domingo, 31 de dezembro de 2006

31 de Dezembro

Este mundo organizado e quotidiano ano-após-ano aborrece-me no seu tédio e bem parecer...

sábado, 30 de dezembro de 2006

Na horizontal - Da estação polar até ao Pólo Norte

O Melhor Alpinista do Mundo também percorreu distâncias na horizontal. Em 1995 no Pólo Norte - 200 km.

Na horizontal

Pela objectiva de quem lá vive

Janeiro de Cima pela objectiva de quem lá vive

FotoXisto é o registo fotográfico que faltava em torno do projecto das Aldeias do Xisto. Mais do que um olhar profissional, artístico ou meramente curioso, este é o testemunho do quotidiano daquelas aldeias; desta vez reportado por aqueles que lá vivem...
ALDEIAS do Xisto. Por estes lados, o termo é automaticamente associado à localidade de Janeiro de Cima. Ao seu património, às suas casas, ruas e ruelas, todas de xisto claro está. Ao rio Zêzere. Às suas gentes, às suas histórias, à sua hospitalidade. Aos seus ambientes e paisagens únicas, sedutoras, românticas. Em suma, aos conjuntos que convidam artistas e leigos (por norma visitantes ocasionais) a perpetuá-los através da suas obras. Sejam frases, livros, esculturas, pinturas ou – o mais comum – fotografias. De tudo já se fez por ali e mais de um tudo se fará para dar a conhecer esta e outras Aldeias do Xisto.

Mas será que que o que estes forasteiros vêem é a verdadeira aldeia?

Provavelmente não. Provavelmente aos olhos daqueles que ali vivem há décadas estas obras nada mostram sobre o seu dia-a-dia. Pouco têm de real.

Foi então para conseguir essa autenticidade que João e Manuela Margalha, em colaboração com a Pinus Verde, lançaram um desafio à população: “Tirem as vossas próprias fotografias. Das pessoas, dos locais, das actividades. Não interessa do quê. O importante é a vossa visão”.

O desafio foi aceite. E o conjunto de máquinas digitais que iam sendo entregues à população depressa começou a disparar pelos quatro cantos de Janeiro de Cima e das restantes nove aldeias integradas no projecto. O resultado foi surpreendente. Mais de mil fotografias, 240 das quais seleccionadas para uma exposição (patente até 14 de Janeiro na Casa Grande da Barroca do Zêzere) em que, a julgar pela qualidade, os autores poderiam ser fotógrafos famosos.

Mas, não são. São, isso sim, pessoas como Álvaro Dias. O presidente da Junta de Freguesia de Janeiro de Cima não podia deixar de participar numa iniciativa que “ajuda a promover a aldeia”. Por isso de máquina em punho lá foi percorrendo a sua aldeia. A primeira paragem foi logo na sua padaria, local onde todos os habitantes passam à procura de pão fresco. Depois, uma casa que foi totalmente rodeada pelo fogo, mas que não sucumbiu à força das chamas. Álvaro ficou impressionado e resolveu retratar o local.

Quem também ficou maravilhado com a força na natureza foi António Gama Silva. Este habitante de Janeiro de Cima aproveitou a máquina para tirar fotografias das últimas cheias. Fotografou ainda uma matança do porco “que sempre fez parte da realidade da terra”. Além disso, tal como fazia em tempos de menino e moço, voltou a subir ao Pico do Peixoto, desta feita para tirar uma fotografia panorâmica à aldeia. “É o sítio ideal para vermos a terra toda”, diz.

E por falar em sítios imperdíveis. Lá está a fotografia – também de António Silva – do bar O Passadiço. Um local que, com certeza, dentro de alguns anos virá a ser ponto de encontro para as crianças que Maria Jesus fotografou no parque infantil.

“Tinha que registar aquele espaço, e as crianças que por lá passam. Elas representam o futuro desta aldeia”.

Uma fotografia que está a par da do seu pai, Hermínio Gaspar, acompanhado pelo seu rebanho; à do Cristo pregado na cruz; à do parque das merendas e à dos idosos que jogam às cartas no café do senhor Costa. E a tantas outras que representam o quotidiano da aldeia, mas desta vez, visto por dentro...


O testemunho da realidade de mais nove aldeias também está presente

SE JANEIRO de CIMA abre a exposição FotoXisto, o certo é que esta apresenta outras realidades. Deste projecto fizeram parte 10 das 23 Aldeias do Xisto. Assim, por entre as 240 fotografias tiradas por 61 pessoas também encontramos trabalhos dos habitantes das localidades de Aigra Velha, Aigra Nova, Benfeita, Cerdeira, Fajão, Foz do Cobrão, Gondramaz, Martim Branco e Talasnal. E também nestes casos, as fotografias contam as histórias da sua terra. É o caso do retrato da Torre da Benfeita que todos os anos assinala o fim da Segunda Guerra Mundial. No dia da efeméride, naquela torre replicam tantas badaladas como o número de dias que durou a guerra.

Já nas fotografias de Gondramaz encontramos a placa relativa ao “Beco do Tintol” ou os seus habitantes empenhados na apanha da castanha. Mas, entre as fotografias mais representativas está a das figuras (espécie de máscaras) gravadas em xisto por um habitante local.

Por seu turno, na localidade de Talasnal, Mirita Meira dos Santos teria que ser obrigatoriamente fotografada. Esta mulher é a autora dos talasnicos, um bolo que contribui para a fama da terra. Muitos são os visitantes que percorrem aqueles caminhos rurais só para provar os talasnicos da dona Mirita.

