de Freguesia contribuiu com 20 contos.

A Comissão organizou uma excursão para assistir à festa de inauguração do largo e novamente Ceiroquinho foi o centro de convergência dos seus filhos ausentes. Mais um sonho de muitos anos concretizado e agora Ceiroquinho tem um belo largo, onde podem estacionar muitos carros e fazer as suas festas e arraiais. A caminhada iniciada em 1942 continuava triunfante e sem desfalecimento, a esperança dos ceiroquinhenses era barco que não parava, a sua espinhosa rota e a sua fé era bandeira a flutuar em todos os corações.

No dia 21 de Junho os ceiroquinhenses viveram mais um dia grande, um dia inesquecível da História da sua terra, toda feita com amor e sacrifício.

Este ano também a Comissão organizou um piquenique em 27 de Julho, onde obteve uma receita de 7.853$30, e no leilão realizado no dia da inauguração realizou mais 31.160$00. No final deste ano, apesar da importância gasta no melhoramento inaugurado, ainda apresentou a Comissão um saldo positivo de 26.442$40, o que mostra a sua grande actividade e a colaboração sempre generosa de todos os ceiroquinhenses.

Estamos no ano de 1976 e o saldo em caixa ??? pequeno para a Comissão se lançar em qualquer obra de vulto. Muita coisa falta ainda fazer, mas temos que aguardar mais uns anos para angariar mais dinheiro para outros melhoramentos.

É esta a eterna sina das Comissões de Melhoramentos da Beira-Serra, cujos proventos são apenas da generosidade dos seus filhos, e a Comissão de Melhoramentos de Ceiroquinho não foge à regra.

Há que esperar, e esperar com paciência foi sempre uma grande virtude dos serranos.

Para conseguir mais dinheiro a Comissão fez um passeio às Caves de D. Teodósio, em Rio Maior, em 6 de Junho, que teve um saldo de 26.666$90, e organizou um magusto da Lagoa de Albufeira em 7 de Novembro, onde teve um lucro de 17.738$50 . No final deste ano a comissão tinha em caixa 82.983$20 . No ano de 1977 nada há ainda a registar no que se refere a melhoramentos, pois o saldo da Comissão continuava a ser bastante diminuto.

As receitas continuavam a ser a pequena quotização e as das festas que a Comissão organizava.

Este ano o piquenique na Lagoa de Albufeira, em 7 de Julho, deu 38.600$00 e um magusto em Novembro, no mesmo local, deu 17.250$00 de lucro, tendo sido dado um subsídio de 2.000$00 à Casa do Concelho. Assim, no final deste ano a Comissão já tinha um saldo de 166.831$10.

A caminhada apresentava-se bastante difícil. Ano após ano a luta continuava com o mesmo ardor, com a mesma dedicação, todos com os olhos postos no nosso Ceiroquinho e com o coração carregado de esperança em melhores dias. A vida começa a encarecer, a inflação sobe em flecha, qualquer pequena obra ou reparação custa já muito dinheiro.

Os dias começam a ser difíceis para os parcos recursos das colectividades. Neste ano de 1978 a Comissão mandou colocar um gradeamento de protecção no Largo da Eira, que custou 12.000$00, e as canalizações do chafariz foram reno-vadas pela Câmara Municipal, o que nos ??? grato registar. O leilão da festa realizada em 8 de Outubro, na Casa do Concelho, deu um saldo de 46.425$80. No final deste ano a Comissão já tinha um saldo muito apreciável de 243.011$60, mas que era insuficiente para fazer face à obra de vulto como era a estrada de ligação à povoação de Boiças e, por conseguinte, à estrada do Vale do Ceira para Gois.

No ano de 1979 foi reparada a estrada da Lomba da Missa, onde a Comissão gastou 20.000$00, comprou-se uma maca articulada para transporte de pessoas acidentades ou doentes, por 4.500$00, e deu um subsídio de 2.000$00 à Casa do Concelho. Quanto a realizações, a festa-convívio realizada em Ceiroquinho deu uma receita de 95.450$00, um magusto realizado na Arruda dos Vinhhos deu também um saldo de 22.200$00 e o lucro da excursão foi de 6.960$00.

