terça-feira, 31 de outubro de 2006

"diversidade e acesso à web"

A possibilidade de comunicarmos mundialmente, via Internet, é definitivamente um dos aspectos mais positivos da globalização”, disse hoje a comissária europeia para as Sociedades de Informação, Viviane Reding, durante o discurso de abertura do evento, que reuniu representantes de governos de todo o mundo. “No entanto – frisou Reding - a Internet só pode continuar a ser uma impulsionadora da democracia e do desenvolvimento económico se a liberdade de expressão e o acesso total à informação forem garantidos”. No seu discurso, a Comissão Europeia convidou também a comunidade internacional a “não tolerar nem limitações públicas ao acesso à web, nem a cyber-repressão”.
Fórum promovido pela ONU
Futuro da Internet em discussão

segunda-feira, 30 de outubro de 2006

MST

O MACROSCÓPIO [Link] RESPONDE A MIGUEL SOUSA TAVARES
É uma pena Miguel Sousa Tavares não ler blogues:
«Quantas e quantas pessoas não aprendem hoje a ler Sofia Mello Breyner Andersen pela net - que depois usam nos seus blogues - de forma gratuita e levando o nome da escritora mais longe??? São, provavelmente, as mesmas pessoas que não terão recursos para comprar um livro de poesia da mesma autora, apesar de a divulgarem cada vez mais. Será que o Miguel já pensou nisto??? Ou ainda vegeta naqueles raciocínios de pacotilha de sociologia da família da década de 70... Confesso que aqui a elaboração intelectual do Miguel foi minada pelo desequilíbrio psicológico e pela instabilidade emocional em que o tal "artista" do blog anónimo o deixou. Empurrando o Miguel para fora dos taipais do Campo Pequeno para bloquear o trânsito da Av. da República por 10 min

O ÁGUA LISA [Link]
Também tirou uma conclusão depois de ler o artigo de Miguel Sousa Tavares:
«Conclusão: A dessocialização, a sedentarização, a impotência, a desistência de viver a vida, a impunidade, a cobardia, a mediocridade e a inveja, são males que afligem o mundo desde que existem blogues. Antes deles, o mundo era regido por jogos entre damas e cavalheiros. Se a Internet trouxe a barbárie, que o tempo volte para trás
. »
"Roubado" no Blog O Jumento

NERVOS DE AÇO

Não podendo mudar as políticas muito substancialmente, o Governo só pode mudar de atitude Ver +

domingo, 29 de outubro de 2006

Choque tecnológico na BT

A Brigada de Trânsito (BT) terminou recentemente a fase de testes de um novo sistema de leitura de matrículas. A tecnologia é inédita em Portugal e vai permitir, através de infra-vermelhos, detectar não só veículos furtados como também todas as irregularidades legais de quem anda na estrada. Tudo a uma «velocidade estonteante».
«O sistema já existe na Europa, nomeadamente, na Itália e Holanda, e esperamos que o consigamos ter operacional até ao final do ano», adiantou ao PortugalDiário o major Lourenço da Silva, porta voz da BT. A instituição celebrou nesta terça-feira, 36 anos de vida.
O projecto foi apresentado à tutela, ministério da Administração Interna, e teve bom acolhimento. A BT tem já indicações de que a verba para a implementação dos aparelhos está «apalavrada».
O aparelho «lê as matrículas em movimento, constantemente, e através dos caracteres detectados vai directamente às bases de dados», explica o major. O sistema está preparado para detectar as ilegalidades de quem anda na estrada. Vai ser mais fácil apanhar veículos furtados, quem não paga o imposto de selo fiscal ou o seguro automóvel ou quem não leva o carro à inspecção obrigatória.
A nova tecnologia vai estar associada ao sistema GPS, ainda em fase de implementação nos carros da BT, o que permite que «quando é detectada uma matrícula irregular e soa o alarme, é possível saber exactamente onde está o veiculo infractor e enviar uma patrulha para o interceptar».
A nova tecnologia promete aumentar a quantidade de infracções detectadas já que «durante os testes em poucos minutos soaram muitos alarmes, nomeadamente, em locais como o IC 19», avançou o porta-voz da BT.
Computadores dentro dos carros
O sistema em causa só vai poder funcionar com a total operacionalidade das bases de dados e com a instalação em todos os veículos da BT dos computadores que permitem o acesso às mesmas.
«Neste momento estão já totalmente equipadas 80 viaturas. E estão em fase de instalação perto de 200», adiantou a mesma fonte. A BT tem 510 automóveis e 186 motas, mas está actualmente a receber mais viaturas para repor o parque automóvel.

Cláudia Lima da Costa

Dizer palavras com segundas intenções

Ministério nega intenção de acabar com pausas lectivas para os professores »»
Prestigiar os Professores »»

sexta-feira, 27 de outubro de 2006

Vende-se Terreno...

O EXEMPLO PRESIDENCIAL

ANÍBAL CAVACO SILVA

Actualmente recebe três pensões pagas pelo Estado

4.152,00 - Banco de Portugal.

2.328,00 - Universidade Nova de Lisboa.

2.876,00 - Por ter sido primeiro-ministro.

Podendo acumulá-las com o vencimento de P. R.

Porque será que, o Expresso, o Público,
o Independente, o Correio da Manhã e o Diário de Notícias,
não abordaram este caso, mas trataram os outros
conhecidos, elevando-os quase à categoria de escândalos, será que
vão fazer o mesmo que fizeram com os outros??

Não será por isto a falência da Segurança Social
?
recebido por e-mail

quinta-feira, 26 de outubro de 2006

6 metros quadrados de vida

Diário de um Quiosque foi nomeado para os The BOBs (Best of the Blogs, International Weblog Awards 2006), para o prémio Blogwurst (não confundir com Blogworst) - Esquisito, excêntrico, provocativo. Aqui serão premiados blogs que nos divirtam, perturbem ou que simplesmente tratem de um tema incomum. Para caber nesta categoria, é preciso ter algo de realmente "diferente".
Prémios do público e votação
Os usuários terão tempo de 23/10 até 11/11/2006 para avaliar os weblogs nomeados e escolher seus favoritos através de votação online.
Os nomeados são
estes e a votação pode ser feita aqui.

A tentativa do sr. zé

PROCESSO DE REVISÃO DO ECD:

PRIMEIRO-MINISTRO NÃO DIZ A VERDADE!



Só por desconhecimento, distracção ou tentativa de enganar a opinião pública, o senhor Primeiro-Ministro, José Sócrates, poderá ter afirmado que as organizações sindicais de docentes teriam, finalmente, concordado com a introdução de mecanismos de avaliação do desempenho na carreira docente e com a sua divisão em duas categorias.

Relativamente à avaliação do desempenho, os Sindicatos de Professores concordam com a sua existência há, pelo menos, 16 anos, ou seja, desde que foi aprovado o primeiro Estatuto da Carreira Docente. O que tem separado (e continua a separar!) os Sindicatos, do Ministério da Educação, é que, para as organizações sindicais, a avaliação do desempenho deverá ter um carácter essencialmente formativo, servindo para melhorar a qualidade do desempenho dos docentes. Já para o ME, os objectivos são outros: castigar os professores, retirar-lhes tempo de serviço que cumpriram, impedi-los de chegar ao topo da carreira e, em situação limite, expulsá-los da profissão. Daí que, também sobre esta matéria, as divergências entre os Sindicatos e o Ministério da Educação se mantenham!

A admissão, em sede de negociação e num esforço extraordinário de procura de consenso, de uma eventual aceitação do modelo (do modelo!) proposto pelo ME, dependeria sempre da sua disponibilidade para deixar cair os constrangimentos de carreira que propõe (quotas e vagas). O ME não aceitou o esforço sindical, logo essa flexibilidade negocial assumida pelos Sindicatos, deixou de existir!

Quanto às duas categorias, trata-se de outra questão fracturante no actual processo de revisão que, na reunião realizada ontem com o ME, ocupou a maior parte da discussão. Para os Sindicatos de Professores, a existência de duas categorias significaria a negação da própria profissão, pois deixaria a meio da carreira milhares de professores e educadores que são dos melhores que existem nas escolas!

Já a admissão (admissão!) de introduzir no debate a existência de um ou dois patamares salariais (que não se confundem com categorias!) de acesso condicionado, para os Sindicatos dependeria de um compromisso a assumir pelo ME: nenhum professor ou educador actualmente no sistema poderia ser impedido de atingir o actual topo da carreira (10º escalão - índice salarial 340), pelo que tais escalões, a existirem, teriam sempre de ser superiores ao actual topo. Este compromisso exigido pelos Sindicatos foi desde logo recusado pelo ME, pelo que tal discussão terminou no momento em que se colocou!

