“Se um dia disserem que o seu trabalho não é de um profissional, lembre-se: A Arca de Noé foi construída por amadores; profissionais construíram o Titanic…“
sexta-feira, 30 de junho de 2006
“Uma História cheia de Estórias”
É este o primeiro local onde os turistas estacam para melhor admirarem o contraste entre o castanho-escuro das paredes das habitações e o branco quase gritante da igreja matriz, que ostenta no exterior uma imagem de Nossa Senhora da Conceição. Construída durante o século XVII, foi reconstruída no final do século XIX pelo cónego Manuel Fernandes Nogueira. No cimo da escadaria deste edifício de ar sólido e imponente sobressaem as suas quatro colunas cilíndricas, rematadas por cones. No interior, o tecto abobadado é de madeira pintada de azul celeste, em harmonia quase perfeita com a talha (alguma dourada) datada da altura da remodelação. Maria José cuida da igreja, limpa-a e trata de abrir as portas quando a presença de estranhos o justifica. Natural de Braga, viveu em Tomar e à terra do marido veio parar.
Perto do templo fica a casa de todas as polémicas, outrora propriedade de um particular que iniciou a sua construção em tijolo. Hoje, o primeiro andar acolhe um museu dedicado a três áreas – “O Olhar dos Outros”, “Uma História cheia de Estórias” e “Vida Quotidiana” – e, o rés-do-chão é ocupado pelo posto de turismo. Com as placas de xisto assentes na horizontal, umas sobre as outras, o exterior em nada destoa do resto do aglomerado habitacional.
Do outro lado do largo, o café Solar dos Pachecos faz esquina com a rua da Venda do Lourenço. Mas antes de prosseguir, há que espreitar a ribeira do Piódão – agora, final do Verão, já esvaziada – e apreciar a paisagem circundante com os terraços em degraus, encosta acima, a servirem de plataformas agrícolas e a sustento de pequenos palheiros. É a mestria de quem teve de domar a paisagem para dela tirar rendimento, são os muros de xisto a suster as terras, é Natureza e Homem unidos numa beleza feita de contrastes entre a força de vontade para permanecer selvagem e a necessidade do domador".
Que chova devagar
"É tempo de explorar as ruas estreitas, os becos, os detalhes e as características arquitectónicas que levaram a aldeia de Piódão a ser classificada como Imóvel de Interesse Público, em 1978. As escadas situadas ao lado da igreja são um dos caminhos, bem como a rua da Venda do Lourenço, mas o percurso pouco importa. A subir, sempre a subir, vai-se admirando os telhados de xisto preto com as placas sobrepostas de forma a impedirem a entrada da água das chuvas. Na cumeeira e no topo das chaminés algumas pedras foram estrategicamente colocadas para segurar as lajes por altura das intempéries.
Virada a Sul, a aldeia procura proteger-se dos ventos rigorosos de Inverno, as construções são sustentadas por alicerces colocados em terrenos íngremes, o que em grande parte explica os três pisos das casas. Hoje em dia, o rés-do-chão serve para guardar lenha e alguns produtos resultantes da agricultura, antes, era o lar dos animais da família. No piso intermédio e superior vivem as pessoas, entre divisões feitas de madeira. Outrora, o último andar era reservado aos produtos retirados da agricultura, como milho e batatas.
Por entre as janelas de paisagem vê-se a Serra do Açor, este ano, vítima dos incêndios. Na aldeia ainda se fala com emoção do mês de Julho. Maria da Conceição mora aqui e sofre do coração. Lembra que há dezoito anos foi quase a mesma coisa mas, desta vez, por causa dos problemas de saúde, não teve outro remédio senão fugir. Cândida trabalha no restaurante da família do marido e não consegue reter as lágrimas quando fala do tremendo susto por que passaram. Agora só espera que chova devagar, chuva miudinha para impedir os aluimentos e a cedência dos terrenos.
Pela porta de “O Fontinha”, nome dado a esta pequena sala de refeições, entra Francisco Anjos, o leigo da aldeia. Aproveita para conversar um pouco da sua vida e dos costumes da região. Tem 68 anos, já trabalhou nas minas da Panasqueira e esteve em Lisboa durante 25 anos. Nos dias que correm, depois de ter feito formação na Diocese de Coimbra, dá missas, faz enterros, enfim, ajuda no que pode quando o pároco está em serviço noutras povoações. Quanto às cruzes feitas a partir dos ramos de oliveira benzidos no Dia de Ramos e pregadas nas ombreiras das portas das habitações, diz que servem como protecção contra as trovoadas e os raios. “No dia de Santa Cruz, a 3 de Maio, é hábito porem-se cruzes nos campos e nas portas pedindo a protecção a Sta. Bárbara e ao Senhor”. Cândida confirma e acrescenta que as trovoadas aqui são frequentes.
No dia seguinte Francisco tem uma festa marcada, como todos os anos. É o sábado mais próximo do dia de S. Francisco de Assis (4 de Outubro) e vêm Franciscos de todo o lado, mesmo aqueles que, sendo naturais das terras vizinhas vivem noutras regiões do país. A comemoração começa com uma missa às onze da manhã na pequena capela de S. Pedro – cuja imagem do padroeiro da aldeia surge em lugar de destaque no centro e por cima do pequeno altar – e segue com uma patuscada".
Paisagem a proteger
"Vindo de Côja e na fronteira da Paisagem Protegida da Serra do Açor é preciso parar junto à placa que indica o caminho de acesso à Fraga da Pena. Deixe o carro e siga a pé por um caminho fácil de terra batida, que demora pouco mais de cinco minutos a percorrer. Um pequeno riacho ainda corre neste ano de seca e erguem-se antigas azenhas. Continue em frente até à ponte de madeira, logo ali. É, então, que vislumbra a queda de água com cerca de vinte metros de altura, precipitar-se sobre um lago de líquido gélido. De frente, a parede de rocha é composta por camadas lascadas. É perante este cenário edílico que se distribuem mesas de pedra para piqueniques, ao som calmante da água a correr.
O acidente geológico da Fraga da Pena é atravessado pela barroca (ravina ou barranco) de Degraínhos. Subindo pelas escadas de pedra ou escavadas no terreno pode-se, até certo ponto, seguir o curso da água e encontrar mais lagos e mais quedas de água num conjunto fabuloso e de impressionante serenidade.
Regresse à estrada e siga no sentido da Benfeita e de Pardieiros, percorra de seguida a estrada de terra batida, acessível a qualquer veículo ligeiro, para melhor apreciar a manta verde constituída pela Mata da Margaraça. Medronheiros, azevinho, carvalhos, castanheiros, avelaneiras e cerejeiras bravas, são algumas das espécies identificáveis. Junto à Casa Grande, Centro de Interpretação da área protegida, fica o início de um percurso pedestre com duração de cerca de meia hora. Fácil.
Ainda nos arredores do Piódão, vale a pena uma incursão por Chãs d’Égua, uma aldeia bastante homogénea em termos arquitectónicos e por Foz d’Égua, local de mais uma praia fluvial e do início de um passeio pedestre bem mais difícil, rumo ao Piódão. São 2,8 quilómetros de montanha, quase sempre a subir. Só para os bravos ou para quem não se importe de demorar mais tempo a apreciar a serra do Açor e, até, vislumbrar a ave que lhe deu o nome".
Texto de Paula Carvalho Silva
Centro de Férias Inatel - Turismo de qualidade
"Há muito que o INATEL se tem envolvido das mais diversas formas na divulgação e preservação do património histórico-cultural português. Num projecto denominado Carta do Lazer, dez aldeias históricas são contempladas num produto que compila informações culturais, de alojamento, sugestões de percursos nas várias regiões, entre outras. Em formato de desdobrável, CD-ROM, ou em livro. São apenas exemplos de como aceder a toda esta informação.
O Piódão, claro, não podia deixar de estar contemplado. Aldegundes Madeira, administradora do INATEL, em Piódão, conta como nasceu o edifício fruto de um protocolo com a Câmara de Arganil. “A construção, segundo a traça tradicional, ficou a cargo da autarquia e a subsequente gestão deixada ao cuidado do Instituto”. Com uma decoração quase minimalista, em tons de vermelho, preto e creme, os quartos são espaçosos e confortáveis. O restaurante abre para uma esplanada com uma belíssima vista sobre a aldeia, mas o visitante pode ainda beneficiar de uma piscina coberta aquecida e de um “jacuzzi”, para além de sauna e ginásio.
José Conceição Lopes, presidente da Junta de Freguesia e um dos proprietários do restaurante “O Fontinha” confirma a utilidade desta infra-estrutura hoteleira. “A abertura do Centro de Férias foi importante porque faltava turismo de qualidade. O fluxo de turistas aumentou e, também, o tipo de visitantes que, de outra forma não viriam. Mesmo durante a semana e nos meses de época baixa, aparecem sempre pessoas o que implica também mais movimento e animação.” José conta, ainda, que em algumas noites os habitantes de Piódão se deslocam ao bar do Centro de Férias para beberem um café e ficarem um pouco por lá.