E nas fotografias da Foz do Cobrão lá encontramos representada a actividade que durante anos deu fama à terra. Trata-se do garimpo do ouro, actividade que actualmente só é praticada em iniciativas promovidas por associações locais. Foi numa dessas iniciativas que as fotografias foram tiradas.

Menos famosa é a senhora presente em uma das fotografias de Martim Branco. Trata-se de uma mulher de idade incerta, sempre para cima dos 70, encostada a um motocultivador. Não obstante de ser para a maioria uma desconhecida, o seu retrato foi, de entre os trabalhos, várias vezes destacado. Não é de surpreender. Este retrato representa todo o espírito da iniciativa. Representa a realidade de locais marcados pelo envelhecimento e pela interioridade; mas também representa a resistência, a coragem e até as novas dinâmicas que os seus habitantes vão imprimindo nomeadamente na agricultura.
"Jornal do Fundão" - Secção: Grande Tema - Edição on-line paga

sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

Na horizontal - Gronelândia


O Melhor Alpinista do Mundo também percorreu distâncias na horizontal.
Em 1993 na Gronelândia - 2.000 km.

http://www.tte.ch/map/54.gif

how rich are you?

You are in the top 10.34% richest people in the world.
There are 5,379,477,360 people poorer than you.
How do you feel about that? A bit richer we hope. Please consider donating just a small amount to help some of the poorest people in the world. Many of their lives could be improved dramatically or even saved if you donate just one hour's salary (approx €13.62)

quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

Na horizontal - Deserto de Taklimakan

O Melhor Alpinista do Mundo também percorreu distâncias na horizontal.
Em 1992 no Deserto de Taklimakan, China - 200 km.

Da importância das aldeias

UMA das teorias mais recentes do Urbanismo e da Organização Territorial é a que vem exalçar as virtudes das cidades médias. Razões: as cidades grandes são insuportáveis, pelo bulício infernal, pela poluição do ar, pelas longas filas de trânsito, pelo stress contínuo, enfim por tantos excessos e tantas falhas... Logo, importará que as médias se afirmem, se tornem mais atractivas e sejam mais apoiadas pelo poder.
Mas, o certo é que também as cidades médias comportam, por vezes, vícios idênticos e outros problemas.
Sem aldeias à sua volta, que as alimentem e lhes dêem o necessário movimento (das permutas, dos serviços), as cidades médias sofrerão falhas graves de sustentabilidade e hipotecarão o seu futuro. No caso do Fundão, a actual cidade sem as suas aldeias perderia muito e tenderia a ser talvez uma grande aldeia (da Covilhã), com a desertifïcação à sua volta...
Daí que o regresso ao ambiente bucólico e pacato das velhas aldeias, ao convívio familiar, das coisas simples e naturais, ao ar puro e ao chilreio dos pássaros, seja para muitos considerado uma necessidade periódica para recarregar baterias, enfim, um bálsamo para o corpo e sobretudo para a alma.
Tempos houve que o elogio das pequenas Cortes de Aldeia fez furor. Foi sobretudo no tempo dos Filipes (reis espanhóis), com o poder político instalado em Madrid. Eram tempos de forte centralismo e de divórcio da res-pública. Depois, com o liberalismo e a industrialização, e com todas as mudanças sociais e culturais operadas, foi-se acentuando o êxodo rural. Hoje, temos o que temos. Como será no futuro?


Amor ao berço natal
Vêm estas considerações a propósito de alguns enfoques que o JF de vez em quando nos vai trazendo relativamente à vida das aldeias (num deles – coisa rara – até apareceu a “minha” Orca), mas também a propósito de alguns projectos municipais de desenvolvimento, como os de Janeiro de Cima, Barroca, Rio (Silvares), e de outras terras. Há que saudá-los a todos vivamente, porque há muito a fazer pelas nossas aldeias. Eles são sempre um estímulo aos residentes e aos naturais que andam por longe. Falo por mim. Embora nascido e criado numa aldeia, ao longo de cinquenta anos fui vivendo e trabalhando quase sempre em cidades, mais por exigências profissionais de que por opção. De um modo geral, adaptei-me. Mas nunca deixei de gostar do meu terrunho. Conforme outrora se dizia, em bom português, a terra onde se nasce é a nossa “pátria”. Hoje já não é bem assim, porque já não se nasce nas aldeias e muitas destas nem já escolas têm. Creio, no entanto, que o amor ao berço natal ainda vai persistindo e não apenas por romantismo. Apesar do afastamento, recordamos pessoas, sítios, afectos, histórias de vida... Tudo isso pesa na me- mória, como carga identitária. – «Então, porque não voltais, filhos pródigos?» – objectarão alguns.
Alguém disse um dia que o homem não é só ele, mas também as suas circunstâncias. – «Sim, muitos voltaríamos, desde que se verificasse um mínimo de condições». Porque, obviamente, ninguém quer um regresso à toa. Ninguém deseja «andar p’ra trás». Há custos, que terão de ser equacionados. Mas que há hoje novos tipos de relação com o meio, que nos podem levar a uma vida com qualidade nas nossas aldeias, a sentirmo-nos bem connosco e com os outros, penso não haver dúvidas.