Era destas receitas que vinham os maiores proventos, pois a quotização, neste ano, ainda não chegava aos trinta contos. No final deste ano a colectividade apresentava um saldo bastante animador de 383.837$60, resultado da sua intensa actividade e da colaboração nunca negada e generosa dos ceiroquinhenses.

Entrámos na década de oitenta. São jã 38 anos de intensa actividade, sempre com o mesmo entusiasmo, sempre com a mesma dedicação e espirito de sacrificio, em tornar a nossa terra mais bela e acolhedora. Os anos vão passando, mas a acção da nossa Comissão continua e os ceiroquinhenses reconhecem que a união à volta dela ??? necessária para prosseguir a obra começada em 1942.

Os ceiroquinhenses pensam agora numa ligação condigna à estrada do Vale do Ceira, que já se encontra no Colmeal e que se espera seja construída muito em breve pelos Municípios de Góis, Arganil e Pampilhosa da Serra e ligue também à estrada Rolão-Fajão.

Estrada importante, visto que em certos dias de tempestades de neve na serra as aldeias ficam isoladas e não têm possibilidade de deslocação pela estrada da serra.

Esta via ??? por conseguinte a única alternativa. Assim, a Comissão mandou farer um troço de estrada com mais de um quilómetro até à povoação dos Algares das Boiças, onde gastou 355.450$00, aí estando parada até 1985, data em que foi construída até à povoação das Boiças. Entretanto, foi novamente reparada a estrada da Lomba da Missa, onde a Comissão gastou 10.000$00, e numa rua do fundo da povoação gastou 26.000$00.

A Comissão realizou um passeio-convívio no dia 8 de Junho, onde teve uma receita de 76.000$00, e na festa-convívio em Ceiroquinho, no dia 16 de Agosto, conseguiu um saldo de 177.600$00.

Depois de todas estas despesas a Comissão tinha um saldo positivo de 268.76$80. No ano de 1981 pouco há a mencionar em matéria de melhoramentos.

Temos que esperar e lutar mais alguns anos para conseguirmos mais dinheiro para iniciarmos outros melhoramentos.

É o eterno fadário duma colectividade pobre e de uma povoação de fracos recursos.

A grande vontade e o espírito de união dos ceiroquinhenses é que superam algumas dificuldades que aparecem a todo o momento, e têm sido muitas, mas a luta vai continuar.

A Comissão organizou uma festa-convívio em Agosto, onde obteve um lucro de 248.079$00, e uma festa na Casa do Concelho, que Ihe deu uma receita de 89.804$00. Na venda de galhardetes apurou mais 31.000$00 e na venda de um bilhete de lotaria fez mais 24.200$00. No final deste ano a Comissão tinha em caixa um saldo de 688.550$80.

Agora temos de pensar aplicar esta verba em outros melhoramentos. Chegou o ano de 1982 e a Comissão resolveu iniciar um melhoramento de grande alcance para atrair a nossa juventude à terra dos seus pais e avós. Assim, mandou construir uma piscina com 26 metros de comprimento e 7 de largura pela importância de 1.070.000$00.

Foi a primeira piscina construída na serra, entre rochedos com a água sempre Piscina construída pela Comissao de Melhoramentos e inaugurada em 1982 corrente, num local aprazível onde o sol e a água nos deleitam em dias calorosos de estio.

E mais uma vez os ceiroquinhenses são os pioneiros na serra na construção de uma piscina.

No dia 15 de Agosto foi inaugurada a piscina, um pequeno campo de jogos e um cruzeiro. Foi de facto um dia lindo para o Ceiroquinho e principalmente para a juventude, que nestes últimos anos tem visitado a nossa aldeia com muita alegria e com saudades sempre crescentes de voltar novamente.

