sábado, 31 de dezembro de 2005

sexta-feira, 30 de dezembro de 2005

Candidatura de Manuel Alegre

Uma constatação de factos
1.O estudo a que Manuel Alegre se referiu ontem em Castelo Branco e que mostrava a discriminação da sua candidatura nos serviços noticiosos televisivos está publicado no portal da Marktest, dossier “presidenciais 1974-2006”, página “candidatos” e baseia-se em dados fornecidos pelo serviço Telenews da MediaMonitor.

2.De acordo com este estudo, desde 22 de Agosto e até 25 de Dezembro, nos serviços noticiosos da RTP1, 2:, SIC e TVI, Manuel Alegre é o candidato a quem foi dedicado menos tempo informativo ( 11 horas e 44 minutos ) e Mário Soares o que beneficiou de mais tempo ( 19 horas e 16 minutos ). Jerónimo de Sousa é o segundo em tempo noticioso ( 15 horas e 51 minutos ), Louçã o terceiro ( 15 horas e 10 minutos ) e Cavaco o quarto ( 12 horas e 39 minutos ). Manuel Alegre é também o candidato a quem foi dedicado menos tempo na última semana, entre 19 e 25 de Dezembro. O total das notícias com Manuel Alegre nessa semana foi de 69 minutos, contra 93 minutos para Louçã, 99 para Cavaco, 104 para Jerónimo de Sousa e 134 para Mário Soares.

3.Como o próprio Manuel Alegre afirmou, não se trata de fazer queixa, trata-se de uma constatação de factos objectivos.

4.A Constituição da República consagra no seu artigo113º entre os princípios gerais de direito eleitoral o da igualdade de oportunidades e de tratamento das diversas candidaturas. É manifesta a violação deste princípio no tratamento televisivo das notícias sobre os candidatos presidenciais.

[A candidatura de Manuel Alegre, 29.12.2005]

O
Dossier Presidenciais 2006 disponível no nosso site tem como base informação dos serviços Telenews e Clipping da MediaMonitor e permite acompanhar a cobertura mediática dos candidatos às próximas eleições presidenciais, assim como os resultados das sondagens publicadas na imprensa nacional.
Na semana do Natal, os candidatos às próximas eleições presidenciais estiveram menos tempo nos noticiários de Tv enquanto protagonistas. São dados do serviço
Telenews da MediaMonitor.
Na semana que decorreu entre 19 e 25 de Dezembro de 2005, a TVI foi o canal onde os candidatos às presidenciais protagonizaram mais notícias, mas foi a SIC que emitiu mais tempo de informação protagonizada por eles.
Na semana em análise, foram 218 as notícias dos serviços regulares de informação da RTP1, 2:, SIC e TVI protagonizadas pelos candidatos às eleições Presidenciais de Janeiro. Estas notícias tiveram uma duração total de 8 horas e 20 minutos.
A TVI, com 67 notícias em que estas personalidades foram protagonistas, foi o canal que mais peças difundiu. Estas notícias representaram 30.7% do total protagonizada por estes candidatos e tiveram uma duração total de 2 horas e 18 minutos.
A SIC foi a estação que nesta semana mais espaço em grelha ofereceu a estes candidatos, com duas horas e 40 minutos, repartidos por 62 matérias. Estas notícias representaram 28.4% do total protagonizado por estas personalidades, e 32.0% do espaço de emissão total que lhes foi dado, enquanto protagonistas, no período considerado.
Tal como nas últimas semanas, Mário Soares protagonizou o maior número de notícias, com 57 matérias. Manuel Alegre, com 34 peças, foi o que menos notícias protagonizou nos noticiários destes canais.
Mário Soares protagonizou notícias de maior duração, com um total superior a 2 horas e 14 minutos. Mais uma vez, Manuel Alegre foi protagonista de notícias de menor duração total, de uma hora e 9 minutos.
Cavaco Silva protagonizou, pelo seu lado, matérias de duração média mais longa, de 2 minutos e 32 segundos. Pelo contrário, Manuel Alegre protagonizou notícias de duração média mais baixa, com 2 minutos e 2 segundos.
Analisando o período posterior às eleições autárquicas (a partir da semana 41, com início a 10 de Outubro de 2005), vemos como todos os candidatos observam uma tendência de aumento das notícias por si protagonizadas e respectiva duração total, excepto nesta última semana, que regista uma tendência geral de quebra.
Mário Soares lidera quer em número, quer em duração das notícias, responsável por 25.9% das notícias protagonizadas por estes candidatos e 28.2% da sua duração. Jerónimo de Sousa é agora o segundo protagonista em número de notícias (19.7% do total), mas é Cavaco Silva que ocupa essa posição quanto à duração das notícias (19.9% da duração total).
Esta análise considera apenas as notícias protagonizadas por cada um destes candidatos emitidas nos serviços regulares de informação dos canais em análise, segundo a seguinte
Nota Metodológica. Contacte-nos para mais informações sobre este assunto.

Pardieiros

A estradinha que hoje lá chega (e deve ser por aqui o caminho turístico para o Piódão), não foi fácil fazer a partir da Benfeita, e nela interveio um homem que nasceu nos Pardieiros, o Dr. Fausto Dias. Aliás, na aldeiazinha de Pardieiros nasceram homens importantes, que se distinguiram pela sua inteligência e amor à sua terra.
Para falar de Pardieiros e das suas gentes, ninguém melhor do que Sérgio Francisco. Foi durante muitos anos presidente da Comissão de Melhoramentos de Pardieiros, foi um dinamizador da construção da sua magnífica Casa de Convívio, e continua sempre pronto para dar o seu contributo a tudo que diga respeito aos interesses e desenvolvimento da sua terra.
Gosta de guardar tudo que a ela diga respeito e possui documentos valiosos, alguns com cerca de 300 anos. Os conterrâneos facultam-lhos, porque sabem que ficam em boas mãos. E fala, por exemplo, de José Lencastre Marques Correia, o saudoso José Lencastre, espírito brilhante de fidalgo e de poeta, durante tantos anos apreciado colaborador de "A Comarca de Arganil" e de tantos outros periódicos, que nasceu em Pardieiros em 1873. Sogro e tio do saudoso Dr. Vasco de Campos, foi viver para a Quinta da Carvalha (Ponte das Três Entradas) após o seu casamento, acabando por ser vereador da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, fundador da Tuna Mozart Luz da Serra Carvalhense e da Irmandade de São João Batista. Para além da sua colaboração em diversos jornais, deixou-nos obras em prosa e em verso que são hoje raridades.
Fala também de Manuel Simões, um homem dos Pardieiros, que mandou construir à sua custa a capelinha da Senhora das Necessidades, junto ao cruzamento da estrada que segue para o Sardal, com a ideia de ali vir a construir um santuário com capelas pela encosta, no género de Nossa Senhora das Preces, em Aldeia das Dez. E quando morreu, deixou a José dos Santos, seu cunhado e herdeiro, o encargo de continuar a sua obra, subsidiando as festas que naquele lugar tão pitoresco se haviam de continuar a realizar todos os anos. E ao sentir aproximar-se a morte, José dos Santos deixou bens à família - Manuel Duarte, do Sardal, Manuel Nunes, do Enxudro, familiares de José Lencastre e professor Horácio Cruz Barata, de Folques - para que as festas continuassem a realizar-se na Senhora das Necessidades até que, talvez incitados para isso, acabaram por doar tudo à Paróquia (Comissão do Culto).
E fala ainda de Alfredo Francisco Gomes, o mais dinâmico lutador dos Pardieiros no nosso movimento regionalista em Lisboa. Fundador da primeira Comissão de Melhoramentos de Pardieiros, em 1930, para a construção da Escola, bem como da Casa da Comarca de Arganil, era um homem distinto e evoluído, que teve na sua casa de Pardieiros uma valiosa biblioteca, rara ao tempo numa casa de aldeia rural. Começou a trabalhar em Lisboa na antiga Casa José Alexandre (a melhor e mais conhecida ao tempo no seu género na Baixa lisboeta), onde aos 19 anos já era encarregado, fundando depois, na Rua Ivens, a que se tornou também muito conhecida "Casa das Utilidades". Veio a ter outros estabelecimentos em Lisboa e veio a ser um homem muito conhecido no nosso movimento regionalista, mas mais tarde a vida veio a não lhe correr bem, acabando por morrer na sua casa de Coja.
Recorda ainda António José Filipe, funcionário público considerado, que fez parte das Comissões de Melhoramentos da terra e da Irmandade, sempre interessado nos problemas da terra, bem como a família dos Franças, que tiveram a sua actividade no Brasil e vieram depois viver para os Pardieiros.
Tem também um folheto com os Estatutos da Irmandade de São Nicolau, dos Pardieiros, de 1908, aprovados pelo Governador Civil de Coimbra em 9 de Junho de 1910, e alguns exemplares do jornal "O Facho", editado pela Paróquia da Benfeita, da responsabilidade do padre Joaquim da Costa Loureiro.
E o Dr. Fausto Dias? Guardámo-lo para o fim. O Dr. Fausto Dias nasceu já numa casa rica, com boas propriedades. Em dada altura, os pais foram viver para Coimbra, onde compraram uma valiosa vivenda, enquanto o filho estudava e se formou em medicina. Especializou-se em otorrinolaringologia na famosa Clínica Mayo nos Estados Unidos, montando anos depois consultório em Lisboa, tornando-se um especialista muito conhecido. Solteirão, sem filhos, bom amigo da família, gostava de viajar e de escrever, deixou obras valiosas sobre a sua especialidade, escreveu um opúsculo sobre uma viagem ao "Coração dos Alpes" e gostava de colaborar em jornais, amealhando meios de fortuna. Muito ligado ao Movimento Regionalista Arganilense em Lisboa, fez parte da Comissão de Melhoramentos de Pardieiros e da Casa da Comarca de Arganil, colaborou sempre generosamente nas iniciativas a favor da sua terra e mandou construir, exclusivamente à sua custa, a Capela de Pardieiros. Pensa-se que chegou a presidir ainda à Liga dos Amigos de Olivença, e quando pressentiu que estava perto do fim da vida, que chegou a 4 de Outubro de 1994, decidiu criar uma Fundação com o seu nome, a que deixou bens e dinheiro num total de cerca de 100 mil contos.
Como está constituída e como funciona?
A Fundação Fausto Dias é uma instituição particular de solidariedade social e de utilidade pública, constituída em Cartório Notarial em 9 de Dezembro de 1992, com o fim de gerir os bens doados pelo seu fundador, Dr. Fausto Dias Martins Pereira. Conforme vontade expressa pelo doador, os corpos gerentes da Fundação ficaram assim constituídos: Conselho de Administração: Sérgio Francisco, Dr. Fausto José Dias Duarte Santos e Mário Pereira dos Santos. Conselho Fiscal: Dr. Marcelo Rodrigues, Dr. Fausto Manuel Dias de Figueiredo e Rita Carolina Neves Dias Duarte Santos.
Já está em funcionamento a Fundação? Por enquanto estão-se a gerir os bens imóveis (prédios urbanos) e a fazer investimentos na sua valorização, no sentido de aumentar o rendimento, já que ainda estamos pendentes da isenção de imposto sucessório, que solicitamos, uma vez que se trata de uma instituição de utilidade pública.
Quais foram as instituições contempladas com os rendimentos da Fundação? Embora com valores diferentes, conforme vontade do doador e consta da respectiva escritura de constituição, são os seguintes contemplados: Comissão de Melhoramentos de Pardieiros; Irmandade de São Nicolau de Pardieiros; Imaculado Coração de Maria, de Fátima (Monte Redondo); Casa da Infância Dr. Elísio de Moura, Coimbra; Casa do Gaiato, com sede em Coimbra; Sociedade Portuguesa de Ciência e Ética Pedro Hispano, Porto; Instituição Colégio dos órfãos, Coimbra; Centro Social e Paroquial da Freguesia de Benfeita; Comissão de Melhoramentos da Esculca (Coja); Criaditas dos Pobres, Coimbra; Congregação das Servas de Maria, Coimbra.
Como vai a Comissão de Melhoramentos de Pardieiros? Sérgio Francisco, que foi presidente da direcção até Setembro de 1995, não voltando a candidatar-se, responde: "- A Comissão de Melhoramentos está praticamente inactiva neste momento. Cobram-se quotas, funciona o Bar e a Casa de Convívio, mas para além disso não se vê mais nada."
Quais as mais prementes aspirações de Pardieiros no aspecto de procurar melhorar a vida na aldeia, presentemente? Tinha-se planeado construir uma piscina, e até já se tem doado o terreno para isso. Só que ainda não apareceu ninguém que arranque com a iniciativa para a levar por diante. A piscina constituiria ainda uma reserva estratégica de água, da maior importância para ataques a incêndios florestais, a que a nossa região serrana está constantemente sujeita.
Por uma e por outra razões, a piscina justifica-se nestas aldeias serranas longe dos rios e do mar. Pardieiros pode tê-la. Assim se oponha a isso a Comissão de Melhoramentos através dos seus dirigentes e pardieirenses mais dedicado.