Mesmo assim, na aldeia, é sempre preciso lutar contra o isolamento. Apesar de nunca ter sentido necessidade de sair, Carlos Lourenço confessa ter de se mentalizar “para estar aqui todos os dias”. José Lopes teve de se adaptar à grande cidade quando foi para Lisboa e, novamente, à aldeia depois de regressar, para abrir o restaurante em 1989. “Na altura existiam duas mercearias, mais nada”. Mas neste momento e depois da escola ter ardido, está mais preocupado com as dez crianças da aldeia, duas das quais são filhos dele e da mulher. “No Inverno é complicado levá-las por entre gelo, nevoeiro e neve. Sai-se de madrugada, muito cedo, paga-se a interioridade”.
Guia
Piódão pertence ao concelho de Arganil que ocupa 332,1 quilómetros quadrados distribuídos por 18 freguesias e tem uma população residente de cerca de 14 mil habitantes.
IR
Se quiser visitar primeiro a Fraga da Pena, depois de percorrer a A1 até à entrada da IP3 e de seguir as indicações de Arganil, passe por Côja siga pela aldeia da Benfeita e encontrará facilmente as indicações, bem como para o resto do percurso até Piódão.
CLIMA
Grandes amplitudes térmicas entre o Verão e o Inverno, tornam a vida dos habitantes de Piódão bastante difícil, sobretudo quando há queda de neve.
DORMIR
Inatel Piódão (tel. 235730100/101), Casa do Algar e Casa Malhadinhas (tel.: 235731464), Casa da Padaria (tel. 235732773/731238), Casas da Aldeia
(tel. 235731424).
RESTAURANTES
Inatel Piódão,
Café Lourenço
(tel. 235731287), Café A Gruta (tel 235732771),
Fontinha (tel. 235731151), Solar dos Pachecos
(tel. 235731424).
quinta-feira, 29 de junho de 2006
As Curvas da Estrada de Santos
Esta série conta agora em detalhe os quatro séculos e meio de evolução das formas de transpor o desnível de pouco mais de 700 metros entre Santos e São Paulo, formado pela Serra do Mar - ligação que inicialmente era multimodal, pois demandava o transporte por canoas desde Santos/São Vicente até o Porto Geral de Cubatão, próximo à Serra do Mar prosseguindo-se por terra montanha acima (só em 1827 foi terminado o aterro ligando Santos a Cubatão): Jornal eletrônico Novo Milénio
quarta-feira, 28 de junho de 2006
"Um dia em África"
"Um dia em África"
Vale MESMO a pena perder uns minutos e ver esta centena de fotos espectaculares.
Basta entrar em Gallery e clicar 1 vez no triângulo verde.
O dia 28 de Fevereiro de 2002, um dia normal, simples, como tantos outros, captado em 53 países do Continente Africano (incluindo Angola, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, ...), pelas câmaras de uma centena de fotógrafos, de 26 países, de todo o mundo... http://www.olympus.co.jp/en/event/DITLA/
PS - Importante ligar som...África são cores, sabores, cheiros, gestos...e sobretudo sons, música, vida, ...
recebido por e-mail
estimular a leitura
A otimização dos recursos arrecadados pela Alfabetização Solidária permitiu a criação do Projeto de Incentivo à Leitura, que tem como meta ampliar ou criar bibliotecas nos municípios atendidos. Com isso, estimula-se o hábito da leitura não apenas entre os alunos, mas em toda a comunidade. Um convênio com o Ministério da Educação (MEC) proporcionou a aquisição de um acervo de 198 títulos, com obras de ficção, referência e literatura infantil. A organização não-governamental Associação Biblioteca Cidadã doou quase 90 mil livros, que foram transformados em kits com 66 livros cada e distribuídos. Também foram recebidas obras arrecadadas pela rede de supermercados Extra. O total de livros aproveitados nesta edição foi de 92.997, divididos para atender 1240 municípios. Após a triagem, estas obras formaram acervos com 70 livros cada. Esses materiais compõem uma importante ferramenta para o trabalho pedagógico dos alfabetizadores. Para melhor utilização dos livros, a Alfabetização Solidária preparou um manual específico, que facilita e orienta a organização e o manuseio do acervo bibliográfico no município. A Alfabetização Solidária também mobiliza parceiros e doadores ocasionais para a formação de kits com livros e revistas, a fim de criar salas de leitura.
terça-feira, 27 de junho de 2006
pega
segunda-feira, 26 de junho de 2006
A angústia do intelectual antes do jogo
domingo, 25 de junho de 2006
o estado da Nação
Não há interesse colectivo e cada um cuida do seu.
Somos de facto, o povo que pertence a Camões, séculos de história e fraqueza.
Que utilidade essencial acima de qualquer possibilidade da nossa existência.
Existem maneiras mais sábias de receber o Homem como pessoa.
O drama de Antígona reflecte o conflito de intelectuais de esquerda de barriga cheia e socialistas de cu roto, símbolos do actual sistema político.
O protótipo de Antígona espelha e grassa as ideias dos moralistas terráqueos.
Existe pureza nas suas consciências?
Ainda a custo a história perpetua as partes.
O sistema,em vão, elogia e vangloria o fútil da espécie.
A dualidade no tempo de Antígona, devia obediência ao governo da Nação.
Obedecer a uma certeza, fecha-se na ignota subjectividade.
Hostilidade e abismo, o mundo real, a significação de um plano claramente essência de verbo do descrédito.
A herança Kantiana numa conduta inteligível.
Obstinado Antígona, sócrates, maria, valter e Pavlov, é na subjectividade que procuram uma solução, renegada e gratuita de significação, hesitando, pela simples razão, se ser, exigir o futuro, pela concepção errada de constituir o equilíbrio pelo fracasso do voto branco.
DOG Episode de Pavlov não se deve destruir, pertence a nós, na sua infinita trapaça.
Em bloco a esquerda e Pavlov e a direita e Cavaco, apostam na bandeira da paz, subjugando Pavlov a um reflexo que, condicionado, condiciona, a vontade de Portugal evoluir no jogo da Democracia, aceitando, respeitando e percebendo a igual razão de uma diferença entre ideais de democracia.
Esta escolha, não consente o isolamento nem a ameaça ou imposição exígua, matriz de uma área cultural, de natureza ideológica de servir a fidelidade de um tempo de filiação marxista, que despovou todos os nomes.
Mudar o sistema
É possível acreditar na capacidade de fazer à margem de qualquer sectarismo ou ideia colonialista, reduzindo a credibilidade do nosso próximo a um amontoado de escombros. Aconteceu com muitos separatismos reduzindo ainda mais o património da nossa terra, a nossa condição de vida, o nosso sentido de verdade.
A mobilização de todos os sectores e actividades,contribuirá para uma maior força parlamentar, que a demagogia apenas lamenta o tempo e a escolha,sem uma definição justa. Existe um direito natural, uma condição,uma estrutura na obediência a uma administração.
Alienar os culpados, invariavelmente, levaria a violar as regras democráticas, condenadas a lamentos de soberania.
O desafio de Castelo Branco passa por coordenadas de aceitação regional e não me parece produtivo fundamentar arquipélagos dentro da própria geografia, fruto de uma outra época.
sábado, 24 de junho de 2006
O fogueiro
Tu dizes o poder em branco e,contudo, parece-me preferível à opinião do senso comum.
Parece-me que maria & sócrates & valter são almas, coisas com a possibilidade de se moverem.
Permanece a dúvida a alma da alma.
Cada um está sempre fixo onde estava com a esperança de ser melhor.
o ânimo supera a tua capacidade para perceberes a elisa que navega em cada um de nós e o sócrates que é asno até pela enorme falta de educação que revelou a elisa.
Se não escutar as palavras em casa alheia será asno bem-vindo, sempre intelecto acerca do homem, da sua casa e do portugal errante do animal político considerado no seu todo.
Uma dificuldade teórica não legitima a soberba nem é impedimento de unidade e desenvolvimento por causa de políticas e contextos respectivos.
À noite os Quatro amigos chegam a uma floresta perto da cidade.
Avistam uma luz.
Aproximam-se e entram numa casa.
Todos contentes nunca escreveram nada e ainda hoje vivem naquela casa da floresta perto da cidade.
Mineiro da Panasqueira
Já joguei Hóquei em patins no Pavilhão das Minas, quando a vida fervilhava dentro e fora das Minas.
Conheço Bem esse lugar bem bonito de Portugal, fora das ementas dos políticos na arte de levar o voto do cidadão contribuinte.
As guerras desportivas e em especial da bola apenas emprestam um pouco de negridão mais ao povo na sua labuta diária.
Quanto ganha o pobre mineiro na sua luta diária?
Quanto ganham os artistas ou palhaços da bola?
Impostos?
Despesas do dia a dia?
Gente anónima padece pelos cantos de um país que se apresenta na primeira linha da frente de povo sem problemas de maior...
Puro engano para tapar o sol com uma peneira face à Europa do centro rica e abastada.
As Minas enfermam de uma má gestão dos nossos políticos ano após ano, preocupados em arranjar as suas vidinhas, NÃO a vida dos Mineiros na sua labuta, a dar lucro aos senhores do terreiro do paço.
Tenho as minhas raízes do Ceiroquinho a Janeiro de Cima e conheço bem toda essa franja de um Portugal desconhecido pela incúria dos políticos.
É uma riqueza que se esvai rio abaixo matando o seu povo votado a um silêncio ENORME, que de nada vale tentar calar com promessas de secretaria.
Amigo Mineiro qual o valor de um pobre trabalhador face aos
milhões descarados do jogo da bola?