No mesmo plano de realizações, a Comissão organizou um passeio-convívio ao Buçaco, onde se juntaram os ceiroquinhenses residentes em Lisboa, Porto, Ceiroquinho, Coimbra, etc.. A caravana era composta por 5 autocarros e vários automóveis, sendo o maior passeio-convívio dos ceiroquinhenses até hoje realizado. Foi um dia inesquecível de franca confraternização na mata do Buçaco, onde a alegria e a boa disposição reinaram em todos os corações, dando um lucro de 183.687$00. Tambem a festa da inauguração da piscina, onde se realizou um pequeno leilão, deu um saldo de 326.925$00. A Comissão mandou fazer duas bandeiras, uma para a delegação do Porto e outra para a Comisaão local, por 16.000$00.

Foi um ano de grande projecção da nossa Comissão e no final do mesmo, apesar da verba bastante significativa gasta nos melhoramentos citados, havia um saldo positivo de 201.476$70, prova evidente do empenho e acção desenvolvida pela colectividade e também da união dos ceiroquinhenses à volta da sua Comissão de Melhoramentos.

Os ceiroquinhenses tinham que se regozijar pelos êxitos alcançados sem qualquer ajuda das entidades oficiais.

O ano de 1983 começou com a mesma força e determinação do ano anterior e a Comissão mandou fazer uma piscina para crianças ao lado da piscina dos adultos, e ainda dois vestiários e bancos à volta da piscina, custando estes úteis melhoramentos 370.000$00.

Mandou pintar a piscina com tinta própria, que custou 36.550$00. Agora o complexo apresentava um aspecto mais interessante e acolhedor para todos - crianças e adultos. Água e sol em abundância, um bem da natureza à disposição de todos.

Quanto a festas e convívios, a Comissão organizou um passeio a Ceiroquinho no dia 1 de Maio e no leilão aí realizado conseguiu a quantia de 135.000$00. Na festa do dia 14 de Agosto em Ceiroquinho conseguia mais um lucro de 161.550$00. O entusiasmo dos ceiroquinhenses não diminuia, muito pelo contrário, e era bem visível pelos melhoramentos que se iam conseguindo ano após ano. Também este ano temos a salientar o recebimento da importância de 142.857$00 do Fundo do Desemprego, subsídio através da Casa do Concelho de Pampilhosa da Serra. Ainda recebemos um donativo de 10.000$00, do sr. Júlio da Costa Simões Pires. No final deste ano a Comissão, apesar dos melhoramentos realizados, apre-sentava ainda um saldo de 289.017$90.

A Comissão de Melhoramentos continuava na sua obra realizadora, apesar de ter neste momento uma verba pouco significativa. Mesmo assim, mandou construir o caminho de acesso à piscina, que custou 162.211$50; uma ponte em cimento na Ribeira, por 32.480$00; e ainda deu um subsídio de 150.000$00 à Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra, para ajuda da conclusão da estrada Ceiroquinho-Boiças de ligação à estrada do Vale do Ceira.

Este ano também a Comissão quis homenagear três ceiroquinhenses desa-parecidos: Américo Fernandes, Manuel Alves e José Ramos, sendo colocadas lápides nas casas onde estes saudosos ceiroquinhenses viveram.

Esta festa foi muito apreciada e estiveram presentes as autarquias locais, seguindo-se um almoço de confraternização aos nossos convidados, onde esteve presente o sr. presidente da Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra, presidente da Junta de Freguesia de Fajão e director do GAT de Arganil. A Comissão deu um subsídio de 3.000$00 à Casa do Concelho, para ajuda do fardamento do Rancho Folclórico da Casa. Quanto a realizações, a Comissão organizou um passeio-convívio à Figueira da Foz no dia 1 de Maio, onde mais uma vez os ceiroquinhenses do Porto, Ceiro-quinho e Coimbra se juntaram em grande número. Este passeio deu um saldo de 126.340$00.