Texto de 28-10-97 adaptado do livro Crónicas regionalistas - região de Arganil, vol. II, António Lopes Machado

quinta-feira, 29 de dezembro de 2005

Se...

12 razões para escolher um Presidente da República

SE... Pensa que o próximo Presidente da República deve ser:

1.Uma pessoa capaz de não e nunca se calar por omissão ou cumplicidade seja com quem for; sempre que nas classes dirigentes, na Governação ou na Sociedade Civil, a todos níveis, aconteçam actos ou atitudes desprestigiantes para uma maior afirmação / CREDEBILIZAÇÃO da DEMOCRACIA e da verdadeira cidadania democrática, responsável e solidária:

2.Uma pessoa capaz de praticar a “Cooperação Conflitual” entendida como a capacidade de cooperar com LEALDADE E INDEPENDÊNCIA DE PENSAMENTO com quem, amigos ou adversários, diverge e ou defende ideias e até interesses por vezes diferentes; prática que constitui o verdadeiro indicador do nível de consciência democrática de cada pessoa:

3.Uma pessoa que nos assegure pelo exemplo coerente da sua vida não ser capaz de negar ou moldar de forma oportunista os seus princípios e valores a interesses estratégicos ou de circunstância, para satisfazer ambições pessoais por muito legítimas que sejam:

4.Uma pessoa que entenda que a origem das causas da crise que o País atravessa é o deficit de cidadania responsável e solidária de uma grande parte dos nossos concidadãos, estimulados a adoptarem comportamentos individualizantes e egoístas pelos exemplos duma boa parte dos nossos dirigentes ao longo destas últimas décadas:

5.Uma pessoa que se preocupe fundamentalmente com a pedagogia para o exercício pleno e generalizado da CIDADANIA...para que, com orgulho de ser CIDADÃOS, todos passemos a exigir com razão os nossos direitos e a cumprir rigorosamente com os nossos deveres fiscais e de solidariedade, dando viabilidade, coesão, conteúdo e razão de existência à continuidade de Portugal:

6.Uma pessoa que sendo igual ao que diz ser, igual ao que é, não precise de ser: “artista do áudio – visual, guru de um qualquer saber específico, nem exímio em ginástica facial” para nos convencer da sua honestidade e coerência entre o que diz e o que pensa.

7.Uma pessoa que, por deformação profissional, não aspire intimamente a transformar o Presidente da República, numa espécie de “ inteligência parda” da governação do País.

8.Uma pessoa que seja acima de tudo, um defensor atento dos valores e princípios que devem aperfeiçoar e fazer evoluir a democracia portuguesa tais como: a participação cidadã na organização da sociedade civil a todos os níveis, a disseminação de células de solidariedade social de proximidade, o aumento significativo da participação formal e informal dos cidadãos nos centros de decisão a nível local, a propagação da tolerância cívica zero para com os surripiadores e dissipadores do erário público etc. etc.

9.Uma pessoa que para além de desempenhar todas as normais funções de um Presidente da República, seja efectivamente e principalmente o dinamizador/mobilizador duma forte motivação nacional para que possamos dar o SALTO cultural e cívico que permitirá combater com êxito todos os défices, incluindo o das finanças públicas.

10.Uma pessoa que a sós com a sua consciência, não arrede pé do seu espaço, não pactue com o “ politicamente correcto porque transitoriamente útil”;

11.Uma pessoa em quem nos reconheçamos, nem super inteligente nem “super” nada: apenas e tão só, um homem honesto, culto, conhecedor da História dos homens, dotado de bom senso e humildade democrática para procurar ouvir antes de decidir.

12.Uma pessoa capaz de, por convicção, dar continuidade e potenciar o trabalho exemplar do actual Presidente da República, respeitando idênticos valores e sensibilidades.

Se pensa que os pressupostos que mencionamos são efectivamente fulcrais para o perfil do próximo Presidente da República, então...

em consciência e sem medo... vote MANUEL ALEGRE.


Camilo Mortágua, Dezembro de 2005

Colmeal

Nos limites com terras de Arganil, dista treze quilómetros da vila de Góis.

Compreende os lugares de: Colmeal, Quinta de Bolide, Malhada, Carrimá, Foz da Cova, Souto, Aldeia Velha, Carvalhal, Salgado, Saião, Sobral, Adela, Açor, Vale de Asna, Roçaio, Loural, Coiço, Ribeiro de Além e Quinta das Águias.

Pela etimologia do termo que deu nome à freguesia, pela toponímia, por uma série de vestígios encontrados na região e, até, dando crédito moderado a inúmeras lendas que circulam ainda nas bocas do povo, vários autores quiseram já situar o seu aparecimento em data determinada. Como consequência, as hipóteses são muitas, mas resulta uma certeza apenas, a povoação do território de Colmeal é muito antiga, possivelmente anterior a D. Afonso Henriques e à fundação do reino de Portugal, mas não é possível determinar com exactidão as suas origens.

Pertenceu durante muitos anos à comarca de Coimbra.

Em 1560 esta pequena povoação da margem direita do Ceira deverá ter atingido um certo valor, pois mereceu do então bispo de Coimbra, D. João Soares, a promoção a sede de freguesia, por documento que concedia idêntica regalia à vizinha aldeia do Cadafaz.

Por via disso, a pequena capela que ao tempo existia, dedicada a S. Sebastião (S. Sebastião do Colmeal), foi aumentada e transformou-se em igreja matriz.

Os lugares que, nessa fase inicial, passam a fazer parte da nova freguesia são, além do Colmeal, Carvalhal, Souto, Aldeia Velha, Sobral e Adela.

A cura era da apresentação do vigário de Góis e seus benefeciários. Tinha destes, 4.000 réis, e dos seus paroquianos mais 4.000 réis, 40 alqueires de trigo e ainda o pé-de-altar.

Com os habitantes da também nóvel freguesia de Cadafaz, também os de Colmeal eram obrigados a irem três vezes no ano à Igreja Matriz de Góis (pela festa da Nossa Senhora da Assunção, na do Espírito Santo e na do Corpo de Deus). O não cumprimento desta imposição era igualmente punido "com um arrátel de cera para a matriz de Góis por pessoa e por cada falta...".

Do mesmo modo eram pertença dos prelados do bispado, pagando pela respectiva visitação, "meia colheita das colheitas gerais, ao preço de 250 réis, à custa de dízimos e rendas da matriz e anexas".

E, ainda como Cadafaz, também as capelas desta freguesia teriam que possuir obrigatoriamente "Caixa dos Santos Óleos, com suas mulas, Pia Baptismal, Campanários com sinos ou campas e todas as demais insígnias...".

São curiosas as anotações, a que haverá que dar o desconto do tempo passado, registadas sobre a freguesia do Colmeal em "O Concelho de Góis": "A vida dos habitantes da freguesia tem sido difícil. Os terrenos são muitos pobres, inacessíveis à maioria das culturas".

Como recurso surgia a caça, que era muito "abundante e variada, quer grossa quer miúda", segundo Pinhel Leal, e as pequenas indústrias caseiras, tipo artesanal, sem significado digno de realce. Mais tarde, surgiu um outro de melhor resultado mas que exigia grandes sacrifícios: as migrações periódicas para sítios onde as culturas exigiam muitos trabalhadores em determinadas épocas do ano. A apanha de azeitona no Ribatejo ou Beira Baixa, as ceifas no Alentejo ou Espanha, as mondas nos arrozais, etc...

"Para isso saíam de casa por períodos de semanas ou meses e regressavam com um pequeno pecúlio que lhes permitia ou garantia a subsistência até chegar nova época em que eram requisitados para outros trabalhos. Hoje, ainda a emigração é particularmente sentida nessa zona, existindo só em Lisboa uma colónia numerosíssima". Aqui havia uma tradição interessantíssima, assim relatada na "Grande Enciclopédia Portuguesa Brasileira": "Nesta Freguesia distribui-se anualmente um bodo de remota origem, a que sucessivas gerações têm dado cumprimento, e que corresponde a uma promessa feita a S. Sebastião para que intercedesse a favor das gentes da freguesia dizimadas por uma epidemia.". Sendo ainda S. Sebastião, a quem a primitiva capela era dedicada, o padroeiro da freguesia, no entanto é de maior devoção popular o Senhor da Amargura, em cuja honra se celebra a festa anual do terceiro Domingo de Agosto.

cm-gois.pt/jf/colmeal

quarta-feira, 28 de dezembro de 2005

Lugares

Piódão
Esta aldeia apresenta uma localização privilegiada: na encosta de um vale profundo, isolado, onde a riqueza das pastagens justificava a viagem às terras mais baixas. Seria para estas pastagens que viriam os lusitanos com os seus rebanhos, local onde se podiam esconder dos romanos. Assim, alguns fixaram-se neste local. A inacessibilidade da terra levou ainda a que se tornasse o refúgio de foragidos à justiça, como foi o caso de Diogo Lopes Pacheco, um dos assassinos de Inês de Castro. Na Idade Média os habitantes implantaram-se num local apelidado de Casas de Piódam. É a partir deste núcleo que se desenvolve uma comunidade apoiada que se desenvolve uma comunidade apoiada na agricultura e na apicultura. Este espaço fazia parte do extinto concelho de Lourosa. Era muito quente, o que levou à propagação de formigas. Assim, a povoação foi abandonada e alguns habitantes teriam então ocupado o espaço que hoje é denominado Piódão. Com a extinção do concelho, a partir de 1855, Piódão passou a integrar o concelho de Arganil. A partir do século XVIII, Piódão torna-se um grande centro cultural da Beira Interior, com a formação do Colégio de Piódão, dirigido pelo Pe. Manuel F. Nogueira. A partir do século XIX, a inacessibilidade deste espaço é quebrado com a construção da estrada real que ligava a Covilhã a Coimbra, permitindo a circulação de mercadorias. No séc. XVI é efectuada a escultura de Nossa Senhora da Conceição para a Igreja Matriz. No século seguinte sabe-se que seria curato de apresentação anual do cabido da Sé de Coimbra. Em 1676-1679 é fundada a freguesia de Piódão, altura de que possuímos os registos paroquiais de baptismo como documentação.
aprincesadoalva