Assim sendo, o desacordo global manifestado pelas 14 organizações sindicais de docentes que constituem a Plataforma Sindical de Professores mantém-se em absoluto.
O senhor Primeiro-Ministro, José Sócrates, deve corrigir as suas afirmações, pois fica mal a um governante com as responsabilidades de Primeiro-Ministro, fazer afirmações que não são correspondem à verdade!

Por fim, o SEPLEU apela aos educadores e professores para que se mantenham atentos, pois, como se prova, o Governo, neste momento, não olha a meios para atingir os seus fins que parecem ser a criação de confusão e de divisões entre os professores. A consulta dos sites do SEPLEU e dos Sindicatos da Plataforma será sempre o meio de informação mais adequado sobre o ponto da situação negocial.



A proposta entregue pela plataforma dos 14 sindicatos ao ME na reunião de 25 de Outubro, ilustram este artigo e desmontam as declarações proferidas »»


Como se pode afirmar uma coisa destas:
Sócrates satisfeito por professores concordarem com Governo »»

Leia e oiça as declarações do PM »»
Sindicatos negam existência de acordo »»



Felizmente os educadores e professores sabem ler, ouvir, interpretar e não acreditam naquilo que este Governo quer fazer crer.
A "opinião pública" pode ser manipulada mas os docentes deste país há muito que deixaram de ser manipulados.



Entrar no Site

Países ricos, países pobres

Sem dúvida, os países ricos, industriais, podem defender-se (aliviar mas não eliminar o sofrimento) permanecendo na vanguarda da pesquisa, mudando para novos e crescentes ramos (criando novos empregos), aprendendo de outros, descobrindo os nichos certos, cultivando e usando talento, competência e conhecimento. Podem percorrer um longo caminho mantendo um ritmo constante e seguro e contando com redes de segurança, ajudando os perdedores a aprender novas técnicas e qualificações, a obter novos empregos, ou simplesmente a se aposentarem. Muito dependerá do seu espírito de iniciativa, senso de identidade e compromisso com o bem-estar comum, de sua auto-estima e da capacidade de transmitir esses predicados a sucessivas gerações. Enquanto isso, o que fazer com os pobres, os atrasados, os desfavorecidos? Por fim de contas, os países industriais ricos encontram-se numa situação tão confortável, por mais pressionados que sejam pela nova concorrência, que fica muito difícil provocarem preocupação e simpatia. Apesar de todos os seus problemas, eles têm uma obrigação contínua moral ainda mais do que previdente, para com os menos afortunados. Devem dar pelo prazer de dar? Dar somente quando faz sentido (compensa) dar? Dar, como fazem os banqueiros, de preferência àqueles que não necessitam de ajuda? Amor egoísta, amor altruísta? Ambos? Faço essas perguntas, não porque saiba as respostas (só os verdadeiros crentes pretendem conhecê-las), mas porque se deve estar cônscio do inextricável emaranhado de motivos conflitantes e efeitos contraditórios. A navegação através dessas corredeiras exige constantes ajustes e correcções, tanto mais difícil porquanto qualquer plano ou programa de acção é condicionado por políticas internas. E os pobres, o que fazem? A história nos ensina que os mais bem sucedidos tratamentos para a pobreza vêm de dentro. A ajuda externa pode ser útil, mas, como a fortuna inesperada, também pode ser prejudicial. Pode desencorajar o esforço e plantar uma sensação paralizante de incapacidade. Como diz um aforismo africano: "A mão que recebe está sempre por baixo da mão que dá." Não, o que conta é trabalho, parcimónia, honestidade, paciência, tenacidade. Para gente acossada pelo infortúnio e a fome, isso pode contribuir para uma indiferença egoísta. Mas, no fundo, nenhuma acção é tão eficaz, tão efectiva, quanto aquela que as próprias pessoas se habilitam para realizar por si mesmas, sem a ajuda alheia. Algumas destas coisas podem soar a uma colecção de lugares-comuns - o género de lições que se costumava aprender em casa e na escola, quando pais e professores pensavam ter a missão de criar e educar seus filhos. Hoje, dignamo-nos condescender com tais verdades, deixamo-las de lado como desenxabidas banalidades. Mas por que considerar obsoleta a sabedoria? Estamos vivendo, sem dúvida, numa época de sobremesa. Queremos que as coisas sejam doces; muitos de nós trabalhamos para viver e vivemos para ser felizes. Nada há de errado nisso; só que isso não promove uma alta produtividade. Queremos alta produtividade? Então deveremos viver para trabalhar e obter a felicidade como um subproduto. Não é fácil. As pessoas que vivem para trabalhar são uma pequena e afortunada elite. Mas é uma elite aberta aos recém-chegados, aos autoselecionados, a espécie de gente que destaca e enaltece o positivo. Neste inundo, os optimistas vencem, não porque estejam sempre certos, mas porque são positivos. Mesmo quando erram, são positivos, e esse é o caminho da realização, correcção, aperfeiçoamento e sucesso. O optimismo educado, de olhos abertos, compensa; o pessimismo só pode oferecer a consolação vazia de estar certo. A única lição que se destaca é a necessidade de continuar sempre tentando. Nada de milagres. Nada de perfeição. Nenhum milénio. Nenhum apocalipse. Devemos cultivar uma fé céptica, evitar dogmas, ouvir e observar bem, procurar esclarecer e definir metas, os melhores que escolham os meios. »Eu vos propus a vida e a morte, a bênção e a maldição. Escolhe a vida, para que vivas, tu e a tua posteridade.» Deuteronômio, XXX: 19
David S. Landes
Riqueza e a Pobreza das Nações
3ª ed.- Rio de Janeiro- Campus -1999 -pp. 592-593

quarta-feira, 25 de outubro de 2006

segunda-feira, 23 de outubro de 2006

Acontece em...Portugal!

recebido por e-mail
Isto é apenas uma gota no OCEANO chamado Portugal!


Tudo o que vai aparecer neste texto não é ficção! Acontece em Portugal. País com regime democrático à beira mar plantado. Vamos lá...


Demorou até um pouco para ver se não dava nas vistas. Mas a Festa continua .......Segundo a revista Focus (pág.25 ), a EDP conta com um novo assessor jurídico. Foi nomeado pelo ex-ministro António Mexia (actual presidente executivo da EDP) e vai ganhar cerca de EUR 10.000/mês.Quem é ele?Perguntam vocês... Pensem um pouco... Mais um bocadinho...Não era fácil...:
- Pedro Santana Lopes (MAIS UM JOB)


A opinião pública é fabricada por quem? Penso que todos somos influenciados pela COMUNICAÇÃO SOCIAL.

ESTÃO TODOS CALADINHOS, PORQUÊ ????????????????Subsistema de Saúde dos Jornalistas.Por que será que andam caladinhos? Objectividade da análise jornalística? Porque é preciso ter os jornalistas na mão....O subsistema de saúde "dos fazedores de opinião" é INTOCÁVEL!!!A Caixa de Previdência e Abono de Família dos Jornalistas é dirigida por uma comissão administrativa cuja presidente é a mãe do ministro António Costa e do Director-Adjunto da Informação da SIC, Ricardo Costa (Maria Antónia Palla Assis Santos - como não tem o "Costa", passa despercebida...).O Ministro José António Vieira da Silva declarou, em Maio último, que esta Caixa manteria o mesmo estatuto!Isso inclui regalias e compensações muito superiores às vigentes na função pública (ADSE), SNS e os outros subsistemas de saúde.É só consultar a tabela de reembolsos anexa.... Mas este escândalo não será divulgado pela comunicação social, porque é parte interessada (interessadíssima!!!) pelo há que o divulgar ao máximo por esta via!!!