A festa-convivio em Agosto em Ceiroquinho também deu um lucro de 147.100$00 e o nosso sócio-benemérito sr. Julio da Costa Simões Pires deu à Comissão um donativo de 70.000$00. No final deste ano de 1984 a Comissão apresentava um saldo de 371.986$80. Os números vão falando por si nesta longa caminhada, sempre com os olhos postos no futuro da nossa terra e cimentada com sacrifícios, com muito trabalho e dedicação.

Mais um ano se inicia. Estamos em 1985. Em matéria de melhoramentos temos neste ano pouco a registar, mas houve outras valiosas iniciativas, porque o Regionalismo não se limita nem se esgota em melhoramentos.

Existem muitas outras acções onde o Regionalismo é força determinante. Este ano a Comissão subsídiou a capela de S. António com 25.000$00 e o Lar da 3.ª Idade de Pampilhosa da Serra com 10.000$00. Realizou a sua festa-convivio em Ceiroquinho no mês de Agosto, bastante participada, que deu um saldo de 167.200$00. O nosso bom amigo sr. Júlio da Costa Simões Pires mais uma vez deu à Comissão uma boa ajuda de 80.000$00, para aplicar em melhoramentos.

No final deste ano a Comissão dispunha de um saldo bastante bom de 698.731$80. E a caminhada prosseguia, sempre com o mesmo entusiasmo, com a mesma disposição de mais e melhor para a nossa terra.

O ano de 1986 aí está e mais alguns melhoramentos são feitos em Ceiroquinho.

A Comissão, sempre que possível, lança-se no que acha de prioritário e o numerário está ao seu alcance. Assim, mandou alargar a estrada entre o Largo da Eira e as Barreirinhas, pela importância de 21.880$00, e a rua entre a Capela Velha e Cortelho, pela importância de 51.533$00.

Mas a actividade da Comissão não se ficou por aqui. Organizou um passeio a Badajoz em Junho, com três autocarros, que deu um lucro de 53.970$00; e uma festa-convívio em Ceiroquinho no mês de Agosto, que deu um lucro de 217.150$00. E mais uma vez o sócio beneméito sr. Júio da Costa Pires subsidiou a nossa Comissão com um donativo de 100.000$00. No final deste ano a Comissão tinha em caixa a importância de 1.144.376$10.

Os anos passam, mas as obras da Comissão vão somando. A caminhada vai continuar e a história desta Comissão, toda feita de alegrias, sacrifícios e de generosas dádivas, é uma realidade indesmentível. Estamos no ano de 1987 e mais uma série de melhoramentos são feitos na nossa aldeia. Foi construído um lavadouro público à Fonte, que custou 365.000$0O, melhoramento há muitos anos reclamado pelas mulheres e raparigas da nossa terra.

Ele ai está agora à disposição, com água corrente natural, onde se pode lavar a roupa sem apanhar chuva ou sol, nas melhores condições higiénicas.

A piscina foi toda revestida com azulejos e foi também colocada uma grade de protecção e uma prancha de saltos, tudo pela importância de 910.000$00. Foi ainda construido um pontão à Forcadem, que custou 10.900$00, e um muro de protecção junto à casa de D. Lúcia Alves Barata, que custou 9.100$00.

Quanto a renlizações a colectividade organizou uma excursão à Barragem da Aguieira, no dia 1 de Maio, onde mais uma vez se fez a concentração dos ceiroqui-nhenses espalhados pelo pais num almoço comum.

Também se realizou a festa-convívio em Ceiroquinho no mês de Agosto, sempre bastante participada pelos ceiroquinhenses, e mais uma vez deu um saldo de 287.200$00. 0 sócio benemérito sr. Júlio Simões da Costa Pires, sempre pronto a colaborar nas nossas iniciativas, deu um donativo de 100.000$00 à Comissão. Só desta forma se conseguia arranjar o dinheiro necessário para os melhoramentos já realizados, pois a quotização de todos os sócios só agora chegava aos 100 contos anuais.