Serra e terra chã
A Serra do Açôr e a região de Arganil, combinação feliz de hospitalidade, serra e terra chã, está nos degraus da bancada argilosa que, em anfiteatro, sobe dos campos baixos do Mondego para as alturas da Serra do Açôr. É na Serra da Estrela que nasce o Alva, descendo os fraguedos agrestes das encostas e regando, solícito, verdes campos de milho e hortas viçosas, por entre aldeias de um pitoresco sem par, muros de xisto e travejamento de castanho, aldeias velhas de muitos séculos, mas novinhas em folha para solicitações turísticas no nosso tempo. Um mar de xisto polvilhado de pequenos povoados, lindos e acolhedores. Nomes que são poemas: Corgas, Esculca, Pomares, Foz da Moura, Mourísia, Chãs d'Égua, Piódão. Piódão, sobretudo. A rainha das povoações serranas da região arganilense. A aldeia comunitária, por excelência. As estradas sinuosas e estreitas serpenteiam as encostas xistosas da Serra do Açor, onde as quelhadas protegem a terra das intempéries. Na primavera, são cobertas por um manto de flores, onde sobressai a coloração amarela das Giestas, Tojos e Carquejas e o lilás das Urzes. As rochas estão salpicadas por líquens e musgos de cor verde oliva. Ao longe podemos ver manchas de pinheiros, carvalhos e castanheiros. São frequentes as ruínas do que outrora foram casas de xisto de agricultores. Abandonadas e desgastadas pelo tempo, são hoje apenas parte da paisagem. Os jovens migram para as grandes cidades em busca de uma vida melhor, abandonando a pastorícia e as actividades artesanais, ligadas sobretudo à floresta. No meio das exuberantes escarpas e vales profundos situam-se pequenos povoados que se fundem na paisagem. Rasgando os céus encontra-se o Açor, uma ave de rapina que deu nome a esta maravilhosa e colorida serra. Corujas do mato e gaviões também são habitantes locais.
aprincesadoalva

terça-feira, 27 de dezembro de 2005

A história de Arganil

Os mais antigos testemunhos de ocupação na zona podem observar-se na aldeia da Nogueira, que alberga um monumento megalítico e na necrópole datada da mesma época, sita na Lomba do Canho.

O cabeço contíguo alojou outrora um povoado lusitano que posteriormente "cedeu" lugar a bem armadas guarnições romanas. Estabelecido o acampamento no castro, lugar estratégico e inexpugnável, o exército manteve-se ali estacionado cerca de cem anos, possivelmente na charneira dos séculos I, antes e depois de Cristo.

Posteriormente, numa data que não podemos precisar, as populações castrejas, uma vez que o local onde se encontravam instaladas deixou de responder às suas necessidades, desceram e fixaram-se na planície.

Durante toda a ocupação goda e árabe a zona gozou de relativa acalmia, que algumas correrias ou depradações vinham momentaneamente interromper. A confirmá-lo, os quase nulos vestígios que desta época se encontram no concelho», segundo Regina Anacleto.

Foi concedido foral a Arganil em 1114, no início do século XII, por concessão do Bispo de Coimbra. Em 1394 passou novamente para a posse dos Bispos de Coimbra.

D. Manuel I, em 8 de Junho de 1514 concedeu novo foral ou «nova carta» à vila de Arganil, o qual ainda hoje se encontra guardado na Câmara Municipal, muito embora sem folha de rosto.

O mesmo D. Manuel I ofereceu ao concelho de Arganil, em 1499, uma curiosa colecção de pesos em bronze, com a forma de tronco de cone, que na totalidade atingem duas arrobas (30 quilos).

Em 1809 a vila ficou marcada pelas invasões francesas, tendo as tropas de Wellington estado aquarteladas na Capela da Missericórdia, a qual lhes serviu de abrigo e depósito de munições.

Em Fevereiro e Março de 1811, os franceses de Massena deixaram um rasto de morte e pilhagem no concelho de Arganil, a ponto deste ser considerado um dos que em Portugal mais sofreu com as invasões que «o sanguinário corso (Napoleão) fez vomitar na Península Hispânica».

De uma lista oficial, publicada depois da «expulsão destes salteadores», vê-se que só na vila de Arganil e seu termo, roubaram nos dois meses referidos: 5.769$240 réis em dinheiro; 9.874$000 réis em diferentes objectos de ouro e prata; 18.633$800 réis em roupas de seda, lã e linho; 13.944$000 réis de vasos de prata, navetas, turíbulos, castiçais, cruzes e alfaias da Igreja (Matriz) de Arganil; 1.030$000 réis de pratas e alfaias de outras igrejas; 2.400$000 réis de pratas da Igreja de Secarias; estragaram 30.607 alqueires (cada alqueire eram 15 litros) de trigo, centeio, cevada, feijão e milho; roubaram 3.523 almudes (cada almude eram 40 litros) de vinho, vinagre, azeite e aguardente, 584 arrobas (cada arroba eram 15 quilos) de carne de porco e banha, 314 cabeças de gado grosso, 10.642 cabeças de gado miúdo, 11 bestas, 191 porcos, 2.254 galinhas, 612 colmeias e 53 alqueires de mel; destruíram e cortaram 3.302 oliveiras, 422 castanheiros, 1.478 carros de pinheiros; incendiaram um templo e 13 casas particulares; mataram 3 eclesiásticos, 23 seculares e 7 mulheres e ultrajaram e aprisionaram 96 mulheres.

Nas décadas de 30, 40 e 50 deste século, nasce o movimento Regionalista, principalmente na capital, liderado por aqueles que daqui haviam partido em busca de melhores condições de vida. Trata-se de um movimento espontâneo com vista a angariar fundos para efectuar obras e melhoramentos nas aldeias que os viram nascer e que o Governo não executava. Foram estradas, abastecimentos de água, etc. que este movimento financiou, na maior parte dos casos, na totalidade. Todo este movimento (Comissões, Uniões, Ligas, etc. de Melhoramentos) cresceu em redor da Casa da Comarca de Arganil, ainda hoje em fervorosa actividade.

cm-arganil.pt/pcultural/culturacmarganil

segunda-feira, 26 de dezembro de 2005

Selada das Eiras

Encontro-me num lugar mítico para muitos que na década de 90 por ali andaram noite e dia mergulhados no frio gélido da serra do Açor.
Encontro-me na Selada das Eiras, encruzilhada de estradas, cruzamento de sonhos perdidos, largo de sabor a carros que soltavam rotações para a meta lá longe no Estoril...
Lá ao fundo a povoação do Salgueiro e a Quinta do Mosteiro mais para lá de uma curva nas cercanias da serra.
Torrozelas terra do senhor Professor Tadeu, de boa memória em Janeiro de Cima.
Aqui o silêncio é demolidor.
A Casa de Xisto do Guarda marca a rude aventura de se andar na serra ao sabor do frio gélido deste Inverno.
O Açor lá longe desafia o espaço infinito rasgando ainda mais a distância que nos separa.
Viro para a direita em direcção ao Piódão.
Do meu lado esquerdo, Porto Castanheiro.
Numa curva, recordo-me dos carros a passar no tempo de César Torres.
Agora um largo enorme. A famosa casa do PPD.
Milhares de pessoas passaram por aqui.
Que raio de nome para uma casa.
Os lugares míticos são muitos por estas bandas.

Retirado Dos Cadernos do Profeta

Os novos bárbaros II

(...)"Paralelamente ao imenso, devastador e pavoroso currículo oficial ministrado pelos agentes educativos, irrompe subrepticiamente um outro "currículo oculto" que interpreta, altera, subverte, distorce os objectivos do primeiro de acordo com a focalização dos professores, muitos deles desprovidos de tecnologia adequada, sem capacidade de excentração ou transcendência em relação ao âmbito teórico, processos metodológicos e instrumentos do seu próprio trabalho: imersos inconscientemente nos condicionamentos que operam sobre a sua competência e performance, tornan-se ingenuamente a "carne para canhão" e ao mesmo tempo e paradoxalmente, os agentes secretos do sistema oculto - vítimas desprovidas e simultaneamente carrascos desprevenidos e desavisados.
Existem pois dois sistemas... Duas escolas... Dois tipo de objectivos... Dois tipos de currículos... Dois tipos de professores: os primeiros explícitos; os segundos ocultos. Os agentes educativos lúcidos vivem uma situação trágica e paradoxal porque não podem sobreviver moralmente sem acreditar na Educação, mas porque são lúcidos, também não podem acreditar neste Sistema Educativo.
A escola actual esquizofrenizou-se em isotopias horizontais e verticais irredutíveis..."(...)


Educação, uma doença crónica
António M. Correia / Terras da Beira

Os novos bárbaros

(...) "A acrescentar ao desalento dos docentes, as escolas estão a ser invadidas por uma horda de novos bárbaros desordeiros, egoístas, hedonistas, ambiciosos, perturbados, sem ideal nem projecto de vida que não seja o privilégio - são os alunos. Os professores demasiado molestados já por uma profissão desgastante, sem reforços, mortos pelas rotinas repetitivas, cristalizados pelas velhas tradições escolares, privados de prestígio pessoal e realização profissional, feridos de desalento, perdem todo o sentido da sua profissão."(...)


Educação, uma doença crónica
António M. Correia / Terras da Beira

domingo, 25 de dezembro de 2005

Recordar um ano, dois anos, três anos...

Em memória de Daniela.

Olá.
Eu sou a Margarida!

Nasci no dia 13 de Agosto de 2003 no Hospital de Castelo Branco pelas 14h35 e estou a fazer 2 anos e 4 meses.
O meu papá é o Carlos Manuel e a minha mamã chama-se Cândida, tenho uma mana que eu adoro que se chama Mariana que tem 7 aninhos. Nós as duas portamo-nos muito bem e os meus papás adoram-nos.
O dia 8 de fevereiro (domingo) foi a data que os meus papás escolheram para fazer o meu Baptizado. A Igreja em que me vou baptizar chama-se Igreja de Nossa Senhora de Fátima (Redentoristas) que fica na Avenida Nuno Álvares em Castelo Branco, onde também se baptizou a minha querida mana.
Vou ser só eu a baptizar-me nesse dia, o que nem sempre acontece, por isso, tenho que me portar muito bem para fazer uma figura de " menina bonita".
Os meus padrinhos vão ser os meus primos Dário e Nádia que estão todos babosos por irem desempenhar tal papel!
O meu vestido é muito bonito e acho que vou ficar uma "bonequinha".
Depois da cerimónia na Igreja vamos fazer um almoçinho num restaurante, com os convidados está claro!
Vão assistir ao meu baptizado os meus papás, a minha mana Mariana, os meus avós maternos e paternos, a titi Graça e ti Tó, a tia São e o Tio Rui, a tia Mariazinha e os meus padrinhos.
Vai ser um dia muito importante para mim porque afinal a festinha é minha.
Espero que gostem deste dia e obrigado por assistirem ao meu baptismo!
Margarida Monteiro Gama
Castelo Branco 08/02/2004


Baptismo

Margarida está próxima do local sagrado destinado à celebração do baptismo.
Nos primeiros tempos do cristianismo, os baptistérios eram construídos fora das igrejas, primeiro em forma de torre, mais tarde com forma poligonal.
Existem em Itália baptistérios célebres: o de S. João de Latrão, em Roma, e os de Ravena, Parma, Pisa e Florença.
O primeiro dos sete sacramentos católicos, aspergindo água sobre a cabeça daquele que se baptiza, para apagar o pecado original e torná-lo cristão de facto, marca o dia 8 de Fevereiro de 2004, no local sagrado da Igreja dos Fradinhos em Castelo Branco.