Qual a verdadeira importância de uma vida perdida nos túneis das galerias (não são as Galerias de S. Bento) a extrair RIQUEZA ?
Amigo mineiro vivemos à beira do abismo cavado pela má sabedoria do Estado português.
Volte sempre. Não cale a sua Voz.
sexta-feira, 23 de junho de 2006
Leni Riefenstahl
IPV
quinta-feira, 22 de junho de 2006
Mais para além dos indivíduos 2
Aviso prévio: este texto chegou-me via e-mail; desconheço o autor!
FASES DO ENSINO EM PORTUGAL
1ª fase (antes de 1974):
o aluno ao matricular-se ficava automaticamente chumbado...
Mais do mesmo
Mais para além dos indivíduos
Este blogue também é, entre outras coisas, uma espécie de "arca", onde tenho guardado algumas coisas que, ao longo destes últimos tempos, de algum modo, me interessaram... para memória futura!
quarta-feira, 21 de junho de 2006
Ao espírito santo...
Espírito Santo Champalimaud
Porto Santo
Professores do básico hoje em greve nacional
[505 comentários]
Racismo?
- Vim entregar-me Sr. Guarda, pois cometi um crime e desde então não consigo mais viver em paz!
- E que crime cometeu? Diz o policia, enquanto tira as algemas do cinto e dirige-se prontamente para o homem, já a pensar na promoção de prender mais um vigarista.
- Atropelei um preto numa estrada da Cova da Moura...
- Ora meu amigo, como pode o senhor culpar-se se estes pretos atravessam as ruas e as estradas a todo o momento?
- Mas ele estava no passeio.
- Se estava no passeio é porque queria atravessar, se não fosse o senhor, seria outro qualquer. São azares da vida ou mesmo do destino. Já agora, como está o carro?
- O carro está bem, mas não tive nem a hombridade de avisar a família daquele homem, eu sou um assassino!!!
- Meu amigo, se o senhor tivesse avisado haveria manifestação, repúdio popular, repressão, pancadaria e morreria muito mais gente! Sinceramente acho o senhor um pacifista.
- Mas eu enterrei o pobre homem ali mesmo, na beira da estrada...
- Que grande humanista! Enterrar um preto é de benfeitor, outro qualquer abandonava-o ali mesmo, para ser comido pelos bichos!!!
- Mas enquanto eu o enterrava, ele gritava: - Estou vivo, estou vivo!!!
- Mentira, mentira! Esses pretos mentem muito...
Leitura online
destakes
terça-feira, 20 de junho de 2006
Nostradamus
analfabetismo informático
Diário Digital
segunda-feira, 19 de junho de 2006
mãos hábeis e competentes e de muito saber
A tia Amália, além de exímia parteira, sabia imensas mezinhas para curar males, moléstias e situações desesperadas que sempre acontecem numa aldeia serrana, onde, nesse tempo, não se falava em assistência médica. A Tia Amália tinha sempre um remédio para curar tudo, ou quase tudo, como: sarna, sarnão, pés torcidos, treçolhos, escaldado feridas, crianças aguadas, lombrigas, Flatos, espinhela caída etc.
Sabia rezas e responsos para encontrar as coisas perdidas e afastar pestes e trovoadas.
Com ervas secas como: nardo, erva de São João, cidreira, malvas, erva de São Roberto, flor de sabugueiro, folhas de oliveiras etc, Fazia chás que curavam dores de cabeça estômago, intestinos, rins, coração etc. Com azeite, mel, leite, alhos curava gripes, constipações, reumatismo etc.
A Tia Amália era um mãe solteira, era uma conversadora que dava gosto ouvir. Sempre bem disposta e alegre, todas as crianças gostavam de ouvir os seus bonitos contos e histórias.
A Tia Amália era uma alma bondosa, simples e prestável. Quando morreu toda a gente da aldeia chorou e sentiu a sua falta. Com ela, foi para a cova uma biblioteca de saber de um valor incalculável.
À sua porta, nunca faltavam crianças para ouvirem os seus contos e as suas graças. Quando lhe pediam para contar um história ela dava uma risada, passava as suas mãos pelas cabeças das crianças e dizia entusiasmada.
‑ Todos vós passasteis pelas minhas mãos, fui eu a primeira pessoa que vos viu nascer. Todos ficávamos muito contente com esta revelação.
A tia Amália era quase uma mãe para todos e tínhamos por ela um grande respeito e admiração.
A tia Amália sabia dezenas de contos: de lobos, de raposas, de galos, de burros, de bruxas, de lobisomens, de santos, de santas, de pobres, de ricos, de rãs, de sapos, de cobras, de ratos, de gatos, de cães, de cordeiros, de lebres etc. Um dos contos que ela contava que ficou para sempre na nossa memória foi sobre uma noite de Natal.
Contava a tia Amália:
Era uma vez uma família muito pobrezinha que vivia numa aldeia da serra. Nessa aldeia havia famílias ricas, remediadas e pobres, como há em toda a parte. 0 tio Manuel era o chefe de uma família muito pobre e fazia cestos e cestas que ia vender à vila de Arganil Nas vésperas de Natal, o tio Manuel abalou cedo, como fazia sempre, para o mercado de Arganil com alguns cestos e cestas para vender, e com o dinheiro da venda, iria pagar o que devia na loja do tio Joaquim. Era a vida de um pobre e honrado homem...
Ao regressar à sua aldeia começou a nevar na serra da Aveleira, passou pela Lomba, e o nevoeiro também apareceu, ficando a noite escura como breu. 0 tio Manuel perdeu‑se várias vezes no caminho, pois, não se via nada, caminhando quase como por instinto, aqui caindo além tropeçando, até que, uma vez rebolou para um barroco, perdendo a saca onde trazia o dinheiro e dois pães que comprou para fazer a consoada com a mulher e os quatro filhos, todos ainda pequenos como vós, arrematava a tia Amália.
0 pobre do tio Manuel chegou a casa era quase meia‑noite com grande alegria a sua mulher e filhos, que já choravam pela demora do pai. Vinha todo molhado, cansado e abraçando a mulher e os filhos, chorava e contava o que lhe tinha acontecido.
A sua mulher, agora com os olhos cheios de lágrimas de alegria, dizia‑lhe: deixa lá, homem! 0 essencial é que estejas aqui ao pé de nós e não te aconteceu mal nenhum, o resto, tudo se há‑de arranjar por Deus.
Ao lado da casa do tio Manuel vivia a tia Josefa, viúva, com os seus filhos. Esta mulher também era pobre e sabia da angústia que pairava sobre os seus vizinhos, pois, já tinham perguntado várias vezes pelo tio Manuel. E logo que deram pela sua chegada, foram logo saber o que lhe tinha acontecido.
Ao saberem, ficaram muito tristes pois os bons amigos e os bons vizinhos são aqueles que se alegram com as alegrias dos seus vizinhos e ficam tristes quando acontece qualquer percalço ou desgraça aos mesmos.
Neste caso, como a noite de Natal era muito especial resolveram fazer a consoada todos juntos em casa do tio Manuel. Trouxeram broa molhada com fio de azeite e farinheiras, pois, naquele tempo, não havia chocolates nem bolo rei, nem dinheiro para gulodices.
Os filhos do tio Manuel tinham ido ao rebusco, e trouxeram um cesto de castanhas que foram assadas à lareira. E todos juntos fizeram uma linda consoada.
Eram os pobres a dar o que lhes fazia falta aos mais pobres, num gesto de ternura que só os humildes e os bem‑aventurados são capazes de fazer, com amor e solidariedade.
Era a verdadeira doutrina cristã, tantas vezes apregoada, e tão mal praticada por todo o mundo Foi uma consoada simples, tema, cheia de encantamento, como só nas aldeias serranas podia acontecer. Mas os rapazes são sempre curiosos e logo um perguntava:
‑ Então a saca do tio Manuel não apareceu? A tia Amália não a responsou?
‑ Não, meus amigos, dizia a tia Amália. Isto já se passou à muitos anos, se fosse hoje, eu responsava‑a,
e ela havia de aparecer.
Todos riamos de contentamento com as histórias tão simples, tão belas, tão humanas que a tia Amália contava.
Bem‑Haja, a tia Amália pelos momentos felizes e agradáveis que nos proporcionou, pelo Sol radioso que existia na sua alma, onde o sonho e a ternura, a todos embalava com amor."
"Contos" de António Jesus Fernandes
domingo, 18 de junho de 2006
"a narração gráfica"
Nuno Crato, matemático
PÚBLICO - EDIÇÃO IMPRESSA - PÚBLICA
nº 5926 Domingo, 18 de Junho de 2006
no quadro rígido!
antónio borges
Todos os governos têm bons e maus ministros.
PÚBLICO - EDIÇÃO IMPRESSA - ESPAÇO PÚBLICO
nº 5926 Domingo, 18 de Junho de 2006
Ordem de Professores
Ordem para avançar
O Instituto Politécnico de Castelo Branco acaba de realizar um estudo para a Associação Nacional de Professores. Este é um dos principais inquéritos feitos no país e revela que os docentes querem a Ordem de Professores, mostrando-se também descontentes com o Governo.
sábado, 17 de junho de 2006
a Pedra Letreira
sexta-feira, 16 de junho de 2006
Altar do Trevim
quinta-feira, 15 de junho de 2006
Saneamento dos professores
Perguntar o motivo merece um respeito muito maior do que o cheque ao ensino e aos professores.