Os apoios necessários
Sempre que uma mudança exija custos – e há-os sempre –, importa analisar como suportá-los ou prever a sua compensação, em ordem à consecução dos resultados esperados. Porque uma vez iniciado o processo, há uma infinidade de voltas a dar, de burocracias a cumprir, de impostos a pagar, de sacrifícios a fazer. E aí entram em acção entidades públicas, como o Estado e as Autarquias, que em nome das leis nos pedem contas mas que em nome do bem comum também deveriam prestar apoios. E tantas formas de apoio são possíveis e são necessárias a quem pretenda (re)instalar-se numa aldeia do interior deste país, como são todas as do concelho do Fundão!... Ainda há pouco tempo tivemos na Beira Baixa, mais concretamente no concelho de Vila de Rei, uma experiência mediática de tentativa de instalação e repovoamento. E sabemos como as expectativas saíram goradas, face aos apoios prometidos. Pois bem, tem a Câmara do Fundão merecido o aplauso quase unânime dos munícipes pelo trabalho entusiasta que tem desenvolvido em prol de muitas das suas freguesias, de que são mais flagrante exemplo as “do xisto” (de Janeiro de Cima e Barroca) e a “histórica” de Castelo Novo. Todavia, embora todos saibamos muito bem que o concelho é grande (são 31 freguesias), que o frio das carências é muito e a manta do orçamento é curta, alguns terão razão para inquirir: «Não será possível uma distribuição um pouco mais equitativa?»

É que há aldeias que quase nada têm recebido... A Orca, que até é a 2.ª maior freguesia do concelho em área, é uma delas [desde os anos de 70 que não voltou a acontecer ali um «investimento que possamos classificar de importância» – lembrava recentemente um orquense em carta aberta no JF (n.° de 20-9- -2006)]. E, no entanto, são bastantes as suas potencialidades, conforme lembrava o mesmo cidadão (e)leitor!...


Conviver e comemorar é preciso
Na história de uma aldeia há sempre pequenas histórias, efemérides, romarias, festejos mais ou menos cíclicos, que congregam e reanimam. E haverá outros, iniciativas simples que podem partir de nós ou de grupos organizados, sempre com vista à promoção do desenvolvimento ou simplesmente a proporcionar momentos de alegria, em saudável convivialidade. Lembro a realização, há anos, de encontros de famílias, de onomásticos (os Josés...), de orquenses em Lisboa (no tempo do Pe. Casimiro)... Há, todavia, uma efeméride que se aproxima e que gostaria de aqui evocar publicamente. Trata-se da ordenação sacerdotal e simultânea de três orquenses missionários, que ocorreu na Orca no dia 15 de Junho de 1957, um facto que julgo inédito em todo a Beira Baixa, porventura até em todo o país (!). Ao tempo, o facto mereceu honra e fama de grande acontecimento regional e teve festejos a condizer, na Orca, com gentes vindas de várias partes, conforme assinalava uma local do JF.

Ora os três sacerdotes, todos da Sociedade Missionária “Boa Nova”, estão todos vivos, activos e de boa saúde, e bem mereciam uma lembrança e a homenagem, já não digo da região e do concelho, mas pelo menos dos seus conterrâneos. Querendo as forças vivas da terra, a comemoração do cinquentenário poderia ser um pretexto para algo de inédito e de verdadeiramente afirmativo: Um congresso – alvitrou já um dos missionários (Pe. José Marques)... Umas jornadas – direi eu... Ou, pelo menos, um encontro alargado de amigos, de boas- -vontades.

Que dizem a isto os orquenses e organismos vivos da freguesia, como Junta, Comissão Fabriqueira da Paróquia e direcção da ARCO? Não será possível constituir e mobilizar, desde já, núcleos de apoio em várias partes — Orca (núcleo polarizador), Fundão, Castelo Branco-Covilhã-Guarda, Lisboa, França? Sei já que na Sociedade Missionária e na ARM (associação de antigos alunos da mesma Sociedade) há gente disposta a dar uma ajudinha... Aqui está uma ocasião soberana para uma aldeia mostrar a sua importância.

Joaquim Candeias Silva, Da importância das aldeias
"Jornal do Fundão" - Secção: Opinião - Edição on-line paga

terça-feira, 26 de dezembro de 2006

Na horizontal - Antárctida

O Melhor Alpinista do Mundo também percorreu distâncias na horizontal. Em 1990 na Antárctida - 2.494 km, em 1991 no Butão, em 1992 no Deserto de Taklimakan-China, em 1993 na Gronelândia, em 1995 da Estação polar até ao Polo Norte, em 1996 no Tibete Oriental-China, em 2000 na Geórgia do Sul, em 2004 no Deserto de Gobi-Mongólia.