... A estirpe gera a estirpe,
e alcança poderes crescentes;
a espécie gera a espécie
em milhões de anos
Mundos morrem e nascem.
Na alegria de viver, tu, a quem foi concedido
ser uma flor desta primavera, goza um dia em honra do eterno...
(jornstjerne Bjornson / Salmo II)

No dia 13 de Agosto de 2003, às 13.30 minutos perdi uma filha.
Meti-me a caminho do Hospital para falar com a mãe.
Apavorava-me pensar no que ia acontecer a seguir.
A única coisa em que pensava agora era em ser pai da filha gémea que nasceu numa perturbação de felicidade que me violentava na medonha solidão de ver terminado esse momento ENORME daquele trágico dia de incêndios de Agosto.
A única maneira que encontrei para me libertar das trevas que me cobriram nesse dia.
Estive no Colcurinho. Estive a 1242 metros de altitude.
A partir deste local, pensei, disfruta-se talvez o melhor panorama de toda uma vida.
Margarida continua a memória de Daniela.

Em memória de Daniela a estirpe e alegria de viver vão continuar num outro nome, Margarida, sua irmã, de um tempo em honra do eterno e num novo ano. Libertar a alma, libertar as almas, libertar todas al almas.
Fez-me pensar ontem e hoje e amanhã e... sempre.
Espero e chego a consumir o meu tempo para me darem a possibilidade de conhecer as minhas filhas e delas poder agora e sempre falar.
Mariana e Margarida são a minha continuidade das horas anteriores.

sábado, 24 de dezembro de 2005

Carlos vs Carlos



Feliz Natal e Boas Festas.

Jesus Cristo

...Sabemos que Jesus Cristo foi colocado numa festa que nada tinha haver com Ele.
Entretanto, com o passar do tempo, veio o esquecimento e nem Mitra, nem Apolo ou Baal faziam mais parte do panteão de algum povo. Acabou restando somente símbolos: a árvore, a guirlanda, as velas, os sinos e os enfeites
./...

Rosane Volpatto

A magia do Pai Natal

"Quando buscamos a verdadeira história do Natal, acabamos diante de rituais e deuses pagãos. Sabemos que Jesus Cristo foi colocado numa festa que nada tinha haver com Ele.
Entretanto, com o passar do tempo, veio o esquecimento e nem Mitra, nem Apolo ou Baal faziam mais parte do panteão de algum povo. Acabou restando somente símbolos: a árvore, a guirlanda, as velas, os sinos e os enfeites.
Até que no séc. IV, mais exatamente no ano de 271, uma nova estrela brilha em nosso céu e na Terra nasce Nicolau de Bari ou Nicolau de Mira. A generosidade a ele atribuída granjeou-lhe s reputação de mágico milagreiro e distribuidor de presentes. Filho de família bastada , doou seus bens para os pobres e desamparados. Entretanto, tecia um grande amor pelas crianças e foi através delas que sua lenda se popularizou e que Nicolau acabou canonizado no coração de todas as pessoas.
No fim da Idade Média, ainda "espiritualmente vivo", sua estória alcançou os colonos holandeses da América do Norte onde o "bom velhinho" toma o nome de "Santa Claus". Ao atravessar os Portais do Admirável Mundo, muito sobre ele foi escrito o que lhe rendeu vários apelidos como: "Sanct Merr Cholas", "Sinter Claes" ou "Sint Nocoloses", considerado sempre como padroeiro das crianças.
Até aproximadamente 65 anos atrás, o Papai Noel era, literalmente uma figura de muitas dimensões. Na pintura de vários artistas, ele era caracterizado ora como um "elfo", ora como um "duende". O Noel-gnomo era gorducho e alegre, além de ter cabelos e barbas brancas.
No final do século XIX, Papai Noel já era capa de revistas, livros e jornais, aparecendo em propagandas do mundo todo. Cartões de Natal o retrataram vestido de vermelho, talvez para acentuar o "espírito de natal". A partir daí o personagem Papai Noel foi adquirindo várias nuances até que em 1931 a The Coca-Cola Company, contrata um artista e transforma Papai Noel numa figura totalmente humana e universalizada. Sua imagem foi definitivamente adotada como o principal símbolo do Natal.
A imagem do Noel continuou evoluindo com o passar dos anos e muitos países contribuíram para sua aparência atual. O trenó e as renas acredita-se que sejam originárias da Escandinávia. Outros países de clima frio adicionaram as peles e modificaram sua vestimenta e atribuíram seu endereço como sendo o Pólo Norte. A imagem da chaminé por onde o Papai Noel escorrega para deixar os presentes vieram da Holanda.
Hoje, com mais de 1705 anos de idade, continua mais vivo e presente do que nunca. Alcançou a passarela da fama e as telas da tecnologia. Hoje o vemos em filmes, shoppings, cinemas, no estacionamento e na rua. Ao longo desses dezessete séculos de existência, mudou várias vezes de nome, trocou inúmeras de roupa, de idioma e hábitos, mas permaneceu sempre a mesma pessoa caridosa e devotada às suas crianças. E, embora diversas vezes acusado de representar um veículo que deu origem ao crescente consumismo das Festas Natalinas, é preciso reconhecer que ele encerra valores que despertam, revivem e fortalecem os nossos sentimentos mais profundos."

Rosane Volpatto

O Presépio

"O Natal é a festa mais bela do cristianismo. Nesta época do ano, em todos os lugares habitados pelos cristãos, se confeccionam presépios cujo objetivo é comemorar a chegada de Jesus Cristo ao mundo. Sua aparência, as vezes exageradamente enriquecida, não nos recorda o humilde estábulo pastoril de Belém, que nos contam as Sagradas Escrituras; porém é uma forma do artesanato e dos espectadores ressaltarem o feito e o significado do nascimento do Menino Jesus.
Na Polônia, as tradições natalinas seguem profundamente vivas até o dia de hoje. Uma das mais expressivas é a confecção e colocação de presépios em casas, igrejas, nas praças das cidades, bem como nas vitrines das lojas, dos escritórios, etc.
Comumente, num estábulo de pequenas madeiras e teto de palha, se colocava a figura do recém nascido Menino Jesus deitado no presépio, juntamente com sua Mãe e com são José. Atrás destes se encontravam as figuras da mula, do boi, e em frente os pastores cercados por suas ovelhas. A estas figuras básicas se foram acrescentando outras, segundo a fantasia do seu criador e foram também se introduzindo mecanismos para fazê-las móveis.
Os significados de todos estes presépios, mais ou menos enriquecidos, eram um só: todos os personagens chegam para render-se à honra da criança recém nascida.
Guiados pelo desejo de aproximar o povo ao significado do Natal, os padres franciscanos tiveram a idéia de colocar presépios nas igrejas, realizar representações de fantoches, bem como atuações representadas por atores amadores, os quais geralmente eram os próprios monges. Nestas representações foram introduzidas uma grande variedade de elementos laicos, textos rimados, alegres e maliciosos, que com o tempo foram se distanciando do conteúdo essencial da representação. Na variedade dos personagens, dos gestos e dos textos se podem reconhecer muitos elementos bastante tradicionais, enraizados nos tempos pagãos. Estes elementos, assim como a hilaridade que despertavam entre os espectadores, levaram a que no século XVIII as autoridades eclesiásticas proibissem que se fizessem as representações nas igrejas. Esse feito, antes faze-las desaparecer, as enriqueceram ainda mais. Os atores ou titereiros saíram as ruas a mostrar sua arte nas praças diante das igrejas ou nas casas dos ricos burgueses.
O progressivo aumento da popularidade destas representações, assim como a difusão do teatro que ia de casa em casa, ocasionou a formação de grupos de atores, assim como a construção de um teatro-presépio tridimensional para as representações dos fantoches. Ambos fenômenos se deram independentemente.
Ainda se têm conservado alguns dos presépios mais antigos na coleção do Museu Etnográfico de Cracóvia, os quais apresentam a forma de simples edifícios com um cenário eo meio, em cima do qual vão duas ou, às vezes, três torres. Mas com o tempo eles foram se embelezando, agregando-lhes uma quantidade maior de torres, balaustradas, pisos e, sobretudo isso, cores obtidas com papel brilhante. Neles se podem notar certos elementos da arquitetura oriental como elevação das torres ou papéis colocados imitando mosaicos. Nos vilarejos, os presépios costumavam ser de pequena dimensão, posto que havia que transladar-los a distâncias maiores. Ao contrário das cidades, onde seu transporte já era facilidado.
Um fenômeno particular foram os presépios feitos em Cracóvia. Durante o século XIX e começo do século XX onde, em sua maioria, trabalhadores de construção civil eram os construtores de presépios; pelo motivo de que na época de inverno não tinham muito trabalho e se viam na necessidade de buscar um trabalho adicional. E estes, para embelezar os seus presépios, começaram a introduzir neles elementos arquitetônicos das construções tradicionais de Cracóvia. Estes foram, então, tomando a forma de um conglomerado específico de torres, claustros, terraços, áticos, janelas, pórticos, etc., onde se colocavam os personagens legendários de Cracóvia, assim como figuras históricas relacionadas com os acontecimentos ao curso da vida local e nacional.
Nos anos trinta deste século, o costume de construir presépios começou a desaparecer, o que preocupou a muitos amantes das tradições de Cracóvia. Surgiu então a idéia de organizar um concurso que promoveria os presépios mais belos, dando assim impulso aos criadores para manter vivo o costume. O efeito foi excelente. O primeiro concurso se realizou no ano de 1937, e os seguintes nos anos consecutivos, com exceção do período de Segunda Guerra Mundial. No ano de 1992 se realizou o concurso de número 50. Um observador sagaz distinguirá, nos presépios, as mudanças paulatinas que através dos anos se produziram em sua construção. Bem como notará a mão e estilo de seus criadores individuais. Estes são artesãos, artistas, amadores, pessoas de diversas profissões, assim como jovens e crianças.
A exposição dos presépios reúne milhares de visitantes que, ano após ano, vem admirar a arte e o trabalho de seus criadores. Estes são expostos não somente em Cracóvia, mas em outras cidades do país e do estrangeiro, despertando sempre grande interesse e admiração. Cracóvia é uma cidade de grande interesse histórico e artístico na Polônia. É a antiga capital do país, uma cidade carregada de história, cheia de igrejas e palácios, como o Castelo Real e uma das mais antigas universidades da Europa. Cidade de cientistas e artistas, cidade de numerosas recordações históricas, de museus, centros culturais e artísticos. Entre eles se encontram o Museu Etnográfico, fundado no ano de 1911 e possuidor de uma rica coleção da cultura popular polonesa e de todo o mundo, que felizmente sobreviveu a duas guerras mundiais."

(Este texto acompanhava a exposição de presépios poloneses apresentados ao público brasileiro no Bosque do Papa João Paulo II em Curitiba de 8 de janeiro de 2002 até 7 de fevereiro de 2002)

sexta-feira, 23 de dezembro de 2005

A biblioteca de Marcelo

... Serão pessoas muito agradáveis, muito justamente orgulhosas por terem ... e, exceptuando os seus narizes, serão pessoas muito bem parecidas. Conseguirão ir à lua. Mas nenhum deles, para salvar a sua vida, será capaz de escrever uma tragédia...
Karen Blixen

Esmagado pelos sonhos esquecidos

Deserto.
Desvio os olhos no silêncio da estrada.
Esta é a viagem para ir buscar o sustento da família.
Sem mapas, sem mágoas, sem perguntas.
O que é isto?
Uma forma de esquecimento, uma semana.
A 23 - luz solar de uma razão eterna. 10 de Janeiro de 2004.

