terça-feira, 9 de outubro de 2007

Acerca da família Ceiroquinhense

Where You Are

O Concelho de Arganil, trabalho do aluno Carlos Martins.

Fajão
Fajão é uma pequena aldeia da serra encostada aos célebres Penedos de Fajão com quase 900 metros de altitude, entre pinheiros, mata de estevas e carquejas. A sua história e a das suas gentes são iguais à de tantas outras aldeias; Sobral Valado, Cabril, Vidual, Gralhas, Relvas, Ponte, Boiças, Ceiroquinho...
FAJÃO-ALDEIA DE XISTO

A Casa da Moita
Região
TURISMO DE ALDEIA EM PAMPILHOSA DA SERRA NA ALDEIA DE FAJÃO, A “CASA DA MOITA”Quem entra em Fajão depara-se com uma casa reconstruída, que prima por uma arquitectura ligeiramente diferente do habitual. A leveza da sua fachada onde predomina vidro e madeira em tom de castanho, o bom gosto nas portadas, e o cuidado na arrumação do espaço circundante, chamam a atenção aos mais distraídos.Mas afinal porque falamos de uma casa, bonita como tantas outras em Fajão? Estamos a falar na casa de turismo de aldeia, “Casa da Moita”. Segundo os seus proprietários, a casa destina-se a acolher famílias que apreciem a tranquilidade das Serras da Pampilhosa, mas não querem abdicar do conforto de uma residência dos nossos dias.Ainda segundo os seus autores, a ideia de recuperar o "Barracão da Moita" e a sua transformação na bonita "Casa da Moita", com o total aproveitamento das características próprias de "casa de campo" para turismo de aldeia teve em vista proporcionar uns dias de descanso a quem pode e necessita descarregar o "stress" acumulado na vivência citadina. Limpar as vias respiratórias, desfrutar do ambiente puro, da calma e tranquilidade serrana, e apreciar os traços peculiares das gentes das Serras da Pampilhosa. Tudo isto é possível em Fajão na “Casa da Moita”, e ainda apreciar um cabrito no forno que é de bradar ao “Céu”.A Casa da Moita reflecte o tipo de construção centenária tradicional da região. Tendo-se recorrido ao xisto, e à madeira de castanheiro. Foi completamente reconstruída em 2004, e todo o seu equipamento reflecte harmonia capaz de garantirem um alto padrão de conforto. Nem uma bonita lareira falta na sala, que é equipada com todo o conforto, onde parte das parede são de rocha nua devidamente cuidada.Com mais esta valência, e analisando na perspectiva do desenvolvimento turístico da região, pensamos ser mais um passo importante para aumentar as oportunidades de os operadores turísticos, resolverem indagar onde ficam afinal as Serras da Pampilhosa.O turismo familiar de aldeia é neste momento uma actividade a levar em linha de conta, não só pelo baixo preço que pratica, mas fundamentalmente pelas ricas vivência que proporciona. Cada vez mais nos cansa o quotidiano nas grandes cidades, sendo o turismo de aldeia a forma mais equilibrada de recarregar baterias, sem que para isso se tenha que abandonar Portugal. Afinal em Pampilhosa da Serra também há turismo, que de forma sustentada pode um dia a vir a ser de altíssima qualidade, pois os primeiros passos estão em projectos como a “Casa da Moita”.
Por: Luís Gonçalves