Apesar de todos os melhoramentos citados, a Comissão chegou ao fim do ano com um saldo de 501.730$00, devido somente à grande colaboração e espírito de união dos ceiroquinhenses.

Os anos vão passando, mas o espírito gregário dos ceiroquinhenses e o amor sua terra continuam cada vez mais fortes.

Neste ano de 1988 temos a assinalar com grande alegria o alcatroamento da nossa estrada, feito pela Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra, melhoramento que os ceiroquinhenses há vários anos pediam ao seu Município.

Temos a estrada alcatroada graças ao presidente do Município, sr. José Augusto Veiga Nunes de Almeida, que atendeu a nossa petição e cumpriu a sua promessa de que o ramal de Ceiroquinho seria alcatroado quando o fossem as estradas de ligação a Arganil até Cavaleiros de Cima e a estrada de Góis, junto à ponte de Ceiroco.

Este melhoramento foi iniciado no mês de Agosto e concluído em Setembro de 1988, estando os ceiroquinhenses e a sua Comissão muito gratos ao seu Município por alcatroar a nossa estrada.

A Comissão organizou no mês de Agosto a sua,festa-convívio, com grande participação da familia ceiroquinhense, festa que deu um saldo de 291.700$00 .

Realizou em Lisboa o almoço do 46.º aniversário, que deu um lucro de 23.500$00, e o sócio benemérito sr. Júlio da Costa Pires, sempre com o mesmo espírito de ajudar a nossa Comissão, deu um donativo de 150 contos, sendo de louvar pelo seu grande espírito de bem-fazer.

A Comissão este ano mandou fazer emblemas para vender aos seus sócios e amigos, deu 10.000$00 para o busto do nosso grande amigo padre José Vicente, para os Bombeiros Voluntários de Pampilhosa da Serra 10.000$00 e para a Casa do Concelho 5.000$00.

Apesar de termos ainda muita coisa para fazer na nossa terra, a Comissão nunca deixou de colaborar com outras instituições do nosso concelho na medida des suas possibilidades.

Na limpeza do jardim, devido a um portal ali caído, gastou 9.100$00. Um problema que se apresentava na ordem do dia para os ceiroquinhenses era a sua escola, há anos sem professora devido à falta de alunos.

Ela encontra-se em grande estado de degradação e por isso a Comissão iniciou diligências junto da Câmara Municipal de Pampilhosa da Serra e Delegação Escolar de Coimbra para que nos fosse cedida a escola para Casa de Cultura e Recreio dos ceiroquinhenses.

No final deste ano a Comissão tinha um saldo de 1.102.946$00, o que podemos considerar satisfatório.

No ano de 1989 a Comissão continuou, com redobrados esforços, a pedir junto da Delegação Escolar de Coimbra para se desvincular da escola de Ceiroquinho, para depois subscrevermos um protocolo em conjunto com a nossa Câmara.

Mas, com grande tristeza nossa, ainda este ano o problema da escola não foi concretizado. A Comissão iniciou uma maior ligação entre todos os ceiroquinhenses espaIhados pelo país e pelo estrangeiro, porque todos unidos seremos uma força imparável e indestrutível. Assim, nesta linha foram criadas mais três delegações: Coimbra, Lousã e Estados Unidos da América, onde existem e vivem alguns ceiro-quinhenses.

Estas delegações têm sido de grande valor e têm dado bons frutos para o prestígio da nossa terra.

A Comissão fez um passeio-convívio a Fátima, conseguindo um lucro de 14.630$00, onde já estiveram todas as delegações representadas. Foi um dia de grande alegria e regozijo da família ceiroquinhense.

Organizou mais uma vez a festa-convívio em Ceiroquinho no mês de Agosto, que foi muito participada e onde se conseguiu um saldo positivo de 372.100$00; o nosso bom amigo sr. Júlio da Costa Simões Pires voltou a oferecer este ano mais 150 contos; e a Junta de Freguesia de Fajão deu um donativo de 30 contos.