Devoção

.../ Querem ir a Meca. Mas, são pobres como mais pobres não se pode ser. Nunca viram mais "dinares" juntos do que os que são precisos para comprar no "suco" um par de calças./...
Petróleo, Pier Paolo Pasolini - Compra de um Escravo

quinta-feira, 22 de dezembro de 2005

O olhar na última tentativa

O olhar escondido mergulha nas curvas da montanha e salta o limiar do sonho.
Lançando-se no impossível da queda que o esmagaria.
A carne está perto do olhar numa última tentativa.
A vida num olhar.
Estava eu ali por causa dela.
Qual seria a sua confissão?
Na força dos seus olhos o insuportável espaço dos pensamentos perdidos.
É um momento existencial da memória.
Como seria a vida sem esta confissão no palco da felicidade?
O seu olhar equilibra as coisas.
O absurdo de respirar na força física esse corpo é um convite perdido pela inocência das almas, a ti e a mim.
A 23 - azul cinza no branco manto da razão eterna.9 de Janeiro de 2004.

Carícias distantes

Um olhar escondido espreita a tua alma.
Não vi onde estava, não prestei a devida atenção ao facto de ir a conduzir.
Caminhava depressa.
Um olhar furtivo à minha volta foi totalmente indiferente.
Uma multidão distante adorava a tua carícia.
Novas emoções não o intimidaram.
Estava muitas vezes escondido a espreitar a tua alma. Sentia essa necessidade, essa carícia distante.
A 23 - nevoeiro, chuva fraca e almas distantes. Olhares escondidos a espreitarem a tua alma.8 de Janeiro de 2004.
A brancura do olhar estampado num rosto.
Caminhava depressa.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2005

Aprenda o ABC

Aprenda o mais simples! Para aqueles
cuja hora chegou
Nunca é tarde demais!
Aprenda o ABC; não basta, mas
Aprenda! Não desanime!
Comece! É preciso saber tudo!
Você tem que assumir o comando!

Aprenda, homem no asilo!
Aprenda, homem na prisão!
Aprenda, mulher na cozinha!
Aprenda, ancião!

Você tem que assumir o comando!
Freqüente a Escola, você que não tem casa!
Adquira conhecimento, você que sente frio!
Você que tem fome, agarre o livro: é uma arma.
Você tem que assumir o comando.

Não se envergonhe de perguntar, camarada!
Não se deixe convencer
Veja com seus olhos!
O que não sabe por conta própria
Não sabe.
Verifique a conta
É você que vai pagar
Ponha o dedo sobre cada item
Pergunte: O que é isso?
Você tem que assumir o comando.


Bertolt Brecht

terça-feira, 20 de dezembro de 2005

Hoje estive Aqui



A Albufeira de Santa Luzia
Dois imponentes morros graníticos que o rio Unhais talhou e onde o homem fez nascer a altiva Barragem de Santa Luzia. De um lado, um vale repleto de vistosas hortas e campos de milho, do outro, um belo lago azul, nascente pura de prazeres do sol, da água e dos desportos náuticos que, por aqui, se fazem descontraidamente, sem pressas e contemplando soberbos pinhais. Depois, é ir descobrir locais paradisíacos pra a pesca às carpas, aos bordalos e aos achegãs. É ir conhecer as seculares aldeias de xisto de Malhada de Rei, Meãs, Unhais-o-Velho e Vidual. É subir até ao Alto da Relva e saborear um panorama imenso de serras e mais serras, serpenteadas por vales profundos. Para Sul, avista-se o vale da Ribeira de Vergadas com as lindíssimas aldeias de xisto de Ceiroquinho e Boiças. E para Norte, foge o olhar pelo magnífico vale do rio Ceira, onde também desaguam cascatas de socalcos e aldeias cobertas por um manto de xisto: Fajão, Ponte de Fajão e, para lá do Alto da Castanheira, as de Porto da Balsa e Camba.

Aqui

Barragem de Santa Luzia


BARRAGEM DE SANTA LUZIA
UTILIZAÇÕES - Energia
LOCALIZAÇÃO
DADOS GERAIS
Distrito - CoimbraConcelho - Pampilhosa da SerraLocal - Santa LuziaBacia Hidrográfica - Tejo Linha de Água - Rio Unhais
Promotor - HIDROCENEL, Energia do Centro, SADono de Obra (RSB) - HIDROCENEL, Enegia do Centro, S.AProjectista - A. CoyneConstrutor - Companhia Eléctrica das BeirasAno de Projecto - 1930Ano de Conclusão - 1942
CARACTERÍSTICAS HIDROLÓGICAS
CARACTERÍSTICAS DA ALBUFEIRA
Área da Bacia Hidrográfica - 50 km2
Área inundada ao NPA - 2460 x 1000m2Capacidade total - 53700 x 1000m3Capacidade útil - 51000 x 1000m3Nível de pleno armazenamento (NPA) - 656 mNível mínimo de exploração (Nme) - 615 m
CARACTERÍSTICAS DA BARRAGEM
Betão - ArcoAltura acima da fundação - 76 mCota do coroamento - 655,6 mComprimento do coroamento - 115 mFundação - RochaVolume de betão - 80 x 1000 m3
DESCARREGADOR DE CHEIAS
DESCARGA DE FUNDO
Localização - Lado direitoTipo de controlo - ControladoTipo de descarregador - Sobre a barragemCota da crista da soleira - 652,3 mComportas - 2 comportas Segmento
Localização - Através da barragemTipo - CondutaControlo a montante - NãoControlo a jusante - SimDissipação de energia - Não
CENTRAL HIDROELÉCTRICA
Tipo de central - Edifício afastado da barragemNº de grupos instalados - 4Tipo de grupos - Pelton de eixo horizontalPotência total Instalada - 32 MWEnergia produzida em ano médio - 55 GWh

Sonhos perdidos



A beleza natural da Barragem de Santa Luzia, associado ao sossego da paisagem rural, eram os atractivos utilizados para a promoção de um centro turístico para as Minas da Panasqueira. Com a concretização deste projecto, da responsabilidade de um grupo luso-belga, podia nascer uma nova luz ao fundo do túnel daquela região que estava mergulhada numa crise socioeconómica. Jorge Patrão, actual presidente da RTSE e na altura vereador da Câmara da Covilhã, empenhou-se na divulgação daquele centro turístico que, por enquanto, está longe de vir a ser uma realidade.

Um ano depois da crise nas Minas da Panasqueira, em 1994, uma nova esperança surge para a região. Os jornais noticiavam que estava projectado um centro turístico para rentabilizar as condições naturais de uma vertente da Serra da Estrela ainda por explorar. O anúncio era feito por Jorge Patrão, o actual presidente da RTSE e, na altura, vereador na Câmara da Covilhã. Convicto do sucesso do projecto da responsabilidade de um grupo luso-belga, o autarca não teve mesmo pejo em dizer que este empreendimento ía ser uma «pedrada no charco na realidade socioeconómica que se vive na região».

A ideia deste projecto turístico teria surgido de um empresário português radicado na Bélgica e natural do couto mineiro. Como na altura noticiava o «Público», pretendia-se, assim, rentabilizar as condições naturais de uma vertente da Serra da Estrela, assim como a área envolvente da barragem de Santa Luzia. O grupo pretendia igualmente aproveitar alguns imóveis da Beralt para instalar as infra-estruturas e disponibilizar apartamentos para arrendamento ou venda a famílias que desejem passar férias em Portugal. Na região poderia ainda vir a ser construído um museu das minas. Para o arranque do projecto, foram iniciados contactos com a Beraltin.

Contactado pelo TB, Correia de Sá, administrador da empresa mineira, confirmou que chegaram mesmo a ser vendidas «uma grande parte das casas da Panasqueira, a preços relativamente baixos. As cerca de cinquenta casas não chegaram a atingir a soma de dois mil contos». Algumas chegaram mesmo a ser adquiridas por belgas. Desta forma a Beraltin pretendia colaborar, «na medida do possível, com o desenvolvimento turístico da região».

Os cartazes que na altura foram colocados em vários locais da freguesia, pelo grupo luso-belga, anunciando a venda de uma variedade de casas, era oferecida a «possibilidade de desportos náuticos: barcos de recreio, motonáutica, vela, ski, surf». Como se não bastasse para convencer, era referido que o empreendimento, que «ficaria a 12 quilómetros do rio» e «a 18 quilómetros da Barragem de Santa Luzia.», tinha «todo o esplendor e sossego da paisagem rural». No fundo, este era «o local ideal para as férias merecidas!».

Grupo luso-belga admite não haver «nada de concreto»

Desconhecendo tudo o que se estava a passar, o então presidente da Junta de Freguesia de S. Jorge da Beira, José Alves Pacheco, deslocou-se à Câmara da Covilhã para obter informações detalhadas sobre o complexo turístico divulgado por Jorge Patrão mas pouco mais ficou a saber. O vereador ter-lhe-á mesmo dito que «não estava autorizado a falar desse empreendimento, uma vez que estava no maior sigilo», salientou o autarca no decorrer de uma reunião da Assembleia Municipal da Covilhã, realizada em finais de 1994.

Prosseguindo a sua intervenção, José Alves Pacheco acrescentou que só depois de se dirigir à empresa Beraltin foi finalmente informado do que se estava a passar. Mas as dúvidas persistiram e ainda hoje continua céptico quanto à concretização deste aldeamento turístico.

O TB já conseguiu saber junto da administração da empresa responsável pelo projecto, que «nunca houve qualquer intenção de pôr de lado o presidente da Junta de Freguesia de S. Jorge da Beira». Esse contacto não veio a verificar-se porque, argumenta um dos responsáveis do grupo luso-belga, «as coisas não correram como esperávamos» e, para além disso, «ainda não havia, tal como hoje, nada de concreto quanto ao projecto turístico».

Este viria a ser, aliás, o motivo que levou a empresa «a recusar o pedido de Jorge Patrão para marcar uma conferência de imprensa para divulgar o projecto». Curiosamente, o então vereador da Câmara da Covilhã e actualmente presidente da Região de Turismo da Serra da Estrela, assim não entendeu e decidiu ele anunciar aos quatro ventos a boa nova e, segundo noticiou na altura o Notícias da Covilhã, a assumir mesmo que «o projecto estava com grandes avanços, faltando apenas a assinatura das escrituras».

O que é certo é que, passados quase quatro anos, tudo ainda não passou de meras intenções. Um dos administradores já confirmou ao TB que «neste momento» não vão avançar porque «ainda não conseguiram os apoios necessários para o projecto desejado». Não se poderá, no entanto, falar de desistência. Tanto que, salientou, continuam a promover o projecto «lá fora» e a ser «desenvolvidos alguns contactos para poder avançar».

Em declarações ao TB, Jorge Patrão rejeita que se tenha envolvido em demasia neste «projecto», argumentando que «é preciso não esquecer que se estava a viver uma altura muito difícil naquela região e era preciso dar alguma motivação para o futuro». E como o grupo luso-belga tinha intenção de «promover a venda e a recuperação das casas da aldeia», o recém eleito presidente da RTSE considerou que era necessário «acarinhar aqueles que mostravam vontade em remar contra a maré e promover algum tipo de investimento numa zona que estava totalmente carenciada». Jorge Patrão entendeu também que não devia manter em segredo tudo isto e achou por bem divulgar o projecto que hoje não passa ainda de um «sonho» de alguns.

Diferente sorte para as minas

Diferente futuro parece terem as minas da Panasqueira. Cem anos depois do início da sua laboração, apresentam hoje uma situação, considerada pelo administrador da empresa, Correia de Sá, de «normal». A crise em que esteve envolvida entre 1993 e 1995 parece estar ultrapassada. Emprega actualmente cerca de 250 trabalhadores e todos os meses são extraídos 170 toneladas de concentrado de volfrâmio.

A boa situação da empresa levou já a administração a fazer investimentos, nomeadamente a construção de uma nova lavaria, abertura do terceiro nível de extracção e a construção de um novo poço, garantindo mais dez anos de vida da mina.