Era a manchete do Expresso e custa acreditar. A nossa petrolífera tem vindo a ser albergue de parasitas e toca de incompetentes. Veja-se:Um quadro superior da GALP, admitido em 2002, saiu com uma indemnização de 290.000 euros, em 2004. Tinha entrado na GALP pela mão de António Mexia e saiu de lá para a REFER, quando Mexia passou a ser Ministro das O.P. e Transportes...O filho de Miguel Horta e Costa, recém licenciado, entrou para lá com 28 anos e a receber, desde logo, 6600 euros mensais.Freitas do Amaral foi consultor da empresa, entre 2003 e 2005, por 6350 euros/mês, além de gabinete e seguro de vida no valor de 70 meses de ordenado.Manuel Queiró, do PP, era administrador da área de imobiliário(?) 8.000euros/mês.A contratação de um administrador espanhol passou por ser-lhe oferecido 15 anos de antiguidade (é o que receberá na hora da saída),pagamento da casa e do colégio dos filhos, entre outras regalias.Guido Albuquerque, cunhado de Morais Sarmento, foi sacado da ESSO para a GALP. Custo: 17 anos de antiguidade, ordenado de 17.400 euros e seguro de vida igual a 70 meses de ordenado.Ferreira do Amaral, presidente do Conselho de Administração. Um cargo não executivo(?) era remunerado de forma simbólica: três mil euros por mês, pelas presenças. Mas, pouco depois da nomeação, passou a receber PPRs no valor de 10.000 euros, o que dá um ordenado "simbólico" de 13.000 euros...
Outros exemplos avulsos: Um engenheiro agrónomo que foi trabalhar para a área financeira a 10.000 euros por mês; A especialista em Finanças que foi para Marketing por 9800 euros/mês... Neste momento, o presidente da Comissão executiva ganha 30.000 euros e os vogais 17.500. Com os novos aumentos, Murteira Nabo passa de 15.000 para
20.000 euros mensais.A GALP é o que é, não por culpa destes senhores, mas sim dos amigos que ocupam, à vez, a cadeira do poder. É claro que esta atitude, emula do clássico "é fartar, vilanagem", só funciona porque existe uma inenarrável parceria GALP/Governo. Esta dupla, encarregada de "assaltar" o contribuinte português de cada vez que se dirige a uma bomba de gasolina, funciona porque metade do preço de um litro de combustível vai para a empresa e, a outra metade, para o Governo. Assim, este dream team à moda de Portugal, pode dar cobertura a um bando de sanguessugas que não têm outro mérito senão o cartão de militante. Ou o pagamento de um qualquer favor político...Antes sustentar as gasolineiras espanholas que estão no mercado do que estes vampiros!!!

Assunto:PESO DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS NA POPULAÇÃO ACTIVA ( Dados de 2004)
(Fonte EUROSTAT, publicado no Correio da Manhã)
Suécia .. 33,3%
Dinamarca ..30,4%
Bélgica .. 28,8%
Reino Unido ..27,4%
Finlândia ..26,4%
Holanda .. 25,9%
França .. 24,6%
Alemanha .. 24%
Hungria .. 22%
Eslováquia ..21,4%
Áustria .. 20,9%
Grécia .. 20,6%
Irlanda .. 20,6%
Polónia .. 19,8%
Itália .. 19,2%
República Checa ..19,2%
PORTUGAL .. 17,9%
Espanha .. 17,2%
Luxemburgo .. 16%
Não há pois funcionários públicos a mais. Há sim uma distribuição não correcta, o que faz com que haja sectores em falta e outros em excesso.
Por exemplo, a reforma administrativa que, sem dúvidas, urge fazer-se, deverá começar por mudar a realidade dos dados que nos indicam que cada ministro deste e de outros governos tem, para seu serviço pessoal e sob as suas ordens directas, uma média de 136 pessoas (entre secretários e subsecretários de estado, chefes de gabinete, funcionários do gabinete, assessores, secretárias e motoristas) e 56 viaturas, apenas CINCO vezes mais que no resto da Europa.
Há políticos e governantes que querem a diminuição cega dos quadros apenas para que as empresas privadas de seus amigos e padrinhos possam ser contratadas para fazer serviços públicos ("Outsourcing") e possam facturar muito.
Finalmente, o contraste entre o destaque dado pela comunicação social controlada e até corrupta.
Se serviu para alguma coisa, o «programa dos Prós» da RTP de 22 de Maio, foi que, quando as comadres se zangam, sabem-se as verdades. E a verdade que saiu do programa da RTP foi que temos uma comunicação social corrupta e ao serviço de quem tem muito dinheiro.
Nestes dias, a ideia que mais uma vez a comunicação social vendeu à opinião pública, foi a da necessidade de 200 mil despedimentos na função pública.
Resulta que somos o 3º país da U.E. com menor percentagem de funcionários públicos na população activa.
A realidade sustentada por alguns governantes e ex-governantes, nada mostra quanto aos factos que estarão na base de tais afirmações, tão pouco se naqueles 200 mil, estarão os milhares de "boys" nomeados pelo mesmo sistema que os esses mesmos governantes construiram nos últimos 20 e alguns anos.
Assim se informa e se faz política em Portugal.


Em Setembro de 2002 foi publicada na II Série do Diário da República a aposentação do Exmº. Senhor Juiz Desembargador Dr. José Manuel Branquinho de Oliveira Lobo, a quem foi atribuído o número de pensionista 438.881.

De facto, no dia 1 de Abril de 2002 o Dr. Branquinho Lobo havia sido sujeito a uma “Junta Médica” que, por força de uma doença do foro psiquiátrico, considerou a sua incapacidade para estar ao serviço do Estado, o que foi determinante para a sua passagem à aposentação.


De acordo com o disposto na alínea a) do nº.2 do artigo 37º do decreto-lei nº.498/72 de 9 de Dezembro, em caso de aposentação motivada por incapacidade ou doença, constitui regalia dos magistrados judiciais auferirem a sua pensão de aposentação por inteiro, como se tivessem todo o tempo de serviço para tal necessário.

Por esse motivo, o Dr. Branquinho Lobo passou a auferir uma pensão de aposentação no montante de € 5.320,00.
Contudo, por resolução proferida no dia 30 de Julho de 2004, o Conselho de Ministros do Governo do Dr. Pedro Santana Lopes nomeou o Dr. Branquinho Lobo como Director Nacional da Polícia de Segurança Pública.

Desde então, o Dr. Branquinho Lobo acumula a sua pensão de aposentação por incapacidade com o vencimento de Director Nacional da P.S.P.


Depois de apresentar este texto só posso dizer que tenho vergonha de ser português em Portugal. Gostava de viver numa verdadeira Democracia!

- Todos com o mesmo sistema de saúde;
- Todos a pagarem impostos;
- Todos a terem reformas merecidas e justas;
- Todos com o mesmo sistema de Justiça e não um para os ricos (intocáveis) e outro para os pobres;
- Etc...

Peço a quem ler esta mensagem que divulgue e que se tiver conhecimento de mais casos que me envie para eu compilar tudo para mostrar a todos o país onde vivemos.

tiago.lab@gmail.com

Um abraço

De um simples professor.

domingo, 22 de outubro de 2006

Professores

»Os professores saíram à rua. Gostava de ter saído com eles. Já sei, já sei: a ministra é mulher de coragem e as mordomias da classe não podiam continuar. Mas às vezes pergunto se as “mordomias” da classe, longe de constituírem defeito, não seriam uma absoluta necessidade na definição do papel. O Governo está enganado se acredita que um professor é comparável a um mero gestor empresarial, de quem apenas se exige “produtividade” e “resultados”. E o Governo está dramaticamente enganado ao entregar a avaliação dos docentes aos pais - uma porta aberta para a chantagem e para a corrupção. De um professor espera-se que ensine. E ensinar pressupõe autoridade e confiança. A autoridade tem sido destruída por sucessivos ministérios. E, sobre a confiança, ela só existe quando um professor é entendido, não como peça da engrenagem - mas como um formador de seres humanos. Mordomias? Concedo. Mas, quando ensinar é o verbo, existem mordomias que a experiência aprende a tolerar
João Pereira Coutinho - EXPRESSO - edição online paga

sábado, 21 de outubro de 2006

A verdade nua e crua

O "sistema" ensaiou, para descargo de consciência, a acusação a seis engenheiros, um deles com 82 anos e outro com 77, pela queda da ponte de Entre-os-Rios e, consequentemente, pela morte de 59 pessoas. Todos sabemos, incluindo a acusação protagonizada pelo Ministério Público, que a queda da dita ponte se deveu a múltiplos factores. Naturais uns, certamente. Mas, sobretudo, devido à incúria, à falta de profissionalismo e de brio, ao "deixa andar" que, regra geral, nos caracteriza: ascendendo do fundo dos tempos, vai do contínuo ao Ministro, do engenheiro ao cangalheiro que nos amortalha. E também à nossa grande defesa: a burocracia. Daí que, desde o primeiro momento, me arrepiou ver aqueles seis homens, ali sentados, no banco dos réus, em sofrimento, pela desonra de uma acusação que devia recaír sobre todo o país. O Tribunal fez justiça, absolvendo todos os arguidos. Com o respeito que a memória das vítimas nos merece não se deve desligar este julgamento - a procura de bodes expiatórios - do pedido cível, em que, para além do Estado, as famílias das vítimas reclamavam aos arguidos num total de 13,117 milhões de euros. Com esta sentença, tal pedido esfumou-se!.
Copiado na íntegra do excelente

Cuántas veces has pasado a mi lado, Dios mío, y no te he acogido!

dedicado ao carlos gama, carlos cravo, carlos antunes, joão folgado e outros seres que passam ao meu lado.
«Señor, ¿cuándo te vimos hambriento o sediento
o forastero o desnudo
o enfermo o en la cárcel,
y no te asistimos?.
Y él entonces les responderá:
En verdad os digo
que cuanto dejasteis de hacer con uno de estos más pequeños,
también conmigo dejasteis de hacerlo.
E irán éstos al castigo eterno,
y los justos a la vida eterna.»
(Mat 25,44-46)

¡Cuántas veces me han dicho con una mirada, o explícitamente: "Llévame contigo"!
Me lo dice la perrita de la vecina, cada vez que me encuentra en el rellano de la escalera, al dirigirse hacia mi puerta y tocarla con su patita.
Me lo dice la alumna que ya no soporta seguir encerrada en el aula y me ve aparecer sonriendo.
Me lo dijo a la puerta de una iglesia y me estremezco al recordarlo un joven sin techo ni hogar, recién llegado de algún país africano.