Tradicional almoço de confraternização
Decorreu mais um convívio anual da família Ceiroquinhense, no lugar de Ceiroquinho, Pampilhosa da Serra, Distrito de Coimbra, terra dos meus avós paternos.Janeiro de Cima esteve bem representado com uma delegação do Bairro da Eira nas pessoas de Fernando dos Santos, algumas filhas e filho, António dos Santos "Toneca" e José dos Santos (Zé do esteirinho) e genro. António Gama da Silva (o meu padrinho), dois filhos: Luís António e Paulo Jorge o condutor de serviço aos comandos de um Mitsubishi Strakar e eu próprio tive a honra de estar presente, nesta viagem ao passado. O almoço teve lugar na escola de Ceiroquinho, lugar de convívio destas gentes bairristas e com grande espírito associativo. O meu padrinho apresentou-me o autor de vários livros de poemas e contos, António Jesus Fernandes, que me ofereceu uma das suas obras. Tive o prazer de conhecer também o Padre Aurélio bem como a Senhora América que vi pela primeira vez há mais de 20 anos. Ainda houve tempo para um "mergulho" nas águas naturais da piscina de Ceiroquinho, em plena serra rodeada de xisto. Aqui fica o meu modesto testemunho de um dia bem passado na terra natal dos meus avós paternos, alguns tios, primos e restante família Ceiroquinhense.

Como chegar
Estrada da Barragem de Santa Luzia. Estrada Ceiroquinho-Arganil.http://ceiroquinho.cmc.free.fr/cmc_local_mapa/local_mapa.html
Mapas
Roteiro, Mapa do concelho de Pampilhosa da Serra, Mapa do Ceiroquinho, Cadastral, Estradas...
http://ceiroquinho.cmc.free.fr/cmc_turismo_mapa/turismo_mapa.html
Casas de Ceiroquinho
http://ceiroquinho.cmc.free.fr/cmc_casas_ceiroquinho/original/casas001.jpg
Aldeia do Ceiroquinho
http://ceiroquinho.cmc.free.fr/cmc_fotos_ceiroquinho/original/aldeia_ceiroquinho015.jpg
Piscina do Ceiroquinho
http://ceiroquinho.cmc.free.fr/cmc_piscina/original/piscine06.jpg

Família
(...) Em Janeiro de Cima o tio César e família instalaram-se na grande casa da Eira, numa suave colina donde se vê toda a povoação. Era um sítio e privilegiado. Ali ao lado, a capela da Senhora do Livramento cuja grandiosa romaria é sempre no terceiro Domingo de Agosto. Lá mais no alto no cabeço arredondado existe outra ermida, a de S.Sebastião. (...)À noite, depois de um dia de trabalho árduo, a reza era ponto de honra. Todos mesmo cheios de sono rezavam e davam graças ao Senhor. Ali mesmo ao lado a Senhora do Livramento escutava todas as noites atentamente o que aqueles filhos lhe pediam em fervorosas orações, e não deixava certamente de lhe dar a sua bênção protectora.(...) O tio César, bastante cedo foi chamado para o reino dos justos, com grande pesar e consternação de toda a numerosa família.Agora quem ia tomar o leme embarcação era o seu genro José Fernandes pai de oito filhos, homem também trabalhador, de fino trato, inteligente, culto, estudioso e de larga visão das coisas e situações. José Fernandes, devido à sua honestidade e bondade soube conquistar amigos e integrar-se perfeitamente nos problemas da freguesia e nas suas instituições, chegou mesmo a ser durante vários anos presidente da Junta da Freguesia e também alguns anos mordomo das festas religiosas que se celebravam na freguesia.A sua esposa, Maria de Jesus, foi uma verdadeira santa, uma luz que brilhou sempre na Eira. Nenhum pobre, e eram muitos que ali iam pedir esmola, ficam sem uma dádiva, uma palavra de conforto, um sorriso, uma esperança...Maria de Jesus, foi também a personificação de uma verdadeira esposa e mãe. Conservou sempre uma postura terna, amável e acolhedora até ao fim da vida, e nunca esqueceu as virtudes que levou da sua aldeia de Ceiroquinho escondida entre serranias.(...)