Desconhece-se quem terá descoberto as minas da Panasqueira, sabendo-se que há registos de exploração mineira naquela zona durante a ocupação romana. Mas o registo da mina teria sido feita apenas a 15 de Abril de 1886, na Câmara Municipal da Covilhã, por Manuel dos Santos e Boaventura Borrel, que seriam mesmo reconhecidos como tendo sido os descobridores do volfrâmio da Panasqueira. Em 1894, o próprio rei D. Carlos I de Bragança concendia o alvará.

Dezasseis anos depois, a mina viria a ser arrendada a uma empresa inglesa, a Wolfram Mining and Smelting Company, que mais tarde se viria a fundir na Baralt Tin Limited.

Os anos de crise começaram a partir de 1928 e, desde então, as lutas foram-se sucedendo. Até que, em Janeiro de 1993, a empresa paralisa, alegadamente por haver dificuldades no escoamento do produto. Mas, passados dois anos, a exploração volta a estar em expansão. Adiado está a concretização do sonho de um dia surgir ali muito próximo um centro turístico. A continuar assim será mais a juntar-se ao que uma empresa norte-americana projectou, há alguns anos atrás, para a albufeira da Barragem de Santa Luzia. Por agora, aldeamentos, estalagem, restaurantes, campos de ténis, clube náutico, marina... tudo não passou de um «sonho americano».


Gustavo Brás

Terras da Beira

segunda-feira, 19 de dezembro de 2005

Grand Award Winners


Jeep HurricaneWith twin 5.7-liter Hemi V8 engines and a super-stiff carbon-fiber body, the Jeep Hurricane concept truck is the boldest, most fearsome rock crawler ever built. Airbus A380The biggest airliner ever built takes flight ...2007 Mercedes-Benz S-ClassIt sees at night, prevents accidents, and leaves most sports cars in the dust: The ninth-generation Mercedes-Benz S-Class is more than a simple luxury upgrade ...Toshiba Perpendicular Magnetic RecordingImagine having a 10-gigabyte hard drive in your cellphone or a terabyte of space on your laptop ...
One Bryant ParkSet to rise 54 stories above Manhattan, the crystalline Bank of America Tower at One Bryant Park will incorporate an unrivaled number ...Sony PlayStation PortableThe introduction of Sony's PlayStation Portable (PSP) was the moment portable game consoles stopped being toys ...Ascadia ZubblesYou may think you've seen these before, but you haven't. Although traditional clear soap bubbles give you a rainbow effect in the right light, Zubbles are the first truly colored bubbles ...Microsoft XBox 360As the first of the next-gen gaming consoles (Sony's PlayStation3 and a system from Nintendo are expected next year), the Xbox 360 easily maintains ...
Timber Treatment Technologies TimbersilNoncorrosive, fire-retardant, structurally sound yet lighter than untreated wood, and resistant to mold, mildew, termites and rot ...Neuro-Controlled Bionic ArmWelcome to the future of prosthetic limbs: true mind control. For the first time ever, an amputee need only think about a movement ...Kodak Easyshare-OneLittle by little, the digital camera is untethering itself from the PC. First there was printing ...Volvo Penta Inboard It's faster, cleaner, quieter, more fuel-efficient and more responsive. The Volvo Penta IPS is the kind of radical but obvious leap ...

Popular Science




as Notícias de Manuel Alegre

desejamos a todos um feliz natal e um alegre ano novo!

Mais uma vez vimos ao vosso contacto para vos enviar as Notícias de Manuel Alegre.

As nossas alegres saudações, e boas festas.



Segunda
19 de Dezembro

Próximo Eventos
® 19 dez - debate Manuel Alegre - Jerónimo de Sousa

® 20 dez - Almoço da Igualdade em Lisboa





Sites, Agendas Locais e Blogues
Sítio da Candidatura
Alegre Presidente
O Quadrado
Portalegre vota Alegre
Alegre Braga
Algarve Jovem
Blogue Alegre Braga
PortoAlegre
Santarem Alegre
Manuel Alegre Viseu
Gondomar Alegre
Évora Alegre
Ílhavo Alegre

Contactos
Sede Nacional
Apartado 27115
1201-950 Lisboa

mail@manuelalegre.com

Sede nacional da candidatura:

Rua Marquês de Fronteira, nº 8, 1º andar,
1070-296 Lisboa
telefone 210303700


DESTAQUES

Sítio «Movimento Já» já está on-line
Movimento Jovem de Apoio à Candidatura de Manuel Alegre
Não esperem de mim que diga o que os jovens devem ou não fazer.
O que peço aos jovens de hoje não é que sejam iguais a nós. O que lhes peço é que sejam eles próprios, que pensem pela sua cabeça e não se deixem instrumentalizar nem manipular por quem quer que seja. Parafraseando o velho Sartre, eu digo-lhes: “Não tenham vergonha de agarrar a lua, porque nós precisamos dela.” E digo-lhes ainda: não tenham medo de ousar o impossível, porque só a juventude capaz de ousar o impossível pode obrigar o poder a ousar pelo menos um pouco do que é possível. Vivam a vossa vida, ousem a vossa vida, ou, como queria o filósofo, dancem a vossa vida. E sejam o inconformismo, a irreverência, a rebeldia e o contra-poder de que todos os poderes precisam. Tendes nas vossas mãos o mais formidável de todos os poderes: o poder da juventude. Só esse poder é capaz de mudar a vida e transformar o mundo.
Movimento Já

O Presidente da República e o seu quadrado
Jorge Sampaio fez a apresentação do livro "Com os Portugueses: Dez anos na Presidência da República", uma obra que reúne as principais reflexões que fez durante os seus dois mandatos, apresentada esta semana na Fundação Calouste Gulbenkian.

"O Presidente da República cria o seu próprio espaço de independência, que é o seu quadrado de Aljubarrota, a sua defesa e a sua força»

[Jorge Sampaio, Presidente da República, 14.12.2005]

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Arruada pela Rua de Santa Catarina - "Não me resigno a que dirigentes políticos com alta responsabilidade dêem por consumada a vitória de Cavaco Silva."
Manuel Alegre insistiu, ontem, na garantia de que vai até ao fim na luta pela Presidência da República. Numa arruada, pela Rua de Santa Catarina (Porto), congestionada pelos últimos preparativos para o Natal, o candidato-poeta, como foi reconhecido pelos populares, ouviu palavras de encorajamento. No final, admitiu estar emocionado com a recepção.
[Hermana Cruz/JN, 18.12.2005, título da nossa responsabilidade] Veja video no desenvolvimento da notícia ++

Manuel Alegre no Porto
"Portugal precisa de reinventar a liberdade"
Manuel Alegre foi recebido no Sábado pelo Bispo do Porto, D. Armindo Lopes Coelho. "Portugal precisa de reiventar a liberdade", afirmou Manuel Alegre à saída, sublinhando a troca de impressões durante a audiència. O candidato desceu depois a pé a parte velha da cidade, até à Praça da Ribeira, tendo sido saudado por muitos cidadãos e apoiantes.
[17.12.2005] ++

Manuel Alegre em visita à AFID
(Associação Nacional das Famílias para a Integração da Pessoa com Deficiência)
“São estes os exemplos de que o País precisa”
No Dia Temático do Associativismo, Manuel Alegre esteve na AFID, Associação Nacional das Famílias para a Integração da Pessoa com Deficiência, na Amadora. “Aprendi, são estes os exemplos de que o país precisa”, Alegre afirmou à saída, emocionado.
[17.12.2005] Veja video no desenvolvimento da notícia ++

Manuel Alegre em entrevista à Antena 1
“A liberdade pessoal é sempre incómoda”
Manuel Alegre afirmou que “assumir a liberdade pessoal é uma coisa incómoda”. E salientou que a Constituição reconhece a democracia participativa, mas que, de cada vez que alguém ousa participar, logo se diz “aqui d’el-rei, que está contra os partidos. Quem é contra os partidos, concluiu, é quem dentro dos partidos afunila a democracia”.
[Fonte: entrevista conduzida por Flor Pedroso/Antena 1, 16.12.2005] ++

Manuel Alegre em Coimbra
"Nenhuma manobra de última hora me fará desistir"
Em Coimbra, o candidato afirmou-se como o candidato contra a corrupção, "o polvo que ameaça devorar a democracia"
[Graça Barbosa Ribeiro/Público (título da nossa responsabilidade), 16.12.2005] Veja video no desenvolvimento da notícia ++

AGENDA

Domingo, dia 18 de Dezembro, pelas 20h00
Jantar do Desporto e das Artes
Manuel Alegre, candidato à Presidência da República Portuguesa, irá estar presente num jantar de apoio à sua candidatura no restaurante ‘O Garfo’ (IC19 – saída do Palácio Nacional – Queluz – direcção Monte Abrãao, Rua Luís de Camões, 24-26)
Inscrições: Sede 210303700
A iniciativa contará com a participação de mais de uma centena de personalidades do desporto e da cultura de Portugal, numa demonstração inequívoca de envolvimento nesta candidatura

Segunda Feira, 19 de Dezembro, a partir das 20h30
Veja na TVI o debate entre Manuel Alegre e Jerónimo de Sousa.
O debate durará 1 hora e terá como moderadores os jornalistas Miguel Sousa Tavares e Constança Cunha e Sá.

Terça-feira, 20 de Dezembro
Almoço da Igualdade em Lisboa
Na Cervejaria Trindade, às 12h30, terá lugar o
Almoço da Igualdade com a presença de Manuel Alegre.
Contacto para inscrições:
Ana Sara Brito - 961320527;
Sede - 210303700;
preço por pessoa 25 euros.

Quinta-feira, 22 de Dezembro
Dia do desenvolvimento rural - Viseu e região do Porto

Sexta-feira, 23 de Dezembro
17h - Visita de Manuel Alegre a Vila Nova de Famalicão - Consoada Alegre;
21h - Apresentação da Comissão de Honra Distrital, com apresentação de José Manuel Mendes – Manuel Alegre “O Cidadão e o Político" – Sede de Vila Nova de Famalicão.

Até 23 de Dezembro, entre as 13h e as 22h, LISBOA
Venda de Natal
Na Sede de Candidatura, em Lisboa, realiza-se até ao dia 23 de Dezembro uma venda de Natal para angariação de fundos. Compareça. Pode comprar livros, discos e outras peças, com autógrafos dos autores. Com a presença de Inês Pedrosa, Nuno Júdice, entre outros escritores e músicos.

Até dia 20 de Dezembro, PORTO
Venda de Natal
Horário de funcionamento:
Das 11h00 às 20h00 e depois das 21h30 até às 23h30
(Sede distrital - Praça Carlos Alberto, 110 - 2º)

DISCURSO INDIRECTO

O PS desistiu?
Quem ouviu as declarações, contraditórias, de vários dirigentes socialistas e do candidato apoiado pelo PS ficou com a sensação de que o partido já não acredita que pode ganhar a corrida presidencial, que não quer arriscar e que apenas deseja que Soares fique à frente de Alegre.
[José Manuel Fernandes/Público, 17.12.2005] ++

recebido por e-mail

domingo, 18 de dezembro de 2005

o que lhes ia na alma


As tabernas eram o reino triste dos homens; aí, nas longas noites de Inverno, jogavam eles às cartas ou contavam à escassa luz dos candeeiros, o trocado que lhes sobejava nos bolsos. Pipos garrafas e copos, um balcão corrido, alguns bancos, duas ou três mesas coxas, uma "mercearia" onde se comprava sempre menos o essencial - assim eram as tascas, espaços acanhados, envoltos numa quase ausência de luz que enchia de sombras os recantos e vincava rugas nos rostos.
De quando em vez, no entanto, algum dos presentes sentia-se tocado pelo sortilégio do "fado serrano", e essa espécie de magia comunicava-se rapidamente aos demais. Cantavam então os homens à desgarrada; cantavam o que lhes ia na alma e sorriam, quase esquecidos de que a dor existe.