As atitudes, a dignidade de cada um e não um eventual esquecimento do professor inquieto no seu magistério de ensinar.
Perante objectivos proclamados, urge obedecer e cooperar para salvaguardar os valores fundamentais dos professores.
Debilitar progressivamente o professor não passa de um recurso, uma ameaça do Estado exíguo.
A responsabilidade causal é a primeira premissa do senso comum do sitema real.
A primeira barreira ultrapassa a necessidade de uma revisão do sistema, não do professor, do aparelho de Estado e dos senhores encarregados de educação entregues à responsabilidade do Ministérioa da Educação.
A guerrilha deteriora tudo e todos.
Que pergunta para a Assembleia da República face ao Governo no cheque aos Professores?
Posso lembrar a senhora ministra que todas as questões de educação foram previstas no ano de...1970!!!!
Democratizaram o ensino sem qualquer limite e vejo os filhos da Nação a estragar o que é de todos dando por exemplo pontapés em portões de garagens, caixas de gás, de electricidade, pintando paredes, estragando carros...
É isto culpa dos professores?
Senhores encarregados de educação o sistema entende satisfazer a tentativa de branquear a democratização para honra do seu relator...
O resultado corresponde à exigência de uma qualidade mínima, resultado do vazio que é o Estado e os seus deserdados.
Os professores oferecem aquilo que está ao seu alcance, o interesse nacional, o orçamento real e o urgente e anormal funcionamento de um Ministério da Educação.
Tão anormal situação à deriva define a carreira académica, os seus direitos e muito menos as exigências de uma comunidade, que decrete aquilo que é o mal, no sentido ; não na qualidade do ensino, e é o Estado que fecha as portas a tão mal criados, preparados protótipos de figuras par excellence emanam uma encerrada aproximação ao rebanho para afastar os seus comportamentos na prol do grupo, sinónimo de cobardia quando seres individuais, incapazes de manifestar qualquer atitude cívica, na sociedade em que pululam e vegetam.
Cartas ao Director
O Ministério da Educação evolui com Portugal...
quarta-feira, 14 de junho de 2006
terça-feira, 13 de junho de 2006
à beira da crueldade
Brazilian Books
segunda-feira, 12 de junho de 2006
harmoniosa cadência da linguagem
"este país ainda possui uma réstea de talento, arte"...
Pode alguém ser quem não é
..."conheci dezenas de professores que vestem a camisola, dão-se aos alunos integralmente, vivem a escola duma forma quase messiânica.bastas vezes, são humilhados por governos, pais, alunos, autarcas.esta é a minha verdade"...
sophia e os deuses
a retoma pequenina
Finalmente a retoma!
CDS 3% / Bloco 6% / CDU 7% /PSD 35% /PS 46%
posted by SEBENTARIA @
Como nesse dia me enganei!
domingo, 11 de junho de 2006
O que ficou do Império
Diferentes artigos oferecem percepções múltiplas da experiência colonial e pós-colonial portuguesa, chamemos-lhe assim, e incluem vozes "de dentro": Ana Duarte Melo, António Figueiredo, um poema de Graça Moura, a "Grândola", de Zeca Afonso; vozes do "outro lado": Sousa Jamba (Angola), Mia Couto (Moçambique), Ramos Horta (Timor); e ainda "de fora", de estrangeiros com conhecimento da cultura portuguesa: Hilary Owen (Novas Cartas Portuguesas), Landeg White (comentário a "Grândola"), Barry Lowe (Macau), David Tomory (Índia). Estes textos reflectem sobre a questão da nossa herança colonial, e adoptam, em geral, a retórica do multiculturalismo, que permite repensar as "Descobertas", o colonialismo e o pós-colonialismo como um "encontro de culturas".
Que papel tem a língua portuguesa na herança que deixámos aos outros? Sousa Jamba, no artigo intitulado "A Morsel of Honey", dá uma resposta a esta pergunta no contexto angolano, colocando uma cultura urbana, de "assimilados", que passa pela adopção da língua portuguesa e pela recusa da aprendizagem das línguas bantu locais, em oposição a uma cultura rural, poliglota e africana.
Nos territórios mais longínquos, Timor e Macau, a língua portuguesa tem ainda uma posição mais frágil. Como diz Ramos-Horta (e como, de resto, qualquer espectador atento da questão timorense terá constatado, ao observar as muitas dezenas de jovens que se foram refugiando em Portugal nestes últimos anos), apenas uma minoria dos timorenses fala português, e a herança aí deixada teria sido a religião, o futebol, alguma música.
A multiplicidade de vozes neste dossier é evidente: vozes de Portugal, Moçambique, Angola etc., que nos facultam diferentes abordagens de uma mesma questão. Há, no entanto, alguns silêncios, nomeadamente no que se refere às comunidades africanas residentes em Portugal, e que aqui vieram parar na sequência do desmembramento do Império de que se fala. Ainda que Landeg White, no artigo "Empire's Revenge", as refira - "tens of thousands remain outside society" - bem como o racismo de que são vítimas, a existência deste grupo significativo, de largos milhares de pessoas, resume-se a uma breve referência, à qual não se segue uma história contada na primeira pessoa pelos envolvidos.
Este silenciamento corresponde ainda a uma versão da "história sem tragédia". A que nos convém, a que é adoptada em programas da televisão do estado como "Atlântico" (RTP1). Este programa, celebratório da herança comum da Lusofonia - centrada embora no eixo Portugal/Brasil - é exemplo desta retórica, a qual, ainda que de sinal político contrário, é ainda herdeira de "Portugal do Minho a Timor". Estaremos a substituir um mito por outro, em que a assimetria das relações se mantém, sob a capa de uma "herança comum"?
Mia Couto em "A Celebration in Waiting", a sua contribuição para o Index, alerta para a necessidade de uma nova relação, em que todas as partes se constituam como sujeitos. Só assim poderá haver uma verdadeira celebração das "Descobertas", e uma herança verdadeiramente "comum".
Acrescente-se ainda um apontamento sobre os textos deste dossier que nos colocam na oposição de objectos, e que se situam no exterior da questão colonial propriamente dita. Significativa é a escolha do poema "Crónica", de Graça Moura, para abrir: aí se fala de mar, navios, despedidas, tempestades, ventos, algas e corais - a parafernália de que se faz uma certa imagem de Portugal. Vasco Graça Moura é um bom poeta; a questão aqui é a escolha deste poema e não outro. Foi escolhido este, imagino, porque se encaixa às mil maravilhas na imagem pré-concebida de um país em cujos discursos historiográfico e poéticos têm ainda um lugar importante a Época das Descobertas e a nostalgia a ela ligada.
Haverá forma de evitar o estereótipo quando se fala do "Outro"? Ou só se reconhece o estereótipo quando o "Outro" somos nós? Como quando Landeg White, ao comentar "Grândola" no Index, a identifica como um fado, e Zeca Afonso como fadista, acrescentando que a canção que serviu de senha para pôr a Revolução na rua serve agora para vender azeite. Confundindo até a nossa inconfundível "Grândola" com a canção popular "Ó Rama, ó que linda rama". Porque o "Outro" não é percepcionado como múltiplo, mas como uno. Porque, de acordo com esta lógica, todos os portugueses cantam sempre e só fado".
Adriana Bebiano
zonanon.com/non/letras Mar.99
sábado, 10 de junho de 2006
Pedido de intervenção
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Transmissão - produção
O analfabetismo, que assola de forma transversal todas as culturas do planeta, com maior ou menor intensidade, bem como o encarceramento geográfico, limitante de contactos interculturais, têm um papel determinante na persistência da tradição oral.
Em Portugal, pelos factores de isolamento geográfico e político sobejamente conhecidos, a ruralidade e o analfabetismo tiveram uma prevalência especialmente marcada, que apenas começou a ser atenuada na década de 60 do século passado. A região serrana, mercê da inóspita topografia e da ancestral modéstia de recursos, manteve níveis de analfabetismo invulgares até há poucos anos, pelo que a tradição oral constituiu o modo de transmissão da cultura local predominante, patente nos contos, provérbios, fábulas, "lengalengas ", superstições e fórmulas mágico-religiosas de medicina popular, que marcaram de forma indelével o percurso cultural de todos quantos tiveram o privilégio de viver uma infância embalada por essas magnificas expressões de conhecimento puro e ingénuo.
Este património imaterial, passado oralmente de geração em geração, representa não só um mecanismo de afirmação e preservação identitária, mas também um processo de transmissão de valores simbólicos, por vezes de carácter apenas lúdico, mas também e frequentemente de intuito normalizador e moralizador, tendente a implementar e reforçar princípios éticos e de conduta imprescindíveis à dinâmica e à sobrevivência da comunidade.
É notável a universalidade do papel social e cultural da narrativa oral. Civilizações distintas e sem contiguidade geográfica, incluem no seu repertório cultural narrativas de carácter e estrutura surpreendentemente semelhantes. Contos populares como o "João Soldado" ou a dança de roda " Condessinha de Aragão" têm equivalentes muito próximos em diferentes contextos etnográficos. Monsenhor Nunes Pereira registou semelhanças formais inequívocas entre alguns "Contos de Fajão" e narrativas da cultura popular alemã.
Este carácter universal reforça claramente o papel da cultura de tradição oral como necessidade intrínseca do homem, na afirmação da sua identidade enquanto indivíduo e enquanto elo de uma complexa cadeia relacional.