Agenda de João Garcia - na vertical

Verão.2007 K2 8611 m Paquistan/China
Primavera.2008 Makalu 8463 m Nepal/China/Tibet
Outono.2008 Manaslu 8163 m Nepal
Primavera.2009 Annapurna 8091m - Nepal
Verão.2009 Broad Peak 8047 m -Paquistan/China
Verão.2010 Nanga Parbat 8125 m - Paquistan

João Garcia non official webpage

domingo, 24 de dezembro de 2006

Este Natal

Este
Natal v Ou
m Ontar uma
árv Ore dentr O dO
meu c Oraçã O e nela
v Ou pendurar, em vez de
b Olas, Os n Omes de t O dO s
O s meus amigO s: Os antig Os e Os
mais recentes; Os amig Os de l O nge
e Os de pertO ; O s que vejO em cada dia
e O s que raramente enc O ntrO ; O s que sãO
sempre lembrad Os e Os que, muitas vezes, ficam
esquecid O s; O s das h O ras difíceis e O s das h O ras
alegres; Os que sem querer eu mag O ei O u O s que sem
querer me mag Oaram; aqueles que p O ucO me devem e aqueles
a quem muit O dev O ; O s meus amig O s humildes e O s meus amig O s
imp Ortantes; O s nO mes de tO dO s O s que já passaram pela minha vida,
muit O especialmente t O dO s aqueles que já partiram e que lembr O cO m tanta
saudade. Uma árv Ore de raízes muit O prO fundas e de ramO s muitO extensO s para
que Os seus n O mes nãO sejam arrancadO s d O meu c O raçã O , de s O mbra muit O
agradável para que a n Ossa amizade seja um m O mentO de repO us O
nas lutas da vida.
Que seja Natal
todos os dias do Novo Ano.

Eiger North Face

A temível e muito técnica, face norte do Eiger, nos Alpes Helvéticos.

http://www.zurich.ibm.com/eurocrypt2004/images/ks13.jpg

sábado, 23 de dezembro de 2006

Exposição FotoXisto

Aldeias do Xisto vistas pelos seus habitantes
240 fotografias de 10 aldeias numa exposição inédita
Participaram na iniciativa 61 pessoas com idades compreendidas entre os 11 e os 79 anos.
Uma exposição inédita para ver na Casa Grande da Barroca (Fundão), até 13 de Janeiro
A Torre da Paz, na Benfeita, é também conhecida por Torre de Santa Rita ou de Salazar e foi construída em 1944. Os seus sinos tocam apenas um dia por ano: a 7 de Maio, dia em que terminou a II Guerra Mundial, com a rendição da Alemanha, em 1945. Mas nesse dia tocam mil 620 vezes, simbolizando o número de dias que durou a guerra.
A imagem da Torre da Paz é uma das que compõem a exposição FotoXisto, patente desde dia 12 e até 13 de Janeiro, na Casa Grande da Barroca, Fundão.
É a mistura de sensibilidades e objectos que torna rica a mostra de fotografias sobre os costumes, vivências das Aldeias do Xisto, captadas pelos próprios habitantes. São 240 fotografias de dez das 23 Aldeias do Xisto: Fajão, Janeiro de Cima, Martim Branco, Foz do Cobrão, Gondramaz, Benfeita, Aigra Velha e Aigra Nova, Comareira, Cerdeira e Talasnal. “Questões orçamentais e de tempo” impediram a organização de abraçar as 23. A 13 de Janeiro, a exposição deixa a Barroca e inicia uma itinerância pelas restantes aldeias fotografadas no projecto.
A iniciativa promovida pela empresa Curso de Água, com sede em Janeiro de Cima, surgiu com uma candidatura ao plano de animação da Associação de Desenvolvimento Pinus Verde (que gere as Aldeias do Xisto). Segundo Manuela Margalha, coordenadora do projecto - em conjunto como seu marido, o fotógrafo João Margalha -, a ideia foi mostrar as Aldeias do Xisto através de quem melhor as conhece, os seus habitantes. “Trata-se também de envolver as pessoas de uma outra forma com o seu meio-ambiente”, esclarece. Os coordenadores do projecto distribuíram entre oito a dez máquinas digitais por habitantes seleccionados em cada aldeia, o que resultou nas 240 fotos presentes na exposição, escolhidas de um universo de mil e 400.
Segundo o presidente da Pinus Verde, Paulo Fernandes, o investimento no projecto rondou os dez mil euros. “Pretendemos mostrar uma nova face da marca Aldeias do Xisto, da Zona do Pinhal Interior, com uma actividade original: através de uma visão humana e espontânea, sem profissionais”.
“Experiência foi um sucesso”
Fotografias surpreendem profissional
“Fiquei surpreendido com muitas fotografias, tanto pelo objecto captado, como pelos enquadramentos e pela sensibilidade demonstrada”, confessa João Margalha, o fotógrafo que coordenou de perto o trabalho dos habitantes. Mesmo apesar de serem usadas máquinas compactas de baixa especificação, “não estava à espera de ver tantas fotografias e tão boas”. “Apenas foi explicado onde se ligam e desligam as máquinas e onde se deve carregar para tirar as fotografias”, recorda.
As fotografias expostas não são assinadas. “Não queremos que ninguém fique triste por não ter nenhuma das suas fotografias exposta”, explica a coordenadora Manuela Margalha. Mas segundo João Margalha, “a maioria dos participantes têm aqui fotografias”.
Casal aposta em Janeiro de Cima
Para além de sedearem a empresa Curso de Água em Janeiro de Cima, Manuela Margalha e João Margalha, de 33 e 40 anos, respectivamente, são também proprietários de uma casa de turismo rural na localidade, a Casa de Janeiro. A decisão de apostar na aldeia deve-se às raízes de Manuela Margalha, pois é a terra que a viu nascer e crescer. Os dias úteis da semana são passados em Aveiro.
Habitantes falam da experiência
Os testemunhos
Álvaro Dias tem 57 anos e é padeiro há 20, em Janeiro de Cima, terra que o viu nascer e também partir, primeiro para Angola e depois para a Suíça. Actualmente, concilia a arte de fazer pão com a presidência da Junta. Foi com surpresa que verificou ter quatro imagens suas em exposição na FotoXisto. “Não esperava, porque até acho que sou fracote nisto da fotografia”, descreve, a sorrir. Nunca antes tinha participado numa iniciativa deste género e nem tal lhe passava pela cabeça, até surgir o convite dos coordenadores. “Eu tirava fotografias lá em casa, para a família, mas agora até gosto e acho que me vou dedicar a tirar mais”. Para Álvaro Dias, “é importante que estas acções sejam feitas para dinamizar as localidades, porque ficamos a conhecer outras terras que não conhecemos e nos desperta o interesse”.
RECORDAÇÕES
António Silva tem 70 anos e reside em Janeiro de Cima. Viveu na aldeia até aos 12 anos, altura em que foi estudar para Castelo Branco. Alguns anos mais tarde, emigrou para Angola, sendo depois obrigado a partir devido à guerra civil. Depois de alguns anos na Suíça, retornou a Portugal, para se instalar em Castelo Branco. A Janeiro de Cima voltou para “gozar os tempos de reforma” e para não mais partir. As fotografias que tirou reflectem histórias de outrora da sua aldeia e que contrastam com a actualidade. Casas tradicionais actualmente recuperadas e que mantêm a sua arquitectura original, assim como recantos e travessas, são a maioria dos alvos da sua objectiva. Outro dos exemplos que narra, ao Diário XXI, ao pormenor, é a fotografia da zona da hidroeléctrica de Janeiro de Cima. “Dantes, esta zona ficava completamente inundada e todos os habitantes iam ver «deitar a barca». Era um espectáculo: as pessoas tinham de passar o rio de barca para irem cuidar dos animais e dos moinhos, na outra margem”, conta. Conforme recorda, “as pessoas que precisavam passar o rio, pagavam aos barqueiros em géneros, como milho ou azeite, e essa avença era recolhida de porta em porta”.Sobre a iniciativa, considera tratar-se de “algo inédito e muito interessante”, porque “nos faz querer visitar as aldeias que não conhecemos”. António silva ficou curioso com a freguesia de Foz do Cobrão, pelas tradições dos garimpeiros. “Esta não conheço e gostava de ver como se procurava o ouro”, afirma expectante.
Liliana Machadinha - Diário XXI

quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

Na vertical - Lhotse

Na vertical retrata o feito do melhor alpinista do mundo - Reinhold Messner - que foi o primeiro a escalar as 14 montanhas acima dos 8 mil metros, de 1970 a 1987. Termina hoje com o Lhotse - 8.501 metros.
http://www.texasmountaineers.org/images/gallery/himalayas/nepal/big_lhotse.jpg

segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

Na vertical - Annapurna

http://myhimalayas.com/mustang/image/annapurna_tilicho.jpg

George Mallory

O corpo do alpinista britânico George Mallory, desaparecido no monte Evereste em 8 de Junho de 1924, foi encontrado a 01 Maio 1999, 600 metros abaixo do cume, pela equipa do norte-americano Eric Simonson.Em 1921 Charles Bell, diplomata britânico encarregado dos negócios com o Tibete, depois de muita pressão, persuadiu o 13º Dalai Lama a permitir uma primeira expedição de reconhecimento ao Evereste. Organizada em 1921, montada pela Sociedade Geográfica Real, com montanhistas do Clube Alpino, ela foi chefiada por C. K. Howard-Bury. Embora composta por montanhistas experientes, tratava-se de experiência em montanhas europeias, com a metade da altura do Evereste. Muito pouco era conhecido sobre os efeitos da altitude, bem como roupas e equipamentos específicos para o ambiente que iriam enfrentar, sendo muitas das melhores avaliações da época impróprias para os padrões actuais. Os nove membros da expedição não formavam o que se poderia chamar de uma grande equipa e após uma extenuante caminhada de 640 quilómetros, desde Sikkim, na Índia, apenas seis chegaram à base da montanha. Para ajudá-los, os britânicos contrataram alguns sherpas que haviam imigrado do Nepal para a Índia. Mas a principal figura da expedição foi George Mallory. Com seu parceiro de montanhismo, G. H. Bullock, gastou um árduo mês explorando a área que o levaria com menor dificuldade até o sopé da montanha, o misterioso glaciar Rongbuk oriental. Ficou óbvio que o Verão, durante o período das monções, não era a época mais favorável para qualquer coisa que se quisesse fazer nos Himalaias. Mas, apesar disto, e dos precários equipamentos, três sherpas e três alpinistas, incluindo George Mallory, alcançaram o Colo Norte, a 6.700 metros de altitude. O incansável George Mallory continuou bisbilhotando a montanha até chegar ao passo Lho, 6.006 metros, uma falha na cordilheira que permitia passar do Tibete para o Nepal. Dali ele pode fazer uma minuciosa observação do glaciar que cobria o vale entre o Evereste e o Nuptse, acima da Cascata de Gelo, o qual baptizou de Cwm – vale, em galês – Ocidental, além de se tornar o primeiro europeu a ver a Cascata de Gelo e o vale Khumbu, no lado nepalês. Mallory voltou para o acampamento e, depois de trocar muitas informações com os outros alpinistas, concluiu ser a Cascata de Gelo um caminho intransponível. Portanto, o melhor era continuar tentando pelo lado tibetano, através do Colo Norte, localizado entre o Evereste e o Changtse, que ficava bem em frente, e a partir dali escalar pela aresta norte, à esquerda da face norte.Em 1922, uma nova expedição, liderada pelo general C.G. Bruce, iniciou sua jornada antes das monções e gabava-se de ser formada por um grande equipa de 13 pessoas, inclusive um cineasta, e estar abastecida com alimentação especial: champanhe, caviar e esparguete. Que congelou nos campos mais altos. Eles realmente tinham uma alimentação bem mais adequada, mas as roupas não. Eles usavam chapéu, óculos escuro, machadinhas de gelo e cordas, como se estivessem indo para um passeio num parque inglês no Inverno. Para facilitar a logística da operação, diversos acampamentos intermediários foram estabelecidos. O acampamento IV foi montado no Colo Norte e o acampamento V a uma altitude de 7.600 metros. Embora fosse claro que este campo estava baixo demais para servir como base de um ataque ao cume, a primeira tentativa foi feita por George Mallory, Edward Norton e Howard Somerval. Eles subiram a 8.150 metros, sem oxigénio suplementar, antes de descerem com sintomas de congelamento. A segunda tentativa foi realizada por George Finch e C.G.Bruce. Passaram a noite dormindo com auxílio de oxigénio suplementar, o que os manteve melhor aquecidos e permitiu-lhe um bom sono, embora alguns membros da expedição fossem contra por acharem tal atitude anti desportiva. Partiram pela manhã levando apenas uma garrafa térmica de chá e subiram até 8.323 metros, estabelecendo um novo recorde de altitude. A terceira tentativa terminou prematuramente 200 metros abaixo do Colo Norte, quando uma avalanche colheu nove sherpas, matando sete. O Evereste começava a cobrar seu tributo de quem o ousava desafiar. Mas eles não desistiram, iniciando uma campanha de arrecadação de fundos para voltarem aos Himalaias. Durante um ciclo de palestras pelos