Dr. Paulo Ramalho, Tempos Difíceis - Tradição e Mudança na Serra do Açor

a caminho da taberna


Desafie os seus amigos para um jogo!

sábado, 17 de dezembro de 2005

A Vida de cá e lá

A Vida de cá e lá

Quem me dera chegar lá,
Como moço e jovial,
O meu amigo está.
Igual vida boa e má,
Boa e má é sempre igual.

Parto, não parto, sei lá!
Não está na minha mão.
Mas enquanto ando por cá
Vou ali e volto já
Nas asas do coração.

Coração não parte, não!
O coração sempre está.
É amor, é afeição,
Não permite divisão:
Estando lá está cá!

Mas hoje, estamos cá.
Haja festa e alegria!
Ninguém sai, ninguém se vá!
Meus votos são: oxalá,
Se repita este dia!


A. Magalhães

Exéquias Monsenhor Alfredo Serra Magalhães
17 de Dezembro de 2005
Sé de Castelo Branco

Monsenhor Alfredo Serra Magalhães

Morreu director do semanário ‘Reconquista’
MORREU ontem, aos 87 anos, monsenhor Alfredo Serra Magalhães, director do semanário «Reconquista», de Castelo Branco. Dirigia há 20 anos o semanário, um dos fundadores da Rede EXPRESSO, ao mesmo tempo que mantinha uma intensa actividade como sacerdote católico, poeta e jornalista. O funeral tem hoje lugar às 12 horas, depois da missa na Sé Catedral de Castelo Branco, presidida por D. José Alves, bispo da diocese de Portalegre e Castelo Branco.
EXPRESSO

sexta-feira, 16 de dezembro de 2005

Monsenhor Magalhães


Monsenhor Alfredo Serra Magalhães
, director do semanário Reconquista, de Castelo Branco, faleceu na manhã desta sexta-feira, dia 16, em consequência de diversos problemas de origem cardíaca. Aos 87 anos, dirigia há 20 este semanário, ao mesmo tempo que mantinha uma intensa actividade como sacerdote católico, poeta e jornalista. Continua Aqui

quinta-feira, 15 de dezembro de 2005

Um Poeta Beirão

UM POETA BEIRÃO: Simões Dias
Beatriz Alcântara


Em 1863, aos dezenove anos, publicou, em Coimbra, seu primeiro livro de poesia, Mundo Interior, ao qual seguiu-se, um ano depois, a publicação do poema Sol à Sombra. Ainda no mesmo período de estudos universitários, publicou um livro de contos intitulado Coroa de Amores e, com registro incerto, outro livro de contos, Figuras de Gesso.
Lecionando para sustentar seus estudos e permitir-lhe a independência, o poeta foi cristalizando uma experiência didática, que viria a acompanha-lo pelo resto da vida, mas que não lhe vetava uma existência plural, rica em acontecimentos, amores e desamores, cujos registros podem ser exemplificados com o poema “Na Praia”, quadras de um ingênuo amor:

Formoso pôr de sol! Formosa tela!
É como um resplendor,
Em pé sobre uma rocha a visão bela
Do meu primeiro amor!
Cinge-lhe o sol a fronte alabastrina,
Aureola de santa!
Beija-lhe o rosto a vaga tremulina
Que do mar se levanta!
Dois meses após a formatura acadêmica, Simões Dias casou-se na Sé de Coimbra - a 3 de setembro de 1868 - com Guilhermina Simões da Conceição, jovem de “formosura rara”, numa prestigiada cerimônia, segundo relato dos contemporâneos.

Os estudos universitários concluídos com invulgar brilhantismo, surgiu o convite para integrar o corpo docente da Universidade de Coimbra, mas o poeta resolveu descortinar outros horizontes e concorreu à carreira de ensino público, sendo nomeado para a cidade alentejana de Elvas, em 1969.

A cidade acolheu bem o jovem professor, que já possuía um certo nome literário, e ensejou-lhe a criação e a edição de novas obras.

Mas uma infelicidade esperava o escritor, a morte da esposa, aos 24 anos. com menos de um ano de casamento.

Grande desgosto, expresso no poema “A hera e o olmeiro”:

Perpassa o vendaval com brava sanha
No cume da montanha,
E o ramo de hera que o olmeiro abraça
Arranca e despedaça!
Tu eras, meu amor, qual ramo de hera
Da minha primavera;
Eu era, linda flor, qual triste olmeiro,
O teu amor primeiro!
Mas veio sobre nós a dura sanha
Do vento da montanha,
E tu mimoso arbusto que eu amara,
Tombaste, ó sorte avara!
Agora, em pó desfeita a planta linda,
Por que é que espero ainda?
Que a mesma ventania, quando passe,
Me tombe e despedace!
Da permanência em Elvas resultaram definitivas vertentes na vida literário de Simões Dias.

A proximidade com as terras de Espanha ensejou a publicação de Espanha Moderna, estudos sobre a Literatura espanhola contemporânea, que lhe propiciaram a Comenda de Isabel a Católica, do Governo espanhol, e que, simultaneamente, inauguraram e direcionaram o autor para a escrita de cunho didático.

Em Elvas, no ano de 1870, surgiu a primeira edição das Peninsulares, canções meridionais que consagraram definitivamente o poeta.

Pesaroso com a viuvez, Simões Dias pediu transferência para Lisboa. Curta foi a estada, menos de um ano, de agosto de 1870 a abril de 1871.

Porém, ainda que rápida a passagem, ela ensejou a freqüência e a participação nos saraus literários de António Feliciano de Castilho, tão ao gosto da época.

Desse convívio ficou o registro no poema “Musa Nova”, versos de procedimento quase precioso:

A musa da nossa idade
É um ser extravagante,
Com igual jovialidade
Sorri ao Bocaccio e ao Dante
Ora solta sobre ruínas
O grito das maldições,
Ora do alto das colinas
Faz discurso às multidões.
...........................................
Divina sacerdotisa,
Quando a topo no caminho,
Tapeto-lhe o chão que pisa
De palmas e rosmaninho!
Já distante de Elvas, foi ainda nessa cidade que veio a lume novo livro de poesia, Ruínas, posteriormente incluído em outra edição das Peninsulares.

O poeta retornou à Beira. Fixou residência na cidade de Viseu, para onde foi nomeado professor do Liceu com regência da cadeira de Oratória, Poética e Literatura. Em Viseu, de 1871 a 1886, Dr. José Simões Dias viveu a maior, a mais diversificada e a mais profícua fase da idade adulta.

Em setembro de 1872, contraiu novo matrimônio com Maria Henriqueta de Menezes e Albuquerque de quem veio a ter uma filha, Judith, que lhe proporcionou uma descendência legitimada, o neto, o músico Mário Simões Dias. Os versos, por amor, elevavam-se:

Todo o meu ser se evola em doces êxtases,
Como se fora em ascensão divina
Arrebatado ao céu! Da gota rubra
Do sangue do Calvário sobre a rocha
Escorre a fé e o amor! A caridade
Sorri na cruz a distender os braços,
E a meiga esperança, reluzindo no alto,
Brilha formosa como à tarde um íris!
Em terras de Viseu, Simões Dias firmou-se como escritor e professor, enquanto ampliava e diversificava seus interesses e atuação.

Consolidou-se como um proficiente e atualizado escritor pedagógico, iniciou e afirmou-se na política, como Deputado às Cortes, em várias legislaturas – 1879, 1884, 1887 e 1890, por Mangualde, Pombal e Mértola – tendo evidenciado-se grande orador, erudito e frontal.

Figura eminente do Partido Progressista, proferia discursos polêmicos, defendia, em jornais e em comícios de rua, causas por tal modo inflamadas que, certa vez, foi vítima de uma cena pública de violência física protagonizada por um opositor.

Os registros da época apontam-lhe uma firme, proveitosa e democrática atuação política, devendo-se à sua natural inclinação para o mundo das letras, defesa e propositura da instituição de feriado nacional, no dia do tricentenário de morte de Camões, 10 de junho de 1879.

Ao participar de debates tão acesos, Simões Dias descobriu-se também jornalista, chegando a fundar três periódicos: o jornal Observador em 1878, liberal e patriótico; no ano seguinte, o Distrito de Viseu, voz do Partido Progressista, que ele dirigiu por oito anos; o inovador diário, O Globo, que circulou de 1888 a 1891; além de ter colaborado e dirigido, de 1887 a 88, o jornal progressista Correio da Noite.

Eram novos os tempos e outras as verdades. O poeta Simões Dias cantava,

Quando caiu exangue a velha sociedade,
Alguém que nos guiava os passos mal seguros
Nos disse, olhar em chamas: “Ó filhos d’outra idade,
O largo mundo é vosso, apóstolos futuros!
e na louvação ao progresso e ao nacionalismo, em outras estrofes enalteceu o Marquês de Pombal:

No pedestal da glória,
Que o pátrio amor sustenta,
Perfeitamente assenta
A estatua do marquês,
Pois que ninguém na história,
De pulso tão ousado,
Ergueu mais alto o brado
Do nome português!
......................................
Exangue morre a pátria?
Exausto anda o erário?
O reino, um proletário?
O ensino, uma irrisão?
Pois bem! Do vasto cérebro
Do herói do luso povo
Virá um mundo novo:
A luz, a escola, o pão!
Ao longo do período visiense, várias publicações didáticas de sua lavra surgiram: em 1972, Compêndio de História Pátria e Compêndio de Poética e Estilo, posteriormente denominada Teoria da Composição Literária; em 1875, História da Literatura Portuguesa; em 1881, Elementos de Oratória e Versificação Portuguesa, depois refundida na História da Composição; em 1880 a 1ª edição/Porto e em 1883 a 2ª edição/Coimbra, de A Instrução Secundária e colaborou com o Manual de Leitura e Análise, editado no Porto em 1883.
A Literatura, um pouco relegada, como se pode supor numa existência tão repleta e diversificada, tomou uma feição diferente, o romance.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2005

A afinidade com um escritor

UM POETA BEIRÃO: Simões Dias
Beatriz Alcântara


A afinidade com um escritor constrói-se, via de regra, a partir da identificação que o leitor estabelece com sua obra. Por esse modo lembro-me de terem-se iniciado minhas preferências literárias e, a devoção que nutro por certos escritores como, Luís Vaz de Camões, Marcel Proust, Fernando Pessoa, Florbela Espanca, Clarice Lispector e Josué Montelo.

Todavia, para cada regra formulada, logo surge um fato contrário, e assim, numa contra-regra, aconteceu a ligação que estabeleci com um dos mais ilustres beirões de todos os tempos, o benfeitense Dr. José Simões Dias.

Fala-se que a aldeia da Benfeita, no concelho de Arganil, distrito de Coimbra, tem a forma de um lenço de três pontas. Numa das pontas desse lenço, no pequeno largo da capela de Nossa Senhora da Assunção, ficava a casa de meus bisavós Fonseca, onde, nos tempos em que minha avó Augusta e tia Laura viviam, eu passava boa parte das férias “grandes”.

Tanto quanto lembro das águas frias nos meus pés a chapinharem sobre os seixos na ribeira estival, recordo, e ainda repito, algumas quadras de Simões Dias recitadas durante os serões familiares da meninice. Uma dessas quadras, de sabor popular, é quase proverbial na minha pequena família, na outra banda do Atlântico:

Quem tem filhos, tem cadilhos
Quem não os tem, antes os tivesse
Porque quem tem filhos a vida
não finda, mesmo depois de morrer.
Mas atenção! Há um engano. Como poderia um poeta de tão grande arte como o Dr. José Simões Dias, de competente e sábio domínio literário a ponto de ter compilado os conhecimentos em duas obras valorosas, Compêndio de Poética e Estilo e Teoria da Composição Literária, ter construído uma quadra tão alheia à métrica normativa da redondilha maior?
Compare-se a anterior à quadra original do poeta:

Quem tem filhos tem cadilhos
Diz o rifão, mas é ver
Se alguém há que tendo filhos
Deseje vê-los morrer!

