PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS
Grupo Parlamentar
Exmos. Senhores,
Junto enviamos para informação a Declaração
Política da deputada Rita Rato, do Grupo Parlamentar do PCP, proferida
no Plenário da Assembleia da República: “Professores em luta pela Escola Pública de qualidade para todos, em luta pela democracia”.
Com os melhores cumprimentos,
Pedro Ramos
Chefe de Gabinete do Grupo Parlamentar do PCP
Declaração
Política
Deputada Rita
Rato
Professores em luta pela Escola Pública
de qualidade para todos,
em luta pela democracia
Sessão Plenária, 18 de junho de 2013
Senhor Presidente,
Senhores Deputados,
Depois
de no passado sábado a resistência e a determinação dos professores ter
inundado a Avenida da Liberdade, os professores portugueses realizaram ontem
uma jornada de luta histórica em defesa da Escola Pública de Qualidade.
De
norte a sul do país milhares de professores estão a construir uma poderosa luta
em defesa da Escola Pública de Democrática.
Por
isso mesmo, daqui saudamos com uma imensa confiança a luta de todos e cada um
dos professores e professoras que perdendo um dia de salário, se organizaram e
mobilizaram juntando forças na defesa da Escola Pública de Qualidade para
Todos.
Esta
greve de 17 de Junho, travada com uma imensa coragem pelos professores
portugueses, foi ainda mais importante porque representou uma sólida expressão
da unidade dos professores contra um Governo chantagista, irredutível e
intransigente.
É
curioso que nunca tenhamos ouvido o Ministro Paulo Portas em conferências de
imprensa à hora do almoço de Domingo a anunciar o aumento de 2,6% dos manuais
escolares, ou a anunciar o fim do passe escolar para os estudantes dos 4 até
aos 23 anos; ou a anunciar o fim de terapias e apoios a alunos com necessidades
especiais; ou a fazer um balanço do despedimento de 14.500 professores
contratados, que tanta falta fazem à Escola Pública.
É
também curioso que o Primeiro-Ministro, que se diz agora tão preocupado com os
jovens e as suas famílias, não esteja nada preocupado quando força milhares de
jovens a abandonar o seu país e a emigrar para fugir à miséria e à fome.
Não
é nada curioso, é até bastante revelador que o Presidente da República
conhecido pelos seus silêncios ensurdecedores, nunca tenha tido uma palavra a
dizer sobre o drama de milhares de alunos forçados a abandonar os estudos, e
sobre a justa luta dos professores tenha vindo contribuir para o clima de
pressão e chantagem.
Hipocrisia
política.
Sr.
Presidente, Sr. Deputados,
Os
95% de adesão à greve das avaliações, a par dos 90% registados no dia de ontem
são reveladores da determinação dos professores, e provam que o Governo apenas
permitiu o funcionamento de muitas salas de exame, através da adoção de um
conjunto de ilegalidades, irregularidades e arbitrariedades.
Sabe
bem o Governo que a luta dos professores não é contra os estudantes, é contra a
política da Troika, de destruição da
Escola Pública de Qualidade, é pela dignidade e respeito que merece e exige a
profissão docente.
Podemos
mesmo dizer que esta luta é também em defesa dos estudantes e os seus direitos,
é pela defesa do seu futuro numa escola que assegure a formação da cultura
integral do individuo, numa escola que assegure sempre qualidade do processo
ensino/aprendizagem.
A
dita preocupação do Governo sobre as consequências de 1 dia de luta dos
professores é desmascarada por 365 dias de imposição de medidas de degradação
da qualidade do ensino:
·
o aumento do número de alunos
por turma;
·
a criação de mega-agrupamentos
que desumaniza os espaços e aumenta a descoordenação pedagógica;
·
a reorganização curricular para
despedir milhares de professores;
·
a exclusão de alunos com
necessidades especiais, cortando e retirando apoios materiais e humanos
essenciais.
Sr.
Presidente, Sr. Deputados,
A
Escola Pública de Qualidade para Todos é uma das mais importantes conquistas de
Abril. A Escola Pública é um dos pilares estruturantes do regime democrático.
Não
há democracia sem Escola Pública de qualidade, e a degradação da Escola Pública
significa a degradação profunda do próprio regime democrático.
Os
professores sabem disto. E por isso mesmo, a sua longa jornada de luta não
corresponde a nenhum desígnio corporativo. A luta histórica, travada em 2013 no
século XXI, pelos professores é uma luta em defesa da democracia.
A
luta dos professores portugueses em defesa dos seus direitos é inseparável da
luta pela qualidade da Escola Pública; é inseparável da luta corajosa em defesa
do próprio regime democrático.
A
luta dos professores não é contra os alunos. É contra a política deste Governo
e da Troika, em defesa do emprego com direitos contra o desemprego; em defesa
da estabilidade e continuidade pedagógica contra a mobilidade especial.
Sr.
Presidente, Sr. Deputados,
Os
responsáveis pela instabilidade que se vive hoje nas escolas não são os
professores, é o Governo e a sua intransigência de despedimento de milhares de
professores e de cumprimento do Pacto da Troika.
Apelamos
por isso aos professores em especial, mas a todos os trabalhadores, a todos os
homens e mulheres deste país a lutar pela demissão do Governo e pela derrota do
Pacto da Troika, em defesa dos valores de Abril e do regime democrático.
Disse.
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