Porque tuve hambre, y no me disteis de comer...
Siempre llevo prisa cuando vuelvo de visitar a Albert. Las calles peatonales, abarrotadas al venir, están ahora semidesiertas.
Un individuo con el pelo sucio y revuelto extiende la mano.
No llevo nada... (suelto) , musito sin detenerme.
¡Me faltan sólo 1.80 € para el bocadillo, y llevo horas! , oigo a mis espaldas.




Yolanda
Todos los días, hacia las once, suena un timbre estruendoso, se abren de golpe las puertas de las aulas, y los pasillos se inundan de niños y niñas. Gritan, corren y devoran generosos bocatas.
Yolanda estaba sola y pensativa.
No tienes muy buen aspecto. ¿Ya has comido algo hoy?
No.
Pues deberías desayunar. ¿Tienes dinero?
No... ¿me puedes prestar un euro?
Ten, dos euros.
Cinco minutos más tarde volvió, sonriente. Terminó lo que quedaba del bocadillo con un par de mordiscos y se sentó a mi lado.
¿Por qué no le dices a tu madre que te prepare algo para media mañana?
No...
Bueno, pues coge tú misma algo de la nevera.
No... ¿sabes qué pasa?
Y me contó que su madre tenía un problema con el alcohol, y que la nevera estaba vacía, y que había pasado unos días en un centro de acogida para menores... y que no quería volver allí.
A veces, hacia las once, mientras juegan por el patio, tomo prestada la guitarra del Departamento de Música y me escondo en una de las aulas vacías, o en el almacén de papel de Conserjería, para tocar un par de canciones. Siempre son las mismas, las que conozco desde hace años. Las he cantado centenares de veces, pero todavía necesito las partituras. Siempre las mismas... amarillentas por el paso del tiempo. Escogí "Mediterráneo", de Juan Manuel Serrat:
"A fuerza de desventuras, tu alma es profunda y oscura..."
Y entonces se coló Yolanda. Se sentó sin pedir permiso, sin decir nada. Esperó a que acabara la canción y dijo:
Me gustaría tener un padre como tú.
¡...!
Una florecita puede hacer añicos una roca, ¿verdad?
Una flor nacida en un basurero, quizá...
¿Y dónde está tu padre?
En la cárcel.

¡Cuántas veces has pasado a mi lado, Dios mío, y no te he acogido!

Que no me conforme con dar limosna.
Que sepa darme a quien me necesita.
Que vea tu rostro en los pobres.


XTEC

sexta-feira, 20 de outubro de 2006

O Verão foi muito longo!



"Um deus pode. Mas diz-me: Como pode segui-lo um homem na exígua lira?»
Rainer Maria Rilke - Poemas/As Elegias de Duíno/Sonetos a Orfeu - pp202

quinta-feira, 19 de outubro de 2006

Porque sim!

Porque sim. Porque urge reinventar as aldeias, e colocá-las, não onde o imaginário comum as coloca, na rectaguarda do progresso, mas sim onde elas merecem estar: na vanguarda das ideias. Da cultura, do humanismo, e do espírito fraterno e solidário sem preconceitos nem discriminações de nenhuma espécie. E repare-se como nas nossas aldeias, essenciais para a preservação da nossa memória e tradição, e portanto elos privilegiados ao passado, pode estar também o futuro, sob a forma de lições de vivência em comum, de justiça e fraternidade que deveriam (idealmente) reger também as sociedades do amanhã...
Utopia? Sim, decerto, mas como também dizia o Gedeão, sempre que um homem sonha, o mundo pula e avança... e só por isso (sonhar) algo acontece e, sendo assim, já valerá a pena !
"roubado" no Pinho Bravo

sábado, 14 de outubro de 2006

o mentiroso

Temos 2 milhões de pobres e o sr ministro diz coisas que não são verdadeiras, não são a verdade, são falsas. Uma fraude descarada do governo socialista, uma impostura deste mentiroso, que agora se contradiz na sua afirmação primeira - do fim da crise!