Peninsulares: odes,

A modificação das quadras toca num ponto nevrálgico, raramente abordado na relação autor e fruidor da obra de arte.

Uma obra literária, cinqüenta anos passados da morte do escritor, passa a ser, por lei, de domínio publico, livre de direitos autorais, e portanto, patrimônio popular, desde que ao povo assim lhe apeteça.

Antes desse prazo regulamentar, no entanto, nas quadras em questão, o senso comum interiorano português achou-se por tal modo identificado no sentir com o brilho setissílabo de Simões Dias que essas quadras modificaram-se ao sabor das vontades, numa literatura, digamos, quase oral, percorrendo um sinuoso trajeto de casa para casa, a ecoar de uma aldeia para outra, entoada por cantadores ambulantes, jograis e cegos de feira em feira das entre-beiras até os “algarves”, pois foi no sul peninsular que Estácio da Veiga ouviu o canto popular das trovas de “O Teu Lenço”, poema aqui reproduzido, em parte:

O lenço que tu me deste
Trago-o sempre no meu seio,
Com medo que desconfiem
D’onde este lenço me veio.
As letras que lá bordaste
São feitas do teu cabelo;
Por mais que o veja e reveja,
Nunca me farto de vê-lo.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
A cismar neste bordado
Não sei até no que penso;
Os olhos trago-os já gastos
De tanto olhar para o lenço.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Quanto mais me ponho a vê-lo,
Mais este amor se renova;
No dia do meu enterro
Quero levá-lo p’ra cova.
Peninsulares: canções, 5ª ed. Comemorativa
I Centenário da Morte de J. Simões Dias, Porto, 1999.

Se alguns versos do autor das Peninsulares - a obra mais renomada – converteram-se quase ao anonimato, talvez o fato se deva a que o poeta - o homem, o cidadão - ascendeu social e culturalmente, mas a sua poesia jamais perdeu a feição, o tom e a sabedoria da gente simples da sua aldeia - Benfeita. Simplicidade essa, tão marcante que, ainda hoje, decorridos mais de cem anos da morte do escritor, acha-se a povoação natal de Simões Dias tão distante da regência capitalista e do seu poder predatório, que sequer possui um comércio estruturado de portas abertas.

Não é difícil reconstruir, pela visão e mente, a terra que moldou a natureza, o imaginário, a emoção e o modo de estar no mundo de Simões Dias, pois a Benfeita preservou uma feição própria, pouco se alterou, avizinhando-se graciosamente do passado.

Na aldeia, as ruas permanecem de uma estreiteza afoita e raro permitem a circulação de um veículo no seu interior. Mesmo a via de circulação pública e o pequeno largo que conduzem à casa onde o poeta nasceu, sequer possuem uma denominação própria. Tudo permaneceria como então, não fossem o acesso que a construção da estrada permitiu, a eletrificação, algumas reduzidas comodidades tecnológicas e a rara presença de crianças.

Na Benfeita contemporânea, o ilustre poeta achar-se-ia próximo ao seu tempo, tempo no qual ela denominava-se Santa Cecília.
Das Peninsulares reproduzimos versos de saudade, evocações de folguedos, rumores de uma infância distante:

NOITE DE LUAR
. . . . . . . . . . . . . . . .
E aquela fresca ribeira
Onde à tarde ao pôr do sol
Vem cantar o rouxinol
Na copa da romãzeira;
E o toque da Ave-Maria,
Lamento de mãe aflita,
Tão doce que nem o imita
Uma rola ao fim do dia;
E os domingos de folgança,
Em que ao pé da ermida se arma,
Em festiva e doida alarma,
Uma fogueira e uma dança;
E aquelas tardes no rio,
Tardes e tardes inteiras,
Escutando as lavadeiras
A cantar ao desafio;
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
São invocações recorrentes das quais Simões Dias ficou para sempre refém, não se cansando de louva-las, como neste outro poema:

A VOLTA DO PEREGRINO
A ver-vos torno, ó grutas,
Ó côncavos penedos,
Onde hei depositado
Meus infantis segredos!
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Montanhas arrelvadas,
Vergéis do meu país,
Vendo-vos torno aos dias
D’essa idade feliz!
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Por isso eu vos saúdo,
Por isso eu vos bendigo,
Lugares que me fostes
Berço, consolo e abrigo!
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Um não sei quê de vago,
Um tão suave encanto,
Que involuntário acode
A borbulhar meu pranto!
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Além campeia a torre
Da solitária igreja,
E ao pé triste cruzeiro
No cemitério alveja!
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Ai! Quem me dera agora
A cândida ignorância
Dos tempos que sorriram
À minha alegre infância!
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Então um cemitério,
A recender a flores,
Era um breve canteiro
Falando-me de amores!
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Bendita seja a hora
Em que te torno a ver,
Ó terra abençoada,
Que és parte do meu ser!
Quando te piso e apalpo,
Que sonho e que ilusão!
Penso que vive ainda
Meu pobre coração!

A infância benfeitense e as alegrias pueris, contudo, foram cedo abandonadas. O jovem Simões Dias despertou a atenção do mestre-escola que, reconhecendo-lhe uma inteligência incomum, recomendou aos pais a continuação dos estudos.

Logo, ficaram para trás a aldeia de Santa Cecília – como a Benfeita chamava-se ao tempo - que o vira nascer a 05 de fevereiro de 1944, e os socalcos verdejantes entre os contrafortes da Serra da Estrela.

Uma educação formal e religiosa iniciou-se em Pedrógão Grande (1854-57), continuando no Seminário de Coimbra, onde concluiu o Curso Teológico em 1861, terminando os estudos superiores com a Formatura em 1968.

A vida acadêmica coimbrã fomentou-lhe o gosto pelas letras e ensejou a colaboração em variadas periódicos.

No dizer do seu biógrafo autorizado, Visconde de Sanches de Frias, no Bosquêjo da sua vida e obras, ficou registrado: “...num período de 9 anos, de 1861 a 1870, não houve em Coimbra publicação literária, que não tivesse a sua colaboração.”

Da época de estudos superiores, datam seus primeiros versos, o cantar da idade verde:

Gentis namoradas, tal sou como o vento
Que em brandos suspiros se expraia no ar,
As notas que tiro do alegre instrumento,
São vozes que gemem d’amor, ao luar!
....................................................................
Arcanjos dormentes, ó pálidas moças,
Correi às janelas a ouvir descantar;
As trovas que solto são minhas, são vossas,
Ouvi lindas trovas d’amor, ao luar!
"Canção ao Luar"

terça-feira, 13 de dezembro de 2005

"el lenguaje y sus trampas"

"Durante milenios las palabras encerraban los secretos del nacimiento y de la muerte, del éxito y del fracaso, de la vida y de todas sus posibilidades. Los problemas, sin embargo, aparecen cuando comienza a cuestionarse la representación de los hechos desde el universo del lenguaje. Llegamos así a una primera e inquietante conclusión: las palabras nunca son inocentes o cristalinas, constituyen una realidad compleja. Están sumergidas en un conjunto de relaciones que si son guiadas por la mala fe o por una intención torcida desvían su sentido, alteran su contenido y pervierten su significado.

Surge así el lenguaje como arma política, que en vez de incluir, excluye; en vez de aglutinar, separa; en vez de sumar, resta; en vez de agrupar, dispersa; en vez de permitir, censura, y en vez de ayudar, traiciona.

El poder de las palabras, en su lado oscuro, se desarrolla a través de un entramado expansivo y totalitario que pretende imponer el dominio del significante sobre el significado. De esta manera, el primero, en manos de un poder interesado y corporativo, borra el sentido de lo real, deforma el orden social y político y facilita la manipulación y el engaño.

Si nos detenemos a observar esa realidad veremos con estupor de qué manera las palabras pronunciadas desde el poder, dueño del capital lingüístico y simbólico, traicionan y derriban lo que decimos y hasta lo que pensamos. El sentido de la responsabilidad y del compromiso, de la seriedad, de la firmeza, se han perdido irremediablemente.

En este mercado lingüístico, las reglas del discurso gobiernan lo que se dice y queda sin decir e identifican a los que pueden hablar con autoridad y a los que sólo deben escuchar y callar. El discurso verbal dominante en la clase política determina lo que cuenta como verdadero y relevante, lo que se debe hablar y lo que debe ser disimulado u ocultado. Así, el poder protege la forma de pensar y actuar de los ciudadanos al informar y modelar nuestra psique.

El truco es de sobra conocido: un ejército de lexicógrafos al servicio del poder nos vende, "desplazados" por deportados o expulsados, "daños colaterales" por víctimas civiles, "valla de seguridad" por muro de la vergüenza, "ayuda humanitaria" por ocupación militar en toda regla o "movimiento de liberación nacional" por terrorismo. Y esto ocurre para acomodar armoniosamente la realidad a la visión de cada una de las partes dentro de lo que se entiende como políticamente correcto. Las palabras, así utilizadas, esconden la realidad o en el peor de los casos consuman su muerte, y se convierten en mera incoherencia o sonido que ni siquiera llega a tener una clara articulación de significados. Con toda razón decía Adamov: "Gastadas, raídas, vacías, las palabras se han vuelto fantasmas en las que nadie cree".

Los nuevos lingüistas de la política se preparan para hacer del idioma un arma efectiva de dominio y para degradar con él la dignidad del habla humana y reducirla a retórica irresponsable. No debemos engañarnos. Las palabras no son ajenas al horror. Cuando se habla entre la niebla y la obscenidad, se favorece la vuelta de botas implacables de corte totalitario. Cuando el lenguaje se utiliza para entrar sin pudor y con impunidad en el infierno de los oprimidos, las palabras pierden su significado y adquieren tintes de pesadilla. Cuando la lluvia de mentiras verbales se convierte en estrepitoso diluvio, hemos de temer lo peor.

Que Hitler Y Goebbels hablaran en público con entusiasmo no fue pura casualidad. En su tratado Cinco dificultades con que se tropieza cuando se escribe la verdad, Bertolt Brecht soñaba con un nuevo idioma capaz de enfrentar vitalmente la palabra y el hecho, el hecho y la dignidad humana, de forma que ésta recuperara el lugar perdido por la degradación de los hombres en sus comportamientos y relaciones basadas en la mentira y la manipulación.

Devolver al lenguaje su musculatura moral, su pureza originaria, su condición de don supremo del hombre, rehabilitar el sentido y la verdad de las palabras debe ser nuestro compromiso. La mentira lingüística también es violencia, violencia simbólica. La más insidiosa de todas.

Retornar a las palabras esenciales significa decretar una guerra incruenta al lenguaje parasitario, frívolo y truculento, propio de algunos medios de comunicación, repleto de pontificaciones enlatadas y de lugares comunes que mantienen y propagan la bulimia consumista. Frente a éstos, la intransigencia ética debe ser la norma.

Frente a un lenguaje prostituido se debe luchar por otro que defienda los valores básicos de la dignidad, la libertad, la tolerancia y la democracia."

Baltasar Garzón - Juez español.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2005

Orlando Ribeiro



Biblioteca do Centro de Estudos Geográficos foi criada em 1943, por iniciativa do Professor Orlando Ribeiro. Inclui cerca de vinte mil e quatrocentos livros (alguns dos quais são autênticas preciosidades bibliográficas e apenas aí podem ser consultados) e mil e trezentos títulos de publicações periódicas, organizados num ficheiro que contempla quarenta e nove assuntos temáticos principais, com subdivisões.

Centro de Estudos Geográficos