Estados Unidos, ilustradas com slides das expedições anteriores, quando um irritante jornalista perguntou porque motivo alguém teria que escalar o Evereste, George Mallory respondeu com o que veio a tornar – se a mais célebre frase da história do montanhismo:- Porque ele está lá!Em 1924, montou-se nova expedição. Eles ainda não tinham roupas adequadas, especialmente roupas de baixo. A cada alpinista foi entregue um kit de vestimentas no valor de 100 dólares. Edward Norton, chefe da expedição, era o mais bem equipado. Gabava-se de usar macacão corta-vento, um blusão de couro e um capacete de motociclista. Mas lá estavam eles de novo: George Mallory, Andrew Irvine, Edward Norton, Howard Somerval e mais cinco alpinistas. Violenta tormenta atacou-os, ainda no início da expedição, danificando o equipamento de oxigénio e obrigando-os a voltarem para se abrigarem no mosteiro Rongbuk, onde receberam a bênção do Lama, o que eles, imprudentemente, não haviam feito quando passaram pelo local em direcção ao acampamento-base. O acampamento VI foi estabelecido a 8.170 metros, tendo Edward Norton e Howard Somerval dormido no local. Iniciaram o ataque no dia seguinte, muito cedo, mas Howard Somerval foi vencido por um sério ataque de tosse. A garganta inchada congelou, quase sufocando-o. Edward Norton seguiu sozinho montanha acima, vencendo, passo a passo, a encosta coberta de neve, até chegar aos 8.572 metros – meros 276 metros abaixo do cume –, estabelecendo um novo recorde de escalada sem oxigénio artificial, uma marca fantástica para a época, só superada em 1978.Se Edward Norton tivesse oxigénio, possivelmente teria alcançado o cume. Naquela noite, com Edward Norton exausto e sofrendo de nifablepsia, uma cegueira temporária provocada pela reflexão da luz solar na neve, e Howard Somerval fora de acção, George Mallory escolheu o jovem e inexperiente Andrew Irvine para acompanhá-lo na tentativa do próximo dia, embora Noel Odell estivesse mais bem aclimatado e em melhores condições físicas. Os sherpas acompanharam George Mallory e Andrew Irvine até o acampamento VI, ponto em que desistiram de prosseguir, tais eram as condições adversas do clima. Após um breve descanso, regressaram para informar que apesar do fogareiro ter despenhado montanha abaixo, tudo estava bem, e que os dois europeus prosseguiriam. Na manhã seguinte, 8 de Junho de 1924, o tempo estava terrível, fazendo com que George Mallory e Andrew Irvine deixassem o acampamento avançado muito tarde. Enquanto esperavam para ver se as condições melhoravam, perderam estimáveis minutos, erro que provavelmente lhes tirou a vida. George Leigh Mallory estava com 38 anos, nasceu em 1886. Filho da alta burguesia inglesa, professor, casado e pai de três filhos, era considerado o melhor alpinista britânico da sua época. Dotado de refinada cultura e alto idealismo, possuía também uma apurada sensibilidade romântica. Nos acampamentos no Evereste, ele costumava ler Shakespeare para seus colegas de barraca. Naquela manhã de 1924, enquanto George Mallory e Andrew Irvine subiam, com extrema dificuldade, em direcção ao topo do mundo, Noel Odell escalava do acampamento V ao acampamento VI para estudar a geologia das rochas ao longo do caminho. Às 12h50, numa das suas paradas, as nuvens abriram uma brecha no céu e ele pode ver a silhueta dos dois companheiros subindo em direcção ao cume. Uma forte tempestade de neve formou-se na parte de cima do Evereste e, quando clareou, duas horas mais tarde, deixando visível a crista noroeste, não existia mais sinal dos alpinistas. Os dois nunca mais foram vistos. Teriam atingido o cume antes de morrerem? Seriam George Mallory e Andrew Irvine os primeiros a terem escalado o ponto mais alto do planeta? Eles haviam morrido na subida ou na descida? A verdade é que o desaparecimento deu origens a um sem-fim de conjecturas sobre se eles conseguiram ou não atingir o cume antes de morrerem. Montanhistas de expedições subsequentes, ao observarem o local onde Noel Odell avistou Mallory e Irvine pela última vez, concluíram que, Mallory e Irvine possivelmente não teriam chegado ao cume. Em 1980, durante uma expedição japonesa, um dos carregadores chineses, Wang Hongbao, procurou o chefe da equipa alegando que cinco anos antes, enquanto participava de uma expedição chinesa, havia encontrado, perto de onde estavam, o cadáver de um alpinista britânico com roupas muito antigas, sentado num terraço nevado a 8.100 metros de altitude. Se a informação estivesse correcta, certamente seria o corpo de Mallory ou Irvine. Como eles carregavam máquinas fotográficas, poderia – se ficar a saber se haviam ou não chegado ao cume. Mas o mistério continuou porque no dia seguinte o próprio carregador chinês morreu sob uma gigantesca avalanche que desabou sobre seu acampamento.
copiado na íntegra HUMANIC