No final do ano de 1989 o saldo em caixa era de 1.895.313$00. Entramos na década de 90 e mantém-se o mesmo espírito de união, reforçado com as organizações de novas delegações da Comissão. Este ano é organizada uma delegação em Fernão Ferro (Sesimbra), onde existe também uma colónia de ceiro-quinhenses muito amigos da nossa terra.

Neste momento a Comissão já tem seis delegações, prova evidente de uma união perfeita e cooperante de todos os ceiroquinhenses.

O numero de sócios, com a formação das delegações, também aumentou e hoje tem aproximadamente 500 sócios no activo. A Comissao fez no dia 3 de Março o almoço comemorativo do 48.º aniversário, em Fernão Ferro, tendo um lucro de 6.800$00.

Fez-se um passeio-convívio a Coimbra no dia 10 de Junho, organizado pela delegação de Coimbra, que foi um êxito. Houve alegria e boa disposição com um almoço comum à beira do Mondego, num sitio aprazível onde a concentração da família ceiroquinhense, com mais de duzentas pessoas, comeu, bebeu e cantou alegremente, numa tarde inesquecível.

A festa-convívio da Comissão foi a 11 de Agosto, como já vem de longa data, e também teve larga participação, respondendo a família ceiroquinhense mais uma vez à chamada da sua Comissão, dando o seu apoio, a sua ajuda, a sua simpática presença.

O resultado financeiro da festa foi de 400.100$00 para os cofres da Comissão. Também a Comissão se deslocou a Ceiroquinho, no dia 25 de Abril, onde esteve com a equipa de filmagem e com a equipa que recolheu os dados históricos das colectividades para a organização do livro sobre o Regionalismo Pampilhosense.

Conseguimos finalmente que a escola de Ceiroquinho fosse cedida por tempo indeterminado pela nossa Câmara Municipal, proprietária da escola.

O protocolo foi assinado pela Comissão e pela Câmara no dia 5 de Junho. O esforço de alguns anos foi assim concretizado, com grande alegria dos ceiroquinhenses, visto todas as gerações desde 1937 terem ali a sua parte do esforço cultural.

Todas as gerações ali aprenderam a ler e escrever e, por isso, aquela casa tem um significado muito importante para os ceiroquinhenses, não se podendo consentir que ela caia em ruínas, o que seria uma tristeza e um desprestígio para os ceiroquinhenses, pelo grande amor que têm pelas coisas muito queridas da sua terra.

Agora temos que fazer algumas obras de reparação para que a nossa escola seja a nossa Casa de Cultura e Recreio, onde funcionem uma biblicteca e actividades desportivas e culturais, para que a juventude que na época de Verão passa férias na nossa terra tenha uns dias mais agradáveis, mais desportivos e mais salutares.

No final deste ano a Comissão apresentava um saldo positivo de 2.736.560$80, o maior até hoje conseguido no decorrer de quase meio século da sua existência.

É um bom saldo, mas que infelizmente não chega para pagar as obras que a Comissão neste momento já tem justas e que somam 3.530 contos.

Mas a vontade dos ceiroquinhenses, nunca negada, mais uma vez irá ultrapassar este obstáculo.

Chegámos ao ano de 1991 no limiar das bodas de ouro da nossa Comissão.

Este ano, a direcção, apesar de não ter numerário suficiente, lançou-se em dois grandes empreendimentos: a reparação da rua entre o Largo da Eira e a Rua da Ribeira que custou 880 contos, sendo inaugurada em 17 de Agosto, e a reparação parcial da nossa antiga escola (Casa de Convívio), que custou 3.490 contos.

Para fazer face a estes melhoramentos muito contribuiram os ceiroquinhenses. A subscrição que a direcção fez este ano rendeu 468.000$00. O leilão feito na festa de Agosto de Ceiroquinho rendeu 501.000$00, o que prova mais um vez o empenho dos ceiroquinhenses quando estão em causa melhoramentos de utilidade para a nossa aldeia. Também a Comissão festejou o 49.º aniversário com um almoço no dia 15 de Março que foi muito participado. Organizou um passeio-convívio à cidade da Figueira da Foz no dia 26 de Maio, onde a familia ceiroquinhense espalhada pelas mais diversas partes do pais se juntou e confraternizou num agradável piquenique na serra da Boa Viagem.