Greves Políticas

Capítulo 4 - As Greves Políticas
Todas as grandes greves operárias do século passado tiveram outros motivos além de salários e melhores condições de trabalho. Ao lado das chamadas greves económicas, estalaram as greves políticas. O seu objectivo era obter ou impedir uma medida política. Não eram dirigidas contra os patrões, mas contra o governo do Estado, para o levar a conceder mais direitos políticos aos trabalhadores ou dissuadi-los de enveredar por uma via que Ihes seria prejudicial. Assim podia mesmo acontecer que os patrões estivessem de acordo com esses objectivos e favorecessem a greve.
No capitalismo é necessário reconhecer à classe operária uma certa igualdade social e um certo número de direitos políticos. A produção industrial moderna assenta sobre técnicas complexas que advêm dum saber altamente desenvolvido; exige por isso dos trabalhadores uma colaboração pessoal atenta e o seu acordo para porem em acção as suas capacidades. Não se Ihes pode pedir, como no caso dos coolies
(1) ou dos escravos, que vão até ao esgotamento das suas forças utilizando a coacção física, o chicote ou a violência. A resposta seria igualmente dura: a sabotagem das máquinas. A coacção deve ser interiorizada, utilizar meios de pressão moral, fazendo apelo à responsabilidade individual. Os trabalhadores não devem sentir-se escravos impotentes e irritados, devem possuir meios para se oporem aos males que se tenta infligir-lhes. Devem sentir-se livres - livres para venderem a sua força de trabalho - e que vão até ao esgotamento das suas forças porque são eles - formalmente e na aparência - que determinam a sua própria sorte na competição geral. Se se quer que a classe operária continue a existir, é necessário reconhecer-lhe, não somente a liberdade pessoal e jurídica proclamada pelo direito burguês, mas também os direitos e liberdades particulares: direito de associação, direito de reunião, direito sindical, liberdade de expressão, liberdade de imprensa. E todos esses direitos políticos devem ser protegidos pelo sufrágio universal: os trabalhadores devem poder exercer influência sobre o parlamento e sobre a fabricação das leis.
O capitalismo começou por recusar estes direitos. Foi ajudado pelo despotismo herdado do passado e pelo atraso mental dos governantes no poder. Começou por tentar transformar os trabalhados em vítimas impotentes da exploração. Somente pouco a pouco, na sequência de lutas ferozes contra essa opressão desumana, alguns direitos foram arrancados. Nas suas origens, o capitalismo temia a hostilidade das classes inferiores; artesãos empobrecidos pela concorrência das máquinas, operários reduzidos à fome pelos seus baixos salários. O direito de voto era reservado estritamente às classes ricas. Mais tarde quando o capitalismo estava solidamente instalado, quando os lucros foram suficientes e o domínio estava assegurado, as restrições ao direito de voto desapareceram progressivamente. Mas foi somente sob coacção de uma forte pressão dos trabalhadores e muitas vezes depois de duros combates. As batalhas pela democracia são, no século XIX, o essencial da política interna dos países onde o capitalismo estava instalado. E começou pela Inglaterra.
Em Inglaterra, o sufrágio universal era uma das exigências principais da carta apresentada pelos trabalhadores ingleses do «movimento cartista». Foi o primeiro e mais glorioso período de luta da classe operária inglesa. A agitação que então se desenvolveu jogou um papel importante para forçar os proprietárias da terra, detentores do poder, a ceder à pressão do movimento pelas reformas que, simultaneamente, lançavam os capitalistas industriais, cuja forca estava em desenvolvimento. O Reform Act de 1832 reconheceu aos investidores industriais uma parte do poder político, mas os operários regressaram a casa de mãos vazias e tiveram de continuar a lutar. O movimento cartista atingiu o seu apogeu em 1839, quando foi decidido que o trabalho cessaria até que as reivindicações fossem satisfeitas. Foi o que se chamou: o mês sagrado.
Os trabalhadores ingleses foram, assim, os primeiros a brandir a ameaça duma greve política, arma nova na sua luta. Mas a greve não se realizou e, em 1842, a que foi desencadeada teve de ser interrompida sem resultado. Não tinha podido fazer vergar o poder, agora aumentado, da classe dirigente, que agrupava então os senhores das terras e os donos das fábricas. Só uma geração mais tarde, após um período de prosperidade e expansão industrial sem precedentes, a propaganda pelos direitos políticos reaparece, desta vez sob o impulso dos sindicatos agrupados na Associação Internacional dos Trabalhadores (a primeira Internacional, a de Marx e Engels). A opinião pública burguesa já estava agora preparada para estender gradualmente o direito de voto à classe operária.
Em Franca, desde 1848, o sufrágio universal fazia parte da constituição republicana, se bem que o governo dependesse sempre, mais ou menos, do apoio da classe operária. Na Alemanha, nos anos de 1866-1870, a fundação do Império correspondia a um desenvolvimento febril do capitalismo que subvertia a população inteira; o sufrágio universal parecia ser um meio de garantir o contacto permanente com o conjunto do povo. Mas em muitos outros países, a classe dominante, e por vezes apenas uma parte privilegiada desta, agarrava-se firmemente ao seu monopólio político. Nesta situação as campanhas pelo direito de voto apresentavam-se como ponto de partida para a conquista do poder político e da liberdade. Elas arrastaram um número cada vez maior de trabalhadores a participar na actividade política e na sua organização. Por outro lado, o medo do domínio pelo proletariado agudizou a resistência da classe dominante. Sob a sua forma jurídica e legal, o problema parecia sem esperança de solução favorável às massas: o sufrágio universal não podia ser concedido por um voto legal, no parlamento, quer dizer por deputados escolhidos pela maioria dos privilegiados, e que eram assim convidados a destruir as suas próprias bases. Daqui resultava que o fim só podia ser atingido por meios extraordinários, por uma pressão exterior e finalmente por greves políticas em massa. Um exemplo clássico é a greve pelo direito de voto que houve na Bélgica em 1893. De facto é instrutivo.
Na Bélgica, um sufrágio censitário restrito permitia a uma súcia de conservadores do partido clerical deter eternamente o poder governamental. As condições de trabalho nas minas de carvão e nas fábricas eram notoriamente as piores da Europa e levavam frequentemente a explosões de cólera que se traduziam em greves. A extensão do direito de voto considerado como um meio de reforma social, muitas vezes proposta como tal por alguns parlamentares liberais, era sempre recusada pela maioria conservadora. Então o Partido Operário, que conduzia a agitação, que se organizava e preparava para este tipo de acção há anos, decidiu uma greve geral. Esta greve tinha por fim fazer pressão sobre o Parlamento durante a discussão de uma proposta de lei sobre um novo modo de eleição. Devia demonstrar o grande interesse que nela tinham as massas e a sua firme vontade: estas não hesitariam em abandonar o seu trabalho, para prestarem toda a sua atenção a esta questão fundamental. A greve devia também incitar todos os elementos indiferentes, quer trabalhadores, quer pequeno-burgueses, a tomar parte no que, para eles, era de interesse vital. Devia igualmente mostrar, aos dirigentes «limitados», o poder social da classe operária, devia fazer-lhes compreender que os trabalhadores estavam fartos de estar sob tutela. Claro que a maioria parlamentar começou por resistir, recusando inclinar-se perante pressões exteriores, querendo decidir em plena consciência. Fez ostensivamente retirar o projecto de sufrágio universal da ordem do dia e pôs-se a debater outros problemas. Entretanto, a greve estendia-se cada vez mais; parou toda a produção, o mesmo aconteceu com os transportes e os serviços púbicos, tão ciosos, habitualmente, do dever, foram atingidos. O funcionamento ao aparelho governamental ficou perturbado e no mundo dos negócios, onde começava a manifestar-se uma inquietação crescente, pensava-se em voz alta que era menos perigoso satisfazer as exigências dos grevistas que correr para a catástrofe. Também a determinação dos parlamentares começou a enfraquecer; sentiam que tinham de escolher entre ceder ou esmagar a greve com a intervenção do exército. Mas poder-se-ia, neste caso, ter confiança nos soldados? A sua resistência teve pois que se vergar, a sua alma e consciência modificar-se e, finalmente, aceitaram e votaram o projecto. Os trabalhadores, graças à sua greve política. tinham alcançado o seu fim e obtido o seu direito político fundamental.
Depois de um tal sucesso, muitos trabalhadores e os seus porta-vozes pensaram que esta nova arma, tão eficaz, poderia ser utilizada mais frequentemente para obter reformas importantes. Mas tiveram que mudar de tom. A história do movimento operário conheceu mais greves políticas seguidas de insucessos que de sucessos. Este género de greves procura impôr a vontade dos trabalhadores a um governo da classe capitalista. É uma espécie de revolta, de revolução, que desperta o instinto de conservação da classe dominante e a leva à repressão. Estes instintos só são reprimidos quando uma parte da própria burguesia se sente incomodada pelo arcaísmo das instituições políticas e sente necessidade de reformas. As acções das massas operárias tornam-se então um instrumento de modernização capitalismo. A greve resulta porque os trabalhadores estão unidos e cheios de entusiasmo, face a uma classe possidente dividida. Paradoxalmente, ela pode atingir o seu fim, não porque a classe capitalista esteja fraca, mas porque o capitalismo está forte. O capitalismo saiu reforçado da greve belga, porque o sufrágio universal, que assegura, no mínimo, a igualdade política, permite-lhe enraizar-se mais profundamente na classe operária. O direito de voto é inseparável do capitalismo evoluído, porque os trabalhadores precisam de eleições, como, aliás, dos sindicatos, para assegurar a sua função na sociedade capitalista.
Mas se agora os trabalhadores crêem ser capazes de impor a sua vontade, contra os reais interesses dos capitalistas, em certos pontos mesmo menores, deparam com uma classe dominante sólida como um bloco. Sentem-no instintivamente e permanecem indecisos e divididos, porque não têm para os conduzir projectos precisos, que anulariam todas as indecisões. Verificando que a greve não é geral, cada grupo torna-se por sua vez hesitante. Voluntários vindos de outras classes sociais oferecem-se para assegurar os serviços de urgência e as trocas; sem dúvida não são capazes de fazer andar a produção, mas a sua atitude desencoraja, mesmo que pouco, os grevistas. A proibição de reuniões o desdobramento das forças armadas, a lei marcial mostram a força do governo e a vontade de a utilizar. A greve começa então a apodrecer e deve terminar, por vezes com consideráveis perdas e muitas desilusões para as organizações vencidas. Na sequência de experiências como estas, os trabalhadores puderam dar-se conta de que o capitalismo tem forças internas que Ihe permitem resistir a esses assaltos mesmo massivos e organizados. Mas ao mesmo tempo sentem, com certeza, que as greves de massas, se são feitas no momento próprio, permanecem uma arma eficaz.
Esta ideia foi confirmada pela primeira revolução russa de 1905. Ela mostrou que as greves de massas podiam ter um carácter inteiramente novo. A Rússia da época ainda só estava nos começos do capitalismo; contava-se apenas com algumas fábricas nas grandes cidades, mantidas essencialmente por capital estrangeiro e subsídios do Estado, onde camponeses esfaimados se amontoavam na esperança de se tornarem trabalhadores industriais. Os sindicatos e as greves eram proibidas. O governo era primitivo e despótico. O Partido Socialista, composto de intelectuais e operários, tinha de combater por aquilo que as revoluções burguesas da Europa haviam já obtido: a supressão do absolutismo e a introdução de direitos e leis constitucionais. Por este facto, a luta dos trabalhadores russos só podia ter um carácter espontâneo e caótico. Começou por greves selvagens, protestando contra as miseráveis condições de trabalho. Foram duramente reprimidas pelos cossacos e pela polícia. A luta tomou então um carácter político.
(1) Colonos índios ou chineses em colónias europeias.
Marxists Internet Archive

sexta-feira, 13 de outubro de 2006

Greves

SOBRE AS GREVES. V. I. Lenine
Escrito em fins de 1899 e publicado pola primeira vez em 1924.