A importância da cultura popular de transmissão oral é reconhecida em Portugal desde o Século XIX. Nomes como Leite de Vasconcelos, Teófilo Braga, Consiglieri Pedroso e Adolfo Coelho procederam à fixação em texto das várias modalidades de narrativa oral, preservando-as assim de uma perda irremediável.
Os meios académicos mostram igualmente uma crescente sensibilização para esta temática sendo já abundantes os estudos concretizados nos últimos anos em diversos centros universitários nacionais, pela mão de vários estudiosos como João David Pinto Correia, Maria Antonieta Garcia , Alexandre Parafita e José Joaquim Dias Marques.
A região das Beiras foi especialmente estudada por Maria Antonieta Garcia, Leonor Carvalhão Buescu ,Viegas Guerreiro e José Carlos Duarte Moura. Obviamente que estes estudos não podem abarcar, em termos de levantamento, todas as localidades, nem contemplar todas as variantes locais. É portanto imprescindível que a recolha local continue, até porque a desertificação humana acelerada que actualmente se verifica no interior, nomeadamente na região serrana, tornará inviável, a breve prazo, este trabalho por escassez de fontes."
CULTURA E TRADIÇÃO ORAL José Augusto Barata
sexta-feira, 9 de junho de 2006
Monte Colcurinho
A Redenção
O viajante dos anos 90 leva o GPS ( Global Position System ), que lhe permite situar qualquer ponto do planeta em apenas um minuto. 20 satélites fazem parte desta rede que emite ondas de localização durante todo o dia. O GPS mede o tempo que demora um sinal a chegar ao satélite. A latitude e a longitude são mostradas no ecrã do GPS em graus , minutos e segundos. Também a altitude pode ser determinada.
A margem de erro é de apenas 20 metros. Pode ser utilizado, em quaisquer condições atmosféricas.
A Redenção vai ter oportunidade de o utilizar. Pesa apenas 397 gramas.
A Redenção / CHECK LIST
Documentação - pessoal e do veículo.
Segurança - cartões de crédito.
Saúde - pulseira com os dados clínicos.
Água - purificadores químicos.
Navegação - mapas, curvímetro e GPS.
Sinalização - frascos de fumo.
Alimentação - comida liofilizada.
Descanso - mantas (hipotérmicas ou de alumínio).
Higiene - duche solar.
Equipamento - Mochilas.
Calçado - sapatos de lona.
Roupa - Polos.
Utensílios - navalha multiuso.
E Também...PC portátil e equipamento fotográfico.
Ensign GPS
A Redenção pode ser acompanhada pelo Ensign GPS que indicará a posição do viajante 24 horas por dia em qualquer lugar do mundo. Vai receber o sinal a partir de 3 satélites (pelo menos).
Antes da Redenção
Antes de partir. Curvímetro e Contaquilómetros. Durante a expedição a Bússola. Depois os Binóculos.
Mapas, Escalas, e Curvas de nível.
FALTAM...
Julho de 2003, marcou para sempre a redenção, a 1244 metros de altitude...
quinta-feira, 8 de junho de 2006
acerca da educação
Dizem as estatísticas que para 860 milhões de crianças, em todo o Mundo, o futuro é uma incógnita; elas são vítimas da fome, de exploração laboral, do tráfego de menores, da prostituição, da SIDA, dos “senhores da guerra”: 20 milhões vivem e crescem em campos de refugiados, 120 milhões são “meninos da mãe”, 171 milhões entre os 4 e os 14 anos trabalham em condições que colocam em risco a sua saúde, 115 milhões não têm acesso à escola, de nenhum grau. São números e realidades que nos devem fazer reflectir.
Mas vamos ao que se passa entre nós e quais os principais problemas que envolvem as nossas crianças. Pensa que o primeiro problema é precisamente a falta de crianças que leva ao fecho das escolas, à inversão da pirâmide das idades, à crise que se começa a desenhar na Segurança Social. Isto não quer dizer que as poucas crianças que existem sejam umas “princesas”. Infelizmente, a crise das famílias, o aumento exponencial de divórcios que de 1995 para 2004 teve uma taxa de aumento dos 89%, o deficiente acompanhamento pelas Comissões de Menores, figuram com que aparecessem com frequência os chamados “casos”: Joana no Algarve, da menina de Viseu, e demasiados outros que andam pelos tribunais, ou pela consciência das pessoas que os conhecem.
Há ainda entre nós cerca de 350 mil crianças que abandonaram a Escola e ficam pelas ruas entregues aos vícios, iniciando-se em vários tipos de crimes, cometendo pequenos delitos, que amanhã serão grandes e os condigirão às nossas prisões já sobrelotadas. Há Comissões de Protecção de Menores, Tribunais de Família, Segurança Social, que se vê incapaz de lidar com tantos casos e quase sempre fáceis. São crianças que se tomam agressivas capazes de violências semelhantes à praticada no Porto sobre um sem-abrigo toxicodependente, no Natal passado. Há ainda as crianças desaparecidas das quais nunca se conheceu o paradeiro, sendo o mais mediátrico e do João Padre de 10 anos.
Põe-se do problema: quem previne estas crianças dos graves riscos do álcool, do tabaco, da droga, do sexo, das noitadas, das tatuagens, dos piercings, da pílula do dia seguinte, etc. Para muitos a família não tem tempo, nem preparação, nem . A escola nem sempre é atractiva e daí o abandono; de um modo geral põe-se à margem de tudo o que envolva formação ética e moral. Muitas vezes os jogos que lhe damos nas consolas que usam a violência extrema, quando não os programas da televisão.
Não há dúvida que é preciso repensar o problema da educação das nossas crianças, se não querermos pôr em risco o seu próprio futuro. Os princípios éticos universais não podem ser questionados numa função integral das nossas crianças; o saber dar desde pequeninos espírito crítico de modo a não aceitar facilmente tudo o que se lhes serve, é outra urgência da nossa educação. É preciso ter modos e comportamentos interiorizados de modo a resistir às más solicitações. Chamem-me “bota de elástico”, mas a educação terá de passar por aqui."
AD
Jornal RECONQUISTA
quarta-feira, 7 de junho de 2006
Quero jogar na equipa deles ...
Os professores estão descontentes. Com a vida que lhes corre mal, porque ninguém os valoriza; com os colegas, que só se interessam por resolver a sua vidinha; com os alunos, que os desconsideram e maltratam; e, acima de tudo, com o Governo da nação, que os desvaloriza, os desautoriza e os desmoraliza.
Nunca fui um estudante fácil e sabia, que um professor desautorizado era um homem (ou uma mulher) morto na escola. Não quero dizer fisicamente mas profissionalmente. Como sempre fui bom observador, conhecia de ginjeira os professores fortes e os professores fracos. Os fortes resolviam, por si próprios, a questão. Alguns pela autoridade natural do seu saber e da sua atitude, outros de forma menos académica. Os fracos eram defendidos pelos reitores. Ir à sala de um reitor era, já por si, um terrível castigo. Mas bem me lembro que professores fracos e fortes, bons e nem por isso, se protegiam, se defendiam e se reforçavam na sua autoridade comum.
Já nesse tempo se percebia que tinha de ser assim, porque, se não fosse, os pais comiam-nos vivos e davam-nos, já mastigados, aos filhos relapsos. E isso a escola não consentia.
Os pais, dito assim de forma perigosamente genérica, sempre foram entidades pouco fiáveis em matéria de juízo sobre os seus filhos e, por isso, sobre quem deles cuida, ensina e faz crescer. Os pais sempre foram o pavor dos professores de natação, dos técnicos do futebol jovem, dos animadores das corridas de rua. Os pais, em casa, acham os filhos umas pestes; mas na escola, no campo desportivo, no patamar da casa do vizinho, acham os filhos virtuosos e sábios. Os pais são, individualmente, insuportáveis e, colectivamente, uma maldição.
Claro que há pais... e pais. E vocês sabem que não me refiro aos pais a sério, que são capazes de manter a distância e o bom senso. Falo dos outros, dos pais e das mães que acham sempre que os seus filhos deviam ser os capitães da equipa e deviam jogar sempre no lugar dos outros filhos. O trágico disto tudo é que são precisamente esses pais os que, na escola, se acham verdadeiramente capazes de fazer a avaliação, o julgamento sumário dos professores dos seus filhos, achando que eles só servem para fazer atrasar os seus Einsteinzinhos.
Por isso eu aqui me declaro a favor dos professores. Quero jogar na equipa deles contra a equipa dos pais e ganhar o desafio da vida real e do futuro deste país contra o desafio virtual dos pedagogos de alcatifa."