Cartaz

Em grande formato, a popularidade do Mont-Blanc num cartaz da época. http://www.alpes.org/documents/excursions_mont_Blanc_1910.jpg

sexta-feira, 8 de dezembro de 2006

Na vertical - Nanga Parbat

nota 6, ano de 1970 marca a primeira ascensão da vertente Rupal, na qual perde a vida o seu irmão Gunther na descida. nota 7 e 8, ano de 1978 - referem-se a Messner a solo.
http://www.climbingguidebg.com/adv/nanga2006/NangaParbat_routes_high-mountain.jpg

quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

Maio 29, 1953

mountainzone
»Depois de atingir o cume, na compania do seu fiel escudeiro Sherpa, Sir.Hillary enviou mensagem via rádio para os companheiros na base, contando do seu sucesso. Chegando à base, horas depois, a noticia já havia corrido o mundo e um companheiro conseguira sintonizar um rádio portatil nas noticias do BBC World Service no exato momento em que anunciava o sucesso da expedição Inglesa pela conquista do Everest. Nessa altura, disse Sir. Hillary, ele se deu conta de que realmente tinha conseguido pois, afinal, "se a BCC disse é porque deve ser verdade !"»http://www.ovelho.com/modules/news/article.php?storyid=35817

quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

Viagens na minha terra

..."O vale de Santarém é um destes lugares privilegiados pela natureza, sítios amenos e deleitosos em que as plantas, o ar, a situação, tudo está numa harmonia suavíssima e perfeita: não há ali nada grandioso nem sublime, mas há uma como simetria de cores, de tons, de disposição em tudo quanto se vê e se sente, que não parece senão que a paz, a saúde, o sossego do espírito e o repouso do coração devem viver ali, reinar ali um reinado de amor e benevolência. As paixões más, os pensamentos mesquinhos, os pesares e as vilezas da vida não podem senão fugir para longe. Imagina-se por aqui o Éden que o primeiro homem habitou com a sua inocência e com a virgindade do seu coração.

À esquerda do vale, e abrigado do norte pela montanha que ali se corta quase a pique, está um maciço de verdura do mais belo viço e variedade. A faia, o freixo, o álamo, entrelaçam os ramos amigos; a madressilva, a musqueta penduram de um a outro suas grinaldas e festões; a congossa, os fetos, a malva-rosa do valado vestem e alcatifam o chão.

Para mais realçar a beleza do quadro, vê-se por entre um claro das árvores a janela meio aberta de uma habitação antiga mas não dilapidada — com certo ar de conforto grosseiro, e carregada na cor pelo tempo e pelos vendavais do sul a que está exposta. A janela é larga e baixa; parece-me mais ornada e também mais antiga que o resto do edifício que todavia mal se vê...

Interessou-me aquela janela.

Quem terá o bom gosto e a fortuna de morar ali?

Parei e pus-me a namorar a janela.

Encantava-me, tinha-me ali como num feitiço.

Pareceu-me entrever uma cortina branca... e um vulto por detrás. Imaginação decerto! Se o vulto fosse feminino!... era completo o romance.

Como há de ser belo ver o pôr o sol daquela janela!...

E ouvir cantar os rouxinóis!...

E ver raiar uma alvorada de maio!...

Se haverá ali quem a aproveite, a deliciosa janela? ... quem aprecie e saiba gozar todo o prazer tranqüilo, todos os santos gozos de alma que parece que lhe andam esvoaçando em torno?

Se for homem é poeta; se é mulher está namorada.

São os dois entes mais parecidos da natureza, o poeta e a mulher namorada; vêem, sentem pensam, falam como a outra gente não vê, não sente não pensa nem fala.