Nos últimos anos, as greves operárias som extraordinariamente freqüentes na Rússia. Nom existe nengumha província industrial onde nom tenha havido várias greves. Quanto às grandes cidades, as greves nom cessam. Compreende-se, pois, que os operários conscientes e os socialistas se coloquem cada vez mais amiúde a questom do significado das greves, das maneiras de realizá-las e das tarefas que os socialistas se proponhem ao participarem nelas.
Em primeiro lugar, é preciso ver como se explica o nascimento e a difusom das greves. Quem se lembra de todos os casos de greve conhecidos por experiência própria, por relatos de outros ou através dos jornais, verá logo que as greves surgem e se expandem onde aparecem e trabalham centenas (e, às vezes, milhares) de operários; aí dificilmente se encontrará umha fábrica em que nom tenha havido greves; quando eram poucas as grandes fábricas na Rússia, rareavam as greves; mas visto que elas crescem com rapidez tanto nas antigas localidades fabris como nas novas cidades e aldeias industriais, as greves tornam-se cada vez mais freqüentes.
Por que a grande produçom fabril leva sempre às greves? Isso se deve ao facto de que o capitalismo leva, necessariamente, à luita dos operários contra os patrons, e quando a produçom se transforma numha produçom em grande escala, essa luita converte-se necessariamente em luita grevista.
Denomina-se capitalismo a organizaçom da sociedade em que a terra, as fábricas, os instrumentos de produçom, etc., pertencem a um pequeno numero de latifundiários e capitalistas, enquanto a massa do povo nom possui nengumha ou quase nengumha propriedade e deve, por isso, alugar a sua força de trabalho. Os latifundiários e os industriais contratam os operários, obrigando-os a produzir tais ou quais artigos, que eles vendem no mercado. Os patrons pagam aos operários exc1usivamente o salário imprescindível para que estes e sua família mal possam subsistir, e tudo o que o operário produz acima dessa quantidade de produtos necessária para a sua manutençom o patrom embolsa: isso constitui o seu lucro. Portanto, na economia capitalista, a massa do povo trabalha para outros, nom trabalha para si, mas para os patrons, e fai-no por um salário: compreende-se que os patrons tratem sempre de reduzir o salário: quanto menos entreguem aos operários, mais lucro lhes sobra. Em compensaçom, os operários tratam de receber o maior salário possível, para poder sustentar a sua família com umha alimentaçom abundante e sadia, viver numha boa casa e nom se vestir como mendigos, mas como se veste todo mundo. Portanto, entre patrons e operários há umha constante luita polo salário: o patrom tem liberdade de contratar o operário que quiger, polo que procura o mais barato. O operário tem liberdade de alugar-se ao patrom que quiger, e procura o que paga mais. Trabalhe o operário na cidade ou no campo, alugue os seus braços a um latifundiário, a um fazendeiro rico, a um contratista ou a um industrial, sempre regateia com o patrom, luitando contra ele polo salário.
Mas, pode o operário, por si só, sustentar essa luita? É cada vez maior o numero de operários: os camponeses arruinam-se e fogem das aldeias para as cidades e para as fábricas. Os latifundiários e os industriais introduzem máquinas, que deixam os operários sem trabalho. Nas cidades aumenta incessantemente o número de desempregados, e nas aldeias o de gente reduzida a miséria: a existência de um povo faminto fai baixarem ainda mais os salários. É impossível para o operário luitar sozinho contra o patrom. Se o operário exige maior salário ou nom aceita a sua rebaixa, o patrom responde: vaia para outro lugar, som muitos os famintos que esperam à porta da fabrica e ficarám contentes em trabalhar, mesmo que por um salário baixo.
Quando a ruína do povo chega a tal ponto que nas cidades e nas aldeias há sempre massas de desempregados. quando os patrons amealham enormes fortunas e os pequenos proprietários som substituídos polos milionários, entom o operário transforma-se num homem absolutamente desvalido diante do capitalista. O capitalista obtém a possibilidade de esmagar por completo o operário, de condená-lo à morte num trabalho de forçados, e nom só ele, como também sua mulher e seus filhos. Com efeito, vejam as indústrias em que os operários ainda nom conseguírom ficar amparados pola lei e nom podem oferecer resistência aos capitalistas, e comprovarám que a jornada de trabalho é incrivelmente longa, até de 17 a 19 horas. que criaturas de cinco ou seis anos executam um trabalho extenuante e que os operários passam fame constantemente, condenados a umha morte lenta. Exemplo disso é o caso dos operários que trabalham a domicílio para os capitalistas: mas, qualquer operário lembrará-se de muitos outros exemplos! Nem mesmo na escravidom e sob o regime de escravidom existiu umha opressom tam terrível do povo trabalhador como a que sofrem os operários quando nom podem opor resistência aos capitalistas nem conquistar leis que limitem a arbitrariedade patronal.
Pois bem, para nom permitir que sejam reduzidos a esta tam extrema situaçom de penúria, os operários iniciam a mais encarniçada luita. Vendo que cada um deles por si só é absolutamente impotente e vive sob a ameaça de perecer sob o jugo do capital, os operários começam a erguer-se, juntos, contra seus patrons. Dam início às greves operárias. A princípio é comum que os operários nom tenham nem sequer, umha ideia clara do que procuram conseguir, nom compreendem porque actuam assim: simplesmente quebram as máquinas e destroem as fábricas. A única cousa que desejam é fazer sentir aos patrons a sua indignaçom: experimentam suas forças mancomunadas para sair de umha situaçom insuportável, sem saber ainda por que sua situaçom é tam desesperada e quais devem ser suas aspiraçons.
Em todos os países, a indignaçom começou com distúrbios isolados, com motins, como dim no nosso país a polícia e os patrons. Em todos os países, estes distúrbios dérom lugar, de um lado, a greves mais ou menos pacíficas e, de outro, a umha luita de muitas faces da classe operária pola sua emancipaçom.
Mas que significado tenhem as greves na luita da classe operária? Para responder a essa pergunta devemos deter-nos primeiro em examinar com mais detalhes as greves. Se o salário dos operários se determina –como vimos– por um convénio entre o patrom e o operário, e se cada operário por si só é de todo impotente, torna-se claro que os operários devem necessariamente defender juntos as suas reivindicaçons; devem necessariamente declarar-se em greve, para impedir que os patrons baixem os salários, ou para conseguir um salário mais alto. E, efectivamente, nom existe nengum pais capitalista em que nom sejam deflagradas greves operárias. Em todos os países europeus e na América, os operários sentem-se, em toda a parte, impotentes quando actuam individualmente e só podem opor resistência aos patrons se estiverem unidos, quer declarando-se em greve, quer ameaçando com a greve. E quanto mais se desenvolve o capitalismo, quanto maior é a rapidez com que crescem as grandes fábricas, quanto mais se vêem deslocados os pequenos polos grandes capitalistas, mais imperiosa é a necessidade de umha resistência conjunta dos operários porque se agrava o desemprego, aguça-se a competiçom entre os capitalistas, que procuram produzir mercadorias de modo mais barato possível (para o que é preciso pagar aos operários o menos possível), e acentuam-se as oscilaçons da industrial e as crises. Quando a indústria prospera, os patrons obtenhem grandes lucros e nom pensam em reparti-los com os operários: mas durante a crise os patrons tratam de despejar sobre os ombros dos operários os prejuízos. A necessidade das greves na sociedade capitalista está tam reconhecida por todos nos países europeus, que lá a lei nom proíbe a declaraçom de greves: somente na Rússia subsistírom leis selvagens contra as greves (destas leis e de sua aplicaçom falaremos noutra oportunidade).
Mas as greves, por emanarem da própria natureza da sociedade capitalista, significam o começo da luita da classe operária contra esta estrutura da sociedade. Quando os operários despojados que agem individualmente enfrentam os potentados capitalistas, isso equivale a completa escravizaçom dos operários. Quando, porém, estes operários desapossados se unem, a cousa muda. Nom há riquezas que os capitalistas podam aproveitar se nom encontram operários dispostos a trabalhar com os instrumentos e materiais dos capitalistas e a produzir novas riquezas. Quando os operários enfrentam sozinhos os patrons continuam sendo verdadeiros escravos, trabalhando eternamente para um estranho, por um pedaço de pam, como assalariados eternamente submissos e silenciosos. Mas quando os operários levantam juntos as suas reivindicaçons e se negam a submeter-se a quem tem a bolsa de ouro, deixam entom de ser escravos, convertem-se em homens e começam a exigir que seu trabalho nom sirva somente para enriquecer a um punhado de parasitas, mas que permita aos trabalhadores viver como pessoas. Os escravos começam a apresentar a reivindicaçom de se transformarem em donos: trabalhar e viver nom como queiram os latifundiários e capitalistas, mas como queiram os próprios trabalhadores. As greves infundem sempre tal espanto aos capitalistas porque começam a fazer vacilar o seu domínio. "Todas as rodas se detenhem se assim o quer o teu braço vigoroso" di sobre a classe operária umha cançom dos operários alemáns. Com efeito, as fábricas, as propriedades dos latifundiários, as máquinas, as ferrovias, etc., etc., som, por assim dizer, rodas de umha enorme engrenagem: esta engrenagem fornece diferentes produtos, transforma-os, distribui-os onde necessários. Toda esta engrenagem é movida polo operário, que cultiva as terras, extrai os minerais, elabora as mercadorias nas fábricas, constrói casas, oficinas e ferrovias. Quando os operários se negam a trabalhar, todo esse mecanismo ameaça paralisar-se. Cada greve lembra aos capitalistas que os verdadeiros donos nom som eles, e sim os operários, que proclamam os seus direitos com força crescente. Cada greve lembra aos operários que a sua situaçom nom é desesperada e que nom estám sós. Vejam que enorme influência exerce umha greve tanto sobre os grevistas como sobre os operários das fábricas vizinhas ou próximas, ou das fábricas do mesmo ramo industrial. Nos tempos actuais, pacíficos, o operário arrasta em silêncio a sua carga. Nom reclama ao patrom, nom reflecte sobre sua situaçom. Durante umha greve, o operário proclama em voz alta as suas reivindicaçons, lembra aos patrons todos os atropelos de que tem sido vítima, proclama os seus direitos, nom pensa apenas em si ou no seu salário, mas pensa também em todos os seus companheiros que abandonárom o trabalho juntamente com ele e que defendem a causa operária sem medo das provocaçons.