Director do Jornal "A Bola" - 3 de Junho de 2006
Roubado na BLOGotinha
PPTO
b) Gerir os conteúdos programáticos, criando situações de aprendizagem que favoreçam a apropriação activa, criativa e autónoma dos saberes da disciplina ou da área disciplinar, de forma integrada com o desenvolvimento de competências transversais;
c) Trabalhar em equipa com professores e outros profissionais, envolvidos nos mesmos processos de aprendizagem;
d) Desenvolver, como prática da sua acção formativa, a utilização correcta da língua portuguesa nas suas vertentes oral e escrita;
e) Assegurar as actividades educativas de apoio e enriquecimento curricular dos alunos, cooperando na detecção e acompanhamento de dificuldades de aprendizagem;
f) Assegurar e desenvolver actividades educativas de apoio aos alunos, colaborando na detecção e acompanhamento de crianças e jovens com necessidades educativas especiais;
g) Utilizar adequadamente recursos educativos variados, nomeadamente as tecnologias de informação e conhecimento, no contexto do ensino e das aprendizagens;
h) Utilizar a avaliação como elemento regulador e promotor da qualidade do ensino, das aprendizagens e do seu próprio desenvolvimento profissional;
i) Participar na construção, realização e avaliação do projecto educativo e curricular de escola;
j) Participar nas actividades de administração e gestão da escola, nomeadamente no planeamento e gestão de recursos;
l) Participar em actividades institucionais, designadamente em serviços de exames e outras reuniões de avaliação;
m) Colaborar com as famílias e encarregados de educação no processo educativo, em projectos de orientação escolar e profissional;
n) Promover projectos de inovação e partilha de boas práticas, com outras escolas, instituições e parceiros sociais;
o) Fomentar a qualidade do ensino e das aprendizagens, promovendo a sua permanente actualização científica e pedagógica apoiado na reflexão e na investigação;
p) Fomentar o desenvolvimento da autonomia dos alunos, respeitando as suas diferenças culturais e pessoais, valorizando os diferentes saberes e culturas e combatendo processos de exclusão e discriminação;
q) Demonstrar capacidade relacional e de comunicação, assim como equilíbrio emocional nas mais variadas circunstâncias;
r) Desenvolver estratégias pedagógicas diferenciadas, promovendo aprendizagens significativas no âmbito dos objectivos curriculares de ciclo e de ano;
s) Assumir a sua actividade profissional, com sentido ético, cívico e formativo;
t) Desenvolver competências pessoais, sociais e profissionais para conceber respostas inovadoras às novas necessidades da sociedade do conhecimento;
u) Promover o seu próprio desenvolvimento profissional, criando situações de autoformação diversificadas, nomeadamente em equipa com outros profissionais, na resolução de problemas emergentes de educativas situações;
v) Avaliar as suas práticas, conhecimentos científicos e pedagógicos e gerir o seu próprio plano de formação.
...mais no ECD
terça-feira, 6 de junho de 2006
666
"As pessoas esperavam o fim do mundo em 1666, que seria a soma do fim dos mil anos (quando então Satanás seria solto conforme Apocalipse 20.3), com o terrível número da besta. Mas para decepção dos prognosticadores de plantão, o fim não veio. Entretanto, para quem pensa que a superstição e especulação em torno do 666 ficaram restritas à Idade Média está muito enganado. Estes algarismos apocalípticos continuam em alta, principalmente nos meios religiosos. E, diga-se de passagem, que não só as seitas protestantes, mas até mesmo católicos, arriscam um palpite cabalístico em cima deste misterioso número, como podemos ver no livro do padre Léo Persch. A interpretação vem de uma tal Vassula, vidente católica, que diz receber visões e orientações de Jesus e Maria a respeito do fim dos tempos. Numa dessas interpretações ela associa o anticristo com a maçonaria:
“Com a inteligência iluminada pela luz divina consegue-se decifrar o número 666 o nome de um homem, e esse nome, indicado por tal número é o anticristo. [...] O número 666 indicado três vezes , isto é, multiplicado por três, exprime o ano de 1998. Nesse período histórico, a franco-maçonaria, aliada com a maçonaria eclesiástica, conseguirá o seu grande intento...” [1]
UM NÚMERO QUE APARECE CADA VEZ MAIS
Contudo, a fama do 666 extrapolou os limites da religião e foi parar na boca dos profanos. “The Number of the Beast” é a faixa musical do grupo Iron Maiden. Uma música com letras satânicas. A propósito, este é o número preferido dos satanistas e virou até nome de revista em Marselha/França. [2]
Sem dúvida, ultimamente, há muito barulho não só em torno deste número como também do nome “besta”, que no Brasil ganhou fama com um automóvel, a van, Besta, fabricada por uma montadora coreana. Já em Bruxelas um computador gigantesco foi batizado com o mesmo nome. [3]
Há alguns anos, a popularização do código de barras fez brilhar o imaginário religioso. Começou a divulgar nos meios cristãos que este código trazia nas extremidades e no meio de modo oculto o número 666, o qual seria marcado na mão direita dos consumidores. [4] Contudo, isto já é coisa do passado, foi abandonado de vez, agora a coqueluche do momento é o chamado “bio-microchip”. Criado pelo Dr. Carl Sanders, é atualmente produzido por várias empresas inclusive a Motorola para o Mondex SmartCard.
Certos periódicos afirmaram que os cientistas que trabalharam neste projeto descobriram que o melhor lugar do corpo humano para ser implantado o tal “chip” é na testa e na mão direita. [5] Seria essa a marca da besta ou mais um boato sensacionalista? Seja como for, o caso é que esta notícia já está causando pânico em alguns meios evangélicos. [6]
De fato muita contra-informação pode ser encontrada, especialmente na internet sobre este assunto.[7] Apocalipse 13, tem trabalhado com o imaginário de cristãos e não cristãos desde a época pós-apostólica. Muito se tem escrito sobre isso, sem contudo, haver consenso. Este trecho foi assunto nos escritos de alguns vultos da patrística, mereceu atenção no pensamento dos reformadores e chegou até ao nosso turbulento século XIX com força total.
O caso é que para muitos isso está se transformando numa verdadeira esquizofrenia escatológica. Até mesmo o próprio versículo que traz o número, dizem esconder o 666, isto é, 18 = 3 x 6 (6+6+6=18) . [8]
COISAS DO ORIENTE
É notório a todos que literaturas orientais, principalmente as antigas, quando vertidas para o ocidente, tende a apresentar não só dificuldades lingüísticas. [9] Isso porque, quando lemos tais livros não estamos apenas lendo simples caracteres, mas absorvendo também seus costumes, crenças, filosofias, enfim, toda uma bagagem cultural diferente e estranha a nós ocidentais. E se tratando de matéria religiosa, a coisa tende a complicar ainda mais. A Bíblia, o livro dos cristãos, é uma literatura também oriental com uma riquíssima linguagem: simbólica, poética e cultural, não fazendo exceção à regra.
Não obstante, há de se esclarecer, que a Bíblia enquanto mensagem de salvação, no essencial, é de fácil compreensão, ou parafraseando Isaías, “até mesmo os loucos não poderão errar esse caminho” (Isaías 35.8), o qual é Jesus Cristo (João 14.6).
Mas à parte da mensagem essencial, ou Evangelho, existem as exceções que se encontram no livro sacro. Essas são passagens não tão claras, que por vezes envolvem o conhecimento do contexto sócio-cultural e religioso da época para uma real compreensão. Quando não, são passagens no campo das profecias a serem ainda cumpridas num futuro próximo. Quanto a esta última, não raro poucas passagens merecem tanta atenção quanto Apocalipse 13.16-18, quando o assunto é especulação.
ESPECULAÇÕES ESCATOLÓGICAS
Os intérpretes que se aventuram a decifrar o número e o nome da besta geralmente procuram se basear em grandes personagens da história mundial para impingir o famigerado título bestial.
As interpretações, como não poderiam deixar de ser, são as mais variadas possíveis assim como os métodos utilizados para decifrar o enigma apocalíptico.
No afã de se conseguir tal intento às vezes, os pressupostos empregados forçam tais intérpretes (até mesmo os mais cautelosos) a sair fora do eixo bíblico, tornando suas interpretações um verdadeiro malabarismo, destituídas de qualquer análise contextual mais lata. Os princípios fundamentais da boa exegese bíblica são deixados de lado em detrimento de interpretações forçadas oriundas de uma mentalidade pré-conceituosa. A história mundial é forçada ao máximo, para não dizer adulterada, a fim de se encaixar em pressupostos doutrinários.
A MATEMÁTICA COMO FERRAMENTA
Os estudiosos em geral entendem que João estava usando a gematria, um sistema criptográfico (ato de em escrever em cifra ou em código) que consiste em atribuir valores numéricos às letras.
É sabido que o latim, o grego e o hebraico usavam letras em lugar de algarismos. Assim as letras funcionavam como números. Troca-se as letras pelos números e consegue-se chegar ao famigerado 666.
Na época de João este era um método vulgar. Foi descoberto pela arqueologia o nome de moças em valores numéricos. Na cidade de Pompéia sobre um muro aparece uma inscrição: "Phílo hes arithmós phme", (amo aquela cujo número é phme, onde ph=500 + m = 40 + e = 5, total = 545)."Eu amo aquela cujo nome é 545”. Tanto, pagãos como judeus e cristãos usavam o simbolismo numérico. Os “Oráculos Sibilinos” do século II d.C., apontava o valor do nome de Cristo que daria 888. Já os gregos invocavam o deus Júpiter cujo número do nome era 717. Os gnósticos viam no número 365 algo de místico, pois transferidos para o alfabeto grego traduzia a palavra “Abrasaks”. [10]
Por seu turno Clemente e Orígenes jogavam com o significado do número 318 que seria a abreviação do nome de Cristo - IHT. [11]
A BESTA NOS ESCRITOS CRISTÃOS PRIMITIVOS
Parece que o primeiro escritor cristão a tentar decifrar a besta do apocalipse usando este método foi Ireneu em sua obra "Adv. Haer. V, 30,3". Ele sugeriu vários nomes dentre os quais Lateinos (Latino) e Teitan (Titã). A transliteração destes nomes somados dá o valor 666.