Contos de António Jesus Fernandeshttp://ceiroquinho.cmc.free.fr/

A minha Bisavó
Quando passo por estes horizontes sem fim, lembro-me sempre, dessa heroína - a tia Preciosa Pereira. Por esta estrada entre Vidual e Fajão naquele tempo ainda não estava alcatroada, passou por aqui, essa caminheira , a tia Preciosa Pereira, com a mala do correio à cabeça. Fez esta caminhada centenas de vezes, à torreira do Sol, à chuva, ao vento... Eram tempos difíceis. A tia Preciosa calcorreava a pé cerca de trinta quilómetros ida e volta, pela estrada erma da serra.Toda de preto vestida, pois ficou viúva muito nova e tinha sete filhos menores para criar, e nesse tempo não havia abono de família, nem subsídios. de sobrevivência nem reformas...Nada! Nada!Havia apenas a força dos seus braços para trabalhar, a destreza das suas pernas para andar e a sua coragem sem limites para lutar contra a adversidade.Havia, os seus filhos, havia a esperança de que a batalha tinha de ser ganha. Tinha de cultivar todos os motrecos para arranjar o sustento da família. Tinha de fazeresse difícil serviço de estafeta, do correio sempre incerto e mal pago para vestir, calçar ealimentar os seus filhos.Tinha sobre os seus ombros a responsabilidade da sua casa. Tinha uma pesada cruz como muitos fezes dizia. A tia Preciosa não pedia, não era mulher para isso. Também a quem podia ela recorrer? De assistência social nem se falava na serra naquele tempo da década de quarenta.Com algumas dificuldades, os filhos foram crescendo, os rapazes partiram para Lisboa para trabalhar e as raparigas mais velhas foram servir. Porque trabalhar em qualquer profissão não era desonra nenhuma, pelo contrário, é digno de qualquer pessoa trabalhar honradamente.A tia Preciosa era uma conversadora fantástica. Dava gosto ouvi-la falar. As suas palavras, as suas frases, as suas respostas, os seus conselhos, os seus ditos, as suas perguntas tinham sempre interesse e profundo significado.Nunca se esqueceu da sua terra do seu amado Ceiroquinho, apesar de viver no Vidual de Cima aldeia bastante próxima. A aldeia onde nascemos é sempre nossa, e não a podemos negar nem esquecer. A tia Preciosa não se esquecia das pessoas, dos montes, das lombas, das ribeiras, das fazendas, tudo estava vivo na sua memória e no seu coração.Quando passava pelas Penedas no alto da serra da Amarela com a mala do correio á cabeça olhava sempre para a sua aldeia lá no fundo da Lomba da Missa, e os seus olhos ficavam rasos de lágrimas.Era a sua mocidade que pairava ainda por esses horizontes, os seus pais, os seus irmãos, os seus vizinhos, mil recordações que lhe passavam pela sua alma tão sofrida. Recordações tão perto e já tão distantes... E lá continuava na sua tarefa até Fajão, sabendo que sobre a sua cabeça levava cartas para a gente da sua aldeia, e isso dava-lhe imenso gosto e prazer.Esta mulher simples, honrada e corajosa, em jornadas sucessivas, vencia distâncias pela serra descampada, cumprindo a sua obrigação de estafeta.Todos esses altos penedos cinzentos e silenciosos, viram passar a tia Preciosa centenas de vezes. Eles são testemunhas imortais do esforço e da coragem da tia Preciosa.A vida também me atirou para Lisboa. Passados alguns anos, um belo dia, encontrei a tia Preciosa em Lisboa onde veio passar uns dias a casa dos seus filhos já casados. Apesar de já estar bastante cansada devido a tantos trabalhos e canseiras que a vida lhe deu, mantinha a mesma postura, a mesma dignidade, a mesma alegria e boa disposição.Foi uma festa encontrá-la e conviver alguns momentos com a tia Preciosa. A sua alegria era contagiante. As suas risadas eram como estrelas candentes rasgando o Céu em noite escura... Com uma idade avançada a tia Preciosa foi para o Céu. Os sinos tocaram na igreja do Vidual e os sons repercutiram-se por encostas e valeiros por onde a tia Preciosa passou a sua vida trabalhosa e difícil.Partiu para a vida eterna, mas, no silêncio que é a morte uma nova estrela brilhou no firmamento!... A tia Preciosa era um livro aberto que nunca esquecerei, e nele irei sempre escrevendo palavras de um saudoso adeus e profundo respeito pela sua memória.

Tia Preciosa Pereira, António Jesus Fernandes

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