Toda greve acarreta ao operário grande numero de privaçons, tam terríveis que só se podem comparar com as calamidades da guerra: fame na família, perda do salário, freqüentes detençons, expulsom da cidade em que reside e onde trabalhava. E apesar de todas essas calamidades, os operários desprezam os que se afastam de seus companheiros e entram em conchavos com o patrom. Vencidas as calamidades da greve, os operários das fábricas próximas sentem entusiasmo sempre que vêem os seus companheiros iniciarem a luita. "Os homens que resistem a tais calamidades para quebrar a oposiçom de um burguês, saberám também quebrar a força de toda a burguesia", dizia um grande mestre do socialismo, Engels, falando das greves dos operários ingleses. Amiúde, basta que se declare em greve umha fabrica para que imediatamente comece umha série de greves em muitas outras fábricas. Como é grande a influência moral das greves, como é contagiante a influência que exerce nos operários ver seus companheiros que, embora temporariamente, se transformam de escravos em pessoas com os mesmos direitos dos ricos! Toda greve infunde vigorosamente nos operários a ideia do socialismo; a ideia da luita de toda a classe operária pola sua emancipaçom do jugo do capital. É muito freqüente que, antes de umha grande greve, os operários de umha fábrica, umha indústria ou umha cidade qualquer, nom conheçam sequer o socialismo, nem pensem nele, mas que depois da greve difundam-se entre eles, cada vez mais, os círculos e as associaçons, e seja maior o número dos operários que se tornam socialistas.
A greve ensina os operários a compreender onde repousa a força dos patrons e onde a dos operários; ensina a pensarem nom só no seu patrom e nos seus companheiros mais próximos, mas em todos os patrons, em toda a classe capitalista e em toda a classe operária. Quando um patrom que acumulou milhons às custas do trabalho de várias geraçons de operários nom concede o mais modesto aumento de salário e inclusive tenta reduzi-lo ainda mais e, no caso de os operários oferecerem resistência, pom na rua milhares de famílias famintas, entom os operários vêem com clareza que toda a classe capitalista é inimiga de toda a classe operária e que os operários só podem confiar em si mesmos e em sua uniom. Acontece muitas vezes que um patrom procura enganar, de todas as formas, aos operários, apresentando-se diante deles como um benfeitor, encobrindo a exploraçom dos seus operários com umha dádiva insignificante qualquer, com qualquer promessa falaz. Cada greve sempre destrói de imediato este engano, mostrando aos operários que seu "benfeitor" é um lobo com pele de anho.
Mas a greve abre os olhos dos operários nom só quanto aos capitalistas, mas também ao que se refere ao governo e às leis. Do mesmo modo que os patrons se esforçam para aparecerem como benfeitores dos operários, os funcionários e os seus lacaios esforçam-se para convencer os operários de que o czar e o governo czarista se preocupam com os patrons e os operários na mesma medida, com espírito de justiça. O operário nom conhece as leis e nom convive com os funcionários, em particular os altos funcionários, razom pola qual dá, freqüentemente, crédito a tudo isso. Eclode, porém, umha greve. Apresentam-se na fábrica o fiscal, o inspector fabril, a polícia e, nom raro, tropas, e entom os operários percebem que infringírom a lei: a lei permite aos donos de fábricas reunir-se e tratar abertamente sobre a maneira de reduzir o salário dos operários, ao passo que os operários som tachados de delinqüentes ao se colocarem todos de acordo! Despejam os operários das suas casas, a policia fecha os armazéns em que os operários poderiam adquirir comestíveis a crédito e pretende-se instigar os soldados contra os operários, mesmo quando estes mantenhem umha atitude serena e pacifica. Dá-se inclusive aos soldados ordem de abrir fogo contra os operários, e quando matam trabalhadores indefesos, atirando-lhes polas costas, o próprio czar manifesta a sua gratidom às tropas (assim fijo com os soldados que matárom grevistas em Iaroslavl, em 1895). Torna-se claro para todo operário que o governo czarista é um inimigo jurado, que defende os capitalistas e ata de pés e maos os operários. O operário começa a entender que as leis som adoptadas em benefício exclusivo dos ricos, que também os funcionários defendem os interesses dos ricos, que se tapa a boca do povo trabalhador e nom se permite que ele exprima as suas necessidades e que a classe operária deve necessariamente arrancar o direito de greve, o direito de participar duma assembleia popular representativa encarregada de promulgar as leis e de velar por seu cumprimento. Por sua vez. o governo compreende muito que as greves abrem os olhos dos operários, razom porque tanto as teme e se esforça a todo custo para sufocá-las o mais rápido possível. Um ministro do Interior alemám, que ficou famoso polas suas ferozes perseguiçons contra os socialistas e os operários conscientes, declarou em umha ocasiom, nom sem motivo, perante os representantes do povo: "Por trás de cada greve aflora o dragom da revoluçom". Durante cada greve cresce e desenvolve-se nos operários a consciência de que o governo é seu inimigo e de que a classe operária deve preparar-se para luitar contra ele polos direitos do povo.
Assim, as greves ensinam os operários a unirem-se; as greves fazem-nos ver que somente unidos podem agüentar a luita contra os capitalistas; as greves ensinam os operários a pensarem na luita de toda a classe patronal e contra o governo autocrático e policial. Exatamente por isso, os socialistas chamam as greves de "escola de guerra", escola em que os operários aprendem a desfechar a guerra contra seus inimigos, pola emancipaçom de todo o povo e de todos os trabalhadores do jugo dos funcionários e do jugo do Capital.
Mas a "escola de guerra” ainda nom é a própria guerra. Quando as greves alcançam grande difusom, alguns operários (e alguns socialistas) começam a pensar que a classe operária pode limitar-se às greves e às caixas ou sociedades de resistência
[1] , que apenas com as greves a classe operária pode conseguir umha grande melhora em sua situaçom e até sua própria emancipaçom. Vendo a força que representam a uniom dos operários e até mesmo suas pequenas greves, pensam alguns que basta aos operários deflagrarem a greve geral em todo o pais para poder conseguir dos capitalistas e do governo tudo o que queiram. Esta opiniom também foi expressada polos operários de outros países quando o movimento operário estava em sua etapa inicial e os operários ainda tinham muito pouca experiência.
Esta opiniom, porém, é errada. As greves som um dos meios de luita da classe operária por sua emancipaçom, mas nom o único, e se os operários nom prestam atençom a outros meios de luita, atrasam o desenvolvimento e os êxitos da classe operária. Com efeito, para que as greves tenham êxito som necessárias as caixas de resistência, a fim de manter os operários enquanto dure o conflito. Os operários (comumente os de cada indústria, cada ofício ou cada oficina) organizam essas caixas em todos os países, mas na Rússia isso é extremamente difícil, porque a polícia as persegue, apodera-se do dinheiro e prende os operários. Naturalmente, os operários sabem resguardar-se da polícia; naturalmente, a organizaçom dessas caixas é útil, e nom queremos dissuadir os operários de se ocuparem disso. Mas nom se deve confiar em que, estando proibidas por lei, as caixas operárias podam contar com muitos membros; e sendo escasso o numero de cotizantes, essas caixas nom terám grande utilidade. Além disso, até nos países em que existem livremente as associaçons operárias, e onde som muito fortes as caixas, até neles a classe operária de modo algum pode limitar-se às greves na sua luita. Basta que sobrevenham dificuldades na indústria (uma crise como a que agora se aproxima da Rússia, por exemplo) para que os patrons temporariamente provoquem greves, porque às vezes lhes convém suspender temporariamente o trabalho e lhes é útil que as caixas operárias esgotem os seus fundos. Daí nom poderem os operários limitar-se, de modo algum, às greves e às sociedades de resistência.
Em segundo lugar, as greves só som vitoriosas quando os operários já possuem bastante consciência, quando sabem escolher o momento para desencadeá-las, quando sabem apresentar reivindicaçons, quando mantenhem contacto com os socialistas para receber volantes e folhetos. Mas operários assim ainda há muito poucos na Rússia, e é necessário fazer todos os esforços para aumentar o seu número, tornar conhecida nas massas operárias a causa operária, fazê-las conhecer o socialismo e a luita operária. Esta é a missom que devem cumprir os socialistas e os operários conscientes, formando, para isso, o partido operário socialista.
Em terceiro lugar, as greves mostram aos operários, como vimos, que o governo é o seu inimigo e que é preciso luitar contra ele. Com efeito, as greves ensinárom gradualmente à classe operária, em todos os países, a luitar contra os governos polos direitos dos operários e polos direitos de todo o povo. Como já dixemos, essa luita só pode ser levada a cabo polo partido operário socialista, através da difusom entre os operários das justas ideias sobre o governo e sobre a causa operária. Noutra ocasiom referiremo-nos em particular a como se realizam na Rússia as greves e a como devem utilizá-la os operários conscientes. Por enquanto devemos assinalar que as greves som, como já afirmamos linhas atrás, umha "escola de guerra”, mas nom a própria guerra; as greves som apenas um dos meios de luita, umha das formas do movimento operário.
Das greves isoladas, os operários podem e devem passar, e passam realmente, em todos os países, à luita de toda a classe operária pola emancipaçom de todos os trabalhadores. Quando todos os operários conscientes se tornam socialistas, isto é, quando tendem para esta emancipaçom, quando se unem em todo o país para propagar entre os operários o socialismo e ensinar-lhes todos os meios de luita contra os seus inimigos, quando formam o partido operário socialista, que luita para libertar todo o povo da opressom do governo e para emancipar todos os trabalhadores do jugo do capital, só entom a classe operária se incorpora plenamente ao grande movimento dos operários de todos os países, que agrupa todos os operários, e hasteia a bandeira vermelha em que estám inscritas estas palavras:
"Proletários de todos os países, unide-vos!"