Também o nome “Neron Caesar” (César Nero) em grego vertido para o hebraico dá 666:
N V R N R S Q
50 + 6 + 200 + 50 + 200 + 60 + 100 = 666
Em forma latina (tirando-se o “n”) o número varia para 616. Parece que esta era a interpretação mais convincente para os cristãos primitivos. Tanto é que dois pequenos manuscritos do Apocalipse, que hoje já não mais existem, trazia 616 ao invés de 666. [12]
Com a chegada da Reforma protestante, alguns reformadores viam no papa, a figura do anticristo, a besta do Apocalipse. [13] A propósito a palavra Italika Ekklesia daria o número 666. O que faziam muitos pensar que a besta sairia dessa igreja. Lutero chegou a conjecturar “São seiscentos e sessenta e seis anos; é o tempo que já dura o papado secular”. [14] Ainda outros nomes como Signal da Crvx, Latinvs Rex Sacerdos e Ioannes Pavlvs Secvndo também dão 666.
Em seu livro “Guerra e Paz” , Leon Tolstoi especula em torno da idéia de Napoleão ser a besta com o número 666. [15] O teólogo Petrelli aplicou esse número a Joseph Smith. Diocleciano, Lutero, Calvino, Hitler e outros foram igualmente vítimas dos matemáticos do Apocalipse. O último grande nome cogitado para engrossar essa lista foi o senhor Bill Gates, dono da Microsoft, que segundo dizem também daria 666. [16]
O NÚMERO DA BESTA NA VISÃO DAS SEITAS
Como já dissemos, a Bíblia de fato possui alguns pontos obscuros. As seitas aproveitam essa “dificuldade”, usando justamente essas passagens para extrair delas novas revelações, até então desconhecidas para o mundo. As seitas alimentam esta utopia teológica baseadas na suposição de que Deus esteja através delas revelando “mistérios” para os tempos do fim. Isso é sintomático entre esses movimentos. Essa patologia teológica incurável em algumas seitas tem feito especulações absurdas em torno do número 666. Vejamos algumas:
1. Adventistas do Sétimo Dia
“O Papa é a Besta”:
Para os adventistas o Papa é inquestionavelmente o anticristo. Embora não se possa achar nada de concreto nos escritos de Ellen G. White [17] sobre este cálculo, alguns pioneiros adventistas como Uriah Smith, em seu livro “As profecias do Apocalipse”, já trazia o cálculo do número 666 aplicando-o ao papa. [18]
Fazem isso partindo da premissa de que o papa mudou a lei de Deus, principalmente o quarto mandamento, então chegam a conclusão que ele deve ser o anticristo conforme fala Daniel 7.25.
Para confirmar tal fato era preciso forjar uma ligação de seu nome com o número 666.
Como não conseguiram o resultado usando o nome de nenhum papa, inventaram um título latino que supostamente o papa usaria em sua Tiara, o “VICARIUS FILII DEI” (Vigário do Filho de Deus). Daí a famosa sominha que passou a fazer parte da teologia adventista até hoje:
V I C A R I V S F I L I I D E I
5 + 1 + 100+1+5+ 1+50+1+1 + 500+ 1= 666
Acontece, porém, que esta soma enfrenta algumas dificuldades insuperáveis:
A primeira delas é que a soma correta não dá 666, mas 664. Veja o computo correto:
5+1+100+ IV + 1+50+1+1 + 500+ 1= 664 IV é = 4 e não O 5, COMO XL é = 40 e não 60
A segunda questão é que isto não é o “nome de um homem”, mas o título de uma suposta função que aquele líder católico exerce.
Outrossim, temos que levar em consideração que não se pode provar que tal título existia de fato na Tiara papal. E ao que tudo indica, nem mesmo este corresponde ao nome correto do título, o qual seria corretamente chamado de “Vigário de Cristo”.
Outra, o Apocalípse foi escrito em grego e não em latim, conseqüentemente o cálculo deveria ser feito por estas letras. É temeroso acreditar que os os destinatários de João conhecessem o latim já que este era um idioma usado apenas nos territórios do Ocidente Europeu.
Demais disso, pode-se até usando este mesmo cálculo, encaixar a profetisa dos adventistas nele:
E L L E N G O U L D W H I T E
50+50+ 5+50+500 5+5 + 1 = 666 – o número da besta.
Onde “w” é = v,v = 5,5 (tanto é que no nome “Walter” o “W” é lido com som de “V”)
Diante disso, atualmente, muitos teólogos adventistas já não mais associam o número da besta com o título papal. [19]
2. Testemunhas de Jeová
“A Besta é sistema político do mundo” :
Depois de mudarem diversas vezes suas doutrinas a respeito do Apocalipse, as Testemunhas de Jeová chegaram a conclusão no livro “Revelação – seu grande clímax está próximo” [20] que a besta seria apenas o mundo em sua forma organizada politicamente, sendo a ONU a imagem da besta. Dizem: “Assim, como seis é inferior a sete, assim 666 – seis em três estágios – é um nome apropriado para o gigantesco sistema político do mundo.”
É claro que esta interpretação é descabida e vai contra o próprio texto que diz que é o “nome de homem” e não de um sistema político. É um interpretação sem pé nem cabeça!
O que muitos não sabem é que hoje a ONU já não é mais vista como a imagem da besta. Essa mudança ocorreu porque a “Sociedade Torre de Vigia”, tentou se filiar a ONU. É a velha tática da seita de mudar constantemente sua doutrina! [21]
3. “Movimento do Nome Sagrado”
“O nome Jesus é a Besta”
A principal preocupação deste movimento é com o homônimo escrito e oral do nome sagrado: Yahweh para Deus e, Yahshua para Jesus. Desta ênfase deriva o nome deste Movimento, cujos representantes principais aqui no Brasil são conhecidos como “Testemunhas de Yehoshua”.
Como a seita detesta o nome Jesus, resolveram encontrar o equivalente numérico para o nome fatídico da besta em cima do nome do Filho de Deus. Demonstram isso da seguinte maneira:
I E S U S C R I S T V S F I L I I D E I (Jesus Cristo Filho de Deus)
1 + 5 + 100 + 1 + 5 + 1 + 50 + 2 + 500 + 1 = 666
Em primeiro lugar, gostaríamos de lembrar que IESVS CRISTVS FILII DEI é IESVS CRISTVS + FILII DEI. Em segundo lugar, IESVS CRISTVS sozinho equivale a 112. Em terceiro lugar, FILII (genitivo masculino singular) deveria ser FILIVS (nominativo masculino singular). Assim sendo, teríamos:
F I L I V S D E I
1 + 50 + 1 + 5 + 500 + 1 = 558
I E S U S C R I S T V S = 112 + F I L I V S D E I = 558 = 670
670 é diferente de 666
Percebemos, portanto, a necessidade da presença de títulos ou apostos – sem contar com a presença de FILII, ao invés da forma correta FILIVS – para se chegar ao número 666. [22]
Outrossim, o restante da expressão “Filho de Deus” não faz parte do nome, mas é um título.
Outros, no entanto, levados por uma obstinação mórbida, preferem usar apenas o nome “Jesus” e transliterá-lo em caracteres hebraicos, fazendo valer 666.
Esse foi o artifício exposto por outra variante deste movimento conhecidos como "Comunidade Judaica Messianitas":
J não há essa letra em hebraico = -
E não há valor numérico em hebraico = -
S vale 60 – 0 = 6
U vale 6 = 6
S vale 60 – 0 = 6 [23]
Não é necessário ser teólogo para perceber que os erros e as interpretações forçadas neste cálculo estão às escâncaras. Primeiro, porque a soma destes números daria 126 e não 666. Segundo, porque ele faz arbitrariamente 60 valer 6 e depois usa uma palavra portuguesa transformando-a em numerais hebraicos. Isso é simplesmente ridículo!
QUEM É A BESTA AFINAL?
Há comentaristas que acreditam que a figura de Nero preenche perfeitamente o cumprimento da profecia. [24] Contudo, o Apocalipse é uma revelação para o futuro. O alcance dos eventos descritos ali terão um cumprimento bem mais amplo do que qualquer um já visto na história. Neste caso, acredito que Nero, pode ser visto apenas como mais um tipo do anticristo e não o próprio anticristo.
Por outro lado há os que enxergam neste número apenas um simbolismo da imperfeição humana. O número da besta não é só número de homem, ou seja, do homem terreno em contraste com o divino, mas também significa a imperfeição e rebelião contra Deus. Satanás sempre quis imitar a Deus. Como o número de Deus é sete, o número da perfeição, o inimigo de Deus também terá seu número. Enquanto Deus marca nas testas de seus servos o seu nome, a Besta deixará sua marca naqueles que a servirão. Significando que o anticristo procurará chegar a perfeição, mas sempre ficará aquém dela.
Mas o que essa sabedoria e esse conhecimento permitem que os crentes façam? A passagem diz que podemos "calcular". Calcular o quê? Podemos calcular o número da besta.