Na maior paixão, no mais acrisolado afeto do homem que não é poeta, entre sempre o seu tanto de vil prosa humana: é liga sem que não se lavra o mais fino do seu oiro. A mulher não; a mulher apaixonada deveras sublima-se. idealiza-se logo, toda ela é poesia, e não há dor física, interesse material, nem deleites sensuais que a façam descer ao positivo da existência prosaica.

Estava eu nestas meditações, começou um rouxinol a mais linda e desgarrada cantiga que há muito tempo me lembra de ouvir.

Era ao pé da dita janela!

E respondeu-lhe logo outro do lado oposto; e travou-se entre ambos um desafio tão regular em estrofes alternadas tão bem medidas, tão acentuadas e perfeitas, que eu fiquei todo dentro do meu romance, esqueci-me de tudo o mais.

Lembrou-me o rouxinol de Bernardim Ribeiro, o que se deixou cair na água de cansado.

O arvoredo, a janela, os rouxinóis... àquela hora, o fim de tarde... o que faltava para completar o romance?

Um vulto feminino que viesse sentar-se àquele balcão — vestido de branco — oh! branco por força... a frente descaída sobre a mão esquerda, o braço direito pendente, os olhos alçados ao céu... De que cor os olhos? Não sei, que importa! É amiudar muito demais a pintura, que deve ser a grandes e largos traços para ser romântica, vaporosa, desenhar-se no vago da idealidade poética.

— Os olhos, os olhos... — disse eu, pensando já alto, e todo no meu êxtase — os olhos... pretos.

— Pois eram verdes!

— Verdes os olhos... dela, do vulto na janela?

— Verdes como duas esmeraldas orientais, transparentes, brilhantes, sem preço.

— Quê! Pois realmente?... É gracejo isso, ou realmente há ali uma mulher, bonita, bonita, e?...

Ali não há ninguém — ninguém que se nomeie hoje, mas houve... oh! houve um anjo, um anjo, que deve estar no céu.

— Bem dizia eu que aquela janela...

— É a janela dos rouxinóis...

— Que lá estão a cantar.

— Estão, esses lá estão ainda como há dez anos — os mesmos ou outros, mas a menina dos rouxinóis foi-se e não voltou.

— A menina dos rouxinóis! Que história é essa? Pois deveras tem uma história aquela janela?

— É um romance todo inteiro, todo feito como dizem os franceses, e conta-se em duas palavras.

— Vamos a ele. A menina dos rouxinóis, menina com os olhos verdes! Deve ser interessantíssimo. Vamos à história já.

— Pois vamos. Apeemo-nos e descansemos um bocado.

Já se vê que este diálogo passava entre mim e outro dos nossos companheiros de viagem.

Apeamo-nos com efeito, sentamo-nos, e eis aqui a história da menina dos rouxinóis, como ela se contou.

É o primeiro episódio da minha odisséia: estou com medo de entrar nele, porque dizem as damas e os elegantes da nossa terra que o português não é bom para isto, que em francês que há outro não sei quê...

Eu creio que as damas que estão mal informadas, e sei que os elegantes que são uns tolos; mas sempre tenho meu receio, porque enfim, enfim, deles me rio eu: mas poesia ou romance, música ou drama de que as mulheres não gostem, é porque não presta.

Ainda assim, belas e amáveis leitoras, entendamo-nos; o que eu vou contar não é um romance, não tem aventuras enredadas, peripécias, situações e incidentes raros; é uma história simples e singela, sinceramente contada e sem pretensão.

Acabemos aqui o capítulo em forma de prólogo; e a matéria do meu conto para o seguinte."...



Viagens na minha terra, de Almeida Garret

Fonte:
GARRET, Almeida. Viagens na minha terra. [s.l.]: Ediouro, [s.d.].

Texto proveniente de:
Biblioteca Virtual do Estudante de Língua portuguesa
A Escola do Futuro da Universidade de São Paulo
Permitido o uso apenas para fins educacionais.

Texto-base digitalizado por - Sérgio Simonato

domingo, 3 de dezembro de 2006

o Projeto Manhattan

» Nos Estados Unidos, o Projeto Manhattan, cujo setor científico foi liderado pelo físico Robert Oppenheimer, usou a reação nuclear em cadeia para explodir a primeira bomba atômica perto do laboratório de Los Alamos, em 1945. A segunda e a terceira caíram sobre Hiroxima e Nagasáqui, no Japão, selando a vitória norte-americana na guerra. O Projeto Manhattan envolveu vários dos melhores talentos da Física, como o italiano Enrico Fermi, o alemão Hans Bethe e o húngaro Leo Szilard. Após a guerra, Oppenheimer tornou-se pacifista e lutou contra o uso das armas nucleares, sendo perseguido pelo governo norte-americano. Outros físicos do Projeto Manhattan tiveram trajetória semelhante, como o australiano sir Mark Oliphant (1901-2000), ... Os cientistas renegados do Projeto Manhattan não foram os únicos a serem colhidos pelas malhas da política belicista dos anos 30-40. Lise Meitner e Albert Einstein, por exemplo, tiveram que fugir da Alemanha para salvar suas vidas, pelo simples fato de serem judeus
Com Ciência

sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

O Pior Português de Sempre

Neste primeiro de Dezembro, em que comemoramos a Restauração da nossa independência, é altura de anunciar os resultados do concurso "O Pior Português de Sempre" que decorreu neste blogue Do Portugal Profundo...
E o prémio d' o Pior Português de Sempre vai para...