quinta-feira, 12 de outubro de 2006

"As cidades que se estão a aproximar"

Viver e trabalhar em cidades diferentes. A mobilidade no eixo Castelo Branco-Fundão-Covilhã-Guarda começa a ser uma realidade, que o futuro próximo promete acentuar. Hoje a região está mais próxima. Há novos dados em cima da mesa

A A23 pode estar a redesenhar e vir ainda a adensar uma nova realidade, em termos de mobilidade regional, no eixo Castelo Branco-Fundão-Covilhã-Guarda. Faltam ainda os estudos no terreno para avaliar o impacto deste eixo estruturante, mas os sinais começam a estar visíveis. Jorge Miguel Reis Silva, docente na Universidade da Beira Interior é o autor da primeira tese de doutoramento em Portugal sobre transportes, denominada “As Acessibilidades como factor de desenvolvimento de regiões periféricas. O caso da Beira Interior”, que irá ser em breve publicada em livro.

O investigador reflecte sobre a nova realidade que pode advir de uma via rápida que rasga uma região e que une rapidamente os principais eixos urbanos da região. Um novo paradigma de mobilidade pode estar a nascer, apesar de não haver estudos que ainda o confirmem. “Na prática, melhores acessibilidades querem dizer mais desenvolvimento. Mas uma das perversões deste sistema é também aumentar muito a bacia de emprego. Ou seja, se a Covilhã oferecer um parque habitacional mais caro do que o Fundão, com toda a certeza, as pessoas vão viver para o Fundão porque a mobilidade é muito maior. Antigamente, pela Estrada Nacional 18, demorava-se, em horas de ponta, meia hora para fazer a viagem. Hoje demora-se 15 minutos, no máximo”, o que significa que “posso viver no Fundão e ir trabalhar para a Covilhã” até porque “neste momento é mais barato viver no Fundão do que na Covilhã, em termos de compra de casa. Conheço várias pessoas que trabalham na Covilhã e que habitam no Fundão, ou que neste momento equacionaram a hipótese de irem viver para uma quinta”.

Jorge Miguel Reis Silva assegura que “está tudo em aberto para se proceder a um estudo, que será muito interessante”, apesar de prever que “não vamos ter grandes surpresas” porque “houve concelhos que apostaram mais na construção, não em massa, mas mais em qualidade e naqueles aspectos em que antigamente ninguém ligava nada: os aspectos ecológicos. Isso hoje é uma mais-valia porque muito provavelmente os fluxos vão dar-se em torno destas áreas suburbanas, onde, ao fim e ao cabo, estão as melhores condições de habitação e os empregos mais estáveis”.

A A23 pode ter vindo a abrir uma nova realidade de reordenamento social e de novos fluxos. Obrigatoriamente, trabalhar e morar no mesmo local será uma realidade esbatida, desde que a mobilidade esteja garantida. “Neste momento, eu não tenho dados para dizer isto, mas empiricamente nós já vimos noutros sítios: se eu tiver mais mobilidade, se estiver a meia hora de Castelo Branco e da Guarda, este pode ser um tempo razoável para eu ir trabalhar”, adiantando que hoje as famílias “têm que olhar também para o alargamento das bacias de emprego, onde está o emprego mais estável, mas também onde estão as melhores condições de habitabilidade”.

Mas para se criar uma dinâmica empresarial e a mobilidade entre cidades, o docente e investigador da UBI alerta que as cidades não podem copiarem-se mutuamente. A diferença de apostas empresariais, a especialização, a unicidade devem ser tomadas em conta. Um repto que vem de encontro de outros, que defendem que as cidades da Beira Interior devem definir rumos e identidades próprias, complementando-se entre si. “Se não forem criadas sinergias, valências complementares, acabamos por não ter fixação de muita população ou de uma dinâmica empresarial”. E para criar dinâmicas “temos que criar complementaridades” e aproveitar a força da A23, que não pode ter apenas um efeito túnel, um mero local de passagem de tráfego de longo-curso.

Nuno Francisco - Mobilidade eixo Castelo Branco-Fundão-Covilhã-Guarda
As cidades que se estão a aproximar - Jornal do Fundão online

o representante de Deus na terra

Separados à nascença na Grande Loja do Queijo...

quarta-feira, 11 de outubro de 2006

Este Governo do sr zé

«Este Governo (da República) governa para todos e todos por igual, mas é altura de dizer basta», disse o chefe do executivo, lembrando...continua
E a colocação dos professores sr zé?
Uns são filhos de boa mãe e os "outros" filhos de quem sr zé?
Tantos atropelos em nome de que Deus sr zé?
Muitos continuam filhos de um Deus menor - para o governo do sr zé, que governa para todos e todos por...igual!

a forma assumida do destino

terça-feira, 10 de outubro de 2006

execuções individuais arbitrárias

»Os dias são todos iguais, e não é fácil contá-los./...Em redor, tudo nos é hostil. Sobre nós, as nuvens adversas atropelam-se, para nos separar do Sol...»
Primo Levi - Se Isto é um Homem - pp43

domingo, 8 de outubro de 2006

Vinte e oito anos depois

Esta é a casa, que encerrada; testemunha parte do meu mundo de objectos e ilusões, 28 anos depois está ali - ilusoriamente resistindo à passagem de um tempo.

Varanda

Casa de xisto em Janeiro de Baixo

sábado, 7 de outubro de 2006