O sócio benemérito sr. Júlio Pires mais uma vez, sabendo des nossas dificuldades, contribuiu com 200 contos, pelo que não podemos deixar de assinalar este nobre gesto altruísta.

A quotização, devido ao aumento de quotas e sócios aprovados, já ultrapassou os duzentos contos, o que também é já muito bom.

No final do ano, e apesar dos melhoramentos realizados, a Comissão tinha um saldo positivo de 18.157$80. de salientar que a direcção conseguiu angariar quase 1.700 contos este ano. Chegou finalmente o ano de 1992. A Comissão faz 50 anos de existência.

Esta efeméride foi comemorada com muito brilho e participação dos ceiroquinhenses, pois 50 anos de intensa actividade é uma data importante, que não pode ser esquecida. O primeiro acto festivo foi o almoço comemorativo das bodas de ouro no dia 15 de Março, com a participação de quase duzentas pessoas, onde tivémos o gosto de ver na mesa de honra ainda seis sócios fundadores.

O segundo acto festivo foi o convívio em Ceiroquinho com a matança de dois suínos, nos dias 1 e 2 de Maio, onde a famflia ceiroquinhense, muitos sócios e amigos se juntaram em alegre convívio.

Foi a recordação de uma tradição que na serra, em tempos não muito distantes, era uma prática corrente, as tradicionais matanças. Foi uma feliz ideia, pois o almoço e jantar foram largamente participados, houve alegria, boa disposição e amizade. O lucro deste convívio foi de 144.566$00. Na continuação das bodas de ouro, a direcção organizou no dia 15 de Agosto a festa da Comissão em Ceiroquinho, que foi igualmente muito participada.

Nesse dia foi descerrada uma lápida na Casa de Convívio em homenagem aos nossos antepassados que construiram aquela casa em 1937 com grandes sacrifícios. Ali várias gerações de crianças aprenderam a ler e escrever, e os ceiroquinhenses não podiam ficar indiferentres.

Foi apenas um gesto de gratidão para amortizar um pouco a dívida para com os antepassados, porque nunca teremos possibilidades de pagar todos os sacrifícios que fizeram por nós.

Foi também inaugurado o salão e reorganizada a biblioteca, com 615 livros.

Foram ainda expostos os trabalhos de quadras populares alusivas a Ceiroquinho, concurso que a direcção organizou para festejar as bodas de ouro da Comissão de Melhoramentos.

Neste mesmo dia também se realizou um leilão que rendeu 402.000$00. À noite houve arraial no Largo da Eira.

Com estes festividades foram encerradas as comemorações dos 50 anos da Comissão de Melhoramentos de Ceiroquinho.

Festas simples sem pompas, mas com muita alegria, onde a amizade, a união, o convívio da familia ceiroquinhense foi uma constante.

Para perpetuar as bodas de ouro da Comissão de Melhoramentos de Ceiroquinho, a direcção publicou um livro com a sua História Concisa, os trabalhos apresentados no concurso de quadras populares e uma reportagem de fotografias de Ceiroquinho, onde estão representadas as suas belezas naturais e os melhoramentos feitos pela nossa Comissão.

Este ano foi fundada mais uma delegação na cidade de Tomar, onde residem alguns conterrâneos e amigos de Ceiroquinho.

A Comissão de Melhoramentos completou este ano 50 anos de intensa actividade, tudo indicando que irá continuar nessa portentosa caminhada iniciada em 5 de Julho de 1942 para honra e glória de Ceiroquinho.

CONCLUSAO

Podemos afirmar que a história de Ceiroquinho desde que a sua Comissão de Melhoramentos foi fundada está intimemente ligada a esta.

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