O principal propósito de alertar os crentes sobre a marca é permitir que eles saibam que, quando em forma de número, o "nome" da besta será 666. Assim, os crentes que estiverem passando pela Tribulação, quando lhes for sugerido que recebam o número 666 na fronte ou na mão direita, deverão rejeitá-lo, mesmo que isso signifique a morte. Outra conclusão que podemos tirar é que qualquer marca ou dispositivo oferecido antes dessa época não é a marca da besta que deve ser evitada. Todos saberão e aderirão conscientemente a ela, enquanto outros a rejeitarão e sofrerão as conseqüências por isso.[25]
O que o nome e o número da besta significam será conhecido dos santos que estiverem na terra na época em que a besta estiver aqui em pessoa. De uma coisa temos certeza: mingúem na terra atualmente tem sabedoria suficiente para compreender o número da besta. [26]
CONCLUSÃO
Admito que no momento é impossível averiguar a identidade deste diabólico personagem, pelos motivos já expostos.
Quanto às interpretações acima mencionadas é praticamente inútil, tentar abordar, ainda que por alto, todos os aspectos ou analisar-lhes as contradições.
Todos os cálculos que se fez até agora mostraram-se falhos. Isto porque, com um pouco de criatividade, é fácil impingir o número da besta em qualquer um. Se não funciona com letras hebraicas, troca-se por latinas ou gregas. Acrescenta-se e tira-se títulos. Existem vários modos de se obter o número. Principalmente quando usamos líderes mundiais que mormente possuem vários títulos. [27] Mas até mesmo usado num "João da Silva" este número pode se encaixar. Os vários recursos disponíveis tornam as chances bastante altas. É o malabarismo do estica-encolhe exegético afim de forçar o número 666 se encaixar no personagem de sua escolha. O vale tudo em nome do fanatismo!
Isto posto, repudiamos tal irresponsável teologia escatológica especulativa que serve mais para confundir, do que para elucidar a questão."
Notas bibliográficas
[1] Persch, Léo. A Segunda Vinda de Jesus. Campinas: Ed. Raboni, 1995, p. 155.
[2] Malgo, Wim. Terá Chegado o Fim de Todas as Coisas? Porto Alegre – RS: Obra Missionária Chamada da meia-Noite, p. 35.
[3] Para saber mais sobre o uso deste número em nosso século ver “O Controle Total – 666”, Wim Malgo, “Obra Missionária Chamada da Meia-Noite” – Porto Alegre-RS.
A Kia Motors do Brasil é, desde maio de 1992, representante oficial da montadora sul-coreana no país. No site oficial http://www.kia.com.br/empresa.php encontramos a frase: "O sucesso foi tão expressivo que, ainda hoje, dez anos após o seu lançamento, a Besta ainda é sinônimo de van no mercado brasileiro."
[4] Para ver uma defesa do próprio inventor do código de barras George J. Laurer, contra esta neurose religiosa acesse o site na sessão de perguntas e repostas http://www.laurerupc.com/.
Obs: Há alguns anos houve um verdadeiro pandemônio entre Milhares de sacerdotes, monges e fiéis cristãos ortodoxos russos que recusavam-se a aceitar os novos números do cadastro de contribuintes (equivalente ao CPF) dados pelo governo, afirmando que o código de barras no formulário continha a marca da besta.
[5] Revista Adonay, sob o título “A Marca da Besta”. Ano 4 – nº 23 –julho e agosto de 2000, pp. 26-29.
[6] O site http://www.relatorioalfa.com.br/, garante que empresa americana está pronta para marcar 75 mil brasileiros com um micro chip transmissor.
[7] Muitas coisas já foram identificadas com o famigerado 666. Exemplos foram extraídos do código da internet WWW, onde convertem o W em número romano VI=6; VI VI VI = 6 6 6. O sinal da besta seria o computador, na testa (com o monitor) e na mão (com o mouse). Também encontraram o número na frase “Viva, Viva, Viva a Sociedade Alternativa”, da música do ex-roqueiro Raul Seixas, onde transformaram a sílaba VI em algarismo romano V = 6. Então o VIva VIva VIva, virou 6 6 6. “ Marquei um X, um X, um X no seu coração” da cantora Xuxa também se enquadraria na famosa continha. Segundo dizem a letra X pronunciada em português seria XIS, lendo de trás para frente vira SIX que em inglês é 6. Então SIX,SIX,SIX = 666.
[8] Deve-se ter em mente que o original grego não trazia a divisão em capítulos e versículos. A primeira Bíblia que trouxe esta divisão foi a Vulgata em 1555.
[9] Exemplos deste tipo podemos encontrar no Corão muçulmano e no Bhagavad Gita indiano.
[10] Champlin, R.N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo - vol. 6, São Paulo: Ed. Hagnos, 2002, pp. 560-562.
[11] Ele alegoriza os 318 servos de Abraão (9:8), ao se referir a morte de Cristo na cruz, na base de que a letra grega para 300 tem a forma de cruz e que os numerais gregos para 18 são as duas primeiras letras do nome de Jesus.
[12] Champlin, R.N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo - vol. 6, São Paulo: Ed. Hagnos, 2002, pp. 560-562.
Obs: Os manuscritos usados por Ireneu são conhecidos como manuscrito C (Codex Ephraemi Rescriptus) do séc. V d.C; e o itz do Séc. VIII d.C. Curiosamente o manuscrito conhecido como itar do séc. IX d.C. trás o nº 646.
[13] Uma defesa ardorosa deste ponto de vista foi feita pelo Dr. Aníbal Pereira dos Reis, em seu livro “O número 666 de Apocalipse 13.18” Ed. Caminho de Damasco.
[14] Citado em “Profetas e Prognósticos – visionários otimistas e pessimistas de Delfos até o Clube de Roma”, Helmut Swoboda, São Paulo: Ed. Melhoramentos, 1980, p.70.
[15] Ibid., p.72.
[16] Outros nomes nesta lista : Constantino, Martinho Lutero, reverendo Pat Robertson, reverendo Moon, Yasser Arafat, Aiatolá Khomeini, Saddan Hussein, Kennedy, Mussolini, Balaão, Ronald Reagan, César, Adonição em hebraico, Calígula, rei Juan Carlos da Espanha, Ismet o pai da Turquia moderna, imperador Frederico II da Alemanha, rei George II da Inglaterra, Nikita Kruschev, Napoleão, Joseph Stalin, Mussolini. Até mesmo o nome Jesus de Nazaré" em hebraico (YRSN VSY) dá 666. Também a própria "besta" em grego (= Thérion) escrita com letras hebraicas (= TRYVN) soma 666.
Para uma defesa de Bill Gates veja o site http://www.dgol.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=1116.
[17] Alguns estudiosos adventistas afirmam que Ellen White atribuiu o nº 666 não a besta, mas a sua imagem. Para mais informações ver o livro "A Word to the Little Flock". Extraído do site www.jovemadventista.com/religiao/666/666
[18] Op. Cit., Casa Publicadora Brasileira, 1991, p. 214.
[19] Para ver mais sobre esta omissão consultar 1) As profecias do fim pág. 316-318 - Autor Hans K. La Rondelle (Professor emérito de Teologia da Univ. de Andrews)- Publicado pela ACES (1999); 2) Apocalipse: suas revelações pág. 413-415 - Autor C. Mervyn Maxwell (diretor do departamento de História Eclesiástica e professor de História da igreja na universidade de Andrews)- Publicado pela ACES (1991)
Curiosamente a lição da Escola Sabatina de 20 a 27/05/2000 que tratava sobre a famosa tríplice mensagem angélica, omitiu que a besta do Apocalipse é o papa. Os termos "falsos sistemas religiosos" e "falsos sistemas de adoração" são utilizados para substituir os costumeiros "Roma" e o "poder papal" tão marcantes no livro "O Grande Conflito".
[20] Op. Cit., 1998, p. 196.
[21] Para mais informações http://www.geocities.com/osarsif/
[22] Revista Defesa da Fé, Edição Especial 2000, p. 278.
[23] Panfleto “666” de autoria de D. Mathyas Pynto, líder de uma facção deste movimento. Cópias dos originais nos arquivos do CACP..
[24] Para uma defesa desta tese ver “Comentário Bíblico Pentecostal – Novo Testamento”, Rio de Janeiro: Ed. CPAD, 2003, pp. 1891-1893.
[25] Revista "Chamada da Meia-Noite, janeiro de 2004.
[26] Sr., Lockyer Herbert. Apocalípse: O Drama dos Séculos. Miami, Flórida EUA: Ed. Vida, 1982, pp. 141-142.
[27] Veja este exemplo usando o nome do dono da Microsoft, Bill Gates: Se você usar a chamada linguagem ASCII que consiste em pressionar ALT+66, aparece a letra B, Alt+73=I, Alt +76=L, Alt+76=L, Alt+71=G, Alt+65=A, Alt+84=T, Alt+69=E e por fim Alt+83=S. Somando todos estes números, obtem-se o número 663. Mas como isto não se encaixa, lembraram que ele se chama Bill Gates III (terceiro). Então 663+3=666. Fácil, não? Porém se esqueceram que o nome dele não é Bill, mas William Gates III.
Eis um exemplo típico de quase todos os “caçadores de besta”: preferem ignorar os fatos a abdicar de suas idéias preconcebidas.
666 – O NÚMERO DA BESTA
uma análise crítica das interpretações - Paulo Cristiano da Silva
CENTRO APOLOGÉTICO CRISTÃO DE PESQUISAS
Pr. João Flávio & Presb. Paulo Cristiano